Angel of Circus escrita por Milly Malfoy


Capítulo 5
Declínio do Anjo


Notas iniciais do capítulo

Esse é o último capítulo, espero que gostem ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/781767/chapter/5

Capítulo 5

 – Declínio do Anjo

[...]

Após a apresentação de Angel acabar, a plateia aplaudia em pé, alguns iniciavam um pequeno corinho “Angel, Angel, Angel” ,ela sorria mas os olhos ainda lagrimejavam do esforço para não deixar transparecer que estava com dor.

—Angel!! Conta para a nós de novo a sua história! –Um  rapaz da plateia gritou para ela, recebendo apoio de quem estava ao redor. Angel sorriu para eles, tomou folego e começou a dizer a sua história. Ou melhor a história que ela deveria dizer, a qual já havia decorado de tanto repetir.

—Eu era apenas uma criança cega normal, porém eu sempre fui sonhadora. Desde pequena eu sempre quis ser um anjo e quando vim trabalhar para esse circo consegui contato com um médico que se dispôs para realizar meu sonho e... bom olhem para mim agora. - A plateia aplaudiu. Ouviu alguns “Nós te amamos Angel” então se forçou a sorrir e acenar.

—Angel como é trabalhar com tantas aberrações ao seu redor? - Alguém gritou e fez com que a plateia explodisse em risadas.

—É como é ser um anjo no meio de tantos monstrengos? - Mais risos e falas de apoio.

Apertou os punhos irritada mas ainda conseguiu disfarçar o semblante. Imaginou seus colegas de circo ouvindo isso. Certamente vários estavam ouvindo. Será que Jimmy estaria ali? E se pensasse que ela concordava com isso. E se seus colegas também pensassem.

Não são aberrações...— O murmúrio baixinho foi abafado pela plateia que ainda ria – Parem! Não riam! Eles não são monstros!! – O grito ecoou por toda a tenda calando as risadas imediatamente. Ela ouvia cochichos começando.

—Eu posso não enxergar, mas os cegos aqui são vocês!! Como não percebem o que estão fazendo!? – Ela não sabia de onde tinha vindo essa súbita coragem, se era por estar guardando muito tempo essas palavras ou se veio da irritação pelas costas estarem doendo muito. — Não percebem que esse show é uma exploração?! Estão contribuindo pra isso! Esse show de horrores não passa da exploração de seres humanos com alguma diferença do que se considera normal! Exploração para a diversão doentia de todos vocês! – Parou para recuperar o folego, a plateia ficou por alguns momentos silenciosa antes de explodir em novas risadas.

Angel escutou aquilo incrédula. Ouviu alguns “ a cega ficou bravinha” e alguns “não vim aqui para ser insultado”, escutou uma movimentação na plateia, alguns devem estar saindo, iria retrucar mas antes de abrir a boca escutou Elsa:

—Espero que tenham gostado da  incrível performance de Angel.  Uma bela música e uma bela explosão de fúria. Que contraste excelente. –  Vários na plateia pareceram engolir a história outro nem tanto mas mesmo assim continuaram a assistir o show.

[...]

Angel saiu do palco ainda não acreditando no que tinha feito, sentou em um banco na região das coxias. Suas costas ainda doíam, mas estava tentando não se concentrar nisso. Um assistente de palco veio até ela e lhe entregou sua bengala guia. Agradeceu o rapaz e descanso-a no banco ao seu lado. Elsa apareceu depois de um longo tempo finalizando o evento.

—Tivemos que improvisar uma dança de encerramento para eles esquecerem de vez o seu surto, parece que funcionou, apesar de que o planejado era você fazer o encerramento...

—Olha eu realmente sinto muito por ter quase estragado tudo, eu não sei o que deu em mim eu... - Parou de falar por que Elsa a abraçou. Tentou abafar o gemido de dor pra ter suas costas pressionadas, mesmo assim retribuiu o abraço.

—Não se desculpe, foi lindo da sua parte ter nós defendido assim. Eu também odeio quando eles falam desse jeito conosco.

—Bom... sim mas a senhora também fala esse tipo de coisa.

—Eu sei... mas bom, eu sei que eu não deveria. Mas acho que depois de tudo que passei, de todos os insultos que recebi por ser diferente, acho que acabei reproduzindo com os outros tudo que falaram comigo.

—O que quer dizer com ser diferente, a senhora é normal, pelo que me lembro. – Elsa ficou um longo tempo silenciosa, depois puxou-a pela mão a arrastando em direção a seu dormitório.

—O que vou lhe mostrar nunca mostrei para ninguém que seja desse circo, então espero que mantenha em segredo certo?

—Está bem. – Falou meio inserta do que dizer.

Chegando no dormitório de Elsa, a mesma  sentou na cama e levantou um pouco a sua longa saia, estendeu a mão e pegou o punho de Angel e conduziu ela para tocar em sua perna. Angel exclamou um som de surpresa. Depois a conduziu para a outra perna, Angel então soltou sua mão do aperto da de Elsa delicadamente.

—Eu não sei o que dizer, eu nunca pensei que... –Estava meio constrangida pela situação. Elsa sempre fora extremamente orgulhosa e severa, nunca pensou que lhe revelaria um segredo. Muito menos deixa-la tocar em suas próteses de pernas.

—Não precisa dizer nada, ou melhor não diga nada. é melhor assim.

—Mas por que você esconde? Não faz o menor sentido.

—Você vê o jeito que eles tratam pessoas como nós. Eu sou a dona do circo, logo eu tenho que tratar de negócios. Tenho que conseguir patrocínios, reservar um local para o meu circo, negociar com representantes da cidade. As vezes até com o prefeito. Será que eu teria toda essa facilidade de negociar com eles se soubessem que não tenho as duas pernas?

—Isso eu entendo... Mas por que esconder de nós, de dentro do circo?

—É melhor que só eu saiba, assim menos chance da informação vazar para quem não deve. E assim mantenho minha autoridade.

—Ninguém ia enxergar a senhora como alguém que tem menos autoridade por causa de algo assim. - Elsa deu um suspiro triste.

—Talvez você esteja certa. O problema é que, é se não estiver. Depois de tudo que eu passei para construir esse negócio. Eu não posso arriscar perder minha autoridade aqui. é meu orgulho maior.

—Te garanto que com ou sem as pernas você é capaz de fazer qualquer um aqui se ajoelhar para você.

—Estou contando com isso garota. – Falou finalmente sorrindo de verdade.

[...]

~Meses depois~

 

—Angel! Venha aqui me ajudar! –Elsa grita para ela, havia encomendando uma grande quantidade de enfeites para redecorar todo o lugar. Até mesmo a tenda seria trocada por uma lona novinha. Elsa disse que “daria mais vida ao lugar”.

—Estou indo! – A garota que estava sentada na mesa dobrando algumas peças de figurino se apressou para seguir a direção da voz da mais velha.

Apesar de tudo que aconteceu, as coisas nunca poderiam estar indo melhores para Angel. A relação dela com a Elsa, apesar do passado espinhoso que sempre estaria ali estava melhor do que nunca. Realmente lembrava um pouco mãe e filha. Jimmy e ela estão se dando muito bem. Até demais. E Angel apesar de continuar introvertida conseguiu começar a socializar mais com os outros integrantes do Freak Show.

Pela primeira vez, depois de tantos anos, o circo realmente parecia sua casa. Então tudo estava bem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Comentem o que acharam ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Angel of Circus" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.