Potterlock - O Prisioneiro de Azkaban escrita por Hamiko-san


Capítulo 6
Revelações em Hogsmeade




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Hogsmeade era um cenário pitoresco fantástico e colorido. Casas e lojas estavam belamente decoradas com o tema de Halloween, bruxos adultos entregavam doces às crianças, e o vilarejo inteiro cheirava a caramelo derretido. John estava simplesmente encantado. Tão encantado que nem ligou para um cartaz no mastro principal avisando que os dementadores montariam guarda à noite.

— Que tal irmos pra Zonko’s? – Perguntou Sherlock olhando para uma loja colorida e espalhafatosa no meio do vilarejo – Greg disse que os artigos de travessuras entram em promoção no Dia das Bruxas.

— Desde quando você gosta de pregar peças?

— Quem falou em pregar peças? Esses brinquedos são ótimos pra causar distrações.

— Ta, mas depois vamos pra Casa dos Gritos. Wood disse que ela é assustadora e eu to louco pra ver se isso é verdad… Arg! – Olhou para um ponto perto dali.

— O que foi?

— Harry e Clara!

Sherlock olhou por cima do ombro e viu as duas num efusivo, envolvente e ardente beijo perto da Dedosdemel.

O corvino revirou os olhos:

— Essas demonstrações desnecessárias de afeto em público… 

— Harry deve ter acabado de se declarar. – John evitava olhar a cena – Eu já sabia que ela tinha uma queda pela Clara, mas precisavam fazer isso na minha frente? É minha irmã, poxa.

— Quer começar tomando alguma coisa no Três Vassouras até elas acabarem?

— Por favor.

Os dois viraram as costas para a cena romântica e caminharam juntos até a estalagem mencionada. 

— Será que se eu tivesse uma namorada eu beijaria ela na frente de todo mundo? – John se perguntava.

— Espero que você não seja desse tipo. 

— E se eu fizesse isso por acidente?

— Ninguém beija alguém por acidente.

— Se uma pessoa quiser beijar seu rosto aqui e você se virar bem na hora, ela vai lhe beijar por acidente e na frente de todo mundo.

— Mas é um beijo discreto. Não constrange ninguém.

— E se eu beijar alguém daquele jeito e você aparecer bem na hora? 

— Eu vou embora?

— Sim, mas eu vou estar beijando na frente de alguém por acidente.

— Você beijaria alguém desse jeito?

— Meio difícil.

Sem motivo nenhum, os dois se olharam e riram.

Enfim chegaram ao Três Vassouras. Quando entraram na aconchegante taverna, repararam que a sala estava cheia, barulhenta, quente e enfumaçada. Uma mulher tipo violão, loira e com um rosto bonito, estava servindo Mycroft, Anthea e - John reconheceu - Elizabeth Smallwood, uma moça de cabelos lisos, loiro platinado, que havia se tornado a nova monitora da sua casa.

— Ele ficou bem popular depois que se tornou monitor, não? – O grifinório comentava.

— Ele sabe socializar com as pessoas certas. – Sherlock resmungou tirando o cachecol azul e branco dos ombros. – Como você acha que ele consegue colocar as pessoas pra me vigiar?

— E… Anthea e ele por acaso…?

— Não. São só dois antissociais que se entendem. Vamos aproveitar que eles estão distraídos com a Madame Rosmerta e achar uma mesa mais escondida.

Os dois foram até o fundo do salão, onde havia uma mesinha desocupada entre umas esculturas de abóboras, e logo foram atendidos por um funcionário da loja. Pediram duas cervejas amanteigadas e uma tortinha de abóbora. 

— Por que seu irmão vigia você? – John perguntou casualmente.

— Ele gosta de me controlar. – Sherlock deu de ombros – Talvez ele seja como os outros e ache que vou terminar como Eurus.

— Eurus?

— Uma prima nossa que agora está em Azkaban. Esperou terminar os estudos para virar uma seguidora de Voldemort publicamente.

— Ah. E ela era… Inteligente como você?

— Eu não sei muito sobre ela. Toda a minha família evita falar nisso.

O garçom deixou o pedido na mesa e foi atender os outros um pouco antes da porta do Três Vassouras tornar a se abrir. No meio de toda aquela multidão, enquanto John degustava seu lanche, Sherlock pôde ver os professores McGonagall e Flitwick entrando no bar lotado. Atrás deles veio Hagrid conversando com um homem corpulento bem conhecido. O Ministro da Magia, Cornélio Fudge.

Sherlock se abaixou, ficando com a cabeça na altura de sua cerveja amanteigada.

— John! – sussurrou – Pra baixo da mesa!

— Que?

— Rápido!

John pegou sua cerveja amanteigada e a tortinha e se escondeu embaixo da mesa com Sherlock. O corvino tirou de dentro da mochila a capa da invisibilidade e jogou sobre eles.

— O que estamos fazendo? – John perguntou num sussurro.

— O Ministro não conversa com nossos professores casualmente, muito menos com Hagrid.

— Acha que é sobre Sirius Black?

— Tenho certeza. – Sherlock mal conseguia disfarçar a empolgação na voz – Vamos, John. Com cuidado.

Eles tentaram ficar o mais próximos e agachados possível para evitar que se esbarrassem em alguém. Seguiam a trilha dos professores até uma mesa próxima da lareira, atrás de um caldeirão decorativo. Lá os quatro adultos se acomodaram enquanto a Madame Rosmerta ia servi-los.

— Uma água de gilly pequena... – Dizia a garçonete enquanto Sherlock e John se encolhiam debaixo da mesa mais próxima.

— É minha. – Falou a professora Minerva. 

— A jarra de quentão... 

— Obrigado – Disse Hagrid. 

— Soda com xarope de cereja, gelo e guarda-sol... 

— Hmmm! – Exclamou o professor Flitwick estalando os lábios. 

— Para o senhor é o rum de groselha, Ministro. 

— Obrigado, Rosmerta, querida – disse a voz de Fudge. – É um prazer revê-la, devo dizer. Não quer nos acompanhar? Venha se sentar conosco.

— Bem, muito obrigada, Ministro. O que é que o traz a esse fim de mundo?

Fudge olhou para os lados, como se quisesse ter certeza de que não havia ninguém interessado na conversa deles. Depois respondeu em voz baixa:

— Quem mais se não Sirius Black? Imagino que já deve ter sabido que ele espreita Hogwarts.

— Na verdade, ouvi um boato. O senhor acha que Black continua por aqui, Ministro? 

— Tenho certeza!

— Eu espero que não mande mais dementadores revistarem meu bar, eles já fizeram isso duas vezes e espantaram todos os meus fregueses. Isto é muito ruim para o comércio.

— E, por favor, não tente novamente convencer o diretor de deixá-los entrar no terreno da escola. – A professora Minerva disse rispidamente. – Como é que vamos ensinar com aqueles horrores por todo o lado? 

— Eu concordo! – Exclamou o professor Flitwick com voz esganiçada, os pés balançando a um palmo do chão. – Fiquei sabendo que meu aluno mais brilhante desmaiou numa simples inspeção no expresso de Hogwarts! Não quero isso atrapalhando o rendimento das minhas turmas!

— Eles estão aqui para protegê-los. – disse Fudge em tom de dúvida – Nós todos sabemos o que Black é capaz de fazer. Não se esqueçam que ele levou todos para a morte, inclusive Tiago Potter, um de nossos melhores aurores. E os dois eram muito amigos!

John não comia mais o resto da sua tortinha. Escutava a conversa atentamente.

— Sirius Black e Tiago Potter… – Falava Rosmerta – Nunca se via um sem o outro, não é mesmo? A notícia pegou a todos de surpresa. 

— Potter confiava mais em Black do que em qualquer outra pessoa. – Esclareceu McGonagall – Por isso o confiou como fiel do segredo da sede Delta da Ordem da Fênix. Mesmo assim Black o traiu. Falou a localização da sede para vocês-sabem-quem.

— Será que ele não estava sendo ameaçado?

— Todos dizem isso, minha cara… – Flitwick tomava um gole da sua bebida – Mas depois que Sirius Black explodiu aquele bairro e matou todos aqueles trouxas só para eliminar Pedro Pettigrew... Não tem como confiar.

— Ele enlouqueceu depois da morte de você-sabe-quem! Foi isso o que aconteceu! – O Ministro exclamou, mas depois sua voz ganhou um ar pesaroso – Pobre Pettigrew... Enlouquecido de pesar pelo que aconteceu com seu amigo Potter foi pessoalmente atrás dele. 

— Menino tolo... – Mcgonagall falava com a voz cheia de descontentamento – Nunca teve jeito para duelar... Deveria ter deixado isso para o Ministério... Black não só liquidou ele, mas também todas aquelas pessoas, nunca vou me esquecer. Uma cratera no meio da rua, tão funda que rachou a tubulação de esgoto embaixo. Cadáveres por toda a parte. Trouxas berrando. E Black parado ali, dando gargalhadas, diante do que restava de Pettigrew... Um monte de vestes ensanguentadas e um único dedo... 

— Mas por que Black estaria indo para Hogwarts? – Perguntava a garçonete – Por que simplesmente não fugiu?

Fudge fez uma pausa e olhou para os dois lados como se quisesse ter certeza que não havia gente perto demais. Em seguida falou tão baixo que os garotos tiveram que se aproximar mais para escutar.

—  Achamos que ele está procurando a criança que derrotou você-sabe-quem.

Sherlock e John olharam um pro outro com os olhos muito abertos, ao mesmo tempo.

— Então é verdade? – Rosmerta questionou – A história do feitiço mal executado é mesmo verdade?

— Infelizmente quem podia dar detalhes maiores está morto. Depois de muito tempo de batalha... no meio de todo aquele caos em Godric's Hollow, foi que gritaram que vocês-sabem-quem desapareceu... Uns disseram que viram a luz verde, outros que uma criança perseguida por ele fugiu, outros que os pais dela haviam morrido... De qualquer forma, essa criança seria sua vítima, mas aquele-que-não-deve-ser-nomeado desapareceu depois de disparar contra ela. 

— E é essa pergunta que não cala. – McGonagall suspirou – Que criança é essa? Não sabemos a idade, os traços nem o paradeiro. 

— Mas Dumbledore tem suas suspeitas! – Hagrid falava batendo com a caneca de quentão na mesa e limpando a boca – A criança está em idade escolar e há alunos na escola que perderam os pais durante a guerra bruxa! 

— Hagrid! – Flitwick o censurava com a voz fina – São apenas hipóteses! Não vamos ficar perturbando nossos alunos só para saber qual deles teve o destino infeliz de ter os pais mortos por você-sabe-quem.

— Mas Black quer a criança! – Fudge argumentava – Caso contrário não estaria espreitando Hogwarts. Pra que ele quer ela é que é um mistério.

Ouviu-se um leve tilintar de copo em madeira. Hagrid e McGonagall terminaram suas bebidas.

— Sabe, Cornélio – A professora de Transfiguração mudou de assunto – Se você vai jantar com o diretor, é melhor voltarmos para o castelo.

— Sim, claro.

Eles pagaram a conta e se levantaram um a um para irem embora. Rosmerta foi atender os outros clientes enquanto John e Sherlock ficaram imóveis, digerindo todas aquelas informações.

 

~O~

 

John já estava tonto de tanto ver Sherlock andar de um lado para o outro com uma das mãos segurando o queixo e a outra abraçando o próprio ventre. Já haviam regressado a Hogwarts e esperavam a festa de Halloween começar. Ocupavam um corredor que até então estava deserto. O grifinório, sentado na janela, com os tornozelos cruzados em cima do parapeito, desistia de acompanhar o corvino.

— Você está correndo no seu Palácio Mental ou o que?

— Estou arejando as ideias, John! É por isso que a escola está cheia de dementadores nos arredores! Porque é aqui que Black quer entrar!

— Pra pegar a criança? Mas isso não faz sentido! Digo, Black está livre, Voldemort é um espectro… Por que se arriscar a entrar numa escola cheia de dementadores só pra realizar uma vingancinha?

— Se considerarmos que ele é louco, não é impossível. Mas esqueça as teorias e vamos trabalhar com o que temos.

— Temos um foragido louco caçando um órfão que matou o bruxo mais temido de todos os tempos.

— Pelas cuecas de Merlin! Por acaso você precisa reduzir as coisas pra que elas caibam na sua cabeça?

— Você é muito irritante, sabia? – Falou abrindo um pacote de diabinhos de pimenta da Dedosdemel e sentindo um vento frio no rosto – Espero que não caia um temporal sábado que vem. É dia de jogo.

— Como pode pensar em jogo quando temos um mistério nas nossas mãos?

— Como pode pensar em mistério quando mal consegue dar conta dos seus estudos?

Sherlock finalmente parou (John agradeceu por isso) e olhou para o amigo surpreso:

— O que disse?

— Mycroft me falou que você está atarefado com os seus estudos. Você repõe as aulas nos finais de semana?

Sherlock não respondeu. 

— Você não vai me explicar, né? Prefere fazer mistério. – John se colocava de pé, impaciente – Esqueça. Eu acho que a festa de Halloween começou  Fiquei de encontrar Sally e Henry. A gente se vê depois.

~O~

A festa de Halloween fechou o feriado com chaves de ouro. John passou o resto da noite comemorando com Sally e Clara e falando sobre a próxima partida de quadribol, contra a Corvinal, pois a Sonserina precisava de tempo para treinar com a nova artilheira, Mary Morstan. De acordo com Clara, Morstan era um risco para o goleiro da Grifinória, Olívio Wood, já que ela fazia jogadas curvas como ninguém.

Henry se juntou a eles na mesa, mas estava com uma cara triste. Nas mãos, seu camundongo, Invasor.

— O que foi? – Sally perguntou – O gato da Harry tentou comer o Invasor outra vez?

— Não… Meus tios me mandaram uma coruja. Alguém contou sobre o acidente com o hipogrifo.

Os três soltaram uma exclamação ao mesmo tempo.

— E ai? – Sally foi a primeira a indagar – Querem tirar você daqui?!

Henry fez que não:

— Querem que o professor Hagrid seja demitido.

— Mas por quê? – John protestou – Não foi culpa dele! Ah, ok, foi culpa dele ter colocado a gente perto de um bicho perigoso daqueles, mas… Ah, vai! É muito melhor do que cuidar de vermes! E… Sherlock travou na aula do bicho papão e nem por isso o professor Lupin foi demitido!

— Se alguém falasse pros meus tios que eu quase fui atacado por um bicho papão, o professor Lupin estaria na mira deles. Essa super proteção é sufocante! Fico parecendo um garoto mimado!

John olhou cheio de preocupação para a mesa dos professores, onde Hagrid conversava animadamente com Lupin e Flitwick.  Foi nesse momento que percebeu uma coisa no mínimo curiosa. Snape olhava para Lupin com muita frequência, sem disfarçar sua expressão de ódio.

— Espero que o Hagrid fique bem. – John falava com pesar – Ele é um bom professor.

 

~O~

 

A festa de Halloween, com direito a show dos fantasmas do castelo, inclusive Nick-Quase-Sem-Cabeça encenando sua própria decapitação mal sucedida, não foi suficiente para tirar Henry do estado melancólico. Sendo assim, Sally e John se ofereceram para ir com ele até o Salão Comunal e traçarem teorias alternativas à demissão de Hagrid, a fim de confortar o garoto.

Foi quando chegaram ao corredor que terminava no retrato da Mulher Gorda que encontraram uma multidão de alunos da Grifinória bloqueando o caminho.

—O que aconteceu? – Sally estranhou – Por que ninguém ta entrando?

A professora Minerva passou por eles e começou a se espremer pelos alunos pedindo passagem. Ao notarem que era ela, foram abrindo caminho instantaneamente, fazendo com que John pudesse ver o real motivo do tumulto.

— Essa não... 

A Mulher Gorda desaparecera do retrato, que fora cortado com tanta violência que as tiras de tela se amontoavam no chão. 

— Rápido, avisem o que aconteceu aos demais professores! – A professora McGonagall deu a ordem – Vamos começar a procurar a Mulher Gorda! Avisem ao Filch também!

— Vai precisar de sorte, professora! – Disse uma voz gargalhante. Era Pirraça, o poltergeist, sobrevoando os alunos. 

— Pirraça? O que quer dizer? Você sabe onde ela está?

— Siiiim! – Gargalhava – Ela não quer ser vista! Está horroroooosa! Chorando de cortar o coração! Hahahahah! Coitada! Tudo porque não ele não sabia a senha! 

“Ele achava que podia entrar a força. Esse tal de Sirius Black.”

 

Continua


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Notas finais do capítulo

Achei que ninguém estava lendo a fanfic, por isso parei de postar. Mas, pra compensar, eis vários capítulos de uma vez

Abraços!



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