Detetive Potiguar escrita por Helen


Capítulo 2
Capítulo 2 – Linaldo.




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Tudo já começava com o nome do cara: Linaldo. Que tipo de pessoa se chama Linaldo?  Nada contra quem teve o azar de ganhar esse nome, mas tudo o que eu conseguia imaginar quando lembrava do nome era de um professor maluco de sociologia que tive no ensino médio. O cara não falava coisa com coisa. E ele tinha uma pinta de filósofo fajuto. Nunca gostei de sociologia por culpa dele.

Enfim. Tive que acordar cedo pra ficar de tocaia na frente da casa onde a senhora (que aliás, se chama Mixele (sim, com X) e o homem viviam. Tudo bem até aí. O cara saiu para o trabalho e eu o segui. Ele passou a manhã no trabalho, como era de se esperar, e no horário do almoço saiu com uma mulher. Eu segui o carro dele até um restaurante meia boca que ficava no final da rua e observei com meus incríveis binóculos a movimentação. Nada de mais. Ele se ajoelhou diante dela, o que eu achei que era um pedido de casamento no início, até notar que na verdade tinha sido ele implorando por um aumento. Como eu descobri isso? A chefe dele saiu de lá revoltadíssima, xingando pra toda a rua ouvir.

 Nada de traição.

Aquilo era bom, até certo ponto. Significava que eu não teria que ouvir mais duas horas da senhora Mixele falando de sua sogra. Resolvi me dar um descanso e comprar um cachorro quente na esquina do trabalho do cara.

Sentei em uma das mesas de plástico e devorei a salsicha com aquele monte de milho, ervilha, frango, feijão, batata palha, carne moída, ketchup e maionese. Maravilhoso. E tudo aquilo por apenas três e cinquenta. Eu amo essa cidade.

Comprei também um litro de guaraná e fiquei bebendo por algum tempo, olhando para o prédio do trabalho do meu alvo. Aquele lugar parecia muito chato. Eu não julgaria se o homem tivesse fazendo aquilo para tentar divertir-se. Talvez pular de um prédio fosse mais divertido do que trabalhar ali.

Cinco e meia da tarde. A hora do trânsito. É nessa hora que você consegue ter noção de quantos carros, motos, bicicletas, ônibus, dinossauros e naves espaciais existem em Natal. Eu fiquei olhando alguns carros e notei que tinha gente sozinha em carro de quatro portas. Tudo bem que a pessoa pode ter família maior mas pô, se estivesse usando uma moto não haveria tanto trânsito a ponto de eu não poder atravessar a rua para continuar minha espionagem.

Tive que dar a volta e fazer um caminho super alternativo pra poder chegar na casa. Mandei uma mensagem para dona Mixele perguntando como as coisas estavam. Ela disse que ele tinha voltado pra casa, e estava tomando banho. Eu perguntei a ela se ele tinha dito alguma coisa sobre sair. Ela disse que não. Eu pensei comigo mesmo: "Que tipo de idiota avisaria a esposa de que estava saindo para encontrar com a amante?".

Aproveitei que não estava muito cansado, comprei um jornal, estacionei meu carro na esquina e fingi que estava lendo, esperando uma atividade suspeita. Acabei lendo de verdade o jornal, já que nada estava acontecendo. As notícias não eram muito impressionantes: alguém tinha sido preso por causa de droga, outro tinha sido assassinado por causa de droga, um buraco estava causando acidentes e um cavalo estava perdido. Só mais um dia comum na minha querida Natal.

Quando deu umas sete da noite, Mixele me mandou uma mensagem dizendo que Linaldo ia sair para comprar pão. Ela queria porque queria que eu fosse atrás dele, já que acreditava que a suposta amante seria uma vizinha. Eu não podia ir contra a opinião da minha cliente, então botei o pé no acelerador e fui.

Chegando lá, não vi o cara. Saí do carro e perguntei ao dono da padaria se tinha visto Linaldo. Ele disse que não. Corri de volta para o carro, porque lembrei que eu não poderia ser reconhecido mais tarde, e fiz uma rápida ronda pela vizinhança. Nada do Linaldo.

Dei uma volta no quarteirão inteiro e voltei para a rua de Mixele. O carro deles ainda não estava na garagem. O cara tinha ido mesmo trair a mulher, e eu não fazia ideia de onde ele poderia estar.

Sabendo disso, resolvi voltar para casa. Disse a Mixele que não se preocupasse, que eu iria descobrir o que estava acontecendo. Ela não entendeu, mas no final, me mandou uma imagem de boa noite.


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