Marlene & Sirius escrita por pnsyparkinson


Capítulo 2
Emma e Robert Duval




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"Se for mais rápido que isso, talvez consigamos chegar antes que uma tartaruga", a voz de Marlene soava tediosa, arrastada. Sua mão encontrou o ombro do paletó xadrez de Sirius, as unhas pintadas de vermelho circularam o material como as garras de um abutre pronto para agarrar sua presa. "Querido, estou falando com você."

As falsificações estavam no porta-malas do chevy preto, cobertas por panos para que não ocorressem arranhões na viagem até a venda. Boston era uma cidade bonita mas não pretendiam fincar raízes ali, nunca se deixavam permanecer mais que uma semana ou duas em todo e qualquer lugar onde agiam. 

O céu estava nublado e as nuvens escuras e pesadas não pareciam dar trégua, mas não seria um impedimento. Sirius havia combinado de encontrar-se com Glenn Macnair, um poderoso colecionador de obras de arte, ao meio-dia, assim teriam um almoço de negócios e tão logo que o acordo estivesse fechado, a dupla poderia ir embora com os lucros.

Era apenas isso que importava.

Após estacionar o longo veículo e Marlene ajeitar seus cabelos cor-de-ouro pelo pequeno espelho em seu retrovisor, saíram do carro. As mãos entrelaçadas como um casal, os corpos em sincronia conforme adentravam o restaurante pomposo que o comprador havia escolhido. 

Naquele manhã seriam Emma e Robert Duval, donos de algumas obras cujo preço era muito, muito alto. E claro, estimadas por seus proprietários, que só iriam se desfazer por motivos pessoais. Doença na família, talvez? McKinnon ainda não havia decidido.

"Robert, meu querido! Vejo que trouxe sua adorável esposa em nosso encontro", a voz do homem pareceu despertar Marlene de seus pensamentos, obrigando-a a adornar um sorriso dona de casa adorável em seus lábios.

Mãos foram apertadas antes que todos estivessem dispostos na mesa redonda, aguardando seus pedidos.

"Fiquei sabendo por meio de um conhecido... sobre os quadros de Potter que você está se desfazendo. Uma pena que não possa manter tamanha beleza, mas tendo uma jovem mulher tão bela quando a sua tenho certeza que isso não irá lhe faltar.", o homem riu, sendo acompanhado por Sirius, que acenou em concordância, mesmo que por dentro estivesse revirando os olhos azuis como gelo. 

"Infelizmente minha tia adoeceu, precisaremos do dinheiro para cuidá-la.", pela primeira vez a voz de Marlene soou, um tanto tristonha. "Meu doce Robert sugeriu a venda, mas sei o quanto aqueles quadros são importantes para ele, está sendo uma decisão tão difícil."

"Ainda estou em dúvida quanto a isso...", Sirius suspirou, deixando os ombros caírem por alguns segundos, como se arrependido. "Mas a tia de minha querida Emma a criou como uma filha, entende? Não podemos deixá-la desamparada. É um tratamento caro."

Glenn acenou em compreensão, bebendo de sua taça de vinho branco. O homem perguntou se as obras estavam lá para que as visse, e o casal confirmou, dizendo que estavam protegidas em seu carro. A refeição demorou mais do que o pretendido pela dupla de falsários, que estava com a paciência quase esgotada. Principalmente Marlene, cujo olhar demonstrava todo o seu desagrado quando o homem se virou para chamar um dos garçons.

"Ande rápido com isso." seus lábios disseram sem emitir qualquer som, para que apenas Sirius conseguisse lê-los.

De pronto o homem lhe atendeu e em um tom amigável até demais, convidou Glenn para conhecer suas futuras decorações de parede. 

Já no carro, com o porta-malas aberto e as obras expostas, o acordo fora fechado. Três pessoas satisfeitas, mas apenas duas delas haviam feito um bom negócio. Se despediram do homem após transferirem os quadros para a carroceria de sua caminhonete, levando a mala com dólares. 

"Acha que ele ficará satisfeito ao levar para o avaliador amanhã?" a provocação escorrendo pela língua afiada de Sirius, que dirigia o impala pelas ruas de Boston, seguindo caminho até o hotel de beira de estrada que estavam hospedados.

"Diga você, amor.", Marlene respondeu, o olhando de soslaio. "Espero estar longe quando aquele imbecil perceber que jogou o dinheiro fora."

Sirius riu, apertando a coxa da mulher sobre a meia-calça grossa, mantendo a outra mão no volante.

De fato, eles estariam bem longe.


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