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CAPÍTULO 5

Agora é guerra!

Sasuke estava usando sua melhor roupa, parado ao lado da mesa de jantar com uma postura perfeita aguardando a mãe, que ele não via há mais de um ano chegar à sala de jantar. Ele pôde ouvir os passos dela ecoando pelo piso branco de mármore mesmo antes de dois empregados abrirem as portas duplas da sala de jantar da imensa mansão.

Quando Uchiha Mikoto surgiu, Sasuke não pôde evitar que seu coração acelerasse. Ele desconhecia o sentimento ao ver sua mãe novamente depois de tanto tempo, mas sabia que era algo perto do ódio.

Mesmo estando tanto tempo sem ver o filho, a Sra. Uchiha apenas lhe lançou um olhar estreito antes de um empregado arrastar a cadeira e ela se sentar à cabeceira da extensa mesa de jantar. Sasuke ocupou o lugar na outra ponta, com uma pontada de decepção.

Sua própria mãe lhe tratava como um estranho e ele já deveria estar acostumado, por isso se irritava diante dos próprios sentimentos.

O jantar foi servido. O único som no ambiente era a música clássica suave que tocava ecoando pelo cômodo gigantesco.

—Chame o chef imediatamente. – Disse a Sra. Mikoto de repente. Seu olhar frio nem mesmo chegou até o empregado que ela lhe deu a ordem.

Sasuke percebeu que ela nem havia tocado na comida.

O chef chegou à sala de jantar. Sasuke não se lembrava do nome dele, mas sabia que era um dos chefs mais famosos do país, apesar de não ter um restaurante próprio.

Ele parou ao lado da mesa com um leve sorriso após fazer uma reverência à Sra. Uchiha. Pela sua expressão ele acreditava que seria elogiado pelo prato sofisticado que havia preparado para aquela noite.

—É uma honra finalmente... – Começou ele a dizer, mas Mikoto o cortou.

—Está demitido. – Disse ela simplesmente, levantando-se da mesa. – Jogue essa porcaria no lixo. – Disse ela à uma empregada antes de se retirar da sala de jantar.

Sasuke ainda sentado em seu lugar, quebrou um dos hashis na mão.

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Sakura estava encolhida no canto do sofá assistindo um programa na TV com sua família. Seus olhos estavam na tela, mas seus pensamentos vagavam para longe.

Ela não conseguia apagar da memória o que tinha acontecido naquele dia mais cedo no vestiário.

Não o ataque, mas sim seu salvador. Seu coração acelerava ao se lembrar de Sabaku Gaara mandando os garotos soltá-la. Ela tinha razão por achar que ele era diferente dos outros membros do C4. Por que ele ajudaria alguém que tinha recebido o cartão vermelho?

Sakura começou a relembrar acontecimentos passados e percebeu que Gaara nunca participava avidamente dos ataques aos alunos que receberam o cartão. Ele estava sempre desatento ao que acontecia ao seu redor, com um livro na mão ou simplesmente ia embora.

Por que será que ele não abandona seus amigos se não gosta do que eles fazem?

—Ei, Sakura-chan! – Sakura interrompeu seus pensamentos ao escutar a voz de seu primo. – Você não me ouviu? Qual é a resposta?

Sakura encarou seu priminho confusa e quando ele gesticulou para a televisão, percebeu que ele estava se referindo ao programa de TV que eles assistiam.

Era um programa de perguntas e respostas, onde o jogador poderia sair rico, com muitos prêmios ou perder tudo no final. Seu tio Jiraya se escrevia todos as semanas para participar desse programa, mas nunca era chamado.

Todos estavam olhando para Sakura esperando sua resposta. Ela olhou novamente para a TV, leu a pergunta e respondeu antes que o apresentador desse a resposta.

—Letra C.

—E a resposta correta é... a LETRA C!— Gritou o apresentador na TV, enquanto o participante chorava por ter perdido tudo que havia ganhado até o momento.

—Eu preciso inscrever você nesse programa, Sakura! – Disse seu tio animado. – Você é muito inteligente! Nunca erra nenhuma!

—Mas papai, já percebeu que nunca nenhum jovem estudante participa desse programa? – perguntou Shiro, seu priminho de oito anos com uma sobrancelha arqueada. – Se você inscrever a Sakura-chan, vão descobrir que ela estuda no Konoha Elite e não vão chama-la. Eles não querem pessoas inteligentes participando.

—Você tem toda razão, Shiro. Não tinha pensado nisso. – Disse Jiraya coçando o queixo.

—Talvez Sakura possa te dar umas aulas, papai. Nunca vão suspeitar que o senhor é inteligente com essa cara!

—Ah, que boa ideia! – Gritou Jiraya antes de perceber o que seu filho tinha falado.

—Acho que o senhor vai conseguir ao menos chegar na pergunta que vale um carro novo! – disse Shiro confiante dando um pulo sobre o sofá.

—Você disse que tenho cara de burro?!

Shiro e tio Jiraya pareciam começaram a discutir, mas ao mesmo tempo pareciam muito esperançosos. Eles acreditavam fortemente que Jiraya receberia o convite de participação.

Sakura fitou sua tia, sentada na poltrona ao lado dela. Tsunade lhe deu um leve sorriso e sacudiu a cabeça. Sakura percebeu que ela também se admirava pela fé de seu filho e de seu marido.

—Está tudo bem, Sakura? – Perguntou tia Tsunade enquanto Shiro discutia com o pai sobre as aulas que Sakura deveria dar a ele. – Você está muito quieta desde que chegou da escola.

 Sakura queria poder contar a tia o que tinha acontecido naquele dia e chorar no colo dela. Mas não podia. Tsunade iria fazer um escândalo e com certeza tentar matar o diretor da escola.

Além de sua tia poder ir para a cadeia por assassinato, Sakura não conseguiria sua bolsa para faculdade. O futuro de sua família dependia dela, por isso Sakura forçou-se a sorrir e fingir que tudo estava bem.

—Só estou cansada, tia. Tive treino hoje depois da aula.

—Ah então vá descansar! Hoje ainda é segunda-feira, você tem uma longa semana pela frente.

Nem me fale. Pensou Sakura assentindo com um sorriso forçado.

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Sai estava tomando uma cerveja quando viu Sasuke entrando no bar. Pela expressão do Uchiha, seu humor estava sombrio. Ele pediu uma bebida ao barman e se sentou ao lado de Sai.

Gaara estava jogando bilhar com Naruto. Eles pararam de jogar e encararam o Uchiha. Gaara tinha os olhos estreitos.

—O que é? – Perguntou o Uchiha mal-humorado após dar um gole em sua bebida.

—Quatro garotos atacaram a menina de cabelo rosa no vestiário depois da aula. – Disse Naruto ao Sasuke. – Gaara estava lá e os impediu.

—Hum... Ele tem seu lado prudente. – Disse Sai zombando de Gaara com um meio sorriso. Gaara o ignorou.

—Estupro não é legal, Sasuke. – Disse Naruto.

Sasuke bufou de irritação.

—Eles fizeram isso porque quiseram! Não foi ideia minha. – Respondeu o moreno pegando uma segunda dose de tequila.

—Por que você está tão mal-humorado? – Perguntou Sai dando outro gole na cerveja.

—Se aquela garota não desistir, o jogo não acaba! – Disse Sasuke ignorando a pergunta de Sai. Ele não queria dizer aos amigos que a bruxa de sua mãe estava em casa. Queria só encher a cara para não pensar nela.

—Por que se irritar com isso, Sasuke? – Perguntou Naruto voltando a jogar bilhar com Gaara. – Essa brincadeira do cartão vermelho não é só um passatempo?

Sasuke deu de ombros e virou outra dose de tequila goela abaixo.

—Está tendo tanto trabalho para comandar uma escola... O que será do futuro do império Uchiha? – Desdenhou Sai com um sorriso.

Sasuke deu uma risada amarga, pegou uma garrafa do bar e saiu.

O império Uchiha que se foda. Pensou.

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—Idiotas! Vocês acham que vou cair nessa de novo? Ovos foram feitos para serem comidos e não jogados! – Gritou Sakura na porta do refeitório ao se defender com uma bandeja de um ovo que fora atirado nela. – Bolas foram feitas para serem jogadas!

Ela retirou uma bola de tênis do bolso e jogou no garoto que havia tentado lhe tacar o ovo. A bola foi certeira, pegou bem na testa do garoto que caiu para trás.

Sakura iria comemorar sua vitória, quando um inspetor lhe cutucou o ombro e lhe mandou para a secretaria receber uma advertência.

Era quinta-feira. Faltava pouco para a semana acabar, mas isso não era suficiente para alegrar o espírito de Sakura. No início ela acreditava que as pessoas logo perderiam o interesse nela e a deixariam em paz, mas a cada dia que passava as perseguições e humilhações ficavam intensas.

Então, ela tinha que encontrar uma forma de se defender. Ela não podia abaixar a cabeça para aqueles riquinhos mimados.

—Sabe que isso é muito injusto, não é? – Perguntou Sakura à mulher da secretaria que lhe dava uma punição e uma advertência.

A mulher apenas deu de ombros e disse que Sakura deveria tomar cuidado ou perderia sua bolsa. A Haruno tinha tanto o que dizer àquele capacho, mas conseguiu se controlar.

Sem agradecer ela pegou o papel e saiu da secretaria com passos duros. Sua raiva era tanta que sua respiração estava alterada. Ela ficou mais irada ainda ao ler no papel qual era sua punição.

—Limpar o pátio todos os dias?! Por um mês?!

Ela amassou o papel, o enfiou no bolso do agasalho e caminhou irada pelo corredor. O que ela poderia fazer, já que não tinha como se defender dos ataques sem sofrer as consequências? Harg! Sakura estava prestes a explodir quando virou no corredor e viu quem estava passando naquele exato momento.

De costas para ela, os quatro membros do C4 seguiam na direção do refeitório, caminhando e conversando como se fossem os reis daquele lugar.

Sakura apertou os punhos e não pode se conter.

—EI UCHIHA! – Gritou Sakura com os punhos cerrados. Parecia que toda a escola tinha ouvido ela, porque houve um silêncio total. Os alunos se aglomeraram na porta do refeitório para assistir, os que estava no corredor não mexiam um músculo.

Sasuke virou-se lentamente com uma sobrancelha arqueada, acompanhado de seus amigos, todos atônitos.

 Sakura começou a caminhar rapidamente na direção dele.

—Já estou farta dessa droga! – Disse ela com os olhos estreitos, a respiração acelerada e o coração a mil. – Não me importo se seu pai é o dono do mundo! Você é um pirralho que nunca ganhou dinheiro por conta própria! SEU CONVENCIDO!

Sakura correu, pulou e girou no ar, dando-lhe um chute no rosto que derrubou Sasuke em segundos. Ele não teve tempo de se defender.

Estirado no chão aos pés de seus amigos, ele olhou inerte Sakura de cima a baixo com olhos arregalados de choque. A garota se ajoelhou e se aproximou dele com uma expressão assassina.

—Você quer guerra? Então, você terá! – Disse ela quando arrancou uma folhinha de postite cor de rosa do bolso e colou na testa do Uchiha com um tapa.

—Essa a minha declaração de guerra!

Com um sorriso satisfeito, Sakura deu as costas para todos que a assistiam boquiabertos e saiu pelo corredor sem olhar para trás.

Pronto. Está feito! Só Kami sabe o que eles farão para revidar... Mas mesmo assim, me sinto ótima!

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No dia seguinte, Sakura estava mais confiante, embora aquele friozinho na barriga estivesse presente. Ter colocado para fora toda a raiva que estava sentindo, foi o melhor remédio sem dúvida nenhuma. Com certeza, não seria fácil enfrentar a escola nos próximos dias depois do que tinha feito, mas ela não iria se acovardar. Ela tinha mostrado a todos que ninguém podia se meter com ela.

A única forma dela sair daquele colégio era sendo expulsa. Ela não iria desistir!

—Certo! Aqui vou eu! – Disse ela com um sorriso ao sair do portão de casa.

A Haruno só não esperava ser capturada ao virar a esquina. Alguém lhe tapou a boca, segurou seus braços e a jogou dentro de um carro.