Marinette acordou, desligou o alarme, esfregou os olhos e deu um longo bocejo. Tinha dormido pouco, visto que passou a maior parte da noite no telhado com Adrien. E claramente não se arrependia nenhum um pouco.

Virou para o lado, sorrindo ao ver a cabeleira loira bagunçada ao seu lado. Adrien estava dormindo de um jeito engraçado, com quase o corpo todo coberto, exceto por uma das pernas. Os braços dele estavam para cima, parecia que tinha caído ali e ficado assim. A azulada retirou o cobertor com cuidado e se aproximou, depositando um leve selar nos lábios dele.

Adrien abriu os olhos devagar, sorrindo instantaneamente.

— Uau! Eu morri e estou no céu? Porque se o que eu estou vendo não é um anjo, então não sei o que é! – a garota colocou a mão na frente do rosto, constrangida. – Já está na hora de eu ir pra casa?

— É, infelizmente sim. – os dois colocaram um alarme para tocar duas horas antes de Adrien ter que acordar, embora fosse domingo. Assim daria tempo de Agreste ir para casa antes que dessem falta dele. – Estava com saudades de passar um tempo assim com você. Sabe, sendo apenas nós mesmos.

— Eu também. Ainda mais depois de descobrir que seus beijos são tão viciantes.

— Para com isso! – empurrou ele de leve, se sentindo envergonhada. – Você era assim com as garotas que você saía, ou é a personalidade do seu personagem?

— Eu sou uma pessoa totalmente diferente com você. – piscou, bocejando em seguida. – Ainda não acredito que preciso ir. – passou a mão nos cabelos, fazendo Marinette quase babar pela cena magnífica que presenciava. Não imaginava que um dia acharia seu melhor amigo tão bonito.

— Também não. Mas precisamos ficar nessa até acordarmos. De verdade.

— Sabe, eu achava que a melhor parte desse sonho, era ser o Chat Noir. – fez uma pausa, enquanto a garota prestava total atenção nele. – Mas a melhor parte, sem dúvidas, é você. – ela sorriu emocionada e o loiro se aproximou, segurando o rosto dela. – Se eu soubesse... Não teria demorado tanto.

— Eu sei, mas... Acho que nós não nos enxergávamos assim antes. O que certamente é uma pena. – pousou a sua mão gélida no rosto quente dele, fazendo um leve choque percorrer o corpo de Adrien. – Espero que a gente lembre disso. Porque eu não quero esquecer que te amo.

— Dizem que não há como esquecer o amor. – deu de ombros – Então vamos confiar nessa filosofia. – se aproximou, a beijando com ternura.

Aquele momento em que estavam sozinhos, apenas um com outro, fez com que Marinette e Adrien se sentissem em seus lares. Bem, se como dizem, o conceito de lar é estar com quem ama, aquele sem dúvidas era o deles.

— Eu odeio isso, mas eu preciso mesmo ir. – disse ao separarem os lábios, colando sua testa na dela.

— Tudo bem, nos vemos mais tarde. – sorriram.

Adrien então deu um beijo demorado em Marinette e levantou da cama, se espreguiçando. Acordou Plagg – que obviamente resmungou – e se transformou. Em seguida, Chat Noir deu um último aceno e saiu pela janela, deixando uma Marinette completamente sorridente para trás.

***

Marinette passou a tarde conversando com Adrien por chamada de vídeo. Teriam saído se ele não tivesse que estudar piano – quer dizer, ao menos seu pai achava que estava. Para ajudar, Gabriel Agreste mandava Nathalie verificar de trinta em trinta minutos se o garoto estava no quarto, o que dificultou o seu plano de se transformar e sair escondido.

— Sabia que você fica linda assim?

— Assim como? Eu não estou fazendo nada demais. – riu enquanto remendava uma blusa.

— Exatamente. Você fica linda de qualquer jeito. – as bochechas da azulada esquentaram de leve – Eu queria poder estar aí agora.— suspirou.

— Acho que nós nos veremos mais tarde de qualquer modo. – disse lembrando do episódio em que estavam

— É, tem razão. – Adrien escorou o queixo em uma das mãos, enquanto observava Marinette fazer uma careta adorável enquanto costurava – Meu Deus, você é tão perfeita!

— Você não cansa de me deixar constrangida?

— Não. Suas bochechas vermelhinhas são encantadoras.

— Você é um idiota! – balançou a cabeça em negação – Mas eu te amo. – o loiro sorriu.

— Sei disso, princess.— olhou para o lado – A Nathalie vem vindo agora, provavelmente vai me mandar dormir.— revirou os olhos – Mais tarde nos vemos.

— Tá bem. Até mais, Adrien.

— Até mais, amor da minha vida. — disse com um sorriso adorável, que Marinette infelizmente não teve tempo de responder por que ele precisou desligar antes que Nathalie chegasse.

***

Ver Adrien dizendo que casaria com Chloé como um dos seus pesadelos, foi com certeza uma experiência traumática para Marinette – ainda mais depois de dizer que daria o seu nome ao hamster deles. Embora ela soubesse que aquele de fato não era o seu melhor amigo.

Ladybug avistou Chat Noir e saltou, parando ao seu lado. O garoto pulou para o lado, com o susto, fazendo a azulada rir.

— Tendo pesadelos, kitty? – questionou divertida.

— Pra ser bem sincero, essa noite está sendo um completo pesadelo. Isso, é claro, até você chegar. – se aproximou com um sorriso sugestivo, porém foi afastado pela heroína, que deu leves batidas com seu dedo indicador no nariz dele.

— Foco, Chat Noir! – ele riu.  

— Como quiser, Bugaboo. Tá na hora da guerra de travesseiros! – Marinette revirou os olhos, sabia que ele não perderia a oportunidade.

— Só cuidado pra não ser atingido! – assentiu. Em seguida, a dupla partiu para cima de Sandboy, que assim como na série, desviou dos golpes e passou a disparar sua areia de pesadelos na direção dos heróis.

Ladybug saltou de volta para o telhado e corria girando seu ioiô a cima da cabeça, afastando os disparos. Ela se escondeu atrás de um pilar e aproveitou a oportunidade.

— Lucky Cha... – foi atingida antes que conseguisse completar a frase. – Não, não!

— Ladybug! – o loiro gritou.

Marinette correu pelo telhado, enquanto Sandboy vinha na sua direção para pegar o Miraculous. Até que como previsto, a garota escorreu e foi salva por Chat Noir antes que atingisse o chão.

Adrien sorriu para a melhor amiga, porém logo foi atingido pela areia do akumatizado também.

— Que ótimo! – murmurou e colocou Ladybug no chão, ficando em posição. – Fica atrás de mim, Bugaboo!

— Chat Noir! Eu nunca vou te amar e eu sempre quis me livrar de você! – a Ladybug do pesadelo do loiro apareceu.

— Isso é mentira! – Marinette gritou. O que seria engraçado se não estivessem em uma situação complicada.

— Lucky Charm! – a espada gigante caiu na mão a vilã, e em seguida ela saltou em cima da dupla.

Adrien não pensou duas vezes em agarrar a cintura da amada e saltar para o lado. Os dois rolaram no chão e ele acabou ficando por cima dela. Levantou rapidamente com um sorriso sem graça e a ajudou, ficando em sua frente.

— Não se preocupa, eu te protejo! – depois de desviar de alguns golpes, Chat Noir pegou Ladybug e saiu correndo pelos telhados com ela no colo. – Precisamos de um plano.

— Vamos executar o mesmo da série. Acho que vai funcionar.

— Tá bem. – Sandboy apareceu na frente deles, e a Ladybug pesadelo atrás. Adrien colocou Marinette no chão e começou a impedir os ataques da vilã.

A azulada puxou o cinto do herói, para que ele ficasse ao seu lado. Ladybug pesadelo avançou e como previsto acertou sua espada na estrutura do prédio, fazendo com que a ponta quebrasse. Marinette a juntou e saiu correndo, com Adrien logo atrás.

— Vem comigo!

— Como quiser, my lady!

— Me entreguem os Miraculous! – o akumatizado gritou, então Ladybug saltou com a lâmina na mão. Sabia que sem os seus poderes não chegaria até Sandboy, mas logo Chat Noir saltou junto e a segurou pela cintura, fazendo com que conseguissem rasgar o travesseiro do garoto.

Ladybug então fez tudo voltar ao normal e por último purificou o akuma, se sentindo muito mais tranquila depois que seus poderes voltaram. Era horrível se sentir impotente.

— Oi amiguinho, o que houve? – se abaixou ao lado do garotinho.

— Ah Ladybug, eu vi um filme na televisão e era de terror! – abraçou a heroína – Aí eu fui dormir e tive um pesadelo horrível. Quando acordei tinha uma borboleta preta no meu quarto. Um cara sinistro falou bem no meu rosto.

— Está tudo bem agora. Vou levar você pra casa. – ficou de pé com um sorriso e o garoto a abraçou novamente.

— Ladybug! – Chat Noir chamou a atenção da heroína, antes que ela saísse. – Não esqueça que você é a lady dos meus sonhos! – piscou e mandou um beijo para ela, que sorriu com o comentário.

Em seguida, o herói desejou um boa noite rápido e saiu. Ladybug então, tratou de levar o garotinho para casa, pois ainda precisava passar na casa de Mestre Fu e dar algumas explicações.

***

— Wow, hoje foi tenso! – Adrien admitiu, se ajeitando na cama de Marinette.

— Realmente. Pensei que a gente poderia ter evitado os disparos, mas no fim não deu. – dizia enquanto penteava o seu cabelo – Foi horrível não ter poderes!

— E foi horrível ver você tentando me fatiar! – eles riram.

— Não acha que é meio irônico a gente enfrentar um akuma de pesadelos dentro de um sonho?

— Acho. Mas nada como uma boa noite de sono ao seu lado para os pesadelos irem embora.

— Você vai ficar mal acostumado se ficar dormindo todas as noites aqui.

— Como se não dormíssemos várias vezes um na casa do outro.

— É, tem razão. – Marinette sorriu e apagou as luzes, deixando a apenas a cortina aberta, para que a luz da lua iluminasse uma parte do cômodo. – Eu estava pensando, acho que seria uma boa a gente não comentar com ninguém da escola sobre nós. – deitou ao lado dele.

— Por quê?

— Não sei, pode ser que interfira na história. Talvez não seja uma boa ideia mexer muito.

— Entendi. Faz sentido. – assentiu – Ok, não vamos contar.

— Mas isso não significa que você não pode me beijar enquanto eles não estão olhando e coisas do tipo. – sorriu, se aproximando mais ainda dele. A garota encostou no peito dele, fazendo um carinho por cima da blusa – Isso, é claro, se você quiser.

Adrien pousou sua mão sobre a bochecha dela e selou os seus lábios. Quando se separaram, sorriram um para o outro de modo apaixonado.

— Eu seria completamente maluco se recusasse.