Depois do amanhecer escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 11
Mamma




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P.O.V. Genevieve.

Eu fiquei presa entre os mundos por séculos, assistindo enquanto meus filhos eram transformados em bestas. Abominações.

Enquanto via minhas crianças tão amadas, amáveis, minha doce Jane que me colhia flores tornar-se uma torturadora brutal, meu nobre menino Alec que protegia sua irmã á qualquer custo, que até foi surrado por defender sua honra uma vez transformar-se num ser sem alma.

Depois de um relativamente complexo ritual de ressureição pude voltar para o meu corpo. Sim, como podem ver sou muito jovem, mas as coisas eram diferentes na minha época. Mulher eram feitas apenas para serem mães e esposas, éramos treinadas para sermos subservientes. Nossa única função era trazer crianças para este mundo.

Eu amava o meu marido Percival com todo o meu coração e depois que ele morreu fiquei sozinha e tive que voltar para as artes negras para proteger a mim mesma e aos meus filhos. E eu gostava das artes negras, não serei hipócrita em mentir. E nunca fui pega, mas meus filhos não foram tão sortudos.

Seus dons eram estonteantemente potentes. Eles faziam magia por puro instinto. E isso chamou a atenção do povo do vilarejo.

Eu morri tentando defendê-los. Então, eu compreendo a dor desta nova mãe. Mais do que imaginam.

E como eu disse, na minha época mulheres eram escravas parideiras, se não podíamos conceber, éramos inúteis. Então, tive que fazer um acordo. Um acordo do qual não me orgulho, mas eu era jovem tentando sobreviver num mundo onde era muito difícil fazer isso. E eu estava desesperada, se eu não tivesse um filho logo... meu marido me abandonaria por uma mulher mais jovem e eu seria desgraçada.

P.O.V. Jane.

Nós ouvimos e sentimos a aproximação da pessoa a quilômetros. E quando apareceu, não fez a menor questão de se esconder. Era uma garota de mais ou menos uns dezessete anos.

Na verdade, estava coberta de sangue. O que atiçou a sede dos vampiros e com um aceno de mão, ela os massacrou a todos. Quando avançaram.

Os olhos deles viraram uma pasta. E eles caíram mortos.

—Dor.

Ela gritou e agonizou. Mas, revidou. Eu senti uma dor terrível na minha cabeça. Sabia o que era aquilo, era o vodu das bruxas. Ela era uma bruxa.

—Minha querida, Jane. Isso é jeito de receber a sua mãe? O que houve com a garotinha que me trazia flores? 

Então, ela parou.

—Você não pode querer que eu acredite que é minha mãe.

—Em carne e osso. Renascida dos meus próprios restos. Meu túmulo está vazio. Pode checar se quiser.

Nós verificamos e o túmulo realmente estava vazio e pior, foi cavado de dentro pra fora. Então, trouxemos ela para dentro e ela pode se lavar. Mas, a roupa que escolheu não era muito... moderna. Um vestido do século quatorze.

—Você gosta de dor não é, querida?

Eu não respondi. Estava examinando ela, e ela parecia muito comigo. Bem, eu parecia com ela.

—Eu sinto muito por torturar você.

—Não se incomode, aquilo não foi nada. Já experimentei dores muito piores. Espere até que tenha uma criança, você nem consegue imaginar a dor. Oh, mas você não pode. Porque aquele ser desprezível transformou-a numa besta antes mesmo de você florescer. 

—Ele nos salvou.

—Salvou? Você chama isso de salvar? Somos iguais meus filhos, aquela criatura lhes condenou á uma vida de subserviência. Alimentando-se do sangue de outros para sobreviver. Vocês torturaram e assassinaram crianças. Meus filhos morreram naquele dia. Não morreram na estaca, mas morreram. Você era uma filha e agora é um monstro.

Pensei que minha mãe ficaria orgulhosa de mim, de nós. Mas, não estava.

—Então porque vir aqui? Para esfregar isso na nossa cara?

—Não. Venham cá crianças, sentem. 

Meu irmão e eu nos sentamos.

—A maior honra da minha vida foi quando descobri que estava grávida. De vocês. Eu queria um filho e Deus deu-me dois. Mas, você e seu irmão sempre foram difíceis. Mesmo quando nasceram eu fiquei em trabalho de parto por um dia e meio para trazê-los para este mundo. Quase me custou a vida. Como eu disse, vocês não podem imaginar a dor. Eu gritei tão alto que tinha certeza de que seu pai me ouviria da floresta.

—Meu pai não estava com você?

—Percival estava caçando. Esse era o seu costume.

—Tive mais filhos depois de vocês. Mas, sempre foram meus favoritos. Eu sei, não deveríamos ter favoritos, ainda assim... somos apenas humanos. Bem, eu sou. Me lembro que quando a minha hora estava próxima Percival foi para a floresta com seu cavalo, seu machado, seu arco e flechas. E quando ele retornou me presenteou com peles e botas de couro e eu o presenteei com dois bebês. Não era uma troca justa eu sei. E realmente não o queria lá. Eu tinha a parteira do vilarejo algumas ervas e um punhado de feitiços. 

—E o que aconteceu com o nosso pai?

—Guerra. Percival era um soldado. Um general. Morreu no campo de batalha. E depois disso cuidei de vocês sozinha até o dia quando morreram. Ficariam felizes em saber que lutei por vocês até o fim. Quando acordei, estava numa cama, longe do vilarejo. Quando soube de sua morte... foi pior do que a dor que senti quando nasceram. Eu era uma viúva, mas era jovem. Então fui vendida. Casei com um rico senhor de terras e tive seus filhos. 

—E como você morreu?

—Vocês escaparam da histeria de bruxas, escaparam da fogueira. Eu não. Mas, meu Coven recuperou meu cadáver e fui enterrada nesta cidade nojenta. Fiquei presa entre mundos por séculos porque as bestas como vocês não sabiam como realizar uma consagração apropriada.

—E porque está de volta?

—Porque seu irmão teve um filho. Um primogênito e este primogênito deve morrer.

—Ela já morreu.

—Oh, meus pêsames, mas foi para melhor.

—Porque?

—É melhor que vocês se sentem. Essa não é uma história agradável.


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