I Don't Even Know Your Name escrita por mars


Capítulo 6
Chapter FIVE




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James não sabia dizer a quanto tempo estava sentado naquela poltrona, vendo centenas de vídeos ao lado dos três colegas de banda. Amanhã seria o show de encerramento da turnê, e eles precisariam escolher o videoclipe vencedor dos ingressos até as duas horas da tarde. O que significava que eles estavam desde as dez da manhã assistindo vídeos sem parar, selecionando os melhores deles.

— Tudo bem — disse Arthur Weasley, o produtor músical da banda, quando os quatro finalmente terminaram de assistir o último vídeo. — Agora, preciso que vocês entrem em consenso e escolham um entre os vídeos que selecionaram como os melhores.

Sirius lançou a Arthur um olhar cansado, mas o ruivo apenas lhe ofereceu um sorrisinho e saiu da sala, dizendo que voltaria em dez minutos para eles anunciarem o vencedor.

— Eu escolho o vídeo em que a garota estava fazendo malabarismos no ritmo da música. — disse Sirius, se jogando no sofá e fechando os olhos.

Seus fãs haviam mandado vídeos de todas as formas, alguns cantaram a música, outros dançaram, teve até quem fez um monólogo da canção. James havia gostado do último, e estava pensando seriamente em votar nele, quando Remus interrompeu os pensamentos do garoto.

— O que vocês acharam daquele em que eles montaram o nome da banda com fotos nossas? — perguntou, encarando os amigos.

— Ah, aquele era legal! — disse Peter, que até o momento estava distraído com o violão que encontrara na sala.

— Vocês não gostaram mesmo da garota malabarista, né? — Sirius murmurou, ainda com os olhos fechados.

James sabia que seus fãs eram talentosos, e os vídeos que viram só comprovou isso. Mas ele sentia que havia algo faltando, que ainda não tinham encontrado o videoclipe vencedor, e sabia que os amigos pensavam a mesma coisa. Porém, eles não tinham mais tempo. Deveriam anunciar o vencedor em alguns minutos, e ainda não tinham chegado a uma conclusão.

— Ok — disse, se dando por vencido.  — Então vai ser o vídeo da montagem com as fotos.

Ignorando os resmungos de Sirius, os outros dois garotos concordaram. James se levantara para ir avisar Arthur da escolha, mas o ruivo apareceu na porta da sala no mesmo momento.

— E então, decidiram?

— Sim. — Remus disse, indicando o vídeo na tela do notebook.

Arthur assentiu com a cabeça, indo até o notebook e digitando alguma coisa nele. Após alguns minutos, se virou para os quatro.

— Aqui está o nome da fã vencedora. — ele apontou para a tela do computador — Eu irei fazer um tweet na conta oficial da The Marauders anunciando, e vocês só precisam retweetar em seus perfis e gravar stories a parabenizando.

Os quatro garotos assentiram, já pegando seus próprios celulares para fazerem o que o produtor pediu.

Eles conheceram Arthur no Hard Rock Cafe, em uma das noites que haviam sido convidados por seu amigo Amos para tocarem lá. Arthur tinha apenas 18 anos quando se conheceram, mas era filho de um produtor famoso em Londres, e apresentou a banda para o pai, que gostou muito da música deles e ofereceu um contrato para eles gravarem. O que eles não esperavam, é que a banda faria tanto sucesso tão rapidamente, então Arthur assumiu o cargo de produtor da banda, ajudando-os com tudo desde então.

— Gente. — Chamou Peter, com o notebook nas mãos. — Tem um vídeo aqui que não assistimos...

Sirius resmungou, e Remus soltou um suspiro.

— Deixa pra lá, Worms. — James disse, dando de ombros. — Agora já escolhemos o vencedor.

Peter pareceu contrariado, mas assentiu, fechando o notebook e pegando o celular novamente.

Ao terminarem de gravar os stories, os marotos se despediram e seguiram cada um para suas respectivas casas, que se localizavam todas no mesmo condomínio. James, que já estava na sua, apenas se dirigiu até a cozinha, afim de comer alguma coisa. Ele estava animado com o grande show que aconteceria no dia seguinte, mas não conseguia se impedir de imaginar se uma certa garota de cabelos ruivos estaria no meio da multidão de fãs.

Desde que vira a garota na cafeteria durante a primeira apresentação de sua banda, ele não parou de pensar nos lindos olhos verdes que o encararam no meio da plateia. Ele se sentia um idiota, é claro, por pensar tão frequentemente em uma garota cujo o nome lhe era desconhecido. Todas as vezes que tocaram na cidade de Londres, James procurou por ela na plateia, mas nunca conseguiu encontrá-la. Ele achou que nessa altura do campeonato, já teria desistido, e seus amigos da banda até tiravam sarro de sua cara pelo fato de ainda procurá-la. Escrevera até mesmo uma música sobre ela, e outra, e outra. Escreveu sobre seus cabelos ruivos, e a forma que sorria. Ele não esquecera aquele sorriso durante os últimos anos.

Uma luz se acendeu no fundo da mente de James, e ele sabia o que era ao agarrar a tigela de cereal e correr para o cômodo onde ele passava a maior parte do tempo.

A sala com os instrumentos e aparelhos de gravação de James era a sua "fortaleza" em meio a loucura que era a vida de cantor. Naquele lugar, ele tocava, e gravava, e compôs músicas que se tornaram sucessos da banda. Ao sentar-se no grande sofá que ocupava grande parte do cômodo, James se esticou para pegar o caderno de composições que ele guardava atrás de uma das almofadas.

Então, pensando na mesma garota que ocupava seus sonhos e pensamentos durante os últimos quatro anos, James começou a escrever.

                          .•♪°♩•♫•♩°♪•.

Faziam exatas três horas que o turno de Lily havia iniciado, e a garota estava prestes a ter um colapso de nervosismo quando Emmeline entrou na enorme livraria.

A garota quase agradeceu aos céus por enviarem a amiga ali. Por estar trabalhando, Lily não podia pegar o celular para ver quem havia ganhado o "sorteio" dos ingressos. Ela não sabia se queria ver, na verdade...

— Oi, Lils. — Emmeline se aproximou do balcão onde a ruiva estava. Ao ver a expressão da amiga, Lily se preparou.

— Diz logo, Emme. — ela disse, e a garota suspirou.

— Não ganhamos. Marlene está muito abalada. Se recusou a vir até aqui comigo, e não quer nem sair do quarto.

Lily respirou fundo, engolindo a decepção. Ela queria tanto conseguir aqueles ingressos para a amiga, e deu o seu melhor para que isso acontecesse. Aparentemente, seu melhor não foi bom o suficiente.

— Eu sinto muito... — murmurou a ruiva, mas Emmeline a interrompeu antes que pudesse falar qualquer outra coisa.

— A culpa não é sua Lily, você foi incrível.

Antes que pudesse responder, Lily ouviu gritos do lado de fora da livraria. Ela correu até a janela, preocupada, e viu que haviam muitas pessoas do lado de fora. Ou melhor, muitas adolescentes. As jovens gritavam e eram barradas por seguranças, impedindo-as de chegar até qualquer que seja a pessoa que estava ali.

— O que está acontecendo? — indagou Emmeline, tentando olhar pela janela.

Lily se virou para dizer que provavelmente alguma celebridade estava na rua, quando as grandes portas da livraria se abriram. Um garoto alto de cabelos castanhos claros entrou, ofegante, e parou na porta, tentando recuperar o fôlego.

A garota piscou. Emmeline precisou conter um gritinho ao seu lado. O rapaz olhou para as duas, e sorriu. Então, após acenar com a cabeça, Remus Lupin se dirigiu até as imensas prateleiras de livros e sumiu atrás delas.

— Ele... — a amiga de Lily tentou falar, mas não encontrou as palavras certas.

— Marlene vai enlouquecer. — Foi tudo o que Lily disse.

As amigas se encararam, e Lily precisou conter o riso. Quais eram as chances de que um dos integrantes da banda The Marauders — a mesma banda para qual elas gravaram um videoclipe afim de conseguir ingressos para o show — tivesse acabado de entrar na livraria que Lily trabalhava?

Lily caminhou novamente para o balcão em que estava alguns minutos antes, com Emmeline em seu encalço. A de cabelos pretos digitava rapidamente em seu celular, provavelmente contando para Marlene quem havia acabado de passar pela porta.

Lily imaginou que a loira estivesse querendo cometer um crime de ódio por não ter ido na livraria com a amiga.

Alguns minutos se passaram antes do garoto sair de trás das prateleiras, com alguns livros nas mãos. Ele se dirigiu até o balcão onde Lily e Emmeline estavam.

— Boa tarde. — Remus cumprimentou, com um sorriso simpático no rosto.

Lily respondeu ao cumprimento, pegando os livros que ele havia depositado na balcão de madeira da livraria, e checando os preços.

— Você é nova aqui? — O músico perguntou, surpreendendo Lily por puxar algum assunto em meio ao silêncio ensurdecedor que preenchia o local. — Digo, na livraria?

— Comecei a trabalhar aqui no verão passado. — respondeu Lily, terminando de verificar os preços dos livros. — Serão vinte libras.

— Ah — disse Remus, entregando o dinheiro para a ruiva. — Então é por isso que nunca a vi aqui. Esse é o meu lugar favorito de Londres.

Lily sorriu.

— É o meu também. — Ela disse, e o garoto lhe devolveu o sorriso.

— Foi bom te conhecer... — Remus olhou para Lily, como se esperasse que ela lhe dissesse o seu nome.

— Lily. — ela completou, ouvindo Emmeline soltar a respiração que prendia ao seu lado. — E essa é Emmeline.

Remus olhou para a garota, lhe dizendo um "olá" em seguida. A garota sorriu.

— Oi! — Emmeline respondeu, empolgada. — Sou uma grande admiradora do trabalho de sua banda.

Parecendo lisonjeado, Remus riu, assentindo com a cabeça.

— Mas a nossa melhor amiga, Marlene — ela continuou — é uma verdadeira fã. Sério. Ela é completamente louca por vocês!

Lily riu, e Remus olhou para ela curioso. A ruiva assentiu com a cabeça, confirmando as palavras da amiga. Marlene era, de fato, completamente louca por eles.

— Fico feliz. Querem que eu autografe alguma coisa para ela? — O rapaz perguntou, gentilmente.

Emmeline imediatamente alcançou uma das cadernetas que Lily usava para anotar os livros que chegavam na livraria, e arrancou uma folha, entregando-a a Remus juntamente com uma caneta.

— Ela vai ficar tão feliz com isso! — Emmeline comentou, então pareceu se lembrar de algo. — Inclusive, nós enviamos um vídeo para vocês hoje de manhã.

Lily se encolheu. Ela não queria mesmo falar sobre o fracasso do vídeo que enviaram. Mas Remus pareceu interessado quando voltou os olhos para Emmeline.

— Sério? — Ele perguntou, olhando para as duas. — Isso é legal. O que fizeram para o vídeo?

Lily quis se esconder.

— Lily dançou. A gravamos dançando em vários lugares de Londres, e depois fizemos uma montagem. Ficou bem legal, na verdade.  — A amiga disse, e Remus franziu as sobrancelhas para a ruiva, intrigado. — Mas, como sabe, não vencemos. Marlene ficou devastada...

— Que estranho... — O rapaz disse, ainda com uma expressão intrigada no rosto. — Eu não me lembro de ter visto algo assim. Tem o vídeo aí?

— Não ficou tão bom assim. — Lily disse, querendo arrancar o celular das mãos da amiga que já procurava pelo vídeo em meio às milhares de imagens da galeria.

— Aqui. — Emmeline anunciou, estendendo o aparelho para Remus, que apertou o botão para o vídeo começar.

A ruiva se sentia envergonhada pelo fato de Remus estar assistindo o vídeo em que ela dançava, bem na sua frente. Mas sentia mais vergonha ainda pelo vídeo não ter sido bom o suficiente a ponto de Remus sequer se lembrar de tê-lo visto.

Quando Frank terminou de editar o vídeo, as garotas o assistiram e ficaram muito felizes com o resultado. Marlene, que estava exultante, dizia que havia saído da forma que imaginou, e que elas tinham muita chance de vencer. Lily sentiu orgulho do vídeo, de si mesma, e dos amigos, por terem conseguido fazer algo tão bom em tão pouco tempo. Mas elas não ganharam os ingressos, e Lily se sentiu culpada por ter falhado com a melhor amiga, por ter arruinado a chance que ela teria de realizar seu sonho.

Lily olhou para Remus, que assistia o vídeo com um olhar indecifrável no rosto. Ela estava prestes a dizer que ele não precisava assistir ao vídeo, quando o rapaz levantou os olhos da tela, com uma expressão surpresa. E então voltou a assistir, quase sem piscar até que o vídeo chegasse ao fim. A garota não sabia o que pensar daquilo.

Então, Remus encarou-a novamente.

— Você tem talento. — Disse, ainda com aquele olhar no rosto. — Você tem muito talento, Lily. Não acho que eu já tenha visto alguém dançar dessa forma.

Ela agradeceu, com a voz baixa.

— Nós não vimos esse vídeo. — Remus confessou, o que fez com que tanto Emmeline quanto Lily o encarassem, confusas. Então ele continuou. — Não sei o que aconteceu, mas não vimos. Eu lembraria se tivesse visto.

Lily abriu a boca para dizer algo, mesmo sem saber o que diria. Mas Remus continuou falando.

— Provavelmente foi algum erro das pessoas que separaram os vídeos... — Ele disse. — Eu sei que não o vimos, porque teriam vencido se tivéssemos. Assistimos todos aqueles vídeos esperando que algum como esse aparecesse, mas não apareceu. Eu... — Ele balançou a cabeça, então encarou as garotas. — Sinto muito por isso. Vocês fizeram um trabalho excelente.

Lily lutou para encontrar palavras, mas não as achou.

— Obrigada. — Foi tudo o que conseguiu dizer.

— Se importa de enviar esse vídeo para o meu celular? — Remus pergunta, se virando para Emme.

— Claro que não. — Ela disse, entregando o aparelho para que Remus adicionasse seu número nele.

As garotas assistiram enquanto o guitarrista digitava o próprio número no celular de Emmeline. O. Próprio. Número. Elas teriam o telefone de Remus Lupin. Lily não conseguia nem imaginar o nível do surto que Marlene teria ao ouvir isso.

Remus terminou de digitar e devolveu o celular para Emmeline, que imediatamente encaminhou o vídeo para ele. O barulho de mensagem recebida soou dos bolsos da jaqueta de Lupin, que sorriu.

— Obrigada, Emmeline. — Ele disse, e Lily riu da reação da amiga ao ouvir o próprio nome.

Remus olhou para fora, onde as fãs o esperavam, e suspirou.

— Eu preciso ir, mas foi realmente ótimo conhecer vocês duas.

— Foi ótimo te conhecer também, Remus. — Lily respondeu, sorrindo.

— Obrigada pelo autógrafo. — Agradeceu Emmeline.

— Digam á Marlene que eu mandei um oi. — O rapaz disse, e então olhou novamente para as janelas. — Me desejem sorte.

As garotas riram, e ele lhes direcionou um sorriso antes de pegar os livros que havia comprado e caminhar até a porta, acenando antes de desaparecer por trás dela.

Emmeline, então, encarou Lily. E caiu na gargalhada.

— Marlene nunca mais vai recusar me acompanhar para lugar algum. 

Lily riu ao imaginar a garota furiosa consigo mesma por não ter vindo até a livraria com Emmeline. Mas ela sabia que a amiga também ficaria mais do que feliz pelo autografo que recebera, e pelo oque o guitarrista lhe mandara. Ainda faltavam duas horas para seu turno acabar, e, graças a Remus, a livraria agora era invadida por algumas das adolescentes que estavam do lado de fora.

Emmeline, ao ver que Lily teria bastante trabalho pela frente, se despediu da amiga com um beijo na bochecha antes de sair pela porta da frente. A ruiva respirou fundo. Lá se fora a sua tarde tranquila no trabalho. Obrigada, Remus Lupin. Pensou. Mas sorriu enquanto caminhava até uma garota que havia pedido sua ajuda para encontrar algum livro.


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