Marinette se despediu dos pais, que saíram para um jantar com os pais de Adrien. Depois, foi para a cozinha acompanhada do melhor amigo.

— Acha que devemos fazer dois baldes de pipoca? – Adrien questionou.

— Sim, você sempre come à mais. – ele riu, era verdade.

Depois de aprontarem tudo, os dois melhores amigos se aconchegaram em um cobertor fofinho no chão da sala, que estava coberto por almofadas. Adrien não tardou em ligar a televisão, logo começaria o seriado favorito da dupla “As Aventuras de Ladybug & Chat Noir”.

Todos os sábados Marinette e Adrien se reuniam na casa um do outro para assistir os episódios, e hoje seria um dia mais do que especial, o aguardado final da segunda temporada, aonde todos os heróis com Miraculous— Ladybug, Chat Noir, Rena Rouge, Queen Bee e Carapace — se reuniriam para derrotar o terrível Hawk Moth, cuja identidade ainda era um mistério para os espectadores. Marinette achava que o vilão era o pai de Chat Noir, já Adrien, achava que não era possível, mas ainda não tinha uma teoria formada. Os dois viviam discutindo isso.

— Será que vamos descobrir a identidade do Hawk Moth hoje? – a azulada questionou, empolgada.

— Não sei, mas espero que sim. Assim você para de falar que ele é o pai do Chat Noir. – Marinette iria retrucar e citar todas as evidências que apontavam que ela estava certa, porém a abertura da série começou, então os dois pararam instantaneamente e prestaram total atenção na televisão.

Os quatro heróis conversavam entre si, enquanto os olhos de Ladybug se moviam, analisando Hawk Moth e seus akumas, pensando em uma estratégia.

— Então, my lady, qual é o plano para derrotar o Hawk Moth? – Chat Noir questionou, escorando seu bastão nas costas.

— O plano é...

Assim que a heroína ia falar, todas as luzes da casa se desligaram.

— NÃO! – Marinette e Adrien gritaram em uníssono quando a televisão apagou.

— Por que justo agora? – a garota choramingou, enquanto Adrien tateava o chão à procura do seu celular.

— Não faço ideia. – finalmente achou o aparelho e ligou a lanterna, indo para a janela da casa – É, pelo jeito não foi só aqui. – disse ao notar que a rua inteira estava um total breu.

— Ah! – Marinette permaneceu no mesmo lugar – O que vamos fazer?

— Esperar? Talvez tenha apenas caído a energia e logo eles religam.

— Espero que sim. – Adrien sentou novamente ao lado de Marinette e escorou o seu celular em uma almofada, pra iluminar o cômodo.

Os dois começaram a conversar sobre coisas aleatórias, enquanto comiam a pipoca, os doces e tomavam o refrigerante. Enquanto isso, a luz ainda não tinha voltado e Marinette já estava se sentindo sonolenta.

Adrien começou a falar sobre como imaginava que seria o episódio final da temporada, e quando notou, Marinette dormia adoravelmente no seu ombro. O loiro deu um sorriso, desligou a lanterna do seu celular e escorou a cabeça na de Marinette, pegando no sono logo em seguida também.

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Marinette acordou e notou que estava na cama, Sem saber como chegou ali, repassou a noite anterior rapidamente em sua mente. Será que Adrien tinha a levado? Ou tinha sido o seu pai? Por que sozinha ela tinha certeza de que não foi.

Sentou na cama e bufou, frustrada por não ter conseguido ver o episódio final de “As Aventuras de Ladybug & Chat Noir” e esperando que Adrien não tivesse pesquisado na internet para assistir sem ela. Contudo, quando abriu os olhos de fato, seu cérebro parou de funcionar por alguns minutos. Aquele não era o seu quarto.

— Mas o que... – murmurou baixo, olhando em volta. O cômodo todo cor-de-rosa era familiar, mas não sabia de onde.

— Bom dia, Marinette. – ouviu uma voz adorável e olhou para o lado, se deparando com uma criaturinha incrivelmente fofa.

Espera! Aquilo era um kwami?

Foi aí que a ficha caiu. É claro que aquele quarto era familiar, era o quarto da Ladybug, do seriado de televisão favorito dela. Mas o que ela estava fazendo ali?

— Isso é algum tipo de pegadinha? – Tikki a encarou confusa – Foi o Adrien, né? – levantou e começou a procurar o melhor amigo – Adrien? Já pode sair! Não sei como você fez tudo isso, mas estou seriamente assustada! Então já... – parou de falar assim que viu as fotos de Adrien espalhadas e coladas pela parede do quarto.

— Pegadinha? – despertou dos pensamentos com a voz da kwami – O que é pegadinha?

— Como você... – cutucou a criatura vermelha, que fez uma careta e se afastou.

— Ei!

— Você parece tão real.

— Isso é por que eu sou real.

— Não é não. Você é a kwami da Ladybug.

— Sim, a sua kwami. – o cérebro de Marinette parou de funcionar mais uma vez.

Se aquilo não era uma pegadinha de Adrien, com certeza era um sonho. Muito realista, porém um sonho.

— Está me dizendo que eu sou a Ladybug? – apontou para si mesma.

— Sim. – Tikki riu da confusão da sua portadora.

— Esse é melhor sonho do mundo! – levantou os braços e sorriu, deixando a kwami sem entender nada. – Então, eu posso... Me transformar? – questionou receosa. Nunca esteve tão lúcida em um sonho, muito menos um sonho tão incrível como o de ser a Ladybug. Então, iria aproveitar, pois sabia que poderia acordar à qualquer momento.

— É claro, é só dizer...

— Eu conheço as palavras. – a kwami sorriu. Marinette conhecia as palavras como ninguém. – Tikki, spots on! – a azulada fez os movimentos que Ladybug fazia durante a transformação, completamente maravilhada por parecer realmente estar se transformando na sua heroína favorita. – Wow! – se olhou na frente do espelho, encantada.

Rapidamente se dirigiu até o terraço e segurou seu ioiô, olhando para o horizonte. Antes de saltar, caminhou até o parapeito e olhou para baixo.

— É um pouco alto. – riu nervosa. Contudo, deu de ombros, era apenas um sonho, certo? Marinette então jogou seu ioiô em uma das gárgulas da Catedral de Notre-Dame. – Hã... É só... – puxou o fio e logo foi puxada pelo ioiô – AAAAAA! – gritou enquanto voava sem saber aonde pararia. Era muito mais difícil do que parecia e naquele momento, o sonho estava bem realista.

— Mas o que... – Chat Noir olhou para cima, assim que ouviu um grito. O loiro estava se equilibrando no bastão, animado por acordar como seu super-herói favorito. Ou dormir, já que aparentemente era um sonho. – Ladybug? – antes que pudesse sequer pensar em fazer algo, a heroína caiu por cima dele e os dois foram envolvidos pelo fio do ioiô, ficando pendurados de cabeça para baixo, no bastão. – Ah... Oi.

— Oi. – respondeu quase sem fôlego por gritar durante a queda e por estar cara a cara com o seu crush supremo. Marinette nunca admitiu para Adrien, pois achava que ele riria dela por ela ser apaixonada por um personagem inexistente. Mas agora ela estava de frente para o personagem, mesmo que fosse um sonho.

O que Marinette não sabia, é que seu melhor amigo também babava por Ladybug e o desespero tinha batido nele, ao estar tão perto da heroína.

— Isso... É mais difícil do que parece. – Marinette disse, enquanto ainda balançavam de cabeça para baixo.

— Sim. Eu... Também estou aprendendo. – como assim aprendendo? Foi aí que Marinette lembrou das fotos de Adrien coladas na sua parede.

— Espera! Adrien?

— Adrien? Quem é Adrien? – riu nervoso e Marinette revirou os olhos.

— Sou eu, a Marinette.

— Marinette? – arregalou os olhos.

— Sim. O que você tá fazendo no meu sonho?

— Eu é que pergunto, o que você tá fazendo no meu?

— Nós dois estamos sonhando o mesmo sonho ao mesmo tempo? Como isso é possível?

— Não é Natal, mas parece eu achei um presentinho para o Hawk Moth! – uma voz desconhecida falou, atraindo a atenção dos heróis. Em seguida uma risada escandalosa foi ouvida, era Climatika, um dos akumas de Hawk Moth.

Um raio foi lançado na direção da dupla, que por pouco não foi atingida.

— Ladybug?

— Sim?

— Tira a gente daqui agora! – Adrien pediu desesperado e Marinette simplesmente soltou o ioiô, fazendo os dois caírem de bunda no chão. Logo, o bastão caiu na frente do loiro, que o guardou nas costas. – Corre! – segurou a mão da amiga e saiu correndo o mais rápido que podia.

— Ah, que sem graça! – a vilã revirou os olhos, indo atrás da dupla.

Os dois viraram a esquina e Adrien rapidamente puxou Marinette para dentro de um beco e se escondeu atrás das latas de lixo, enquanto observavam Climatika passar por ali, à procura deles.

— Isso tá mais pra pesadelo do que sonho! – Marinette se escorou na parede e deslizou até sentar no chão, cobrindo seus olhos com as mãos.

— É, eu sei. – o garoto sentou ao lado dela – O que vamos fazer? Achei que fosse só imaginar que ela sumiria, mas eu tentei e não aconteceu nada. Pelos visto não controlo o sonho como pensei.

— E se... Não for um sonho? – retirou as mãos do rosto devagar, atraindo a atenção de Adrien.

— O que está dizendo? Se não é um sonho, o que seria?

— E-Eu não sei. Mas tudo isso é muito estranho. Não parece real demais pra você? – Adrien assentiu, a primeira coisa que pensou ao acordar no quarto de Chat Noir, era que de alguma forma Marinette tinha feito uma pegadinha com ele. Depois se convenceu que era o sonho mais realista que já teve, porém agora, já não sabia mais.

— De qualquer jeito, acho que ela não vai embora tão cedo. – disse ao ouvir as explosões causadas pela vilã.

— O que vamos fazer? O que vamos fazer? – Marinette questionou nervosa. Ser a Ladybug não parecia mais tão incrível quanto antes.

— Bom, somos o Chat Noir e a Ladybug. Acho que temos os poderes deles, então...

— Não está sugerindo que a gente enfrente ela, está?

— Sim. É assim que funciona na série.

— Não, não, não! – a garota gesticulou mexendo os braços freneticamente – Não podemos enfrentar ela!

— Você está com medo?

— Sim. Você não? – Adrien riu.

— Também estou, mas agora não somos Adrien e Marinette. Somos Chat Noir e Ladybug. – a azulada voltou sua atenção para ele, que esboçou um sorrisinho. – Não se preocupe, qualquer coisa eu seguro a sua mão, my lady.