Marcas de Guerra (Espólios de Guerra 1) escrita por scararmst


Capítulo 5
Solidão


Notas iniciais do capítulo

Oi gente voltei
Esse capítulo também é dos que já estavam postados antes kkkk
Aos novos leitores, espero que gostem. É um dos meus preferidos, e uma das mudanças muito loucas que eu quis fazer -q
Mas eu adoro
Espero que gostem tb :D



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6 de julho de 1998

 

Mas sério, o que teria de tão ruim?

Greg estava aflito, temia que Crabbe fosse dizer algo como “como assim o que tem de tão ruim” e do resultado daquela pequena discussão ser  os dois nunca mais se falando. Não sabia se conseguiria suportar isso. Tinha já seus catorze anos e sentia que todos os seus amigos só o queriam por perto pelo tamanho.

Todos, menos Crabbe. Sentia que o amigo  gostava dele de verdade. E ele gostava de Crabbe  também.

Você quer mesmo descobrir? Todo mundo já fala todo tipo de coisa sobre a gente, Greg. Se nós não conseguirmos chamar ninguém para o Baile de Inverno, o Draco tem razão, vamos acabar tendo que ir com o outro. E aí você já sabe. “Ah, eles são tão imbecis que nem conseguiram pares decentes!”

Vincent chutou uma pedrinha no chão, e Goyle deu de ombros. Era exatamente isso que ele não sabia por que seria tão ruim.

Eu acho que você é um par decente. — Greg respondeu, a voz baixinha, quase sumindo. Mas ele soube que Crabbe tinha ouvido. — Eu iria com você. Mesmo se eu pudesse chamar qualquer um na escola inteira… Eu… Eu iria.

Vince parou de andar. Greg engoliu em seco e levantou a cabeça para o encarar, conferindo rapidamente que estavam sozinhos no corredor. Se aquilo desse errado, não queria ninguém vendo.

O que está dizendo?

Estou dizendo que… Que eu quero ir com você. Independente de qualquer coisa, eu quero ir…

Houveram alguns segundos de silêncio. Greg já estava pensando em pegar a varinha e obliviar o amigo,  tamanha vergonha que sentia agora só de pensar em Vincent se lembrando disso depois. Tinha sido um belíssimo sonho, pensar que os dois poderiam dar certo de alguma forma. Mas deveria ter desconfiado… Não era assim que a coisa funcionava. Crabbe ia querer ir com outra pessoa. Uma menina bonita, como Daphne. Ou um cara atraente, como Theodore. De qualquer forma, não seria ele.

Por quê?

Greg deu de ombros. Céus, nunca se sentira tão envergonhado. O momento não podia simplesmente acabar de uma vez? E então, ele ouviu Vincent responder.

Bem, tudo bem, então. Acho que podemos ir.

Goyle arregalou os olhos.

Verdade?

É claro. Você está me chamando. Eu não sou sua última opção, sou a primeira. Isso é… Isso é bom…

Crabbe limpou a garganta. Parecia estar pensando em algo. Então, Greg sentiu Vince o puxar pelo pulso, e o beijar.

Oh… Oh céus… Tinha sonhado tanto com isso…

Ele tinha direito a felicidade, afinal.

 

— GREGORY, ESTOU DIZENDO, ABRA ESSA PORTA!

 Greg piscou os olhos algumas vezes, percebendo  estar lacrimejando. Ah, ótimo. Era a última coisa que precisava que sua mãe visse agora.

Allohomora!

Ele mal teve tempo de se recompor antes que ela entrasse no quarto. A mulher estava vermelha de fúria, e Goyle não sentia que tinha a energia necessária para lidar com isso agora.

— Eu já estou indo, mãe…

— Indo uma pinoia! O seu pai está morto, e tudo o que você faz o dia inteiro é ficar chorando por causa do seu namorado! — ela pegou Goyle pela orelha e começou a arrastá-lo para fora do quarto. — O imprestável do seu pai não serviu nem para te criar direito! Você me faça o favor de sair dessa casa e ir arrumar algo de útil para fazer! Nós não somos Malfoys, Gregory, não podemos ganhar a vida comprando pessoas!

Ela o soltou no corredor da grande mas modesta casa dos Goyle. O rapaz passou a mão na orelha rapidamente, sem se importar se o gesto seria repreendido pela mãe. Estava doendo. Ele também era capaz de sentir dor.

— Como se você se importasse. Papai era um lixo de pessoa. A melhor coisa que ele fez por nós foi morrer.

— Gregory, pela última vez…

Ele não quis ficar para ouvir o resto. Estava cansado. Tirou a varinha do bolso e aparatou.

Não era recomendado que bruxos aparatassem sob situações de emoções extremas, e Greg definitivamente não se sentia muito estável agora. Mas ele não ligava muito. O que era perder um dedo depois de já ter perdido algo muito pior?

Eventualmente, ele desaparatou dentro de um bar bruxo relativamente vazio, em um bairro um pouco mais secretivo nos interiores de Wiltshire. As poucas pessoas ali dentro levantaram o olhar para ele, várias franzindo o nariz, mas ninguém fez nada.

Muito  melhor. Greg não queria confusão. Só queria sentar e beber em paz.

Ele se sentou na bancada do bar e colocou um galeão na mesa.

— Ah, fala sério…

Greg levantou o olhar. Hannah Abbott, uma estudante da lufa-lufa do mesmo ano que ele cuidava daquele lugar. Era algum tipo de herança de família, ou algo do tipo. Não sabia muito bem. Não queria saber. Ele sabia que Abbott estava começando a ficar cansada de ver sua cara, mas não se importava. Estava pagando, ela tinha de atendê-lo. Pronto.

— Não reclama, Abbott. — ele comentou, tapeando o galeão com o dedo. — Isso basta para uma noite?

A garota revirou os olhos, mas pegou o galeão, e um copo, enchendo com uma dose de uísque de fogo. Goyle encarou o familiar tom amarronzado do copo, e bebeu.

 

Vince… O que você vai fazer depois que a gente se formar?

Goyle viu Crabbe franzir a testa daquele jeito que ele costumava fazer quando estava pensando. Draco costumava dizer que se o amigo fizesse mais força ia estourar uma veia, mas Goyle achava o gesto adorável.

Eu não sei. O que o Draco vai fazer?

Não sei. Mas a gente vai ficar rodeando ele pra sempre? Quer dizer… Bem, não sei se ele vai querer saber da gente depois daqui.

Crabbe se virou na grama. Os dois estavam deitados na orla do Lago Negro, aproveitando um dos últimos dias do sexto ano. Havia sido um ano muito complicado. Fazia falta tirar um tempo para os dois.

Que tal se a gente parar de pensar em “depois daqui” — Vincent sugeriu, apoiando o tronco nos braços e olhando para Goyle. — e nos  preocuparmos um pouco mais com agora?

Goyle abriu um sorriso pequeno, logo sentindo os lábios de Vincent nos seus. Crabbe era a única pessoa com quem ele conseguia estar sem se sentir muito burro, ou muito inútil. Crabbe não o tratava como se fosse melhor que ele. 

Não haveria outro para ele que não fosse Vince. Não sabia o que iria fazer se um dia o namorado não estivesse mais lá.

 

Goyle acabou pegando no sono no balcão do bar vários copos depois do oitavo copo de uísque de fogo, que fora onde ele perdera a conta. Sabia que tinha passado bem de uma garrafa. Estar acordado já era ruim para ele, mas dormir, céus… Preferia ter pesadelos do que ficar sonhando com Crabbe daquela forma, recebendo aqueles pequenos pedaços do que fora o paraíso dos dois só para acordar e perceber que não tinha mais nada daquilo.

Foi o que aconteceu quando, em algum momento entre cinco e seis da manhã, ele ouviu uma pancada muito forte e acordou sobressaltado. Abbott o encarava do outro lado do balcão, aparentemente irritada. Goyle logo percebeu que ela tinha deixado o livro caixa cair no balcão para o acordar. Ele olhou em volta percebendo que era o último no lugar, e que provavelmente estava a impedindo de encerrar o turno e ir embora para casa.

Bem, ela que tivesse o acordado mais cedo. Não era culpa dele. 

— Posso levar aquilo? — ele perguntou, apontando para uma outra garrafa de uísque de fogo aberta na prateleira atrás dela.

— Vai te custar mais doze nuques.

Resmungando, Goyle tirou o dinheiro do bolso, pagando. Abbott pegou a garrafa e a estendeu para ele sem soltar. Goyle franziu a testa. O que ela estava fazendo?

— Olha, não que seja da minha conta…

— Exato. Não é.

— ...mas você tem bebido demais, Goyle. Estou falando sério. Só hoje você matou três garrafas e quer levar mais meia? Isso não vai te fazer bem a longo prazo…

— Que se dane. Eu paguei. Me dê a garrafa.

Ela bufou e revirou os olhos. Goyle pensou tê-la ouvido murmurar algo que soava muito parecido com “sonserino arrogante”, mas decidiu que não valia comprar a briga. Não estava com tempo para isso.

Ele deixou o bar, sabendo que o lugar estava fechando, e ficou surpreso ao ver que o Sol estava nascendo.

Ok. Talvez Abbott tivesse um ponto afinal de contas. Mesmo Goyle tinha noção de que estava bêbado o bastante pra não poder, por exemplo, aparatar para casa. Ele seguiu seu caminho trocando passos tortos pela rua, sabendo que seus pés estavam o levando para o mesmo lugar que ele sempre ia parar depois de beber a noite inteira naquele bar.

Ele atravessou os portões do cemitério, abrindo a porta com um feitiço simples. A família de Crabbe, assim como a de Goyle, tinha dinheiro, mas nem tanto. Tinham o enterrado bem, mas poderia ter sido melhor. Goyle teria feito melhor. Teria roubado todo Gringotes para dar a Crabbe o que sabia que ele merecia ganhar.

As outras pessoas não o conheciam como ele. Não tinham visto aquele lado de Crabbe que usava a sagacidade para seduzir, para brincar. Que usava o tamanho que tinha para proteger em vez de atacar. Não, é claro que não tinham visto. E agora Goyle se perguntava se isso não seria culpa deles. Se seu próprio orgulho sonserino e puro-sangue não era responsável pela imagem cruel e fria que o mundo tinha pintado deles.

O bruxo se sentou ao lado da lápide com o nome de Crabbe. As flores que tinha deixado ali na semana anterior já tinham murchado. Com um gesto da varinha, ele as dissipou, conjurando um buquê de astromélias vermelhas e colocando no lugar.

É, isso parecia melhor.

O bruxo bebeu um gole da garrafa. Queria se deitar, mas se fizesse isso temia dormir. E se dormisse… Não. Dormir não. Não outra vez…

Ele não soube exatamente por quanto tempo ficou ali. O bastante para acabar sua garrafa e mais tempo ainda depois disso, vendo o vento balançar de leve as pétalas das flores que colocara na lápide. E, em algum momento entre dez da manhã e meio-dia, ele viu duas figuras familiares aparatarem dentro do cemitério.

— Ah, pelo inferno…

Não… Não queria ver Blaise e Pansy agora, não mesmo. Os dois viviam juntos desde o fim da guerra, e Goyle começou a desconfiar que pudesse haver algo entre eles. Não queria ser a pessoa a descobrir isso e ter que contar ao coitado do Draco, que estava preso e não merecia uma facada dessas nas costas pela  namorada e o melhor amigo.

Bem, tudo bem. Ela não era mais namorada dele quando a guerra acabou. Draco acabara com o relacionamento em algum ponto. Mas daí a sair com o melhor amigo

— Goyle? — Pansy chamou.

Excelente.

— É. Já estou indo embora… — ele respondeu, se apoiando na lápide para levantar. 

Acabou tendo dificuldades severas para ficar de pé, e se não fosse Blaise o segurando no último instante teria ido direto para o chão.

— Me solta, Blaise.

Goyle se contorceu, acotovelando Blaise pra tentar se soltar. Pansy correu até ele, tentando o segurar também, mas Goyle sempre tivera o tamanho a seu favor. Ele empurrou a garota e enquanto Blaise se distraiu, indo ajudá-la a ficar de pé, saiu andando.

Deu uns três passos antes de acabar se desequilibrando e apoiando em uma árvore próxima.

Inferno. Devia ter bebido menos. Estava tudo rodando, sua cabeça começou  a doer e de repente sentia que ia vomitar.

Talvez vomitasse em cima de Blaise. Seria divertido.

— Goyle! — Pansy exclamou, ela e Blaise correndo até ele.

— Cara… Quantas dessa você tomou?

Goyle levantou a garrafa vazia e a encarou. Não sabia responder.

Ele sabia que os dois vinham falando sobre ele quando não estava por perto. Falando como Goyle estava triste, como o coitado do Goyle estava sofrendo, como ele devia sentir a falta… Sempre fora um ato de piedade dos sonserinos reconhecerem a dor dos outros, sem fazer nada a respeito. Como se simplesmente falar sobre o problema fosse mais que o bastante para ajudar a resolver. Afinal de contas, para que se dar a algum trabalho de verdade, não é?

— Já chega. — Blaise comentou. — Vou te levar pra minha casa.

— Vai se ferrar, Blaise! Você quer o quê, publicidade? Eu não tenho porra nenhuma pra te dar! Eu não sou a droga do Malfoy, porra!

Ele tentou empurrar Blaise de novo, mas o bruxo estava preparado dessa vez. Ele fez um feitiço imobilizante em Goyle, pegando a varinha do bolso das calças dele e a entregando para Pansy, que a guardou.

Então Goyle foi abraçado e Blaise aparatou.

Parte de Goyle queria ser capaz de se mexer para poder estrunchar e se livrar dos dois de uma vez, mas no fim das contas o feitiço de Blaise deu muito certo, e Goyle se viu parado na sala da grande mansão Zabini.

Ótimo. Mais uma casa rica de amigos ricos. Exatamente onde queria estar.

Não. Não mesmo.

— Goyle, você precisa dormir. Eu vou levar ele para um dos quartos, ver se dou uma poção de ressaca para ele e o coloco na cama.

— Eu vou pegar a poção. A mesma estante da cozinha?

Goyle viu Blaise concordar e, no fim das contas, não pode discutir. Blaise desfez o feitiço e Goyle sequer conseguia ficar de pé. Sem energias para discutir, ele acompanhou o sonserino escadas acima.

Brigaria depois. Agora, talvez, realmente precisasse dormir. Mesmo que fosse se odiar por  isso.


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Notas finais do capítulo

Ai gente eu shippo tá -q N sei vcs kkkk

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