Oblivion escrita por Lucca


Capítulo 1
Como tudo era com você


Notas iniciais do capítulo

Como essa história é uma continuação da fanfic Reencontro postada aqui mesmo no Nyah! , preparei esse capítulo com o contexto geral no qual a trama se desenvolve para que novos leitores não precisem ter realizado nenhuma leitura prévia para acompanhá-la.

Boa leitura!



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Prefácio

Essa história é uma continuação da fanfic Reencontro postada aqui mesmo no Nyah! , entretanto preparei esse capítulo com o contexto geral no qual a trama se desenvolve para que novos leitores não precisem ter realizado uma leitura prévia para acompanhá-la.

Jane e Kurt estão casados e têm um filho ainda bebê, Ben. Ela passou pelo experiência do envenenamento por ZIP e recuperou toda a sua memória. O casal vive numa casa confortável nos arredores de NYC que foi presente de Avery, a filha de Jane que está agora numa Universidade na Alemanha. Bethany, filha de Kurt, os visita com regularidade.

Roman está vivo! Sua morte foi forjada para livrá-lo dos crimes que cometeu enquanto tentava ajudar o team a desmascarar Crawford. Apesar de não terem tido nenhum tipo de relacionamento amoroso, ele teve um filho com Tasha Zapata com quem se associou para forjar sua morte e infiltra-la na HCI-Global após a morte de Crawford e, assim, trazer o império de Blake abaixo. Miguel, o bebê dos dois, tem pouco mais de um ano e nasceu como uma tentativa de salvar a vida da Jane através da doação de células tronco do cordão-umbelical.

Patterson também tem uma filhinha, Sophia, fruto de seu relacionamento com um outro irmão de Jane, Christofer. Esse novo irmão, que os Krugers acreditavam ter sido morto junto com seus pais, foi criado em outra experiência das organizações de Crawford: um centro de treinamento científico de alto nível. A decisão de trazer Sophia ao mundo também surgiu como tentativa de salvar a vida de Jane. Ela é poucos dias mais nova que Miguel.

Madeline Burke é a mãe de Weller, uma cientista dedicada à área biológica e às experiências com ZIP.

4 meses após o nascimento de Ben

Kurt estacionou o carro e seu coração parecia querer saltar pela boca ao ver a casa na sua frente. Uma alegria indescritível tomava conta dele toda vez que retornava ao lar. Ele nunca imaginou que seria tão feliz. Nunca imaginou que cada reencontro ao final da tarde seria tão especial.

Contendo a explosão de felicidade que agitava seu interior, entrou da forma mais silenciosa que pode. Era melhor não arriscar, Ben poderia estar dormindo.

Correu os olhos pelo ambiente aberto do andar térreo. Sala e cozinha vazias, convite perfeito para subir as escadas e alcançar os quartos. Os degraus foram vencidos dois a dois tamanha era sua ansiedade por ver sua família. Mas desacelerou ao chegar próximo ao quarto do filho. A porta parcialmente aberta mostrava Jane ninando o filho enquanto cantarolava baixinho.

 

Like an image passing by

My love, my life

In the mirror of your eyes

My love, my life

I can see it all so clearly

All I love so dearly

Images passing by

Like reflections of your mind

My love, my life

Are the words I try to find

My love, my life

But I know I don’t possess you

With all my heart, God bless you

You will be my love and my life

You’re my one and only

 

“Como uma imagem passando

Meu amor, minha vida

No espelho dos seus olhos

Meu amor, minha vida

Eu posso ver tudo tão claramente

Tudo que eu amo tão carinhosamente

Imagens passando

Como reflexos da sua mente

Meu amor, minha vida

São as palavras que eu tento encontrar

Meu amor, minha vida

Mas eu sei que não te possuo

Com todo meu coração, Deus te abençoe

Você será meu amor e minha vida

Meu primeiro e único.”


 

Seus lábios se curvaram num sorriso. Não havia visão mais bela no mundo para ele. E era impossível descrever o amor que sentia por aquelas duas pessoas tão especiais: sua Jane e essa criança que foi gerada com o amor mais intenso que um casal pode sentir. Era tão singular e tão perfeito.

Ao observá-la colocando Ben no berço, entendeu que era o momento de entrar. Foi recebido com o sorriso amplo e sincero dela. Era incrível como ele podia ver ali refletido no rosto dela seus sentimentos. Não havia necessidade de palavras e declarações para ele saber que o coração de Jane pulsava mesmo compasso que o dele, acelerado pela adrenalina do sentimento que os unia. Sorriso e olhar conectados fez brotar o beijo suave. Ainda em silêncio, os dois deixaram o quarto.

— E então, como foi seu dia? – Jane perguntou envolvendo os braços ao redor do pescoço do marido.

— Acho que estou me acostumando à papelada sem fim. E até me sinto útil porque sei que as relações que estou entrelaçando e os casos que estou trazendo de volta à pauta serão fundamentais para impedir novos crimes e colocar muita gente perigosa atrás das grades. – Kurt respondeu levantando as sobrancelhas e depois se curvou e sussurrou ao ouvido dela - Mas, com certeza, a melhor parte foi chegar em casa, voltar pra vocês.

Jane sentiu um fluxo de eletricidade disparar por seu corpo deixando-a arrepiada, uma sensação que Kurt despertava sempre que usava esse tom de voz. Deu um beijo rápido no pescoço do marido e insistiu na conversa:

— Hum, eu sei que não deve estar sendo fácil se adaptar ao trabalho burocrático e ficar fora de toda ação em campo. Eu voltarei daqui há algumas semanas e sei que terei a mesma dificuldade, mas nossa família merece mais segurança. Falando em família, Avery ligou e virá nos ver no final do outono.

Kurt finalmente desistiu de se manter colado ao pescoço da esposa e se endireitou buscando olhar diretamente para ela enquanto afastava uma mecha de seu cabelo para trás da orelha:

— Algum problema com Avery?

— Não, não. Tudo bem.

— Mas??? – ele insistiu considerando que Jane trouxe sua filha à pauta por algum motivo.

Jane suspirou e disse:

— Foi tão bom visitá-la e participar um pouco da vida universitária dela. – e sugou o ar demonstrando sua emoção – Ser apresentada como mãe depois de tudo que passamos, foi indescritível. Sabe, eu quero que Bethany e Ben tenham essa experiência: que possam ir para a universidade após o ensino médio.

— Estamos trabalhando para isso, não estamos? Já fizemos os cálculos, sabemos quanto temos que economizar...

O olhar e os lábios de Jane se entortaram para o lado demonstrando alguma insatisfação, mas ela tentou disfarçar em seguida e sorriu:

— É...

— Não, não é. Tem alguma coisa te incomodando e quero saber do que se trata.

Ela respirou fundo pensando se deveria compartilhar isso com ele. Ocultar sentimentos e acontecimentos nunca fez bem aos dois. Então, decidiu se abrir:

— Não é nada sério, só... – e engoliu seco, procurando a coragem para prosseguir – eu sinto vontade de ter outro filho.

O rosto de Kurt foi se iluminando num sorriso enquanto ela continuava:

— Eu sei que tenho mais do que mereço com nossa família. Mas essa vontade parece que cresce a cada dia. Claro, não agora, talvez depois que Ben estiver um pouco maior...

E sentiu os lábios dele se unindo aos seus num beijo que rapidamente se aprofundou relembrando que o amor dos dois foi forjado pela compreensão. Esses momentos, essa troca de carinho, era tão importante porque trazia de volta a paz e a certeza de que juntos eram melhores. Continuaram ali até precisar de ar. Então, Kurt disse:

— Nós já superamos tanta coisa, Jay. Um outro filho seria apenas uma felicidade ainda maior.

O rosto de Jane se iluminou e ela estreitou o olhar de forma maliciosa:

— Então, que tal levarmos essa babá eletrônica até o banheiro e começarmos a treinar lá?

Kurt respondeu com um olhar carregado de desejo e cobriu seus lábios novamente com beijos enquanto suas mãos se posicionavam firmemente no seu quadril convidando-a a impulsionar seu corpo contra o dele e envolver as pernas ao redor de sua cintura. Ela fez exatamente o que ele esperava e se deixou ser carregada até o banheiro.

Lá, os dois se livraram rápido das roupas. Os último meses ensinaram uma lição valiosa aos pais de Ben: o tempo urge e o sono de seu filho é leve, melhor aproveitar enquanto podem.

Assim que estavam despidos, Kurt depositou um beijo suave e provocante na pele macia atrás da orelha dela enquanto suas mãos deslizavam por suas costas. Jane soltou um gemido e disse:

— Por favor, eu preciso que cheguemos até o final dessa vez...

— Nós precisamos. – ele respondeu e aproximando-se de seu ouvido, sussurrou com a voz pesada e baixa – você pode gemer mais baixo, meu amor? – e lambeu a curva da orelha dela enquanto uma de suas mãos deslizava para a frente e encontrava o mamilo de seu seio direito para beliscá-lo suavemente.

Envolvida pela provação entre o pedido de silêncio e as carícias que exigiam o contrário dela, Jane fechou os olhos e colou seus lábios aos deles para obrigá-lo a engolir seus gemidos. Os dedos delas se cravaram nas costas do marido antes de iniciar uma descida lenta até muito mais abaixo. Uma de suas mãos migrou para a frente em busca daquilo que ela já sentia firme e louco de desejo por ela. Correu os dedos ao redor do pênis dele e brincou com movimentos suaves enquanto depositava beijos molhados em sua clavícula.

— Jane... – ele gemeu.

— Shshshs. Silêncio, lembra-se? – e o empurrou para dentro do box.

Chuveiro ligado. Os dois se entregaram àquele ritual mágico de amor. A forma como se tocavam, as poucas palavras que sussurravam confessando o amor, foi lento e suave, denso e intenso ao mesmo tempo. Talvez tenha sido mais rápido do que sentiram, porque a imensidão que viviam nesses momentos não permitia mensurar de forma clara o tempo. Enquanto seus corpos se conectavam um ao outro, a realidade cedia lugar ao mar de sensações e emoções mutuas que desfrutavam. Juntos, encontravam o ritmo que os conduziria ao ápice e, ao alcançar o céu, deixaram seus corpos relaxarem enquanto recostavam suas testas e se entreolhavam em mais uma promessa de que seria eterno.

Dois meses depois

Jane tentou abrir os olhos, mas parecia difícil demais. Ela não insistiu. Vinha lutando contra esse pesadelo já há algum tempo, tinha se habituado à ele. O cheiro estranho, algumas pontadas agudas de dor, a respiração pesada e difícil, os calafrios. Aquela sensação horrível de querer acordar e não conseguir... Era melhor não lutar contra isso e se permitir dormir mais.

Mas, dessa vez, novas imagens adentraram nesse sonho como uma lembrança: o cheiro de gasolina, o carro descendo sem controle pela encosta íngreme...

— Kurt! – ela gritou... ou será que nem chegou a falar realmente? De qualquer forma, seus olhos se abriram.

Acordar de seu pesadelo foi mergulhar num mar de incertezas. Ela não estava em casa. Não estava em nenhum local do qual se lembrava. Ela tinha um soro conectado à veia de seu braço, mas ali não era um hospital. Assustada, ela tentou se levantar, mas foi impedida por pessoas que se aproximaram:

— Não, não, não. Você não pode se levantar. Por favor, fique deitada. – uma moça lhe disse com a voz carregada por um sotaque estranho.

— Onde eu estou? Quem são vocês? – Agora ela sentia uma dor forte da perna esquerda além da tontura por tentar se levantar. Fraca, cedeu as mãos que a empurravam de volta ao leito.

— Ela está com febre de novo? – Uma voz masculina perguntou.

— Não. Acho que só está acordando mesmo. – a moça respondeu.

Jane respirou repetidas vezes com os olhos fechados. Talvez se ela voltasse a dormir, acordasse em casa. Os rostos daquelas pessoas... eram nativos americanos. Só podia ser uma espécie de delírio ou algo assim.

— Quando ela se acalmar, conte o que aconteceu. – a voz masculina disse ríspida.

Imediatamente, Jane abriu os olhos. Ela não fugia de seus problemas. Pesadelo ou realidade, conhecer a verdade é sempre o melhor caminho:

— Eu estou calma. – disse procurando manter a voz firme. – Por favor, me digam onde estou.

— Há três semana atrás, seu carro foi solto pela ribanceira muito íngreme da autoestrada que corta nossa reserva. O carro incendiou em poucos minutos. Para sua sorte, alguns dos nossos estavam por perto e viram o que aconteceu. Você saltou do carro durante a queda, mas teria sido consumida pelas chamas se eles não te afastassem do veículo. Sua roupa estava encharcada de gasolina.

— Por que estou aqui? Por que não me levaram a um hospital? Preciso que chamem as autoridades competentes. Eu preciso avisar meu marido...

— Nós não acionamos as autoridades porque foram dois carros oficiais do FBI com cerca de seis homens uniformizados que efetuaram o descarte do carro com você dentro. O local é praticamente desértico. Nem mesmo meu povo costuma ir até lá com frequência. Achamos que, para sua segurança, seria melhor cuidarmos de você por aqui mesmo. Talvez assim você teria uma chance.

Jane sentiu sua respiração descompassando. Não podia ser verdade. Kurt! Ele devia estar desesperado.

— Eu preciso de um telefone. Preciso falar com meu marido. Vocês têm telefone por aqui?

A moça sorriu e revirou os olhos.

— Claro que temos. Mas preciso que me garanta que isso será seguro para você e para nós.

— Sim, sim. Eu garanto. Meu marido jamais faria algum mal à vocês. Por favor, ele deve estar destruído com o meu desaparecimento.

A moça trouxe um celular e Jane discou trêmula o número de Kurt.

“Esse número de telefone não existe.” – informou a voz digitalizada do outro lado da linha.

Inconformada, tentou repetidas vezes sem sucesso. Ainda sem aceitar desistir, tentou os números dos amigos. Nada. Mais receosa e sem outra opção, tentou números do SIOC. A resposta era sempre a mesma: “Esse número de telefone não existe.”

Os primeiros dias foram terríveis, mas depois ela aceitou. Algo muito grave havia acontecido. A última coisa da qual se lembrava é que estava saindo da academia quando tudo apagou. Restava-lhe esperar e se recuperar para depois apurar os fatos. Foi o que ela fez.

Três semana mais e Jane já estava bem melhor. Conseguia caminhar bem, apesar de ainda sentir dor na perna. Era hora de partir, de voltar e descobrir o que aconteceu. Se despediu dos novos amigos que a levaram até a cidade mais próxima. Enquanto não soubesse com mais detalhes por que atentaram contra sua vida, decidiu usar roupas discretas que cobrissem as tatuagens.

NYC não era tão longe dali. Ela não tinha dinheiro, mas com algumas caronas conseguiu chegar até à cidade. Foi até sua casa, se aproximou discretamente prevendo problemas. Observou por horas. A conclusão, apesar de esperada, doeu mesmo assim: havia uma outra família morando lá. Seja lá o que aconteceu, afetou muito mais que apenas ela. A bile subiu deixando um gosto amargo em sua boca.

“Eles estão bem. Kurt e Ben estão bem. Só não estão aqui. Eu vou encontrá-los” repetiu a si mesma como um mantra capaz de mantê-la com um propósito diante do filme de terror que sua vida havia se tornado.

Mesmo sabendo que era perigoso, o desespero a levou até o SIOC. Lá alguém a ajudaria. Talvez o povo que a acolheu tenha visto errado o emblema do Bureou nos uniformes e carros que forjaram seu acidente.

Jane se aproximou da portaria fingindo normalidade. É claro que os agentes conhecidos não estavam ali.

— Bom dia. Por favor, estou aqui para me encontrar com o agente especial Kurt Weller.

— Bom dia. Acho que a senhora está enganada. O Sr. Weller não é um agente especial. Ele é o diretor do FBI. Vou verificar se ele está no NYO nesse momento. Por favor, o seu nome.

— Jane ... – e ela pensou na melhor forma de chamar a atenção de Kurt – Jane Weller. Sou a esposa dele.

Os três agentes da portaria se entreolharam preocupando Jane que assumiu uma postura defensiva. Mesmo assim, eles entraram em contato com a diretoria e informaram a presença dela. Agente experiente, ela percebeu quando receberam comandos pelos comunicadores.

— Senhora, o Sr. Weller não está no momento. Mas precisamos que a senhora nos acompanhe.

Seus instintos gritaram “Fuja!” e ela fez o que podia:

— Se ele não está, por favor, digam que estive aqui. Não posso acompanhá-los no momento...

Jane viu quando o agente da esquerda sacava a arma e, imediatamente deferiu um golpe o derrubando. A sequência foi uma luta com os outros dois agentes. Felizmente, ela conseguiu derrubá-los e correr a tempo de alcançar um táxi na rua. Saltou duas quadras depois e se embrenhou num prédio residencial e depois em outros, evitando as câmeras de segurança até sair numa rua longe dali e acessar o metrô. Vagou por horas até encontrar um beco onde se sentiu segura e pode descansar entre dois containers de lixo.

Kurt agora era diretor do FBI. Uma ascensão rápida demais em seis semanas. Ela precisava chegar até ele, mas teria que ter paciência. Nos próximos dias, observaria o prédio do NYO por horas e horas a fio. Chegaria antes do dia amanhecer. Sairia só depois do último funcionário. Um dia, ela o encontraria, ela tinha certeza.


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Notas finais do capítulo

Deixe-me saber suas expectativas nos comentários.

Obrigada pela leitura.



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