Internamente Evans escrita por psc07


Capítulo 18
Capítulo Dezessete


Notas iniciais do capítulo

SURPRESA!

Não é dia 18, mas temos Internamente Evans porque a fanfic está completamente finalizada, e agora postarei toda sexta-feira à noite. Então prestem atenção que vamos sextar juntossss!!!

Um aviso antes de começar a ler: TEMOS CONTEÚDO MADURO NESSE CAPÍTULO. Eu sei que a fanfic está listada sem conteúdo, então coloquei um "beginning" onde começa o smut, e um "end" onde termina, para menores de 18 anos ou quem não gostar/se interessar/estiver a fim pular essa parte.

(Preciso ressaltar fortemente que os conteúdos de sexo escritos em fanfics e livros são obras de ficção e não devem servir como exemplo ou perspectiva para a vida real. Não hesite em consultar um profissional de saúde caso tenha dúvidas. Não esqueça que preservativo tem importantíssima função de prevenir Infecções Sexualmente Transmissíveis.)

Desculpem pela longa introdução, mas é necessária! Então muito obrigada por acompanharem, deixem suas impressões e comentários e até semana que vem!



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Poucas vezes Lily sentira necessidade de mentir para Mary, mas aquela noite foi preciso. A amiga definitivamente não acreditaria que Lily estava tão arrumada simplesmente para dar uma volta sozinha.

E ela também não podia dizer que ela estava indo se encontrar com James, já que tinham decidido não comentar nem com os amigos no início.

Como Marlene estava no plantão noturno, ficou mais fácil para Lily simplesmente dizer que iria sair com uma amiga da Liga que Mary não conhecia – Marlene, a mais ciumenta com amizade das três, com certeza iria fazer mil perguntas.

Lily chegou no Três Vassouras poucos minutos antes das oito, o horário que tinha combinado com James. Pegou o celular para enviar uma mensagem dizendo que já estava lá, contudo havia recebido uma.

 

James Potter 19:54

Você está linda

 

Lily mordeu o lábio inferior e olhou ao seu redor, procurando James. O bar já estava meio cheio, mas Rosmerta prometera uma mesa para dois. James deve ter se identificado, dizendo que estava vindo se encontrar com ela.

Mas se ele estava vendo Lily, então ela também deveria ser capaz de vê-lo. Ela entrou um pouco mais no bar, e girou para o outro lado, finalmente vendo James. Ele estava sentado numa mesa, o lugar à sua frente vazio. Quando percebeu que Lily o achara, abriu um sorriso ainda maior e ergueu seu copo.

Lily sorriu de volta e foi na direção da mesa. Quando ela se aproximou, James se levantou e a abraçou, depositando um leve beijo em sua testa.

—Você está ainda mais bonita de perto – Ele elogiou, olhando para o vestido rosa claro que ela usava. Lily sorriu e corou, falando que gostara bastante da camisa social roxa com as mangas dobradas.

Rosmerta apareceu com um sorriso, falando da nova entrada. James prontamente pediu uma, perguntando a Lily o que ela gostaria de beber. Lily pediu uma gin tônica.

—Hum, posso te pedir um favor? – Lily perguntou antes de Rosmerta sair.

—Claro, Lily!

—Seria, hum, interessante , se essa pequena vinda aqui com James pudesse não ser mencionada para nossos amigos – Lily pediu com um sorriso. Rosmerta olhou para James, que exibia uma expressão similar. A dona do bar garantiu que não falaria nada.

—Começo é sempre assim… – Ela disse com uma expressão de que entendia muito bem o que estava ocorrendo.

Os dois observaram Rosmerta sair e James deu um gole na cerveja.

—Então… segredo? – Ele confirmou. Lily assentiu.

—Se importa? Eu queria levar isso… devagar – Ela explicou, gesticulando entre os dois.

—Não mesmo – James falou rapidamente – Há doze horas atrás eu nem sabia que isso existiria.

Lily sorriu e mordeu o lábio.

—Em minha defesa, nem eu.

James riu, e pegou a mão dela em cima da mesa, entrelaçando os dedos.

—Se eu soubesse que um pouquinho de ciúmes era o que bastava, eu teria flertado com alguém antes – Ele disse, mexendo as sobrancelhas sugestivamente. Lily semicerrou os olhos.

—Então você estava flertando com Bertha? – Ela perguntou. O sorriso de James desapareceu imediatamente.

—Claro que não, eu estava falando de… – Ele começou, gaguejando levemente, mas parou quando Lily começou a rir – Você é .

—Você não deveria estar sendo agradável e me elogiando? – Lily perguntou, erguendo uma sobrancelha – Já que estamos no nosso primeiro encontro e você precisa me conquistar e tudo mais?

James riu e inclinou o tronco sobre a mesa, os lábios esticados e mostrando os dentes de um modo que convidava Lily a imitá-lo; ela não queria ser mal educada no primeiro encontro, então se aproximou do rosto dele, mordendo seu próprio lábio inferior.

—Acho que nós dois sabemos que eu te conquistei – Ele sussurrou com uma voz rouca que causou arrepios no corpo de Lily. Ele estava certo? Provavelmente. Mas ele não precisava saber disso tão cedo!

—Hum… – Lily disse, voltando a recostar na cadeira – Adicionar convencido na lista de contras.

James gargalhou, levando a mão de Lily até seus lábios para depositar um beijo.

—Contanto que tenha incluído beijo incrível na lista de prós, estou satisfeito – Ele informou.

—Ainda não – Ela replicou, e agradeceu ao garçom que trouxe sua bebida – Ainda preciso fazer uma avaliação mais completa – James riu – Mas na lista de prós tem ‘residente para oferecer procedimentos’, o que é realmente incrível – Ela finalizou, tomando um gole.

—Você fala desse jeito e eu vou acabar acreditando que realmente existe uma lista – James ameaçou. 

O encontro seguiu do jeito que Lily imaginara que iria. Eles conversaram sobre suas famílias e suas cidades de origem; James contou algumas das peripécias que aprontava com os amigos, e Lily em troca lhe falou sobre crescer numa cidade tão pequena e com um foco grande em indústria.

Para Lily, a única forma que ela viu o tempo passar foi pelas bebidas sendo repostas e as comidas chegando. Eles não deram a mínima para a banda tocando, preferindo rir um com o outro de um jeito que não podiam no hospital.

James mais uma vez insistiu em pagar a conta, citando o fato de ter pais mais velhos que haviam lhe ensinado isso.

—Jogo sujo mencionar a inseminação artificial de sua mãe aos quarenta e cinco anos – Lily reclamou, quando eles se levantaram. James capturou sua mão e sorriu.

—Eu sou um milagre … – Ele disse sorrindo.

—E pensar que eu quase estaria livre de você… – Lily respondeu melancolicamente. James fez uma cara de ultrajado, e, rindo, Lily beijou o ombro dele.

—Veio não veio de carro, certo? – Ele perguntou quando chegaram na porta do bar.

Não mesmo. Emprestei a Marlene. Ela tá no noturno hoje.

—Então vamos pedir o mesmo uber. Ele te deixa primeiro e depois me deixa – James sugeriu. Lily franziu a testa.

—Melhor irmos em carros diferentes. Se as meninas lhe virem lá vão falar – Lily explicou – Marlene tem certeza absoluta que eu tenho uma quedinha por você há um século… 

James sorriu.

—Sempre achei Marlene sensata.

Lily revirou os olhos e chamou o uber.

—Já que estamos nos separando aqui – James disse, envolvendo Lily num abraço e puxando a garota para mais perto – significa que o beijo de boa noite é agora?

—Hum. Eu não costumo beijar no primeiro encontro – Lily replicou, fazendo uma careta. James semicerrou os olhos e ela riu – Ainda faltam uns 10 minutos pro uber chegar, James.

—Melhor ainda – Ele disse, usando uma mão para direcionar o rosto de Lily para o seu. 

Lily não tinha como concordar mais com ele, então se aproximou mais de James e se deixou aproveitar o beijo lento, diferente dos outros que haviam trocado.

—Esse – James sussurrou quando eles se afastaram – É o meu beijo de primeiro encontro. Pra deixar o gostinho de quero mais, sabe… 

Enquanto Lily ria, ela sentiu o celular vibrando; o motorista dizendo que havia chegado. James a acompanhou até o carro, abrindo a porta para ela fechar.

—Certeza que não quer que eu vá junto? – Ele ofereceu mais uma vez quando Lily abriu a janela. Ela sorriu e negou.

—Não quero arriscar que lhe vejam – Ela justificou. James a puxou para um último beijo e quando ela fechou a janela, o motorista andou.

Lily foi sorrindo o caminho todo, sem prestar muita atenção no caminho, então ela tomou um leve susto quando o carro parou.

 

Lily Evans 23:02

Cheguei em casa agora

 

James Potter 23:02

Estou perto da minha

Tudo tranquilo então?

 

Lily Evans 23:03

Depende se Mary estiver acordada

 

James Potter 23:03

O motorista do uber provavelmente achou que eu era seu amante ou coisa assim

Do jeito que você estava falando sobre não me verem

 

Lily Evans 23:03

HAHAHAHA

A logística é parecida

 

James Potter 23:05

Não sei como devo me sentir depois disso

 

Lily Evans 23:05

Você é tão dramático!

(Mary está dormindo! Tonks também! Estou a salvo!)

 

James Potter 23:06

E eu sou o dramático

(Cheguei agora em casa. Não tem ninguém dormindo. O que eu falo?)

 

Lily Evans 23:07

Você ainda não tinha pensado no que dizer para eles?!

 

James Potter 23:07

Eu vivo no momento, Evans

 

Lily Evans 23:07

Só admite que você esqueceu

 

James Potter 23:08

Eu esqueci

Mas a parte boa é que Sirius está conversando com alguém no celular

Então não achou estranho quando eu disse que tinha ido a um encontro

 

Lily Evans 23:08

Você o quê?!

 

James Potter 23:09

Não disse com quem

Eles não vão perguntar

Relaxa

Fui extremamente evasivo

 

Lily Evans 23:10

Tão evasivo quanto foi comigo?

 

James Potter 23:10

Isso foi uma ofensa?

 

Lily Evans 23:10

Dramático!

Essa vai pra lista dos contras

 

Lily estava se trocando enquanto falava com James e finalmente deitou com um sorriso no rosto; ela ainda não parara de sorrir.

 

James Potter 23:11

Meh

Já fui chamado de coisas piores

 

Lily Evans 23:12

Eu to indo dormir aqui

Eu realmente me diverti muito hoje, James

 

James Potter 23:12

Eu me diverti ainda mais

 

—Hey, Lil – Mary disse na porta do quarto da ruiva – Nem vi você chegando.

—Oi, Mac. Pensei que estivesse dormindo.

—Tentando. Se divertiu? – Mary perguntou. Lily assentiu sorrindo – Bom. Boa noite!

—Boa noite.

 

James Potter 23:17

Essa demora toda é sua tentativa de me fazer lhe chamar pra um segundo encontro?

Porque se for…

Está funcionando

 

Lily Evans 23:18

Eu que te chamei pro primeiro

 

James Potter 23:18

Você está certa

Me diga quando estará livre e inventamos uma desculpa juntos

 

Lily Evans 23:18

Mais do que combinado

Boa noite, James

 

James Potter 23:19

Boa noite, Lil

Obrigado por tentar comigo

 

Lily não achou necessário dizer que na verdade ela desistira de resistir. Ele iria entender em breve.

***

Lily e James conversaram o final de semana todo por mensagens. Aparentemente, Sirius realmente não implicara com nada, e até o mais perceptivo Remus não perguntara muito (Lily imaginou que certa caloura pudesse ter influenciado nisso).

Lily sabia que não tinha motivo para ficar nervosa enquanto ela entrava na sala de prescrição. Era só agir como sempre agira. James faria o mesmo. Ninguém iria desconfiar, mesmo que o idiota estivesse olhando e sorrindo para ela daquele jeito.

—Hey, Potter – Marlene cumprimentou, sorrindo também – Bem humorado hoje?

James deu de ombros e Lily revirou os olhos por trás de Marlene.

—Eu geralmente estou bem humorado pela manhã – Ele replicou – Bom dia pra você também, Evans.

Lily fez uma careta.

—Bom dia, Potter.

—Não ligue pra Lily – Marlene disse revirando os olhos – Ela veio o caminho todo parecendo que estava gravando as falas de uma apresentação.

Er. Então ela não tinha agido tão normal quanto imaginara. Hum.

—A pessoa não pode ter um diazinho estranho? – Lily retrucou. Ela escutou a risada de Marlene enquanto a amiga saía da sala, e a de James se aproximando dela.

—Dia estranho, é? – Ele perguntou baixinho, enquanto ela separava os materiais.

—Sim. 

—Hum. 

Lily se virou para James e semicerrou os olhos. O residente continuava sorrindo.

—Sinto muito. Espero que seu dia melhore – Ele desejou e se aproximou um pouco mais dela – Eu posso lhe ajudar com isso mais tarde.

Lily mordeu o lábio para impedir o sorriso.

—Tenho certeza que sim. Uma noite na emergência faz isso com uma garota – Lily replicou.

—Não vai ser tão bom porque não vai ser comigo , mas acho que você vai se divertir com Frank – James lamentou. 

—Ah, eu adoro plantões com Frank! – Ela disse, fazendo James semicerrar os olhos – Sempre conversamos coisas ótimas, sabe?

—É?

—Sim. Uma pena que ele tenha namorada – Lily se queixou, olhando para o computador. A risada ultrajada de James parecia promissora, mas ela arfou quando a página atualizou.

—O quê? – James perguntou, imediatamente virando o olhar para a tela. Lily não precisou falar nada – Merda.

Eles ficaram em silêncio por alguns instantes, olhando para o resultado da biópsia.

—Precisamos falar com ele hoje, certo? – Lily perguntou – Depois da visita, né? Pra definir conduta?

—Sim, depois da visita – James concordou – Mas acho que só vamos encaminhar ele pra Cabeça e Pescoço. Você está na geral, Lily. 

—Eu sei, eu sei – Lily suspirou – Ele vai mudar de leito?

—Talvez, pra ir pro quarto específico. Mas ainda aqui na ala cirúrgica.

Bem, agora Lily realmente estava triste. Ela já sabia que era o resultado mais esperado, mas a falta de certeza ainda lhe dava uma ínfima esperança. James suspirou e apertou o ombro dela.

—Moody vem hoje de novo e vamos definir com ele. Você já foi vê-lo? – Ele perguntou.

—Ainda não. Vim checar os exames laboratoriais antes.

—Certo. Seria melhor se você dissesse que não viu ainda o sistema, porque ele com certeza vai perguntar e acho que…

—Sim, melhor que ele fique sabendo por você – Lily concordou e suspirou novamente – Que droga.

Lily fechou o sistema e pegou seu material para ver os pacientes. Como James havia previsto, Philip perguntara se o resultado já havia chegado, e Lily engoliu em seco e disse que não tinha visto ainda. Ela não gostava de não falar tudo para um paciente, mas por ser um diagnóstico com grande impacto na vida dele, e como ela era apenas uma estudante, não era seu lugar falar no momento.

Moody provou James correto mais uma vez: concordou com a transferência para a equipe de Cabeça e Pescoço e James logo mandou mensagem para um dos residentes de lá. Ao fim da visita, ele já estava lá, e foi acompanhar James e Lily na hora de conversar com Philip.

Philip parecia mais preparado do que Lily para a confirmação, e apenas assentiu quando James lhe entregou uma cópia do resultado. Quando o outro residente se apresentou, Philip apertou sua mão, quase em transe.

—Então vocês não estarão mais me acompanhando? – Philip perguntou por fim.

—Não – Lily respondeu – Mas continuaremos aqui nessa ala. Se o senhor permitir e quiser, continuarei vindo aqui. Só não mais estarei trabalhando no seu caso.

Philip assentiu novamente.

—Vamos deixar vocês conversando – James disse, indicando o residente – Mas qualquer coisa o senhor sabe onde procurar eu ou Lily, certo?

Philip disse que sim, e James e Lily saíram do quarto, deixando ou outro residente explicando algumas coisas para Philip.

—Tudo bem? – Marlene perguntou quando Lily entrou na sala de novo.

—É, vai ficar. Vamos? Quero tentar descansar pra de noite.

Marlene sorriu e as duas foram pegar as coisas.

—Você sabe que pode falar comigo sobre isso, certo? – James perguntou, antes das meninas saírem. Lily assentiu.

—Preciso me acostumar, certo? – Ela disse. James fez uma careta.

—Um pouco, sim.

James parecia querer abraçá-la, mas se segurou quando Lily segurou o braço do garoto.

—Obrigada pela ajuda – Ela disse simplesmente. James não respondeu devido à chegada de Marlene.

Marlene não falou muito no caminho, e deu espaço para Lily preparar o almoço sozinha. Lily supôs que ela também contara para Mary o que ocorrera, considerando o abraço que ganhara quando saiu da cozinha.

Durante a tarde, Lily conseguiu se concentrar em outras coisas depois de ter dormido um pouco depois do almoço, de modo que quando ela chegou no hospital, estava de ânimo renovado.

Frank a cumprimentou com um sorriso.

—Hey! Vamos ter um ótimo plantão, estou sentindo isso! – Frank disse. Dearborn, o R1 da noite, soltou um riso.

—Essa daí tem o pé frio. No outro plantão tivemos foi um monte de coisa. – Dearborn comentou com Frank, fazendo Lily rir também.

Se Lily acreditasse em ironia do destino (para isso, ela precisaria acreditar em destino antes, e ela não tinha certeza se acreditava), teria classificado aquele plantão exatamente assim. Até as onze da noite só chegara paciente para a ortopedia. O residente da noite fazia careta toda vez que era chamado.

Lily ficou conversando com os dois residentes e Amos, o outro interno do plantão, até a hora de irem jantar. Lily foi com Frank no segundo horário, e para sua grata surpresa, Alice estava sentada numa mesa esperando. Frank beijou Alice na bochecha e se sentou sorrindo.

—Trouxe uma convidada especial – Ele disse para a namorada, indicando Lily. Alice abriu um imenso sorriso e pegou a mão de Lily animadamente.

—Lily! – Alice exclamou – Faz muito tempo que não te vejo! 

—Sem crianças pelo meu lado – Lily brincou. Alice arregalou os olhos e depois voltou para a expressão normal.

—Frank me contou o que aconteceu entre você e Snape – Alice sussurrou – Moody não deveria ter te tirado do caso. Você estava completamente correta. E Mark está ótimo, por sinal.

Lily sorriu para a residente.

—Nah, ele estava certo. Não tinha clima – Lily disse, dando de ombros – Você deveria ter visto, Alice. Foi pior do que Dra. Trewlaney com o garoto da vacina. 

—Não é possível! – Alice exclamou arfando. Lily riu.

—Foi bem ruim mesmo – Frank confirmou – Eu concordo com James que você deveria ter dado queixa. 

—James achou isso? – Alice perguntou.

—Eu nunca vi James tão irritado, na verdade.

—Não foi por minha causa que ele ficou tão irritado – Lily esclareceu rapidamente. – Mas como eu expliquei pra ele, eu sou o elo mais fraco. Eu e Snape não mais dividimos pacientes. Estou bem assim.

Alice olhou para a garota com uma sobrancelha erguida.

—Você é esperta , Evans. Eu gosto disso. Certeza que não posso te conquistar? – Ela perguntou, mas Frank interrompeu.

—Ah, nada disso! – Ele exclamou, olhando para a sorridente namorada – Nada de querer roubar os meus talentos!

—Pah, você tem vários pretendentes talentosos, Longbottom! – Alice disse, fazendo uma careta – Quando eu finalmente vejo alguém você não me deixa ter?

—Não nesse caso – Frank respondeu, um pequeno sorriso em seu rosto enquanto ele a olhava.

—Eu sou sua namorada , Longbottom – Alice lhe lembrou com uma voz perigosa – Eu posso fazer você deixar.

Frank sorriu mais.

—Você pode tentar, Fortescue – Ele replicou – Mas eu tenho meus meios de ganhar.

As sobrancelhas erguidas de Alice deixaram claro para Lily que a residente havia considerado aquilo um desafio, e Lily não queria ser Frank nessa disputa.

Ou talvez sim, pelo sorriso dele. 

Frank deu mais uma risada e colocou uma mecha de cabelo de Alice que tinha se soltado do rabo de cavalo atrás de sua orelha, o que lembrou aos dois da presença de Lily e que eles estavam no refeitório do hospital.

—Devo me preocupar? – Lily perguntou, mas não conseguiu não sorrir.

—Não – Alice garantiu – Nossos ataques serão gentis e educadores.

Frank soltou uma gargalhada.

—Você não existe, Alice – Ele disse, mas sua voz estava carregada de afeto. – Vamos, Lily?

Lily assentiu e se levantou enquanto Frank abraçava Alice e lhe dizia alguma coisa no ouvido que a fez rir.

Não era difícil entender o sorriso dele na volta, e era igualmente fácil se sentir contagiada pelo sentimento. Nem mesmo quando ele precisou se meter na discussão entre Caradoc e o residente de ortopedia o bom humor dele diminuiu.

Caradoc e Amos pegaram o primeiro horário para descansar, e Frank e Lily ficaram para depois. Enquanto eles esperavam, finalmente apareceu um paciente que realmente era cirúrgico: um jovem com extrema dor na região inguinal.

—Parece uma hérnia encarcerada – Frank disse para o paciente e para Lily – Vamos pedir uma ultrassonografia pra ver se precisa operar com urgência, ok? Qual foi a última vez que você comeu?

—Jantei umas sete da noite – Ele respondeu, com uma careta de dor.

—Certo, não teremos problema então. Já já você vai ser chamado pro exame, está bem? Vamos colocar algum remédio pra dor.

Frank pediu para Lily fazer a admissão e a prescrição. Ele revisou o material e pediu para ela liberar antes dele assinar e carimbar os papéis.

Quando vieram buscar o paciente, Frank sugeriu que Lily fosse acompanhar a ultrassonografia – era um exame de difícil interpretação e quanto mais ela visse, melhor. O radiologista de plantão adorava explicar as coisas (segundo ele, as coisas ficavam solitárias no setor), e Lily ficou feliz em ter realmente entendido.

Não tão feliz pelo resultado – o paciente realmente teria que ser operado de urgência. Eles estavam esperando o tempo de jejum necessário para realizar a cirurgia. Enquanto isso, Lily e Frank fizeram as solicitações necessários para o procedimento.

A garota também ficou checando para ver se ele precisava de mais alguma coisa, se a analgesia estava suficiente e qualquer outro tipo de desconforto.

Eventualmente, Lily achou melhor fazer um lanche antes da cirurgia – ela sabia que os internos eram terrivelmente julgados por passar mal ou coisa do tipo durante as operações, e ela definitivamente não queria que isso acontecesse. 

Quando ela voltou para onde o paciente estava, ficou surpresa em ver Amos conversando com ele, dizendo como ele estava animado em ir para a cirurgia também. 

Lily franziu a testa.

Não mesmo .

—Amos! – Ela exclamou quando se aproximou – Uma palavrinha?

Amos sorriu para o paciente, mas assim que se virou para a direção de Lily, o sorriso sumira. Eles foram para o balcão, Amos cruzando os braços e olhando para baixo, em direção à Lily, com uma sobrancelha erguida.

—Eu vou entrar na cirurgia dele – Lily falou. Amos fez uma careta.

—Já são 3h30. Quase na hora de seu descanso. A cirurgia é minha – Amos retrucou.

—Hum, eu fiz a admissão, a prescrição e eu venho checado como ele está nas últimas horas – Lily replicou – Eu vou entrar nessa cirurgia. Você, eu não sei o que vai fazer. E não me interessa.

Amos revirou os olhos.

—Você já entrou em várias cirurgias, Evans – Ele falou, descruzando os braços. Lily ergueu as sobrancelhas.

—Isso importaria caso você tivesse falado comigo antes – Ela considerou – não se você tivesse tentado roubar uma cirurgia de mim.

Amos bufou.

—Vamos ver o que o residente acha disso – Ele disse – Não é Potter ou Black ou Lupin pra você enrolar.

Lily soltou um riso.

—Eu não enrolo ninguém, Diggory. Se você está com inveja, talvez devesse estudar mais – Ela replicou sorrindo angelicalmente.

Frank felizmente apareceu nessa hora, o cenho franzido ao sentir o clima.

—Vamos pro centro agora – Ele anunciou – Diggory disse que você não se importava em passar a cirurgia pra ele.

Lily continuou sorrindo.

—Na verdade, eu realmente gostaria de entrar na cirurgia, Frank – Lily disse. Amos cruzou os braços e Frank mordeu o lábio inferior.

—Dá pros dois entrarem sem problemas – Ele disse – Dearborn não vai entrar, e Dr. Weasley é bem tranquilo. Lily, você pode ser auxiliar e Amos pode instrumentar.

Frank sorriu e saiu para ir falar com o paciente. Amos não parecia exatamente feliz com a resolução.

—O pior, Diggory, é que se você tivesse falado comigo, eu não teria tido problema nenhum em deixar você entrar no meu lugar – Lily falou, dando de ombros – Próxima vez, tenta ser mais… ético. Você vai longe.

***

Lily saiu da sala de cirurgia sorrindo. Dr. Weasley realmente não se incomodara com muita coisa, e ela tinha auxiliado Frank em todo o processo. No final, ainda tinha deixado Amos suturar a pele, como gesto de paz.

Ela se despediu deles e foi dormir no quartinho dos internos – uma boa cirurgia era o sonífero perfeito. Ela tirou os sapatos e subiu na parte de cima do beliche, pois tinha um medo terrível de a cama toda desarmar em cima dela enquanto ela dormia.

Ela tinha certeza que estava se esquecendo de alguma coisa, mas não sabia exatamente o quê.

Quando a porta do quartinho bateu e Lily acordou assustada, ela soube o que era: o despertador.

Ela sentou na cama de um pulo, olhando assustada de um lado para o outro até ver Amos pegando a roupa dele no armário com uma risadinha. Lily pegou o celular imediatamente. 

Oh, ela estava tão atrasada.

Ainda assim, ela provavelmente deveria ter tomado mais cuidado e tentado se desvencilhar da coberta antes de tentar descer da beliche – isso com certeza teria a poupado do grito e da queda.

Também teria lhe poupado de outras coisas mais constrangedoras, como o fato de quando ela recuperou os sentidos, estava numa maca do hospital.

—Oh, merda – Ela xingou. Quando conseguiu abrir os olhos de fato, ela reconheceu Marlene e Frank empurrando a maca.

—Eu sabia que você gostava do hospital, mas precisava disso, Lily? – Marlene disse sorrindo.

—Eu tropecei no lençol – Lily murmurou.

—Oh, nós sabemos – Marlene garantiu – Amos chegou na enfermaria contando a história. Disse que não podia se atrasar, por isso foi direto, mas disse que você “parecia estar respirando”.

Lily soltou uma risada.

—Pra onde vocês estão me levando? – Ela perguntou, quando percebeu que estavam agora no elevador. Frank olhou para ela com uma expressão de preocupação.

—Obviamente para a emergência – Ele respondeu – Você ficou apagada por uns vinte minutos, Evans.

—Mas eu estou bem agora – Lily garantiu.

—Vamos ver – Frank disse – Marlene, se quiser voltar pra enfermaria… acho que ela estava com paciente de James.

Marlene apertou a mão da amiga e seguiu o caminho sugerido.

—Isso é desnecessário – Lily comentou.

—Vinte minutos, Evans.

Lily revirou os olhos e cobriu o rosto.

—Você quer parecer que está morta? – Frank perguntou com um tom de divertimento.

—Não quero ser reconhecida. Meu pai amado, que vergonha – Ela retrucou enquanto Frank ria. 

Ela sentiu a maca parar, mas definitivamente não tirou o lençol que a cobria do rosto enquanto o residente ia abrir uma ficha para ela – abrir uma ficha! Para ela!

LIly suspirou. Sua cabeça realmente estava doendo. Ela não tinha como saber se estava tonta porque se recusava a levantar a cabeça, mas algo dizia que talvez ficasse.

—Você está tentando me matar do coração?

Lily gemeu e abaixou a coberta de modo que apenas os olhos e a testa ficassem descobertos – ainda assim, ela tinha certeza de que o pouco de seu rosto visível era completamente vermelho. James estava com as sobrancelhas erguidas, seu rosto demonstrando preocupação.

—Eu caí – Ela explicou simplesmente. James bufou.

—Isso Marlene me contou. Quer me dizer mais um pouco?

—Eu esqueci de colocar o despertador e me atrasei. Na pressa de descer do beliche, tropecei no lençol e caí.

—E aí? – James instigou.

—E aí eu acordei com Marlene e Frank me trazendo pra cá.

James suspirou e pegou a sua lanterna, examinando as pupilas de Lily.

—Você sabe que dia é hoje?

Lily revirou os olhos, e James a encarou até que a garota respondesse a data, o nome completo, onde ela estava.

—Posso subir agora, Dr. Potter? – Ela pediu – Meus pacientes estão me esperando.

James soltou uma risadinha.

—Marlene já está passando seus pacientes – Ele informou – E já já vamos sair daqui, sim. Para fazer sua tomografia.

Lily gemeu em resposta.

—Eu não preciso de uma tomografia ! – Lily exclamou, abaixando mais a coberta e mostrando todo seu rosto.

—Lily, você perdeu a consciência depois de uma queda alta – James falou – Você sabe que tem indicação de tomografia.

—Eu não estou sangrando pela cabeça! Isso não é meu intervalo lúcido! – Lily retrucou. James sorriu.

—Você realmente não está muito lúcida. 

—O que você está fazendo aqui, de qualquer jeito? – Ela resmungou – Não tem seus pacientes?

—Sirius e Remus estão cobrindo pra mim – Ele respondeu sorrindo – Moody pediu para que eu descesse e lhe avaliasse. Por favor, obedeça seu médico, sim?

—E a autonomia do paciente?! – Lily vociferou. James riu mais uma vez.

—Reservada para pacientes que estejam fazendo sentido – Ele lhe informou, se inclinando em sua direção – Você não confia em mim todo dia pra tomar decisões pros nossos pacientes?

Lily suspirou e fechou os olhos.

—Tem algum lugar que esteja doendo?

—Além do lugar que bati a cabeça? – Ela perguntou, colocando a mão ao lado da cabeça – Talvez minha coxa, mas nada muito gritante.

—Hum… – James murmurou substituindo a mão dela pela dele – Tem um galeoma aqui… 

—Claro que tem – Lily exclamou – O beliche é alto.

James sorriu de leve pra ela.

—Certeza que a coxa não está doendo tanto? – Ele perguntou. Lily estreitou os olhos e ele riu – Estou falando para fazer uma radiografia, Lily.

Ela sentiu o rosto corando mais uma vez.

—Tenho. Eu só quero que isso acabe logo – Ela replicou. James sorriu e desceu a mão do local que doía para o rosto dela, repousando em sua bochecha.

—Não tenha pressa, e não coma nada. Eu vou levar os pedidos dos exames e volto, ok?

Lily assentiu, tentando ficar sentada. James esperou, oferecendo um braço que ela precisou usar.

—Eu fiquei deitada muito tempo, foi só a pressão – Ela justificou. James não pareceu muito feliz com a resposta, e foi levar logo os pedidos.

Então uma das enfermeiras que ela conhecia se aproximou, perguntando se estava tudo bem e lhe fornecendo o pijama hospitalar. Lily fez uma careta, mas a enfermeira apenas sorriu e fechou o biombo enquanto Lily se trocava, ainda na cama.

—Lily? – Ela ouviu James chamando, incerto.

—Ela está se trocando, Dr. Potter.

—Oh, ok. Hum, estamos prontos pra ir pra tomografia – Ele avisou.

Quando a enfermeira abriu o biombo, James estava com uma mão no cabelo. Ele sorriu quando viu Lily com a roupa do hospital.

—Podemos ir? – Ele perguntou – Estou sem interno para acompanhar o exame, vou precisar de uma ajudinha…

Lily observou um dos maqueiros se aproximando.

—Pelo amor de Deus, James, eu posso ir andando!

—Você ficou tonta por tentar sentar, Lily – James respondeu – Eu não te coloco nem numa cadeira de rodas agora. 

Lily cobriu o rosto de novo enquanto James ria e a empurrava para o tomógrafo. A sala estava vazia, então eles entraram logo.

—Consegue se arrastar? – James perguntou, de um lado do tomógrafo.

—Não sei. Consigo? – Lily retrucou, já se arrastando para a máquina. James claramente estava tentando esconder um sorriso.

Cuidadosamente ele ajeitou a cabeça de Lily e colocou a contenção na testa, se certificando que não estava no galo nem prendendo nenhum fio de cabelo.

—Não se mexe – Ele avisou.

Lily revirou os olhos. Claro que ela não iria se mexer. 

Esse tipo de coisa só acontecia com ela! Ninguém que ela conhecia cairia de uma droga de um beliche! Talvez Tonks, mas ninguém mais! E ainda passar por tudo isso, com James do outro lado, claramente se divertindo…

Bem, e cuidando dela. Ela se segurou para não sorrir e estragar o exame; a cara de preocupação dele fora extremamente adorável. Ela tinha certeza que se conseguisse olhar para a sala de comando da tomografia, ele estaria franzindo a testa e com uma mão apoiada no queixo e na boca.

Lily, acabou aqui — A voz de James anunciou na saída de som do tomógrafo.

—Posso ver? – Ela pediu.

Ele não respondeu, mas apareceu ao seu lado logo depois.

—Acha que consegue ficar em pé? – Ele perguntou, erguendo as sobrancelhas.

Lily assentiu, mas aceitou o braço que ele oferecia. Ainda estava um pouco tonta, e James a ajudou na caminhada até uma cadeira na sala de comando; demorou um pouco mais do que o esperado pelo esforço que ela fez para não deixar a roupa escorregar.

Ela sabia que James riria disso, então nem se incomodou com o largo sorriso que ele exibiu.

Eles esperaram em silêncio os poucos minutos que levaram para a imagem ser reconstruída.

—Há! – Lily exclamou, apontando para a tela – Nada! Nem uma gota de sangue, sem desvio de linha média, sem sequer edema!

—Tem um baita galeoma – O técnico de radiologia apontou, e Lily corou.

—Isso já sabíamos. Mas não tem nada sangrando pra dentro da cabeça, e é isso que importa. 

James revirou os olhos mas estava sorrindo de leve.

—Fico feliz. Estava torcendo por isso, como você pode imaginar – Ele lhe informou, oferecendo o braço para ela deitar na maca.

O caminho de volta para a emergência foi mais tranquilo. Lily descobriu um olho para espiar James e quase se arrependeu: ele estava encostado na parede, com o jaleco aberto contrastando muito bem com a camisa azul e uma mão na cintura, além da testa franzida.

Lily nunca achou que se sentiria tão atraída por James num jaleco.

Rapidamente ela escondeu o rosto novamente, e assim continuou até a maca retornar ao seu cantinho da emergência. Ela ouviu James agradecendo ao maqueiro e o barulho do biombo sendo fechado.

James estava lhe observando com um sorriso quando ela abaixou o lençol de novo, e para sua extrema vergonha, Moody estava ao seu lado.

—Nos deu um susto, Evans – Moody grunhiu. Lily sentiu o rosto esquentando.

—Desculpe, Dr. Moody. Eu perdi a hora e me atrapalhei – Ela justificou. O chefe assentiu e pediu a avaliação de James.

—A TC está limpa, mas ela perdeu a consciência por uns vinte minutos, ainda tem um pouco de tontura e cefaleia – James disse, e depois hesitou – Tem que ficar sob observação por no mínimo doze horas.

Lily sentiu a boca caindo enquanto Moody assentia.

—Correto – Para Lily, o chefe apenas disse para tomar mais cuidado. Ele fechou o biombo avisando que iria tentar conseguir um lugar com mais privacidade.

Lily fechou os olhos e respirou fundo. James se inclinou mais uma vez, aproximando seu rosto do dela e afagando seu rosto com cuidado.

—Não fique tão irritada – Ele murmurou. 

—Eu não estou irritada – Lily explicou – Estou envergonhada

Ela nem se incomodou com o sorriso divertido de James. 

—Não precisa ficar envergonhada também – Ele lhe garantiu – Todo mundo já teve alguma queda boba. Mas não se preocupe, eu estou aqui com você – James disse piscando.

Lily revirou os olhos, mas exibiu o primeiro sorriso da manhã.

—Você deve estar muito entediado – Ela respondeu. James sorriu mais e, mais rapidamente que ela esperava, depositou um leve beijo nos lábios da garota.

—Você já deve entender que tenho outros motivos – Ele sussurrou – Mas agora vou ver se ajudo Moody a lhe conseguir algum lugar melhor e depois vou ver meus pacientes. Marlene deve descer já já.

Lily assentiu e James saiu depois de sorrir mais uma vez.

Como prometido, Marlene apareceu poucos minutos depois. Ela trazia consigo o celular e a mochila de Lily.

—Quando eu puder rir disso tudo, me avisa – Marlene pediu depois de entregar o celular à Lily – Porque, me desculpe, mas é hilário.

Lily suspirou.

—É, estou ciente. 

—Mas e aí? Potter só disse que você estava bem.

Lily explicou que teria que ficar em observação por 12 horas e toda a saga até chegar àquela conclusão. Aproveitou para contar sobre o desentendimento com Amos – que justificava em parte o comportamento dele naquela manhã.

Meia hora depois, Lily foi retirada dos biombos e colocada num quartinho de observação; agora ela tinha paredes e Marlene tinha uma cadeira. Ela ainda estava na emergência, contudo mais afastada.

Enquanto Lily era levada, perguntou se teria algum remédio para a dor de cabeça que sentia. Levou pouco tempo para receber o analgésico.

Marlene era uma ótima companhia: fazia silêncio e lhe mostrava posts engraçados ocasionalmente, além de sempre se assegurar de que estava confortável.

Quando a porta se abriu, esperava James; mas quem apareceu foi Benjy, com um pequeno sorriso.

—Hey, – Ele cumprimentou. Lily assentiu e suspirou – Como está?

—Presa contra minha vontade – Lily respondeu enquanto Marlene bufava.

—Ela está bem, mas gosta de ser dramática. Tenho certeza que não lhe causa estranhamento.

Benjy sorriu mais.

—Só vim checar se você realmente estava bem – Ele explicou – Potter parecia preocupado.

Lily sentiu o rosto esquentando.

—Ele estava se sentindo culpado por me prender aqui, na verdade – Lily retrucou, fazendo os dois amigos rirem.

—De qualquer jeito, bom ver que você está bem… 

Benjy saiu fechando a porta e Lily suspirou mais uma vez.

—Ele combinou tudo sobre a saída internos e residentes – Marlene comentou – Parece bem animado.

—Quando vai ser?

—Sábado. Quem tá de plantão é Snape – Marlene contou, fazendo Lily rir.

Quando a porta se abriu mais uma vez, Lily jogou o lençol em sua cabeça.

—Ah, Evans – Sirius comentou rindo – Nós viemos até aqui lhe ver ao invés de ir embora diretamente e você nos trata desse jeito?!

Lily se descobriu, ainda de cara feia.

—Eu estou ótima, podem ir embora – Ela retrucou – Ou melhor, me libertem. Vocês têm carimbo. Eu estou presa . Minha autonomia foi tirada de mim.

—Sua assinatura está na ficha de admissão – Remus apontou com um sorrisinho.

—Eu não sabia que seria mantida em cárcere quando assinei aquela droga.

Remus sorriu um pouco mais, e disse que era a vez de Lily de ser uma boa paciente e esperar. Peter também chegou, logo em seguida, e jogou um chocolate na cama para ela.

—Obrigada, Pete. Eu sempre soube que você era o melhor dos quatro – Ela agradeceu, e Peter sorriu, erguendo os polegares e começou a conversar com Sirius sobre o churrasco dos residentes do hospital.

Ela estava debatendo se seria estranho perguntar onde James estava quando ele entrou no quarto com uma bandeja coberta. Ao olhar ao redor, exibiu um pequeno sorriso.

—Eu não sabia que se podia ter tantos visitantes na emergência – Ele comentou, depositando a bandeja na única mesa que tinha ali. Em seguida, ele retirou o jaleco e colocou no encosto da cadeira de Marlene.

—Não somos visitantes, somos profissionais de saúde – Sirius replicou. James bufou ao olhar para Marlene, que estava praticamente jogada na cadeira – Você sabe como os internos são. 

—Vim checar se o protocolo está sendo feito corretamente – Remus acrescentou.

—Er, ela caiu. Talvez tenha quebrado alguma coisa? – Peter sugeriu.

—Ela realmente mencionou algo sobre a coxa estar doendo… – James comentou, fazendo Lily arremessar o objeto mais próximo nele (felizmente, apenas uma almofada, que ele pegou rindo).

—Como você vai pra casa, Lene? – Lily perguntou – Benjy já foi.

Marlene fez uma careta.

—Eu posso voltar com seu carro e te pego de noite – Ela ofereceu e Lily assentiu.

—Eu estou de plantão até 19h – James interrompeu – Eu posso levar Lily em casa.

Marlene deu de ombros e pegou a chave do carro na mochila de Lily. Sirius estava com o mesmo sorrisinho satisfeito, e empurrou Remus e Peter quando saiu, dizendo que estava com fome.

James ocupou a cadeira que Marlene estava usando e olhou para Lily sorrindo.

—Por que você sempre está com esse bom humor? – Lily retrucou, fazendo James rir e dar de ombros.

—Eu sou uma pessoa naturalmente feliz, Evans – Ele explicou – E você também. 

Lily fez uma careta.

—Alguma dor? – Ele perguntou, o sorriso diminuindo um pouco.

—Não depois da dipirona – Ela replicou – Você sabe que eu estou bem, posso comer agora?

James sorriu mais uma vez e levantou, mas não levou a bandeja para a cama como Lily esperava; ao invés disso, trouxe toda a mesinha e quando tirou a tampa da bandeja, Lily entendeu o motivo.

Ela não escondeu o sorriso enquanto se sentava – sem ajuda agora.

—Você realmente achou que eu fosse deixar você almoçar sozinha? – Ele perguntou, colocando o prato dela mais próximo da cama.

—Eu… na verdade, sim – Lily confessou. James sacudiu a cabeça em reprovação, mas ele ainda sorria.

—Já vi que vamos nos conhecer bastante ainda.

Levando tudo em consideração, o almoço foi ótimo. Sim, ela estava usando um pijama hospitalar, mas James estava lá. Ela faria a troca facilmente.

Quando eles terminaram de comer, James teve que sair – a hora de almoço dele encerrara e ele precisava devolver a bandeja, mas ele prometeu que iria aparecer ao longo da tarde, mesmo que Lily garantisse que não precisava. Ela entendia que ele estava trabalhando.

Mas se ela dissesse que a perspectiva de vê-lo mais não era animadora, estaria mentindo.

Antes dele sair, ele se aproximou dela e beijou seus lábios mais uma vez.

—Isso é terrivelmente inapropriado – Ela ralhou, mas o efeito foi estragado tanto pelo sorriso dela quanto por seus dedos prendendo James pela camisa. Ele riu.

—Vou tentar me lembrar disso – Ele garantiu, lhe beijando de novo.

Quando James saiu do quarto (quase dez minutos depois do planejado), Lily pegou o celular para ver se tinha algo importante. Marlene avisara no grupo do apartamento o que ocorrera e mandara uma foto dela escondida na coberta. O grupo do hospital também comentara sobre o acidente, mas depois começara a falar sobre alguma coisa que um dos preceptores fizera.

Também tinha duas ligações perdidas de sua mãe.

Lily preferiu esperar mais um pouco antes de retornar a ligação – mandou uma mensagem pedindo para ela avisar quando pudessem fazer uma videochamada. Sabia que sua mãe só ficaria satisfeita se visse que ela realmente estivesse bem.

Enquanto esperava a resposta, resolveu passar o tempo com Netflix, e logo estava confortável na cama. Pelo barulho dava para perceber que a emergência estava cheia, o que explicava James não ter aparecido ainda.

Eram quase três da tarde quando o celular anunciou uma chamada de sua mãe. Lily atendeu com um sorriso.

Lily ! – Seus pais exclamaram – Tudo bem ?

—Hum, sim. Estou ótima, mas… aconteceu um pequeno acidente…

Lily se apressou para contar e fazer o rosto de seus pais voltaram ao normal. Ela não conseguiu não sorrir com a mão de sua mãe no peito, como se estivesse acalmando o coração.

Minha filha, tome mais cuidado — Seu pai alertou. Lily sorriu.

—Nem me fale. Imagina a minha vergonha , pai!

Os três riram, e eles começaram a falar sobre Dudley, o sobrinho de Lily, e a festa de aniversário de dois anos que se aproximava.

Sua mãe estava falando sobre como Petunia podia se deixar levar às vezes (o que Lily concordava completamente ) quando a porta do quarto se abriu mais uma vez.

—Lily, você não vai acreditar…! – Mas James parou de falar imediatamente ao perceber que tinha interrompido uma voz. Lily uniu os lábios para impedir sua risada – Oh, desculpe, eu não sabia que você estava, er, ocupada… – Ele falou.

—Estou falando com meus pais – Ela explicou.

Lily, não seja rude ! – Sua mãe ralhou – Nos apresente a seu amigo !

Lily riu dessa vez, e trocou a câmera frontal pela traseira, sorrindo ainda mais agora ao ver James com uma mão no cabelo e a outra na cintura por cima do pijama cirúrgico.

Oh, é um colega seu? — Sua mãe perguntou.

Ele tem um carimbo no pescoço, querida, deve ser um médico que veio checar se Lily está bem .

Lily riu silenciosamente.

Mas ele veio falar de algo pra Lily! E é extremamente novo! — Sua mãe discordou. Lily estava simplesmente satisfeita em apreciar o desconforto de James enquanto ele procurava por alguma coisa para dizer. Quando sua mãe mencionou quão bonito ele era, Lily achou que era hora de intervir.

—Ele é residente da cirurgia – Ela explicou, retornando para a câmera frontal – Foi ele que me atendeu. Eu divido alguns pacientes com ele.

Seus pais fizeram sons de compreensão e James semicerrou os olhos para ela.

—Eu, hum, volto depois – Ele murmurou, saindo do quarto. Lily continuou a falar com seus pais até que eles tiveram que sair e se despediram com a mãe dela reforçando quão bonito James era.

Ele realmente voltou depois, dessa vez com um chocolate quente e batendo na porta antes.

—Desculpe – Ele pediu de novo enquanto estendia a bebida – Eu não sabia que você estava falando com eles.

—Não tem problema. Foi engraçado ver você desconfortável uma vez na vida – Ela admitiu sorrindo. James revirou os olhos mas sorriu também.

—Tudo bem por mim. Sua mãe me achou bonito – Ele replicou. Lily riu.

—Claro que achou. Quem não acha?

James sorriu ainda mais e capturou seus lábios novamente.

—Bom saber. Só vim lhe trazer o chocolate quente. Tá uma loucura lá fora.

—Não precisa ficar vindo – Ela lhe garantiu.

—Preciso reavaliar minha paciente.

Ele realmente voltou mais duas vezes, e na terceira trazia os papéis da alta. Lily pulou da cama para pegar, e James lhe lançou um olhar.

—Por favor, não caia de novo – Ele pediu – Eu vou me trocar e venho aqui para irmos para casa.

Lily assentiu e assim que ele saiu, se trocou em tempo recorde. Ela realmente não gostava da roupa do hospital. James não demorou de voltar, e se ofereceu para levar a mochila.

—Não sou uma inválida – Ela negou, abraçando o objeto.

—Nunca disse que era – Ele replicou revirando os olhos. Eles caminharam juntos até o carro, conversando sobre os pacientes que James atendera de tarde.

Estava com um pouco de engarrafamento até a casa de Lily, mas ele não parecia preocupado. James gostava de batucar no volante enquanto dirigia, mas se recusava a cantar pois dizia que era desafinado.

Lily não teria se importado com isso.

Quando James estacionou na frente do prédio dela, ele desligou o carro e se virou para ela.

—Talvez seja bom você não dormir sozinha hoje – James sugeriu. Lily ergueu as sobrancelhas.

—Está se oferecendo? – Ela perguntou sorrindo. James a imitou.

—Claro. 

Lily riu e empurrou o ombro dele.

—Eu estava falando de Marlene, mas eu gostei mais da sua ideia.

—Eu vou falar com ela – Lily respondeu. James assentiu.

—Está se sentindo bem?

—Você deveria ter perguntado isso antes de me dar alta, não?

James revirou os olhos e puxou Lily pelo pescoço para um beijo. Ela realmente deveria se incomodar mais com o fato de que eles poderiam facilmente serem vistos por suas colegas de apartamento.

Mas ela não conseguiu se importar quase nada quando passou as mãos pelo pescoço de James, e menos ainda quando a outra mão do garoto segurou sua cintura.

—Obrigada – Ela agradeceu quando eles se separaram e James riu.

—Tudo bem, te beijar não é nenhum sacrifício para mim, Evans – Ele respondeu.

—Não pelo beijo, idiota. Por… hoje.

—Ah – Ele estava corando levemente. Lily riu e o beijou mais uma vez antes de tirar o cinto e pegar suas coisas.

—E só para esclarecer – Ela disse, ao sair do carro – Teve comida e beijos e tudo, mas isso definitivamente não foi nosso segundo encontro.

Ela conseguiu ouvir a risada de James enquanto andava para o prédio, e não conseguiu não sorrir também. 

Mary e Tonks a cercaram assim que ela chegou, querendo saber mais da história que Lily tinha certeza que Marlene já contara, mas ela não se incomodou. Era bom se sentir cuidada, ela refletiu enquanto tomava a sopa que Mary fizera.

 

James Potter 20:19

Você diz a data e nós vamos pra esse segundo encontro, Evans

Não precisa bater a cabeça pra chamar minha atenção

 

***

—Vamos, Marlene! – Lily chamou. Ela e Tonks estavam na sala esperando a amiga. Mary já tinha saído com Bertram, e as duas aguardavam Marlene ficar pronta para irem para o Três Vassouras para a saída de internos e residentes.

—Tem certeza que não vai ter problema eu ir? – Tonks perguntou mais uma vez. Lily sorriu.

—Você é namorada de Remus, ninguém vai achar ruim. – Lily garantiu. Tonks sorriu e Lily apertou seu ombro – E se acharem, problema deles.

Tonks sorriu mais e Marlene finalmente apareceu, chamando o uber. Lily dissera que poderia ir dirigindo, mas Marlene disse que não queria a amiga deixasse de se divertir, então concordaram que era melhor desse jeito.

Não demorou muito até elas chegarem no bar. A mesa deles era claramente a maior de todas, e vários dos colegas já estavam lá. As meninas deram um oi geral, e Remus se levantou para apresentar Tonks a todos com um grande sorriso. 

O olhar da garota mais nova implorava para que Lily sentasse perto dela, e assim ela o fez – não apenas porque James ocupava a cadeira do outro lado. 

Ele estava com um pequeno sorriso no rosto, claramente apreciando a escolha de roupa de Lily. O vestido era simples, mas ela sabia que lhe vestia muito bem. O contraste do preto com sua pele clara ressaltava as sardas de seu colo expostas pelo decote, assim como a maquiagem trazia o verde de seus olhos mais à tona.

—Você está tentando chamar minha atenção para alguma coisa? – Ele perguntou se inclinando na direção da garota. Lily apenas mordeu o lábio inferior e sorriu.

—Boa noite, Dr. Potter.

James riu e se afastou, pedindo mais um refrigerante ao garçom que passava. 

Eles não ficaram isolados no mundo deles naquela noite; Frank e Alice apareceram e perguntaram a Lily como estava a cabeça. Sirius comentou sobre o decote de Lily fazendo a garota corar. Tonks e Remus também clamaram a atenção de Lily eventualmente.

Os outros internos estavam conversando, e Lily se viu rindo com todos. Ela adorava esses momentos de interação com os colegas, e era ainda melhor com os residentes bem humorados fazendo piadas também.

Era quase meia-noite quando Tonks levantou e puxou o namorado pela mão para dançar. Remus ergueu uma sobrancelha para ela, mas depois que ela sussurrou alguma coisa em seu ouvido, ele levantou rindo e replicando mais coisas para ela no mesmo tom.

Lily mal conseguiu beber mais um gole de sua bebida até a cadeira ser ocupada de novo.

—Lily!

Ela se virou para sorrir para Benjy e percebeu que ele estava completamente bêbado.

—Hey, Benjy – Ela cumprimentou, rapidamente tirando o copo da mão dele e procurando água para oferecer. James lhe entregou uma garrafa imediatamente.

—Eu fiquei preocupado, sabe? – Benjy falou depois de beber metade da garrafa.

—Com o quê? – Lily perguntou. Ela sabia que Benjy precisava falar quando estava bêbado.

—Com você… sabe… caindo – Ele explicou, gesticulando para a cabeça dela e depois pro chão. Ela ouviu uma risadinha de James.

—Obrigada, Ben – Ela agradeceu, apertando o ombro dele – Mas eu estou ótima. Pronta para outra.

Benjy riu tolamente.

—Eu quase desço na hora que Amos falou – Ele confessou ainda sorrindo – Quase reflexo de… antes .

Lily mordeu o lábio e sentiu o rosto corando.

—Tenho certeza que foi algo amigável — Lily disse.

—Bem, depois, sim. Mas na hora eu… sei lá. 

—Você não está fazendo sentido, Benjy – Lily falou. Ela não sabia se James conseguia ouvir, mas achava que sim. 

—Nós éramos ótimos juntos, Lil – Benjy comentou. Lily mordeu o lábio.

—Nós somos ótimos amigos, Ben – Foi a resposta que a garota deu, mas ele sacudiu a cabeça.

—Eu falo como namorados, sabe? – Ele insistiu. Para horror de Lily, ele desviou o olhar dela para a cadeira além dela, onde ela sabia muito bem quem estava sentado – Potter, sabia que nós namoramos? – Benjy perguntou, apontando pra Lily. Ela simplesmente colocou o rosto nas mãos.

—Sério? – James replicou. Lily imaginou que se Benjy não estivesse tão embriagado ele teria escutado o tom curto de James – Que legal. Estão namorando ainda?

—Nah, ela terminou comigo – Benjy replicou – Eu nunca teria conseguido terminar com ela. Você está linda, Lily.

Lily só murmurou um obrigada enquanto se ajeitava na cadeira de novo. Benjy, contudo, achou que era um convite para se aproximar.

—Éramos tão bons, acho que ainda poderíamos ser, não? – Ele murmurou, se inclinando para Lily. 

Com um arfar, Lily se afastou imediatamente, colocando uma mão no rosto de Benjy.

—Você está completamente bêbado , Benjy Fenwick. Levanta – Lily ordenou.

—Vai me levar pra um canto pra lembrarmos dos velhos tempos? – Benjy perguntou erguendo uma sobrancelha. Lily bufou.

—Só se for você e Amos. Estou te levando pra ele. Você passou do ponto.

Benjy retrucou alguma coisa, mas fez o que Lily pediu. Lily se virou para James rapidamente e sussurrou um “já volto” em seu ouvido. Ela imaginou que ele não tivesse aceitado tão bem o comportamento de Benjy – ele finalmente parara de sorrir.

Não foi difícil achar Amos; ele suspirou quando Lily lhe passou Benjy, como se já esperasse aquilo. Lily aproveitou o momento para ir ao banheiro que ficava no fundo do bar e respirar um instante, mas quando estava entrando, uma mão a puxou pelo braço.

Ela conhecia a mão, então se deixou ser arrastada até o fundo do bar.

Lily não se incomodou nenhum pouco quando James a prensou contra a parede, a testa franzida.

—Boa noite, James – Ela disse com um sorriso provocador. Ele estava tão perto dela, com uma mão ao lado da sua cabeça e a outra em sua cintura, que se ela quisesse, poderia tê-lo beijado.

—Eu não gosto de Fenwick – James falou simplesmente. Lily estreitou os olhos.

—Você está com ciúmes de um bêbado, James Potter?

James nem teve a decência de corar; ele apenas assentiu.

—Do seu ex-namorado bêbado, sim – Ele clarificou. 

—Eu terminei com ele, James – Ela disse suavemente. Não foi o suficiente para tirar as rugas que tomavam sua testa.

—Ele tentou te beijar, Lily – James reclamou. Lily mordeu o lábio para esconder o sorriso.

—E eu não deixei – Lily respondeu, segurando o rosto dele com as duas mãos. – Sabe por quê? – Ela sussurrou.

—Por quê? 

—Porque não era você — Lily justificou sorrindo. James grunhiu; o som a agradou mais do que deveria.

Ela também gostou mais do que jamais achou que fosse quando James pegou suas duas mãos e as prendeu na parede acima da cabeça de Lily, se inclinando até seus lábios estarem roçando o ouvido de Lily, num toque quase fantasma.

—Só eu posso te tocar, Lily Evans – Ele sussurrou com a voz rouca, e o arrepio no corpo de Lily fez com que os lábios dele realmente entrassem em contato com sua pele que esquentava – Ninguém sabe disso, mas só eu posso te beijar. Estamos entendidos nisso, certo?

Lily não conseguiu falar a resposta, então James se afastou levemente para vê-la assentindo. 

Ele sorriu maliciosamente antes de atacá-la, uma mão ainda segurando as dela acima dos dois enquanto a outra segurava sua cintura firmemente contra ele. Ele grunhiu contra os lábios de Lily quando ela colocou uma perna dele entre as suas, e, agora que ele sabia que o contato do corpo não seria perdido, usou a mão que não restringia os movimentos da garota para segurar sua nuca e seu cabelo.

Lily se controlava para não emitir nenhum ruído que fosse denunciá-los, mas era tão difícil considerando o jeito que ele a empurrava contra a parede e o fervor da língua dele em sua boca, quase uma promessa…

Quando a mão livre dele alcançou a clavícula de Lily, ele se separou, tentando recuperar o fôlego com longas arfadas. Lily não gostou da distância, então se pôs a atacar o pescoço de James – ele não fizera a barba naquela manhã e o arranhar em seus lábios inchados era uma sensação incrível.

—Por que você não está me beijando, James Potter? – Ela sussurrou quando alcançou a orelha dele.

—Porque se eu continuar te beijando, estaremos num local extremamente inadequado para o que vou querer fazer com você, Lily Evans – Ele replicou no mesmo tom rouco.

Lily mordeu o lábio e se afastou para olhá-lo nos olhos.

—Que bom que tenho um apartamento vazio então – Ela replicou. James ergueu uma sobrancelha, com o mesmo sorriso que ele exibia antes de beijá-la.

—Você tem certeza disso, Lily? – Ele perguntou, relaxando levemente a mão que prendia os pulsos da garota, porém sem soltá-los.

—Por Deus, sim . Você que decide se está afim da minha proposta – Ela provocou, mordendo o lábio inferior. James encostou nela mais firmemente, e Lily conseguiu sentir sua ereção.

—Vá na frente – Ele instruiu – Eu, uh, vou precisar um minuto ou dois. 

Foi a vez de Lily abrir um sorriso malicioso.

—Eu tenho certeza que sim. Te espero na mesa.

James finalmente soltou as mãos de Lily e ela se desencostou da parede com uma piscadela para ele. Antes de voltar para a mesa, Lily foi no banheiro para consertar o cabelo e o batom: ambos gritavam exatamente o que ela estivera fazendo no fundo do bar.

Marlene felizmente não estava na mesa, e Lily conseguiu achá-la rapidamente.

—Lene, eu to indo pra casa – Ela informou assim que viu a amiga. Marlene franziu a testa.

—Já? Aconteceu alguma coisa? – Lily suspirou.

—Benjy tentou me beijar… eu não estou no clima…

Marlene assentiu.

—Você vai como?

—Uh, um uber, ou uma carona? Não sei…

Marlene franziu a testa de novo, mas foi interrompida por James, que viera se despedir.

—Hey, você pode dar carona pra Lily, certo? – Marlene sugeriu.

—Uh, claro. Está saindo também? – Ele perguntou. Lily disse que perdeu o clima, e ele assentiu, tirando a chave do carro do bolso e deixando Lily passar em sua frente.

Eles não se tocaram durante todo o caminho, e Lily sentiu a tensão aumentando entre os dois. James roubava alguns olhares enquanto dirigia, sempre sorrindo. Lily apenas mordia o lábio para se controlar.

James parou o carro na primeira vaga que tinha na rua e eles entraram no prédio de Lily, ainda sem contato.

—Mary não está em casa? – Ele perguntou enquanto entravam no elevador.

—Não, está com Bertram – Lily respondeu.

—Eu não entendo se ela gosta dele ou não – James confessou.

—Gosta, mas é um relacionamento complicado – Lily explicou enquanto saíam do elevador.

—Hum – Foi tudo que James respondeu enquanto a garota abria a porta de casa.

O apartamento estava completamente silencioso e escuro, do jeito que Lily esperava. Ela conseguia sentir James atrás dela e ouvir sua respiração calma.

Lily colocou a chave dentro da bolsa novamente e se virou para ele. James exibia seu sorriso confiante de sempre, tranquilo. Ele estendeu uma mão e Lily aceitou, se aproximando dele.

—Tudo bem? – Ele perguntou. Lily sorriu de volta.

—Tudo bem – Lily confirmou. James sorriu mais e puxou o rosto dela para um beijo delicado, que ele foi aprofundando aos poucos ao separar os lábios de Lily e puxá-la para mais perto – Mas vai ficar ótimo assim que eu te levar pro meu quarto.

James riu e puxou Lily para outro beijo, dessa vez usando as duas mãos para prendê-la junto ao seu corpo. Lily pareceu satisfeita com a ação e passou os braços pelo pescoço dele, sem se incomodar muito com a bolsa.

Quando ela raspou as unhas curtas na nuca de James, ele grunhiu e, num movimento rápido, ergueu Lily do chão. A garota abraçou o tronco de James com as pernas, e ele começou a andar no corredor.

—Última porta no fundo – Ela sussurrou quando se separaram momentaneamente. James não assentiu, apenas continuou caminhando e abriu a porta do quarto que definitivamente era o de Lily.

James a empurrou contra a porta fechada e Lily sorriu.

—Agora sim tudo ótimo – Ela lhe disse. James riu e ficou satisfeito em beijá-la por alguns minutos, aproveitando o apoio para diminuir a diferença de altura entre os dois. Lily eventualmente largou a bolsa no chão e trancou a porta.

Uma das mãos de James a segurava pela cintura, e a outra começou a passear por sua perna. Lily não entendeu muito bem o que ele queria até sentir seus sapatos saindo. Ela sorriu contra os lábios dele.

James tomou como incentivo, porque a tirou da parede e a colocou delicadamente na cama, beijando sua testa com os olhos fechados.

—Hum – Ela sussurrou – Então eu ganho os dois lados de James Potter: o que mal me deixa me mexer contra a parede de um bar e o que beija minha testa antes de transar?

James abriu os olhos, e Lily jurava que seu sorriso podia iluminar a cidade toda.

—Você ganha todos os lados que quiser, Lily Evans.

BEGINNING 

O sorriso de resposta de Lily foi quase tão grande quanto o de James, e ela se arrastou na cama para criar espaço para James. Ele retirou os sapatos e se acomodou entre as pernas da garota, depositando um leve beijo no lado interno do pulso dela.

Lily adorava esse lado doce dele – ela sentia o coração pular no peito toda vez que ele era doce – mas ela não estava tão paciente quanto ele parecia estar, então quando ele soltou sua mão, Lily segurou o cabelo dele e o puxou até que o rosto dele estivesse alinhado com o dela.

—Com pressa? – Ele perguntou com um sorriso. Lily semicerrou os olhos, e isso foi suficiente para fazer James tomar a sua boca novamente.

Ela conseguia perceber que James tomava cuidado para não achatá-la com o peso de seu corpo, mas ela queria se sentir esmagada (pelo menos um pouco), e usou a mão que estava nas costas dele para puxá-lo.

Ele realmente parecia não querer acelerar nada. James, ela notou, estava apreciando tudo que podia: cada beijo era mais viciante que o último, as mãos dele não se apressavam para se livrar das roupas dela, e ele passeava os lábios pelo pescoço e pelo decote exposto de Lily.

A garota entendia e apoiava até certo ponto, mas desse jeito deixava muito a desejar, na visão dela. Então ele podia achar o que fosse, mas a camisa dele estava indo embora naquele momento.

Ele falou alguma coisa para provocá-la, mas Lily não estava ouvindo tanto – seu olhar estava focado no tronco de James (ela não deixaria ninguém julgá-la por isso). James retomou sua atenção com um beijo mais intenso enquanto Lily explorava o tórax e o abdome dele com os dedos.

Lily percebeu o momento exato que James decidiu imitá-la: a mão do garoto fez um caminho torturante do seu pescoço até a sua coxa desnuda pelo vestido que caía perto de sua cintura. Com a boca entreaberta, ele parou de beijar Lily para olhar onde a mão dele contrastava com a coxa de Lily.

—Hum, você estava falando sério de dor na coxa – Ele murmurou ao ver um hematoma.

—Você deveria ter me examinado – Ela replicou. James olhou novamente para ela, sorrindo.

—Eu examino agora, Lily. Serei bem minucioso.

Lily riu com a promessa, mas James resolveu que realmente sem roupas ficava mais fácil e começou a levantar o vestido de Lily. Cada pedaço de pele que era revelada recebia um beijo de James, quase uma reverência.

Ele não jogou o vestido para longe como ela fizera com a camisa dele, mas ele também pausou para admirar o corpo em sua frente. Ele sacudiu a cabeça em negação, como se não estivesse acreditando na sua sorte.

—Você é a coisa mais linda do mundo – Ele confessou quando os olhos dos dois se encontraram – Eu não… caralho, Lily.

Ela sorriu e corou ao mesmo tempo: era difícil não se sentir um pouco acanhada com o olhar caloroso que James lançava em todo seu corpo, mas era também um olhar de profunda admiração.

Um olhar que combinava com as pupilas dilatadas que lhe encaravam desejosas.

A partir daí, a paciência de James pareceu encontrar seu fim: ele foi extremamente rápido ao se livrar de sua calça, e não estava tão contido – suas mãos explorando gananciosamente cada centímetro do corpo de Lily.

Como ele prometera, fora extremamente minucioso. James parecia muito preocupado com Lily : em como deixar tudo melhor para Lily, como deixá-la confortável, o que exatamente ela queria que ele fizesse…

O sutiã dela foi retirado e arremessado com menos cuidado que o vestido, e James gemeu ao sentir o contato direto com os mamilos eriçados, que ele fez questão de estimular ainda mais com mãos, lábios e língua – Lily só conseguiu responder atacando o pescoço de James com sua boca.

A sensação da barba por fazer era ainda melhor quando James arrastava seu rosto entre os seios de Lily, tomando um caminho mais inferior até garantir um lugar entre as pernas da garota que fez  Lily implorar e gritar.

A camisinha estava na mão de Lily pouco tempo depois de James beijar a garota de novo, com mais desespero em seus lábios.

Eles se olharam longamente enquanto James estava parado antes de penetrar Lily. Não havia apenas luxúria naquela troca; Lily conseguia sentir tudo o que James queria lhe falar, todos os lados que ele tinha para lhe oferecer. Ela só esperava que ele conseguisse captar o mesmo dela.

Eles só pararam de se olhar para compartilhar um beijo ofegante e dizer o nome um do outro.

Lily não estava acostumada com tamanha intimidade logo de cara. Ela sabia que era algo diferente pelo modo que se sentia quando James entrelaçava seus dedos e prendia sua mão na cama, depositando leves beijos em seu rosto, pescoço e ombro, enquanto se movimentavam juntos.

Era assustador? Completamente. Mas quando James deitou em sua cama, depois de descartar o preservativo, a puxou o mais perto possível, fazendo questão de abraçá-la e beijar sua testa, ela percebeu que não se importava muito.

END

***

Lily sentiu algo tocando sua testa, e imediatamente pensou em Marlene lhe acordando para irem para o hospital. Mas ela sabia que a amiga não seria tão delicada.

Com uma leve careta, ela abriu os olhos para descobrir James acima dela, com um grande sorriso que ela teve de retribuir.

—Bom dia – James sussurrou, lhe beijando docemente. 

—Bom dia – Lily devolveu quando ele se afastou – São que horas?

—Cedo – Ele respondeu – Eu tenho que ir pro hospital, mas não queria sair sem me despedir…

—Hm… 

James a beijou de novo, mas depois se levantou da cama. Lily percebeu que ele usava a mesma roupa de ontem.

—Vai ficar na cara que você dormiu fora – Lily comentou.

—Sim, mas eu tenho certeza que Sirius percebeu que eu não passei a noite em casa. 

Lily assentiu em concordância.

—Não se preocupe, minha boca é um túmulo – Ele garantiu.

—Não estou preocupada.

James sorriu e a beijou mais uma vez antes de sair. Lily pegou uma camisa qualquer e se vestiu, voltando a dormir.

Quando ela acordou novamente foi com o barulho do liquidificador, e dessa vez ela teve certeza que era Marlene.

Elas passaram mais um dia em frente à televisão. Lily aproveitou para contar o que acontecera com Benjy, e concordou com a careta que Mary fizera.

Ninguém estava muito afim de cozinhar, então decidiram pedir o almoço.

Nenhuma das outras comentou sobre os sorrisos de Lily, e ela ficou grata.

James mandou algumas mensagens ao longo do dia, mas não pôde falar muito: o plantão estava cheio e ele estaria lá até o dia seguinte.

Quando ela acordou no dia seguinte, tinha uma mensagem de bom dia dele que fez Lily sorrir.

Não foi fácil esconder de Marlene a ansiedade para ver James, e Lily não sabia se realmente tinha conseguido. Mas a amiga não comentou, o que era suficiente.

Apesar da clara expressão de cansaço, o rosto de James (com um pouco mais de barba por fazer) se iluminou num grande sorriso quando ele a viu chegando. Lily revirou os olhos e, depois de colocar as coisas na sala de prescrição, foi imediatamente no banheiro.

Não foi a única vez que ela teve de fazer xixi naquela manhã, e também não foi a única vez que ela sentiu ardência ao urinar ou uma pequena dor no pé da barriga.

Ela suspirou enquanto entrava na sala de prescrição, já sabendo exatamente o que estava vindo.

Enquanto ela guardava o estetoscópio, Sirius se aproximou com um imenso sorriso, e logo Lily entendeu o motivo.

—Evans, que horas James te deixou em casa no sábado? – Ele perguntou alegremente. James revirou os olhos.

—Hum, não sei… perto de meia-noite, eu acho…

Ela preferiu não perguntar o motivo, mas com uma risada, Sirius nem lhe deu a chance de ficar curiosa.

—Você acredita que ele não dormiu em casa? – Sirius perguntou descrente. Lily ergueu as sobrancelhas.

—Hum… eu não sei exatamente o que responder?

—Olha pra isso! – Sirius exclamou, puxando James pela cabeça. Lily franziu a testa até perceber o que Sirius estava lhe mostrando – Um chupão !

Lily ergueu as sobrancelhas novamente.

—Parece que ele se divertiu – Ela comentou enquanto James se libertava das mãos de Sirius. Marlene e Remus riram da situação e de James retrucando sobre “espaço pessoal” e “privacidade”.

Lily apenas forçou um sorriso.

No final da manhã, ela percebeu a oportunidade que estivera procurando: Remus estava no canto dos computadores, analisando algum exame sozinho. James e Sirius estavam conversando do outro lado da sala. Ninguém mais estava presente.

—Hey, Remy – Ela cumprimentou num sussurro – Tudo bom?

—Sim. Por que estamos sussurrando? – Remus perguntou enquanto Lily se sentava ao seu lado.

—Tenho um favor para lhe pedir – Ela explicou – e não queria que ouvissem.

—Hum, claro.

—Eu preciso de uma receita de antibiótico.

Remus ergueu as sobrancelhas.

—É para mim – Ela complementou.

—Você está bem?

—Sim, eu só… tenho infecção urinária muito facilmente.

Remus fez uma cara de compreensão e pegou o carimbo enquanto Lily lhe entregava o receituário.

—Muito obrigada – Ela agradeceu fervorosamente. Mas antes que conseguisse guardar o papel, Marlene apareceu atrás dela.

—Qual o segredo? – Ela perguntou. Lily dobrou a receita, rapidamente, mas não o suficiente – O que é isso?

—Nada – Lily replicou de imediato. Marlene estreitou os olhos – Receita pra paciente.

—E por que você está guardando no seu bolso?

—Uh, pra não perder.

Marlene descruzou os braços e relaxou. Lily imitou a posição, mas logo se arrependeu: a amiga usou o momento para tirar a receita do bolso do jaleco de Lily.

—Fosfomicina? – Marlene perguntou. Lily suspirou.

—É. Pode me devolver?

Marlene lhe entregou o papel, agora com uma expressão especulativa no rosto. Depois ela olhou para o outro lado enquanto Lily guardava a receita.

Então Marlene arfou.

—Lily Evans! – Marlene exclamou e Lily arregalou os olhos – Você transou com James, não fez xixi depois, e não me contou, sua safada!


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