O Sol e A Lua escrita por Luana de Mello


Capítulo 24
Um Ato Inesperado


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, tudo bem com vocês? Espero que todos estejam bem e que tenham descansado bastante. Como sempre, agradeço a todos os comentários, todo o incentivo que vocês me dão, saibam que eu não seria capaz de continuar com as fics sem o apoio de vocês!!Apesar de ter demorado um pouco, o capítulo finalmente saiu, e espero que gostem, foi feito com todo carinho do mundo pra vocês, bjuss e até o próximo!



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Sakura caminhava lentamente para casa, aqueles dias de treinamento foram mais pesados do que ela imaginara, e a semana toda ela estivera presa em uma atividade e outra; não houve nem mesmo tempo para passar com Sasuke, e tentar alguma aproximação. E quando estivera doente, não fora o Uchiha quem lhe cuidara, na verdade ele nem olhara para ela direito, a ignorava veementemente; Sakura estava magoada, não entendia por que não podia ter o coração do Uchiha, sabia que era bonita e talentosa, Kiba já tinha lhe dito isso várias vezes. Agora, enquanto se dirigia para sua casa, sentindo não só o corpo dolorido, mas também seu coração, queria chorar e já sentia as lágrimas transbordando por seus olhos; a Haruno tinha plena consciência de que ninguém tinha culpa e que não poderia mandar nos sentimentos de outras pessoas, mas não conseguia evitar sentir raiva da Hyuuga, mesmo sabendo que a garota não fazia nada para ganhar a atenção do Uchiha. Em todos aqueles dias, Sakura viu com amargura, como Sasuke seguia tudo que Hinata fazia, cada movimento e cada palavra que ela dizia, eram praticamente bebidos por ele, a todo momento e por qualquer motivo, os olhos do Uchiha a seguiam; Sakura estava com tanta raiva, apenas por lembrar disso, e seu corpo inteiro tremia descontrolado, foi assim que ela entrou em casa, e quase passa direto da sala para seu quarto, se não fosse o chamado de seu pai.

— Sakura, você chegou mais cedo, venha aqui um segundo. — Kizashi a chama da cozinha.

Quando Sakura vai até o cômodo suspirando alto, odiava quando seu pai tentava inclui-la naqueles programas de família malucos que inventava, ou que tentasse se intrometer na vida dela com perguntas idiotas, apenas por que se sentia culpado peles erros que cometia; ao entrar na cozinha, encontra uma cena inusitada, seu pai parecia nervoso sentado a ponta da mesa, sua mãe estava chorando e parecia muito irritada, e havia uma terceira pessoa sentada perto da porta. Era um rapaz que parecia estar no auge dos seus dezenove anos, corpulento e de boa estatura, cabelos e olhos rosados, parecia tão familiar que a garota se assustou; Sakura estava tão confusa com a cena que via, que até sentou-se à mesa, antes que seu pai pedisse que o fizesse, e permanecia o tempo todo de olhos fixos naquele desconhecido.

— Deixa eu te apresentar, esse é Sakumo, seu irmão mais velho. — Kizashi aponta o rapaz que sorria gentilmente, com as mãos trêmulas.

— Meu irmão? — Sakura pede confusa, olhando para sua mãe — Como assim irmão? Você nunca me disse nada disso!

— Ele não é meu filho, Sakura! — Mebuki fala baixo, evitando a toda custa, olhar para o rapaz.

Mebuki se irrita mais e levanta da mesa, deixando os três sozinhos, não suportava mais aquilo e decidiu se isolar no cômodo que a partir de agora, seria apenas seu quarto; Sakumo assistia tudo em silêncio, estava contente com as reações de todos, estava na hora daquela mulher provar um pouco do mal que causara a ele e sua falecida mãe.

— Sakumo é meu filho, querida. — Kizashi ressalta envergonhado — Fui noivo da mãe dele por alguns anos, antes de me casar com Mebuki.

— Que está dizendo? Você abandonou uma mulher com seu filho pra se casar com a mamãe?! — Sakura pergunta indignada e se levanta num rompante — Não posso acreditar que você seja esse tipo de pessoa!

— Não é assim Sakura, filha eu não sabia... — Kizashi tenta se justificar, mas a garota deixa a cozinha sem ouvir nada.

Sakura estava confusa, se aquele rapaz era seu irmão mais velho, filho de outra mulher que foi companheira de seu pai antes de sua mãe, queria dizer que seu pai traiu sua mãe ou traiu essa mulher? Ela não sabia, não entendia nada daquilo, só queria desaparecer e nunca voltar ali, tinha o pressentimento que os próximos dias naquela casa seriam um completo inferno; estava se sentindo pequena e frágil, nada estava acontecendo de acordo com o que queria, Sasuke não a queria, seu pai e sua mãe nem se importaram se ela tinha chegado bem em casa, ninguém precisava dela ali. Ao pensar nisso, a Haruno lembrara do que ocorrera alguns dias atrás, quando encontrara a Hyuuga e o Uzumaki no Ichiraku, agora as palavras ácidas que jogara pra cima deles, martelavam em sua cabeça; não eram os dois que não eram queridos ali, eles tinham um ao outro, tinham seus amigos, mas e ela? Quem no mundo se importava com ela? Foi quando se deu conta que passara a vida toda, vivendo em um conto, era como uma boneca sem vida, jogada em uma casinha enfeitada, esperando alguém ter vontade de brincar até se cansar novamente e perder o interesse; não tinha nenhum propósito e nem lembrava o motivo de ter se tornado uma Kunoichi, talvez tenha sido por Sasuke, nem sabia mais, quando foi a última vez que fizera algo por si mesma? Que tipo de sentimento era aquele, que a fazia se anular tanto, renunciar sua alegria, e desejar algo que nunca esteve ali? Sakura sabia que aquilo não podia ser amor, não depois de ter passado dias vendo duas pessoas que se amam claramente; chorando copiosamente, ela recorda o momento em que sentira inveja de Hinata, inveja de como Naruto a tratava como uma princesa, inveja de como os olhos dele brilhavam ao olha-la, inveja da gentileza e carinho que o Uzumaki dispensava para ela, sentiu tanta inveja, que por um momento desejou ser ela no lugar de Hinata, e tão pronto como esse pensamento cruzara sua mente, seu coração acelerou.

— Posso entrar? — ela se assustou ao ver Sakumo a porta de seu quarto — Eu bati, mas não tive resposta...

— Entra. — Sakura responde e se senta na cama enxugando o rosto — Eu não ouvi, só está um pouco bagunçado.

— Meu quarto também era bagunçado quando tinha a sua idade. — Sakumo brinca pra descontrair e então seus olhos se tornam tristes — Desculpa, eu não queria causar problemas.

— Você não tem culpa disso. — Sakura responde, sendo sincera, conhecia muito bem seu pai para saber a verdade.

— Mas você estava chorando. — O rapaz observa e demonstra uma preocupação genuína.

— Não era por isso. — A Haruno rebate e vendo que ele não entendia, resolve explicar — Você já deve saber que Kizashi não é o melhor pai do mundo, desde pequena eu sempre ouvia os dois discutindo, algumas vezes por chegar tarde em casa, outras por estar sempre em bares e essas coisas que os homens fazem, foi realmente uma surpresa não ter aparecido nenhum filho antes, acho que eu até esperava que isso ia acontecer.

— Você é realmente uma garota forte, é madura para alguém de apenas doze anos. — Sakumo elogia, e como um irmão mais velho realmente faria, bagunça os cabelos da garota.

Esse ato tão pequeno, tão simples e corriqueiro, vindo de alguém que acabava de conhece-la, foi o suficiente para fazer Sakura sucumbir as lágrimas, tudo que esteve guardando até o momento, veio à tona com aquele gesto; ela chorou por se sentir sozinha, chorou por se sentir abandonada, chorou por ter agido como idiota e por ter deixado sua vida chegar onde havia chegado. Sakumo se espantou com o choro repentino dela, sabia que era uma garota tola que sempre fora consentida, mimada e mal criada pelos pais, ignorante do mundo a sua volta, e por isso pensou que ela agiria arrogantemente quando soubesse de sua existência, pensou que faria um escândalo igual sua mãe; feliz por ter se engano, o rapaz abraça Sakura e a consola, ainda poderia salvá-la.

— Está tudo bem Sakura, vai ficar tudo bem. — Sakumo sussurra baixinho — Quer me contar o que aconteceu?

— Agora não, me conta de você. — Ela pede, querendo se concentrar em outra pessoa e ignorar o que estava sentindo — Por que eu não te conheci antes?

— Na verdade, já nos conhecemos, eu te vi uma vez, você era bem pequenininha, igual um bebê esquilo. — Sakura franze o cenho com a comparação, mas decide não interromper — Minha mãe amava muito Kizashi, e decidiu ir embora para não causar problemas; mas ele sempre soube que eu existia, viveu com minha mãe até que eu cumprisse seis anos, depois conheceu sua mãe e se casou com ela.

Pelo tom de voz de Sakumo, Sakura soube que ele escondera algumas coisas e pode imaginar o quão difícil a vida dele deve ter sido, era apenas um menino e passou por muita coisa junto com sua mãe; só que a Haruno sabia instintivamente também, que ele não lhe contara tudo, justamente por que envolvia sua mãe, soube disso apenas pelo modo como falara dela.

— Onde está sua mãe agora? — ela pergunta.

— Ela faleceu quando eu tinha oito anos, depois vivi sozinho na vila onde morávamos, até me tornar forte o bastante para ser um ninja. — Sakumo conta, o rosto escurecido pelas emoções que revivia.

— Desculpe, eu não queria ser indelicada. — A garota baixa o rosto envergonhada.

— Está tudo bem, você não tinha como saber. — Sakumo responde encolhendo os ombros.

— Você é Chunin ou Jounin? — Sakura pergunta, tentando mudar de assunto.

— Na verdade eu sou da ANBU, vê essa tatuagem, ganhei na divisão. — Sakumo conta e mostra o símbolo em seu braço esquerdo, para espanto da garota.

— Então, você é como aqueles Shinobis, Neko e Kitsune? — a garota pede assombrada, jamais tinha conhecido outro ANBU além de Itachi, lembrava de ter muito medo de falar com ele.

— Eu trabalho para eles, sou do esquadrão deles e tive a honra de ser escolhido como um dos seus espias. — Sakumo conta orgulhoso e Sakura o fita admirada — Sabe, eu fui salvo pelos dois, estava quase morto e eles chegaram como uma lufada de ar fresco no calor escaldante, desde então eu trabalhei muito duro pra me tornar um ninja melhor e seguir os passos deles, por eles sou capaz de dar a minha vida!

— Eles também salvaram a minha vida, são realmente pessoas muito habilidosas e poderosas, mas são um pouco evasivos não? Eu não tive tempo de agradecer e logo eles foram embora. — Sakura conta, e somente a lembrança daquele dia aterrorizante, a faz tremer.

— Eles precisam ser assim, precisam ter todo um cuidado para que os inimigos não os descubram, são os assassinos especiais ANBU mais procurados do mundo. — Sakumo ressalta e vendo que Sakura estava melhor, decide averiguar qual era a situação — Que tal se a gente fizer assim, você me conta por que estava chorando e eu te levo até eles, você pode agradecê-los em pessoa.

— Eu só chorei por que tenho sido uma idiota, não é nada para se preocupar, não precisa atrapalhar seu trabalho por causa disso. — A Haruno desconversa.

Aquilo era estranho, faziam apenas algumas horas que conhecera Sakumo, mas sentia como se fosse a vida inteira, como se ele sempre tivesse estado ao seu lado; era assim que se sentia ter um irmão mais velho? Era natural sentir segurança, vinda de alguém que só sabia o nome e um resumo de vida? A Haruno não sabia, mas independente se deveria ser assim uma relação entre irmãos, ou se era apenas ela, que estivera carente por tanto tempo, que aceitaria a mão do primeiro que mostrasse um pouco de interesse, Sakura só queria permanecer ali, onde alguém valorizava sua existência; desse modo, a garota descobriu a importância de ter uma pessoa que fosse verdadeiramente valiosa, e apesar de todas as fantasias e ilusões que criara para si, pensando no garoto Uchiha, a pessoa que ela descobriu mais valiosa em sua vida, foi aquela que chegou de repente, e sem exigir nada, lhe estendeu a mão.

— Vamos lá, tá certo que não fui um irmão muito presente, mas agora estou aqui pra você. — Sakumo ressalta brincando e acaba emocionando mais a Haruno, que volta a acumular lágrimas em seus olhos.

— É só um pouco de tudo, devo ter chegado em um ponto onde não suporto mais. — Sakura desabafa, estava realmente no limite do que podia suportar — Todos esses anos, eles nunca foram pais de verdade, não somos família e não importa, contanto que eu me torne uma boa Kunoichi, posso sair daqui, e viver uma vida melhor.

— Sinto que tem mais coisas aí. — Sakumo observa, tinha experiência em notar as emoções que as pessoas querem esconder — Você está de coração partido, não está?

— É, mas decidi deixar isso pra trás, quero focar em mim agora e esquecer dessa pessoa. — A Haruno responde, pela primeira vez em anos, tinha tomado consciência de como as coisas são e de si mesma — Também tenho muitos erros pra corrigir.

— O importante é que você queira mudar! — o rapaz fala sorrindo e igual antes, bagunça seus cabelos.

Talvez fosse a forma tranquila e amigável de falar, ou a expressão gentil de seu rosto, ou simplesmente o voto de confiança que lhe dera, fez com que Sakura se sentisse capaz de mudar seu destino; em meio àquela conversa que começara de forma estranha, e acabara sendo leve e descontraída, os dois irmãos seguiram conversando e se conhecendo, sem nem notar a hora passando. Para Sakura, conversar com Sakumo e ouvir suas histórias, se revelara algo extremamente agradável e sem se dar conta, a Haruno ia aos poucos e naturalmente, se esquecendo dos seus problemas e das dores que trazia gravadas em seu coração; e assim, de maneira simples e sem complicações, a relação entre os irmãos começara, com nada sendo forçado ou imposto, todas as peças acabaram em seus devidos lugares. Era passado das oito da noite, quando os dois desceram ao primeiro piso, tinha anoitecido e nem perceberam, mas era bem justificável, quando se considerara que os dois estiveram separados por anos; aquele era o começo de uma relação profundamente bela entre irmãos.

— Vamos agora? — Sakumo pergunta indo em direção a porta.

— Mas a essa hora? Não está muito tarde? — Sakura questiona confusa.

— Na verdade, essa é a melhor hora para ver eles. — O rapaz explica e abre a porta da casa — Se eu te levasse até lá durante o dia, nunca os encontraríamos, a maioria dos seus trabalhos na divisão são realizados a noite.

Antes que os dois ponham um pé na rua, Kizashi aparece a porta da cozinha, tinha os olhos vagos e uma marca vermelha na face direita, além de estar cheirando a álcool; ao ver o pai embriagado, Sakura suspira alto, faziam alguns dias que ele não ficava daquele jeito, mas pelo visto naquela noite, tudo havia voltado ao que sempre fora, já não lhe importava manter as aparências.

— Onde pensa que está indo com minha filha?! — Kizashi grita, completamente alterado.

— Desde quando te importa? — Sakura rebate e se coloca entre Sakumo e seu pai — Não sei se você sabe, mas já perdeu a oportunidade de se preocupar por mim!

— Você... sua coisa mal criada! — Kizashi grita novamente, e ergue a mão contra a garota.

Sakura fecha os olhos, já estava acostumada, toda vez que seu pai bebia demais, era a mesma coisa e naquela noite não seria diferente; esperando o tão conhecido ardor em seu rosto, a Haruno se encolheu instintivamente, por mais que soubesse que isso sempre aconteceria, também sabia que nunca aceitaria de todo e nunca seria agradável.

— A próxima vez que você erguer a mão pra ela, não vai sobrar nenhum pedaço seu, pra contar história! — Sakumo segura o braço de Kizashi e o joga para trás bruscamente.

Kizashi fica completamente perdido, estava tão habituado a não ter uma reação, que não pensou nem por um segundo, que poderia ser parado daquela maneira; deixando o patriarca da família Haruno atirado no chão, Sakumo e Sakura saem de casa, caminham algumas quadras em silêncio e logo o rapaz se detém, Sakura sabia o que o irmão faria e torcia para que pudesse ignorar aquilo, pelo menos naquela noite.

— Desde quando isso acontece? — Sakumo pergunta sério, demonstrando que não deixaria o assunto passar.

— Não tem importância, eu não ligo. — Sakura responde indiferente.

— Mas eu ligo, e quero saber desde quando você vem suportando isso?! — o rapaz repete a pergunta, dessa vez mais irritado que antes.

— Não acontece sempre. — Sakura suspira alto, nem lembrava quando foi a primeira vez que acontecera — Às vezes ele bebe demais, mas quase nunca estou em casa, ou estou no meu quarto.

— A partir de agora, não vai mais acontecer! — Sakumo sibila irritado.

O rapaz caminha a passos duros e ligeiros ao seu lado, fazendo com que a Haruno precise caminhar um pouco mais rápido, para poder acompanha-lo, mas mesmo quando se sentiu cansada, ainda sob os efeitos do treinamento e do recente resfriado, a garota não pediu para diminuírem o passo; por mais que ele não tivesse dito nada, Sakura sabia que o irmão devia estar irritado com algo, só não tinha certeza do que era, e não queria ser esperançosa demais e pensar que seria por ela. De fato, Sakumo estava terrivelmente irritado, depois do que acontecera com sua mãe, tinha em mente que seu pai era um canalha, mas pensou que pelo menos havia deixado sua mãe, por que amava sua nova família; agora que via como as coisas realmente eram, o rapaz conseguiu entender o que os relatórios da investigação diziam sobre sua irmã e seu comportamento com os demais. Enquanto eles caminhavam em silêncio pelas ruas, vários olhos se voltavam para os dois, cheios de curiosidade e ansiosos por saber o mais novo assunto que correria solto pela Vila, e entre os transeuntes que os observavam, seus companheiros de time também estavam; assim que Kiba avistou a cabeleira rosada da Haruno, puxou Sasuke ignorando totalmente seus protestos e o fez abandonar o ramén que comia, tinha encontrado o Uchiha por casualidade naquela noite.

— Ei, Sakura. — Kiba a chama antes de que cheguem perto — Como está? Você melhorou bem? Quem é esse?

O rosto do Inuzuka girava de um a outro, ao fitar Sakura sua expressão era suave e preocupada, e quando fitava Sakumo se tornava hostil e irritadiça.

— Estou melhor agora, não tive mais febre. — Ela responde e olha para o rapaz ao seu lado — Esse é Sakumo onii-chan, ele chegou a Vila hoje.

— Ah que legal, eu sou Inuzuka Kiba, companheiro de time da Sakura. — Kiba imediatamente muda de postura e estende a mão amigavelmente para o outro.

— Eu sei quem são, Sakura me contou sobre vocês. — Sakumo responde e ignora completamente o cumprimento do Inuzuka, segurando a mão da irmã antes de prosseguir — Sakura, precisamos ir agora, não posso me atrasar.

Um pouco impactada com a atitude do irmão, Sakura segue seus passos e vê por sobre os ombros, a expressão de perplexidade de Kiba e a completa indiferença de Sasuke; ainda tentando entender o que acabara de ocorrer, a Haruno segue o irmão pelas ruas, completamente alheia ao caminho que estavam tomando, ainda perdida em tentar entender por que Sakumo tinha sido tão rude. O que a garota não sabia, é que Sakumo já conhecia tudo sobre seu time, seus companheiros e o Jounin responsável por eles, e que quando os dois rapazes se aproximaram deles no meio da rua, a forma que ela evitara olhar para o Uchiha e o olhar magoado que dirigiu para ele antes de desviar o rosto, fez seu irmão entender que aquele era a pessoa que ela lhe falara antes, que partira seu coração. Assim que eles deixam de caminhar, Sakura desperta de seus devaneios, e se depara com um enorme prédio escuro com uma torre maior que o prédio Hokage; o lugar por si só já dava uma impressão de imponência e poder, além de causar muito medo, e quando se analisava o contesto todo, com os dois guardas vigiando a entrada, seus rostos cobertos, tudo isso causa arrepios na Haruno.

— Ei, Sakumo! — um dos guardas o cumprimenta animado — Não sabia que já tinha retornado.

— Sim, retornei hoje, os Tenentes me chamaram de volta. — Sakumo conta alegre, era bom estar naquele meio novamente — Eles já chegaram? Eu tinha deixado um presente para os dois.

— Sim, estão na sala 45, disseram que vão fazer tudo hoje. — O guarda responde e volta sua atenção para Sakura, que ouvia toda a conversa sem compreender nada — Quem é essa?

— Minha irmãzinha, trouxe ela comigo para conhecer os Tenentes, parece que eles me fizeram um grande favor e a salvaram alguns dias atrás. — O rapaz explica.

— É mesmo? E quando isso aconteceu? — o guarda pergunta a Sakura.

— Na missão do País das Ondas, eles salvaram meu time do ataque de Momochi Zabuza. — Sakura conta com segurança.

— Ah, eu ouvi falar disso, a divisão ficou em festa por uma semana, a pequena Tenente ficou toda envergonhada quando eles receberam as medalhas. — O ANBU conta sorrindo, e deixa Sakura confusa com a informação — Não sabia que sua irmãzinha fazia parte desse time, mas isso é bom, você terá muito que aprender de Kakashi, menina.

Quando o guarda os deixa passar, Sakumo guia a irmã pelos corredores, estava tão feliz por estar de volta, que nem notara como Sakura empalidece ao caminhar pelos corredores; enquanto seguia o irmão, a garota se assustou ao ouvir os ecos de gritos que pareciam vir do chão abaixo deles, e os sons agourentos de coisas pesadas sendo arrastadas pelo chão, nos cômodos daquele corredor. Tudo naquele prédio indicava o tipo de trabalho desenvolvido ali, ela não precisava ver nada, para saber o que acontecia com quem tinha a desgraça de acabar preso ali; depois de descerem uma escadaria longa, e ouvir os gritos ficando mais altos, eles param a frente de uma sala que ainda estava com a porta aberta, lá dentro a Haruno conseguiu vislumbrar dois vultos, reunidos a volta do parecia ser uma mesa. Ao passarem pela porta, Sakura conseguiu ver o que era aquela máquina e sentiu a bile subindo por sua garganta, mas antes que pudesse informar o irmão que não se sentia bem, o viu soltar sua mão e se ajoelhar no chão; sem entender o que acontecia, Sakura fixou seus olhos em Sakumo, tentando obter uma informação do que fazer, antes de ver a seguinte cena com terror crescente.

— Tenentes, me apresento depois de cumprir minha missão para o terceiro esquadrão exitosamente! — Sakumo saúda orgulhosamente.

— Ah, Sakumo! — ao escutar aquela voz, Sakura fica lívida — Que bom que chegou, estávamos prestes a trazer seu presente!

Assim que ele volta sua atenção para o rapaz que ainda se mantinha ajoelhado no chão, Naruto congela imediatamente, fixando seus olhos em Sakura, parada ao lado de Sakumo; quando nota o silêncio do Uzumaki, Hinata desvia sua atenção da preparação da máquina e olha em sua direção, para logo em seguida, seguir a direção que os olhos dele apontavam, e ter a mesma reação. Naquele momento, três cabeças trabalhavam ao mesmo tempo, a dupla tentando entender o que estava acontecendo, e Sakura juntando as peças do quebra cabeças e entendendo imediatamente que os ninjas que seu irmão falara, eram justamente as duas pessoas que ela mais infernizara e menosprezara nos últimos meses; quando a Haruno finalmente colapsou e contorceu o corpo todo, em uma onda de vômito incontrolável, Sakumo ergueu os olhos e viu aquela situação estranha, enquanto Naruto suspirava e se amaldiçoava por não estarem usando suas máscaras ainda, mas também nunca imaginara que algum civil entraria nas dependências da divisão assim, muito menos uma Genin como sua ex-colega de Academia.

— Sakumo, por que a Haruno está aqui? — Naruto questiona, mordendo os lábios para manter a calma.

— Desculpe Tenente, não sabia que tinha que ter solicitado antes, mas Sakura é minha irmã, e ela queria agradecer vocês pela missão do País das ondas, então eu a trouxe hoje. — Sakumo explica rapidamente, tinha entendido que cometera um erro grave — Aceitarei qualquer punição que queiram me dar.

— A Haruno é sua irmã? — Hinata questiona, já usando o Byakugan para analisar as emoções do rapaz.

Sabia que fora um descuido deles, por estarem a vontade antes da chegada do prisioneiro, mas tinha que eliminar todas as possibilidades, e a chance de que o inimigo pudesse ter pego Sakumo e agora o estivesse usando para chegar até eles, era bem alta; sabendo o que os dois estavam fazendo, o rapaz se manteve quieto e sem fazer nenhum movimento, aguardou que estivesse fora de suspeita.

— Sim, sou filho de Haruno Kizashi, ele esteve com minha mãe antes de se casar com Mebuki. — Sakumo explica rapidamente o essencial, para retirar as suspeitas que tinham dele.

— Pode levantar agora. — Hinata ordena, depois de ter certeza que ele dizia a verdade, e guarda os senbons que escondia entre os dedos — Por essa eu não esperava.

— Acho que temos alguma maldição dos irmãos ou algo do tipo. — Naruto ergue as mãos para cima e reclama com amargura — Só falta a Inuzuka pra completar o pacote!

— Vocês já conhecem a minha irmã? — Sakumo pergunta ajudando Sakura a se manter em pé, estranhando a reação dos dois.

Antes que possam responder, a porta atrás deles é aberta, e Shikamaru e Sai entram arrastando o corpo do prisioneiro, e deixando a pergunta de lado, os quatro se concentram em prender o corpo do homem na máquina, enquanto ainda estava desacordado.

— Cara, que problemático! — Shikamaru fala ao se virar e ver Sakura.

— Nem me fale. — Naruto protesta apertando as têmporas — Sakumo, esses são Karasu e Tora, nossos aprendizes, e esse é Sakumo, esteve anos espionando Orochimaru para Konoha.

— Primeiro de tudo, precisamos dos detalhes sobre o prisioneiro. — Hinata assume a liderança da situação — Depois você leva sua irmã para a sala do primeiro piso, nos esperem na 21, vamos conversar com calma lá.

— Sim senhora, Tenente! — Sakumo concorda, por mais preocupado que estivesse, ele ainda seguiria as ordens da dupla — Esse homem é o responsável por dirigir todas as pesquisas ilegais de Orochimaru, ele comandava todos os laboratórios.

— Isso é bom, obrigado pelo presente, agora vamos começar. — Naruto fala pondo sua máscara, ato que é repetido por Hinata.

Assim que ambos estão prontos, Sai retira o capuz negro do prisioneiro e Shikamaru lhes alcança o estojo de ferramentas; ver aquela cena, fez até mesmo Sakumo, que estava habituado com aquele tipo de coisa, se estremecer.

— Você fez um bom trabalho Sakumo, nos aguarde no primeiro piso com sua irmã. — Hinata fala calmamente, enquanto abria a blusa do prisioneiro com uma tesoura — Hoje não deve demorar muito.

Sentindo Sakura tremer dos pés a cabeça, o rapaz a pega nos braços e deixa a sala o mais rápido que pode, indo esperar na sala que Hinata ordenara, tinha medo de ter traumatizado a garota, mesmo sem ter intenção alguma; mas o que fez Sakura ficar temerosa, não foi ver o que seria feito naquela sala, e sim descobrir quem eram as duas pessoas que salvaram sua vida alguns dias atrás. No andar de baixo, Sai acorda o prisioneiro depois que Shikamaru fecha a porta da sala, agora poderiam iniciar o interrogatório.

— Agora que nosso convidado está acordado, vamos as perguntas. — Naruto fala ao enrolar alguns fios de cobre nos pulsos do homem — Que tipo de experiências Orochimaru anda fazendo?

— Eu não sei do que estão falando! — o homem retruca apavorado.

— Por que nunca usam uma frase original? — Hinata indaga e sem cerimonia alguma, começa a girar uma manivela ligada a mesa — Você pode responder tudo agora ou depois, a escolha é sua.

— Então que tal se poupar de sentir dor? — Naruto fala jocoso, vendo a expressão do prisioneiro se retorcer ao sentir seus braços sendo esticados — Quantos laboratórios, Orochimaru mantém no País do Fogo?

— Eu não sei nada disso. — O homem nega e sente mais uma vez, seus membros sendo puxados.

— É uma pena, acho que você vai ficar com os braços e pernas bem cumpridos. — Hinata debocha morbidamente.

Nos próximos minutos, eles intercalaram as perguntas feitas ao prisioneiro, e de acordo com as respostas obtidas, giravam mais ou menos a manivela, e antes que arrancassem de vez os membros do homem, usaram ora a máquina de estiramento, ora uma descarga de choque de baixa intensidade; no final, quando estava com um joelho arrebentado e dois braços deslocados, o homem acabou contando tudo que sabia e que não sabia. Mesmo obtendo algumas informações que já sabiam, a dupla conseguiu descobrir os novos esconderijos, experiências e planos de ação de Orochimaru; tudo isso seria passado para a seção de inteligência da ANBU, e logo um plano de ação seria montado. Depois de terminarem todo o interrogatório e de limparem a sala, os quatro deixam aquele andar e se dirigem para o primeiro, onde Sakumo e Sakura os aguardavam nervosos; o mais velho estava ansioso por ver o medo estampado no rosto da irmã, e esta por sua vez tremia dos pés a cabeça, por lembrar de todas as atrocidades que tinha cometido contra os dois.

— Argh, aquilo demorou mais do que o esperado. — Naruto fala entrando na sala e vê Sakumo se enrijecendo e se preparando para fazer a saudação — Não precisa disso, pode ficar à vontade.

— Pelo menos a nossa vinda aqui valeu a pena. — Hinata comenta e se senta em uma das cadeiras retirando sua máscara e fixando seus olhos na dupla de irmãos — Então Sakumo, você nos disse que trouxe Sakura aqui para nos agradecer, é isso mesmo Haruno?

— É... é sim. — Sakura responde nervosa, estava com medo, mas sabia que tinha que contar a verdade — No dia da missão do País das Ondas, eram vocês, não? Eu queria agradecer por aquele dia, mas juro que não sabia de nada e onii-chan não me disse nada também, ele só me trouxe até aqui.

— Sim Tenentes, Sakura não sabia nada além de que estariam aqui hoje. — Sakumo reforça as afirmações da irmã.

— Entendo, então foi assim que aconteceu. — Naruto fala e se recosta na cadeira com as mãos atrás da cabeça — Mas o problema é que você viu nossa identidade.

— Sim, e garanto que muitas pessoas viram você entrar aqui com Sakumo, e isso pode por a todos nós em perigo. — Hinata complementa e então se vira para Shikamaru — Karasu, nos traga o pergaminho negro, aqui está a autorização.

Hinata alcança um pequeno selo ao Nara, do tamanho de uma moeda, mas era o necessário para que Shikamaru pudesse entrar no prédio proibido; ao escutar Hinata pedir o pergaminho negro, Sakumo se desespera, sabia o que a Hyuuga pretendia fazer, e logo se ajoelha no chão com o rosto tocando o assolho.

— Por favor, Tenentes! — Sakumo implora, sentia o coração doendo ao imaginar o que a dupla faria — Sakura não tem culpa de nada, eu assumo toda a responsabilidade pelo que aconteceu.

— Sabemos disso Sakumo, mas o problema é que esse segredo nunca deve sair daqui, e sua irmã vai correr um grande perigo quando deixar a sede. — Naruto fala e então fixa seus olhos em Sakura, que estava pálida e mal conseguia se manter por conta própria — Não vamos te obrigar a nada, mas você precisa entender que é por sua segurança também, e precisa fazer uma escolha.

— Tenentes, por favor... — Sakumo implora novamente, e dessa vez é possível ouvi-lo chorando — Foi minha culpa, fui eu quem a trouxe aqui...

— Sakumo, vocês não fizeram nada errado. — Hinata intervém e o faz levantar do chão — Na situação atual, não podemos nos dar ao luxo de deixar pontas soltas, e por isso que nós decidimos por esse caminho.

— Sakura, o que vamos te pedir pra fazer, é assinar um pergaminho que vai por um selo em você. — Naruto explica a garota, que parecia que iria colapsar a qualquer momento — Esse selo vai te impedir de falar qualquer coisa sobre hoje, e se tentar falar sobre algo, o selo vai se ativar e te matar instantaneamente.

— Não estamos fazendo isso para machucar você, mas por que quando entrou aqui assim, você se tornou um alvo para os inimigos de Konoha, e corre o perigo de ser capturada para entregar os segredos da Vila. — Hinata complementa a explicação e olha para a Haruno pesarosamente — Caso se encontre em uma situação em que queiram te usar para descobrir os segredos da Vila, antes que te torturem para obter informações, você deve ativar o selo.

— Mas..., mas... não sei nenhum segredo da Vila. — Sakura finalmente derrama as lágrimas que estivera segurando o tempo todo.

— Eu sei. — A Hyuuga sussurra tristemente, por mais que tivesse suas desavenças com a Haruno, não deseja o mal dela — Mas não podemos garantir sua segurança a partir de agora, no futuro você passará por muitas missões arriscadas, você conseguiria fazer o que é preciso por conta própria?

Sentindo o impacto daquelas palavras, Sakura entendeu perfeitamente a que Hinata se referia e estremeceu inteira, ao imaginar o que passaria se chegasse a cair em mãos inimigas; foi quando ela entendeu que as pessoas que mais machucou, eram as que estavam mais preocupadas com ela, apesar de tudo que tinha feito.

— Eu assino. — Sakura concorda se enchendo de coragem e tenta se acalmar — Eu assino o pergaminho, sei que não sou capaz de me defender direito agora.

— Sakura... — Sakumo abraça a irmã e se amaldiçoa por tê-la levado até ali — Desculpa... desculpa Sakura... me perdoa...

— Onii-chan... vai ficar tudo bem. — A Haruno tenta consolar o irmão e a si mesma.

— Quando esses tempos difíceis passarem, vou retirar o selo. — Naruto se compadece dos dois — Também vamos tomar cuidado com a palavra que ativa o selo, precisa ser algo que você nunca use, mas que seja capaz de lembrar se precisar.

Quando Shikamaru retorna com o pergaminho em mãos, Naruto usa seu conhecimento de Fuuinjutsu para criar o padrão e os limites do selo para Sakura, assim como a chave e o ativador; por ser um selamento mais complexo que os que já usaram anteriormente, dessa vez Naruto também compartilharia do seu chakra, para criar um vínculo entre ele e a Haruno, e assim poder desfazer o selamento quando fosse possível. Apesar de não gostar de saber que Naruto teria algum tipo de ligação com Sakura, Hinata mordeu a língua e guardou sua opinião para si, sabia que ele não fazia aquilo por que queria, fazia por que era a única maneira de devolver a vida dela, quando não corressem mais o perigo de ser expostos; assim que o Uzumaki conclui as preparações para o selamento, e avisa a Haruno que ela sentiria um desconforto e talvez até mesmo um pouco de dor, o rapaz dá início ao processo.

— Está tudo bem Sakura? — Sakumo pede preocupado, vendo a irmã arfando de dor.

— Sim, estou bem. — A Haruno concorda e então fixa seus olhos na dupla, que recolhia tudo para ir embora — Posso falar com vocês um minuto?

Assim que Naruto e Hinata concordam, Sakura olha para seu irmão num pedido silencioso para que os deixasse a sós, por mais que ela quisesse ter uma relação aberta e sem segredos com Sakumo, não queria que ele visse aquele seu lado feio e vergonhoso; quando o rapaz e os dois aprendizes da dupla deixam a sala, a Haruno suspira alto, teria que ser muito sincera e dar o primeiro passo para alcançar a mudança que queria fazer em si mesma.

— Eu vim com o onii-chan hoje, por que queria agradecer aos dois ninjas que salvaram a minha vida naquela missão, e agora as coisas resultaram ser assim. — a Haruno fala encolhendo os ombros, sentia o rosto vermelho e já nem conseguia segurar as lágrimas — Eu ia fazer isso amanhã, mas agora posso resolver isso hoje, quando conheci Sakumo onii-chan e escutei sua história, decidi que queria deixar de ser inútil e quero melhorar tudo que sou; por isso eu peço perdão aos dois, eu odeio minha vida e acabei descontando isso em quem não tinha culpa alguma, fui mal agradecida muitas vezes, infantil e covarde, por isso peço sinceramente que me desculpem por tudo que fiz!

Surpreendidos, foi assim que Naruto e Hinata ficaram, ao verem Sakura se prostrando ao chão bem diante deles, tinham notado que desde o dia do incidente no Ichiraku, onde ela acabou os ajudando indiretamente, o comportamento da Haruno havia mudado um pouco; ela já não os maldizia como antes, e nem ficava buscando motivos para implicar com os dois, e durante os dias de treinamento, se manteve quieta e não causou nenhum problema, estava até mesmo empenhada em fazer as atividades. Mas eles nunca esperaram ouvir um pedido de desculpas dela, ainda mais um feito com sinceridade, e depois que o choque inicial passa, Hinata e Naruto se entreolham e concordam, não lhes faria mal algum e nem interferiria em suas vidas; nessa hora Sakura que mantinha a cabeça baixa, foi surpreendida ao sentir uma mão em seus cabelos, gesto idêntico ao que seu irmão havia feito algumas horas atrás, e quando sentiu suas mãos sendo puxadas gentilmente, ergueu o rosto e encontrou Naruto lhe sorrindo lindamente, enquanto Hinata a olhava de forma amigável.

— Você foi bem corajosa hoje. — O Uzumaki a elogia e bagunça seus cabelos igual fazia com Hanabi.

— Agora vai ficar tudo bem, Sakura. — Hinata complementa e surpreende a Haruno a abraçando — Você deu o primeiro passo, não se desvie desse caminho, mesmo que seja muito difícil, quando alcançar seu objetivo, vai descobrir como cada esforço valeu a pena.

— Fique aqui até se recompor, depois vá pra casa e descanse bem, para estar preparada para os exames. — Naruto aconselha e toma a mão de Hinata para irem embora — Cuide e valorize seu irmão Haruno, ele é uma das melhores pessoas que já conheci!

Ao ver os dois deixando a sala, Sakura sente uma espécie de formigamento em seu rosto e seu coração batia tão violentamente, que parecia que estava passando mal; assim que Sakumo entra novamente no cômodo, a encontra muito vermelha e se apressa em ampara-la, não entendia direito o que acontecera, mas sabia que só precisaria aguardar, logo sua pequena irmã compartilharia seus segredos com ele, era questão de tempo e confiança. Quando deixam a sede da divisão, caminhando vagarosamente para casa, Sakura sorri pela primeira vez no dia, enquanto olhava para aquele céu estrelado, e segurava firmemente a mão daquela pessoa que acabara de se tornar sua maior fortaleza; ela finalmente estava caminhando em direção a um futuro diferente, e se sentia ansiosa por trilhar aquele caminho desconhecido, com plena consciência que o final seria extremamente gratificante.

Na floresta longe dali a dupla chegava em casa carregando seus pequenos irmãos, que dormiram depois de tanto brincar na casa de Kurenai, e ao colocarem os dois na cama, Naruto e Hinata se dão conta de como sua presença poderia influenciar a vida de Konohamaru e Hanabi; tinham descoberto naquela noite mesmo, como a presença de um irmão que proteja e acolha, poderia mudar drasticamente uma pessoa. Guardando aquele conhecimento adquirido de forma inusitada, os dois se preparam para dormir, revendo tudo que teriam que fazer no dia seguinte, e agora que teriam uma dor de cabeça a menos em seu caminho, seus planos poderiam avançar a um ritmo diferente; ouvindo o som do vento balançando os galhos das árvores, o Uzumaki e a Hyuuga adormeceram depois do longo e produtivo dia.

O novo dia mal tinha amanhecido, e eles já estavam novamente batendo a porta de Kurenai, para deixar as duas crianças aos seus cuidados, enquanto iriam assistir a segunda audiência que Konoha teria em menos de um ano; como da última vez, as ruas estavam alvoroçadas e vários curiosos se reuniam no salão de audiências, ansiosos para descobrir o que aconteceria. Assim que os dois chegam ao salão, todos os olhos se voltam para os dois, que estavam de certa forma envolvidos com toda aquela situação; encontraram vários conhecidos, seus amigos também e seus antigos senseis, além de alguns rostos inesperados, como Gaara e seus irmãos. Todos caem em um silêncio profundo, quando a porta se abre novamente, e o Sandaime, Koji e os conselheiros do clã Hyuuga entram no salão, sendo seguidos de perto por Hiashi e Hizashi, além de Yona e Kohaku; quem estava presente, adivinhou imediatamente que as decisões tomadas naquela audiência seriam grandiosas, e mudariam totalmente o futuro de Konoha.

— Hinata, Naruto! — Yona se detém em seu caminho, ao ver os dois e corre abraça-los com Kohaku em seu encalço — Como vocês estão? Eu nem pude agradece-los direito, depois daquele dia as coisas ficaram corridas para nós, todos os preparativos para o casamento e essas coisas, falando nisso, vocês irão no meu casamento, não é?

— Não creio que merecemos essa honra, Yona-sama! — Hinata responde se curvando, demonstrando respeito e compostura.

— Não diga isso, vocês salvaram minha vida e meu casamento! — Yona rebate fazendo bico, não queria ser contrariada — Quero ver os dois lá, são nossos amigos e eu ficaria muito triste se não forem, Kohaku também, não é?

— Certamente, a presença de vocês é mais que bem vinda. — Kohaku afirma sincero e sorri abertamente para a dupla.

— Seu desejo é uma ordem, Yona-sama! — Naruto se curva e fica aliviado, agora a relação deles com a princesa voltara a normalidade e ela parecia não o temer mais.

— Isso mesmo, vou esperar ansiosa pelos dois. — Yona fala sorrindo amplamente e então faz uma expressão matreira — Só não mais ansiosa do que espero o casamento de vocês!

— Isso... isso ainda vai demorar alguns anos, Yona-sama. — Hinata responde vermelhíssima e causa uma grande gargalhada na princesa.

— Mas vai acontecer, não é? Não esqueçam de me incluir na lista de convidados. — Yona segue pressionando os dois, estava se divertindo muito ao ver o constrangimento de Hinata.

— Seria uma honra, se puder nos presentear com sua presença, Yona-sama. — Naruto fala sorrindo mais do seu rosto podia suportar e segura a mão de Hinata, estava adorando poder exibir sua relação.

— Nada me deixaria mais feliz! — Yona grita exultante de alegria, ao entender que a atitude do Uzumaki significava que os dois já estavam em uma relação.

Logo que ela e Kohaku tomam seus lugares ao lado de Koji, todos aguardam impacientes, que a audiência comece, e se surpreendem muito ao verem a matriarca do clã Hyuuga ser trazida por dois Jounins de elite de Konoha; toda cena era tão inusitada, que ninguém conseguia entender completamente a situação.

— Vamos dar início hoje, dia quatro de abril, o julgamento de Hyuuga Hiromi, e também o anuncio do novo líder do clã Hyuuga. — Koji toma a palavra, dessa vez ele presidiria a audiência — Devido o incidente de três semanas atrás, essa corte se reuniu e deliberou sobre a punição e medidas a serem tomadas.

— Segundo o relatado, Hiromi agrediu gravemente sua filha mais nova, durante uma das lições da menina, ato que foi testemunhado por várias pessoas, inclusive por sua filha mais velha, Hyuuga Hinata, que interveio imediatamente, parando as agressões. — Hiruzen dá continuidade e faz todos saberem o que tinha acontecido.

— Gostaria de perguntar, o que estava fazendo no clã Hyuuga naquela manhã, Hinata? — Inoichi questiona, até onde sabia, Hinata não tinha relação com o clã.

— Fui buscar Hanabi para passar o dia comigo. — Hinata se coloca em pé e explica o que acontecera — Todos os domingos, Naruto e eu passamos o dia com Konohamaru e Hanabi, naquele dia fomos buscar os dois como sempre fizemos, mas Hanabi estava atrasada, foi quando fui verificar o que estava acontecendo e testemunhei as agressões.

— Mas segundo as informações que temos, você foi excomungada do clã e perdeu todos os direitos de ser a herdeira, então como você mantem essa relação com a segunda filha? — Inuzuka Tsume indaga, externalizando as dúvidas de muitas pessoas.

— Hanabi descobriu a existência de sua irmã mais velha e foi permitido que as duas mantivessem uma relação. — Hizashi explica, ocultando o fato de que a Hyuuga mais nova havia sido sequestrada.

— Bem, agora que chegamos a isso, gostaria de saber o motivo da filha mais velha da casa principal ter sido excomungada, isso nunca ficou claro para Konoha. — Choza questiona, trazendo ao debate os acontecimentos de anos atrás.

— Hyuuga Hinata foi excomungada depois de Konoha lhe oferecer abrigo e assumir a responsabilidade por sua criação e formação como Kunoichi. — Hiruzen expõem os acontecimentos — Também pelo mesmo motivo que essa audiência está se realizando, a agressão e maus tratos praticados por seus progenitores.

A revelação do Sandaime, causa uma onda de cochichos e sussurros revoltados, não houve uma pessoa que não amaldiçoasse Hiashi e Hiromi, o apoio para a atitude do Hokage foi unanime, todos os presentes concordaram que foi a melhor decisão; vendo o repudio da população aos atos praticados pelos atuais líderes do clã, Koji se sentiu seguro de anunciar sua decisão, sabendo que não causaria um conflito interno.

— Hoje, depois de me reunir com os atuais conselheiros, tomei uma decisão como o Senhor Feudal do País do Fogo. — Koji anuncia, fazendo a todos se calarem — O conselho e o Sandaime concordaram e decidimos que Hyuuga Hizashi será o novo líder do clã Hyuuga, tendo seu filho, Hyuuga Neji como seu sucessor, o conselho também decidiu que Hyuuga Hiromi será selada e rebaixada a servente, Hyuuga Hiashi permanecerá como conselheiro, tendo a pena atenuada por não ter participado do crime cometido.

Foi como atear fogo em palha seca, todos no salão de audiência se espantaram ao ouvir a sentença, e o que estava mais surpreso, era o próprio Hizashi, já que não havia participado da reunião; Hiashi demonstrava nada além de conformidade, sabia do momento que a esposa perdera a cabeça e Koji fora envolvido no assunto, que não poderia fazer nada a respeito do que ocorreria, e sem um herdeiro para dar continuidade a descendência do clã, ele não estava mais qualificado como líder, por isso não objetou em nenhum momento sobre a decisão.

— E quanto a Hyuuga Hanabi? — Shikaku pergunta preocupado.

— Anteriormente foi decidido que sua tutela seria entregue a sua irmã mais velha e seu companheiro de time, Hyuuga Hinata e Uzumaki Naruto. — Koji anuncia, surpreendendo novamente os líderes dos clãs de Konoha — Ambos compõem o Time Deltha de Konohagakure e estão mais do que aptos para ser responsáveis pela criação e proteção da menina, além de já terem experiência de uma vivencia com um tutor anteriormente.

— Com isso, encerramos essa audiência. — O Sarutobi finda a sessão.

Quando se erguem de seus lugares, todos os olhos seguem Naruto e Hinata, que caminham tranquilamente com as mãos entrelaçadas, não houve uma alma viva que não tenha comentado sobre a atitude dos dois; mas a verdade era que ambos só estavam ali, para ver a justiça sendo aplicada, nada mais que isso, Hinata queria ver o castigo que sua progenitora receberia, e Naruto queria ver sua amada sorrir diante da derrota das pessoas que mais lhe fizeram mal na vida. No momento em que estavam saindo do salão de audiências, os dois sorriam amplamente para qualquer um que fixasse os olhos neles, estavam contentes com as mudanças que ocorreriam agora e satisfeitos com os resultados obtidos; no caminho para a casa de Kurenai, eles passam na loja de doces e compram algumas guloseimas para as duas crianças, e enquanto seguiam pelas ruas a passos relaxados, se depararam com uma escrita pouco comum na calçada. Letras feitas de areia formavam a palavra "cuidado" exatamente no ponto onde iriam pisar em seguida, e logo desapareceram, quando Naruto olha ao redor, buscando o responsável pelo aviso, encontra Gaara caminhando a dois metros de distância com os irmãos; entendendo o que o outro havia feito, o Uzumaki sinaliza discretamente que entendera o recado, e Gaara concorda minimamente.

Depois de buscar as duas crianças, o Uzumaki e a Hyuuga decidem ir direto para casa, levando em consideração o aviso de Gaara, preferiram estar em um lugar onde poderiam ter total controle sobre tudo, e suas medidas de segurança seriam as mais eficazes; quando chegam a clareira, Konohamaru e Hanabi correm como sempre, competindo para ver quem chegaria primeiro à porta e gargalhando alto, como sempre deviam fazer, alheios aos problemas que povoavam os pensamentos de seus irmãos mais velhos. Tendo em mente que deviam estar preparados para o que quer que fosse acontecer, Naruto envia uma mensagem a Shikamaru e Sai, e também informa Tenzou do aviso que receberam; também decide pedir a Jiraya para não ir até a cabana naquela noite, por mais que jantar com seu padrinho tenha se tornado um habito e sentisse falta daquele homenzarrão bobalhão, o Uzumaki tinha plena certeza que sua presença poderia afugentar quem quer que fosse o inimigo que agiria dessa vez. Assim eles passaram o resto da manhã passando lições teóricas para os pequenos, os fazendo estudar a valer, principalmente Konohamaru, que se aproximava de sua época de provas na Academia; depois dos estudos, todos os quatro foram para a cozinha, para preparar o almoço. Naruto e Hinata tinham decidido optar pelo mesmo método de ensino que Kurenai utilizara com eles, dessa forma estavam ensinando aos dois, tanto o básico de um Shinobi, como tudo que eles necessitariam para viver; isso é claro que incluía as lições sobre o preparo de suas refeições, a limpeza do seu quarto e de seus pertences, tudo isso era ensinado ao pequeno Sarutobi e a pequena Hyuuga de forma tão leve, que eles faziam as tarefas como se estivessem em uma brincadeira muito divertida.

— Então vocês precisam invocar seu chakra, e concentra o máximo possível na sola dos pés. — Naruto explica aos dois, estava tomando conta deles, enquanto Hinata montava a escala da semana para a divisão.

Desde que passaram a cuidar a pequena Hyuuga, e Konohamaru fora incluído no meio daquilo tudo, eles tiveram que criar uma estratégia para conseguir dar conta dos dois e de suas obrigações na ANBU; dessa forma, enquanto um deles cuidava dos pequenos, o outro tratava dos assuntos pertinentes a divisão, assim nunca deixavam as crianças ou o trabalho desassistido.

— Como faço isso, Naruto-nii? — Konohamaru pergunta confundido, estava suando muito pelo esforço.

— Sinta seu chakra, feche os olhos e pense nele e em como flui por todo seu corpo. — Naruto explica e mostra aos pequenos como se posicionar.

— Eu consegui! — Hanabi alcança o objetivo primeiro, como sua irmã fizera no passado — Eu consegui, Naruto-nii!

— Isso, assim mesmo, concentre se chakra e agora mantenha ele estável na sola dos seus pés. — O Uzumaki bagunça os cabelos da menina e sorri orgulhoso — Muito bom, baixinha!

Motivado pelo ciúme e pela rivalidade existente entre eles, Konohamaru logo conseguiu acompanhar Hanabi, e então ambos conseguiam manter um fluxo constante de chakra em seus pés; estavam totalmente encantados pelo seu feito, gargalhavam alto e logo se esqueceram que estavam competindo para ver quem conseguia concluir a tarefa primeiro, se abraçando e girando até cair no chão para comemorar.

— Agora vamos a próxima etapa, vou mostrar como se faz um truque bem bacana, então prestem atenção. — Naruto anuncia e ganha a atenção total deles.

O Uzumaki então escolhe uma árvore pequena, que não fosse nem tão alta, nem tão baixa, para que os dois pudessem praticar com segurança, e que pudesse socorre-los rapidamente, caso algo desse errado; assim ele subiu calmamente em uma pequena cerejeira que surgira há alguns anos no jardim de Hinata, era perfeita para as crianças praticarem. Os dois arregalaram os olhos e soltaram exclamações de espanto, quando viram Naruto caminhando no tronco da pequena árvore e logo ficando de ponta cabeça, com os pés grudados em um dos seus galhos; Konohamaru e Hanabi estavam encantados demais, aquele era um truque muito bacana, como Naruto tinha prometido, e as crianças rapidamente tentaram imitá-lo e acabaram caindo com o bumbum se chocando contra o chão, causando uma gargalhada divertida no Uzumaki.

— Seus nanicos, por que não esperam eu explicar como faz? — Naruto pede rindo, já estava com lágrimas nos olhos de tanto rir e tentava se conter — Escutem, primeiro de tudo, vocês precisam controlar a quantidade de chakra que vão concentrar nos pés, se for demais, vocês serão jogados longe, se for de menos, vocês vão cair igual agora.

— Mas é muito difícil, Naruto-nii. — Hanabi reclama fazendo um berrinche.

— Claro que é difícil, mas vocês conseguem fazer, vamos lá e tentem. — Naruto incentiva os dois.

Logo eles passam a tentar refazer o que o Uzumaki acabara de fazer, concentrando seu chakra nas solas dos pés, e depois tentando mantê-lo estável e constante e como minutos atrás, Hanabi é a primeira a conseguir e resolve tentar passar para a seguinte fase; é nesse momento que Hinata sai para fora, indo buscar os três para fazerem uma pausa para o lanche, e caminha despreocupadamente até onde via a silhueta de Konohamaru, e quando está ao lado do Sarutobi, Hanabi que já havia subido dois passos, se desconcentra e acaba caindo para trás, chocando seu corpo com o da irmã. Esse pequeno acidente, fez Hinata se precipitar alguns centímetros para frente, e involuntariamente se choca com Naruto, que ainda estava de cabeça para baixo, pendurado no galho da cerejeira; se fosse apenas um choque comum, eles até teriam contornado bem a situação, mas o que tinha acontecido, deixou a ambos envergonhados e um pouco nervosos. Quando Hinata se precipitou para frente, ao ser empurrada por Hanabi, ela não só se chocou com Naruto, como tinha tocado acidentalmente os seus lábios nos dele; ambos arregalaram os olhos ao perceber o que tinha acontecido, imediatamente ficam extremamente vermelhos, e o Uzumaki acaba perdendo o controle do que estava fazendo e cai no chão fazendo um barulho impressionante.

— Oh meu... Naruto, você se machucou muito? — Hinata pergunta desesperada, deixando a vergonha e a bandeja com o lanche de lado.

— Ai, ai, ai! — Naruto reclama, se sentando no chão e massageando a cabeça, tinha certeza que ficaria com um enorme galo.

— Deixa eu ver. — Hinata o puxa antes que possa responder e começa a verificar o local que ele estivera apertando.

Konohamaru e Hanabi se reúnem a volta dela, também preocupados que o Uzumaki tivesse se machucado muito, buscando com os olhinhos aflitos, qualquer sinal de um ferimento grave; quando os pequenos estavam prestes a romper em lágrimas, a Hyuuga suspira e sorri um pouco, constatando que nada mais grave havia acontecido.

— Está tudo bem, foi apenas uma batida forte. — Hinata fala para acalmar as crianças.

— Tá doendo muito, nii-chan? — Konohamaru pergunta angustiado.

— Um pouco, mas se eu ganhar um beijo, vou sarar na hora. — Naruto fala, fazendo uma brincadeira.

Sem precisar que qualquer outra palavra seja dita, as duas crianças rapidamente abraçam o pescoço de Naruto, e como ele pedira, lhe enchem de pequenos beijos pelo rosto; pensavam que quanto mais beijos lhe dessem, mais rápido o Uzumaki ficaria curado. Enquanto recebia o carinho dos pequenos, ele voltou seus olhos azuis para Hinata, que permanecia ajoelhada na grama a sua frente, fez a expressão mais pedinte que conseguia, seguida de um biquinho charmoso; ao ver o que ele estava pedindo silenciosamente, Hinata ficara muito vermelha e gargalhou nervosamente, sabendo que não tinha resistência alguma contra aquele rosto tão belo. Incapaz de resistir, Hinata segurou o rosto dele com delicadeza, logo beijou o local onde ocorrera a batida, e então fechou os olhos com força e tocou seus lábios nos dele; era constrangedor e enervante, mas ao mesmo tempo uma sensação tão gostosa, que ela nunca conseguia resistir quando Naruto lhe pedia um beijo, ainda mais naquela situação, onde fazia uma cara de bichinho abandonado tão fofa, que a fazia querer aperta-lo em seus braços.

— Agora sim, estou curado. — Naruto sussurra encantado com a vermelhidão espalhada pelo rosto de Hinata.

— Você é um oportunista, Uzumaki. — Hinata reclama e finge estar brava.

— Eu sou mesmo. — Ele concorda e sorri amplamente, logo beijando uma das mãos dela carinhosamente — Mas eu amo você!

Desconcertada pela espontaneidade dele, Hinata se abana freneticamente, tentando acalmar seu coração, que quase entrara em colapso, ao ser pego desprevenido pela declaração do Uzumaki; a Hyuuga troca de assunto rapidamente, fazendo os três se acomodarem para fazer um lanche, e logo o silêncio que tinham feito ao preparar o local em que se acomodariam para a refeição, fora preenchido por gostosas gargalhadas, brincadeiras e muito carinho trocado entre si. No final da tarde, quando as crianças já não podiam acompanhar nada e estavam demonstrando sinais de cansaço, Naruto resolve encerrar as atividades do dia e entra com os dois em casa, encontra Hinata ainda trabalhando diversos pergaminhos e fazendo muitas anotações no grosso livro de informes que sempre preenchiam na sede; notando que ela estava terminando de analisar vários relatórios que deviam ter chegado durante a tarde, o Uzumaki decide se adiantar e preparar Konohamaru e Hanabi para irem dormir. Assim ele dá banho nas duas crianças e os ajuda a vestir seus pijamas, e quando os libera para brincar um pouco antes do jantar, se dirige para a cozinha, na intenção de preparar uma rápida refeição; é nesse momento que o Uzumaki e a Hyuuga sentem algo anormal acontecendo, imediatamente ficam alertas e se colocam em posição de batalha, rodeando os pequenos e lhes fazendo um sinal para permanecerem quietos.

No segundo seguinte, a luz da cabana é cortada e os quatro ficam em meio da completa escuridão da noite, Hinata trabalha rapidamente e usando seu Byakugan, coloca Hanabi e Konohamaru dentro de uma barreira de proteção; o primeiro ataque começa, no exato momento em que ambos sacam suas armas, as Kunais e Shurikens voam em sua direção, fazendo um barulho estridente ao serem desviados e se chocarem com suas armas. Dentro da barreira, o Sarutobi e a Hyuuga se abraçavam assustados, não tinham ideia do que estava acontecendo e por mais que chamassem, Naruto e Hinata não estavam respondendo, o que causava ainda mais pânico e desespero neles, os fazendo chorar copiosamente; do lado de fora da barreira, Hinata usava seu Byakugan para localizar os inimigos e abate-los, Naruto os localizava através do seu chakra, e um a um os ninjas foram sendo abatidos, sem conseguir distinguir realmente o que acontecia, apenas sentia o golpe fatal e seus corpos caiam inertes, fazendo um baque surdo ao tocarem o chão. Do lado de fora da cabana, assistindo tudo incrédulo, estava um homem alto, com pele morena e duas marcas vermelhas em sua face direita, ao seu lado estava Gaara que estava igualmente impressionado; irritado pela ineficácia do seu ataque, Baki decide ele mesmo entrar na cabana e terminar a missão que recebera de Rasa, ordena que os demais permaneçam com Gaara e invade a pequena residência.

Assim que pisa no soalho da cabana, Baki entra no alcance dos olhos de Hinata, e notando que aquele homem não era um simples Shinobi, enviado para tentar a sorte com eles, a Hyuuga assovia musicalmente, informando a Naruto que deviam mudar de tática; recebendo o aviso dela, o Uzumaki se precipita para interceptar o homem antes que se juntasse com seus companheiros restantes, enquanto a garota cuida dos demais, Naruto inicia uma luta corporal contra o intruso. Apesar de se surpreender com o nível e perícia do desconhecido, Naruto rapidamente se habitua aos seus ataques e menos de cinco minutos depois, já consegue estar no controle da situação, e mesmo sem conseguir ver um palmo a frente, faz o inimigo recuar até estar totalmente encurralado; Hinata por sua vez já terminava com o último Shinobi em seu caminho, e quando se dirige para onde o rapaz estava travando sua luta, ele já desferia o último golpe que ceifa a vida do desconhecido. Ao se certificarem que não seriam mais atacados, e reconhecendo a única presença que aguardava do lado de fora da cabana, Naruto sobe no forro da casa, e ali liga o gerador de emergências, fazendo a luz voltar ao normal e revelando os estragos que aquela pequena batalha tinha causado em sua casa; havia um total de dez corpos espalhados pelo chão, algumas armas cravadas nas paredes de madeira e o sofá estava partido ao meio.

— Não abram os olhos. — Hinata fala o mais calma que consegue, as duas crianças.

— Nii-chan? — Hanabi pergunta preocupada, quando não escuta a voz dele também.

— Está tudo bem baixinha, só fiquem com os olhos bem fechados. — Naruto a acalma e desce do forro, indo em direção a porta.

Assim que a abre, faz um sinal para seu único expectador e ele entra na cabana ainda com os olhos arregalados, se impressiona mais ainda quando vê a dupla sem um arranhão se quer; incapaz de dizer alguma coisa, Gaara apenas gira seus olhos de um cadáver a outro.

— Você sabe algo sobre isso, Gaara? — Naruto pede calmamente.

— Foi meu pai... o Kazekage... foi ele quem ordenou. — Gaara começa a explicar — Ele queria capturar o Jinchuuriki das nove caudas, antes de Orochimaru.

— Então eles não estão em total acordo. — Hinata pondera tranquilamente — Você sabe quem é esse homem?

Quando Hinata aponta para o corpo de Baki partido ao meio no chão, Gaara faz uma expressão que é uma mistura de ódio e nojo, que é impossível de decifrar; somente Naruto, que vira o que aquele homem tinha feito ao rapaz em suas memórias, conseguiu entender aquela expressão.

— Esse é Baki, o braço direito de Rasa, era ele quem estava no comando da missão. — Gaara conta e sorri vendo o estado em que o homem terminara — Os dois resolveram agir hoje, já que amanhã é o começo dos exames, você só seria desclassificado e não dariam sua falta tão cedo.

— Bom, vou precisar fazer algo para mascarar isso, eles não podem se dar conta que já sabemos de tudo. — O Uzumaki pondera e logo em seguida, seu esquadrão aparece na sala da cabana — Pessoal, preciso que vocês retirem isso daqui, e os descartem em um lugar apropriado, também façam parecer que foi coisa dos Shinobis do som.

— Gaara, você conseguiria atuar um pouco? — Hinata pergunta e o vê assentir — Ótimo, precisamos que você vá com Sakumo, e que se suje um pouco, e daqui há uma hora, vocês irão até a delegação de Suna, Sakumo vai explicar que te encontrou andando sozinho pela floresta e se ofereceu para te ajudar e vai embora, você vai contar que foram emboscados e que você foi o único que sobreviveu ao ataque dos Shinobis do som.

— O restante de vocês vai voltar até a sede e vão pegar três prisioneiros de suas celas, façam o necessário para que pareçam com Shinobis do som e os deixem lá com os demais. — Naruto completa o plano e olha para Gaara — Você vai informar a Rasa que viu alguns deles escapando, mas que não pode ir atrás deles por que um esquadrão de Konoha passava se aproximava e não quis levantar suspeitas.

Sakumo ouvia toda a explicação em silêncio e ainda não tinha entendido por que os dois estavam falando tudo com meias palavra, isso até ver as duas crianças abraçadas dentro da barreira; foi quando ele entendeu que seus Tenentes não queriam que eles ouvissem o que tinha acontecido ali e nem o que seria feito depois, e mais uma vez se pegou admirando a postura e integridade dos dois. Em questão de minutos, toda a operação foi colocada em prática, os corpos foram retirados, as armas recolhidas e a dupla se ocupara de se livrar de todo o sangue rapidamente e o melhor que conseguiriam no momento; logo que tudo estava preparado, Naruto e Hinata prometeram que buscariam Gaara para conversarem melhor, e em outro dia para não levantarem suspeitas, e então o Sabaku deixa a cabana na companhia de Sakumo, que por sua vez prometera cumprir bem a tarefa. Assim que Hinata desfaz a barreira, e permite que as crianças abram os olhos, os dois correm até eles e os abraçam chorando, estiveram assustados e leva algum tempo até que consigam se acalmar; e no instante em que seu choro sessa, o cansaço era tão grande e as emoções tão pesadas para administrar, que eles não resistem muito pegam no sono ali mesmo, no colo dos maiores se sentindo acolhidos, cuidados e protegidos.

— Acho que vamos precisar comprar um sofá novo. — Naruto fala para descontrair, enquanto caminham para o quarto de Hanabi para por os pequenos na cama.

— Não me importo com o sofá, só quero fazer com que paguem por terem assustado Konohamaru e Hanabi! — Hinata rebate irritada e acomoda a irmã nas cobertas — E como eles ousam vir atrás de você assim?

— Eles vão, vou fazer com que paguem dez vezes mais. — Naruto promete e segura a mão dela — Vamos fazer esses desgraçados se arrependerem.

A cumplicidade e companheirismo que seu olhar demonstrava, acompanhados da promessa feita, era tudo que Hinata precisava para saber que não importava a dificuldade que encontrariam no caminho; Naruto iria com ela até o inferno se fosse preciso, por sua família.


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