Vidas Secretas escrita por Srta Poirot


Capítulo 7
A Fuga (Breaking the Law)


Notas iniciais do capítulo

Olá! Ansiosos pela continuação? O que será que Tony vai fazer?

Dica de música: Judas Priest - Breaking the Law (1980).



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So much for the golden future I can't even start

I've had every promise broken, there's anger in my heart

You don't know what it's like, you don't have a clue

If you did you'd find yourselves doing the same thing too

Breaking the law, breaking the law

Breaking the law, breaking the law.

Breaking the law, breaking the law

Breaking the law, breaking the law.

.

.

.

Malibu, 12 de novembro de 1985...

“Rhodey, preciso da sua ajuda urgente!”

“Tony? Nossa, o que aconteceu? Algo com Peter? Algo contigo?”

“Ainda não aconteceu nada. Mas eu tomei uma decisão e preciso da sua ajuda!”

“Do que você está falando?”

A voz de Rhodey era de pura preocupação. O que Tony estava querendo dizer?

“Eu não aguento mais! Eu preciso sair daqui e preciso tirar Peter daqui!” Tony deixou as lágrimas caírem livremente. Ele sentia raiva e desespero.

“O que Howard fez? Foi ele, não foi? Howard fez alguma coisa com você?”

“Dessa vez, ele foi longe demais. Ele disse que vai me mandar pro MIT e fazer com que eu fique lá direto. Sem retornar nos finais de semana, sem ver Peter.” Tony dizia entre soluços. “Eu sei que eu sou jovem e irresponsável, mas não consigo ficar longe de Peter. Não vou aguentar. É por isso que eu tenho que fazer isso.”

“Tony, calma! Fazer o quê? Explica pra mim.”

“Fugir de casa. Preciso fugir daqui e levar Peter para longe.”

“Calma, você não está pensando direito.”

“Sim, estou. E não é coisa do momento. Eu realmente tenho pensado nisso faz literalmente alguns meses.”

“E para onde... para onde você iria?”

“Eu não sei! Só pra longe! Quero ir pra longe.”

“Meu amigo, não sei em que eu poderei te ajudar. Talvez com conselhos. E aconselho a pensar de novo em outra opção.”

“Rhodey, preciso que fale com seu tio.”

“O quê? Meu tio? O que ele tem a ver com- Oh!”

“Preciso de uma identidade falsa. Não posso fugir sendo menor de idade e ainda mais com um bebê.”

“Meu tio mora em Las Vegas, eu já te disse.”

“Não tem problema. Meu plano é pegar o ônibus, eles não pedem identidade. Por favor, eu só preciso da identidade.”

Tony ouviu Rhodey suspirar e imaginou que ele estivesse pensando no assunto. Ele nunca quis causar problemas pra ninguém e, certamente, não para o Rhodey.

“Tudo bem. Eu vou ligar pro meu tio, mas você não pode me envolver nisso. Minha mãe vai me matar se soube e pior: Howard vai vir atrás de mim. Você já me contou sobre ele o suficiente para me fazer ter medo dele por uma vida inteira.”

“Ninguém vai descobrir, Rhodey. Aliás, ninguém deve descobrir.”

“Ele vai cobrar pelo serviço, mas vou pedir um desconto pra você, por ser meu amigo.”

“Obrigado, meu amigo.”

“Chame ele de Tio Josh, assim ele vai saber que é você o meu amigo. Não se preocupe com ele depois, ele sabe manter discrição.”

“Tenho uma pergunta: ele faz outros documentos também?”

“Que tipo você tá pensando?”

“Certidão de nascimento. Para o Peter.”

“Oh, sim. Vou avisar pra ele. Anota aí o endereço.”

Tony anotou o endereço em uma folha de papel.

“Assim que chegar em Las Vegas, vá direto para esse endereço, Tony. E cuidado com a polícia, por favor.”

“Não sei como te agradecer, Rhodey.”

“Queria muito saber para onde você vai.”

“Sinto muito, amigo. Howard irá atrás de você no MIT. Quanto menos você souber, melhor.”

“Então é um adeus. Cuide bem de você mesmo e cuide bem de Peter.”

“Vou tentar. Muito obrigado pela sua amizade e por tudo. Adeus.”

Tony desligou o telefone com muito pesar. Será que veria seu amigo de novo? Ou realmente era um adeus? Era melhor para Rhodey não se envolver tanto.

Tony correu pela segunda vez no dia. Dessa vez, ele apressou para juntar suas coisas. Ele pegou apenas alguns itens essenciais: escova de dentes, pasta de dentes, uma muda de roupa, sabonete... Qualquer coisa importante que ele poderia levar e evitar comprar. Ele esvaziou sua mochila escolar e pôs tudo dentro.

Antes de sair, Tony deixou um livrinho sobre sua cama. Um livrinho que tinha muito significado para ele, mas não iria levar em sua jornada.

Agora, berçário.

O quarto de Peter estava silencioso, mas a babá estava lá terminando de alimentar Peter. Ela o fez arrotar e limpou a boca dele. Tudo tranquilo.

“Ah, Sr. Stark! Chegou cedo hoje.”

“Pois é, eu tive... uma dor de cabeça e meu pai me deixou retornar pra casa.” Tony mentiu facilmente. “Onde está minha mãe?”

“A Sra. Stark saiu para comprar seu vestido de final de ano. Saiu há pouco tempo.”

Certo. A festa de fim de ano das Indústrias Stark é anual e Maria Stark sempre compra um vestido novo com antecedência. Ainda bem que ela não estava em casa, pois Tony não teria coragem de dizer adeus. Talvez até desistisse de sair.

“Escute, Natalie. Eu posso ficar com ele agora. Pode ir descansar.” Tony ordenou.

Natalie hesitou. “Seu pai me disse que você deve estudar primeiro antes de passar um tempo com o bebê.”

Tony segurou firme seu olhar. Ele havia limpado o rosto para tirar vestígios de choro e não gerar perguntas. Tony a desafiou a continuar ignorando sua ordem apenas com o olhar (técnica que aprendeu com Howard).

Natalie desistiu. “Eu suponho que, sendo seu filho, você possa ficar um pouco ele. Pelo menos, até seu pai voltar do trabalho.”

Ela transferiu o bebê para os braços de Tony e saiu do quarto. Tony pôs Peter confortavelmente no bebê conforto (o mesmo em que ele foi trazido para casa) e se apressou em preparar as coisas para ele. Pegou a bolsa de Peter e a encheu com fraldas, lenços, roupinhas, fórmulas, mamadeiras...

Tony pôs sua mochila nas costas, pôs a bolsa de bebê no ombro e pegou a alça do bebê conforto com Peter. Ele estava mais pesado do que quando nasceu, mas Tony não era fraco, iria aguentar o peso dele nem que não quisesse.

Tony parou em frente à porta de entrada da mansão. Ele olhou para Peter sonolento em posição deitada. “Eu sou muito estúpido. Desculpe, garoto, mas estou tentando fazer o que é certo.”

Tudo o que fez em seguida foi muito rápido. Tony saiu da casa e pegou um táxi até o banco. Ele pagou um valor a mais ao taxista para que ele mantivesse discrição de que ele estava no táxi com um bebê. No caixa eletrônico, o adolescente sacou o máximo de dinheiro possível. Era um absurdo o limite de saque de seu cartão, que só deveria ser usado em emergência. Bem, era uma situação de emergência. Feito isso, ele pegou outro táxi até a rodoviária de Los Angeles.

Na bilheteria, comprou passagens para Las Vegas. O ônibus saía em meia hora. Que sorte!, ele pensou. Tony embarcou no ônibus e deixou Los Angeles para trás.

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Las Vegas, 13 de novembro de 1985...

Tony estava aliviado que ninguém perguntou nada, nem comentaram nada. Talvez ninguém o havia reconhecido. Na verdade, ninguém de seu círculo social pegaria um ônibus para Las Vegas, mesmo assim, ele deveria ter colocado um boné para disfarçar um pouco. Bem, ele nunca havia fugido e nunca havia pegado um ônibus em sua vida.

Após um terço da viagem, o motorista fez uma parada em uma lanchonete noturna para que os passageiros pudessem jantar antes de seguirem o resto da viagem. Tony aproveitou e pediu encarecidamente que o dono da lanchonete fervesse água para preparar fórmula para o jantar de Peter, e depois trocou a fralda dele. Tony apenas pediu uma sopa para si mesmo.

O resto da viagem durou a madrugada inteira. Peter já conseguia dormir direto, o que facilitou Tony de descansar. Tony se inclinou para trás em seu assento, deu uma última olhada em Peter adormecido no bebê conforto em cima do assento ao seu lado e fechou os olhos. O sono veio rápido.

Mesmo de manhã, Las Vegas estava bem animada. Tony ouviu muito a respeito dessa cidade, sobre os cassinos, os hotéis, as festas... Tudo que acontecia à noite. Mas era de manhã quando chegou e havia pessoas em todos os lugares.

Sem perder tempo, Tony foi direto ao endereço que Rhodey lhe deu. Dessa vez, Tony decidiu levar Peter – que estava bem acordado – no braço. Ele pôs o bebê conforto no chão em frente à porta do endereço e bateu na porta com sua mão livre. Um homem em seus 40 anos atendeu a porta.

“Pois não?”

“Você é o Tio Josh?”

Os olhos do homem se arregalaram ao perceber que o amigo de seu sobrinho havia chegado. Ele abriu mais a porta para o adolescente entrar.

Joshua Rhodes não tinha cara de falsificador, mas se Rhodey disse que seu tio fazia o serviço, então Tony confiaria nele.

“Jim me ligou ontem dizendo que um amigo precisava dos meus ‘serviços’ urgentemente. Não faço mais esses ‘serviços’, mas vou abrir uma exceção pelo meu sobrinho.” Tio Josh deixou Tony se acomodar no sofá da sala. “Só que ele não disse quem era esse amigo. Agora vejo por que.”

Tony o olhou curioso. Será que Tio Josh sabia que ele era-

“Você é Anthony Stark, não é? Eu já te vi na primeira página de um jornal.”

Droga.

“Por favor, Tio Josh. Não me entregue às autoridades. O senhor não sabe o quanto eu preciso-”

“Calma aí, amigo do Jim! Quem falou em autoridades? Eu quero é distância de polícia! Eu vou fazer o que você quer, mas nada de polícia, entendeu?”

Peter se fez presente com um choro chateado e começou a sugar a própria mão.

“Desculpe, ele deve estar com fome.” Tony disse sobre Peter, e seu próprio estômago roncou alto.

Tio Josh riu. “E ele não é o único. Venha para a cozinha. Você pode preparar algo pra ele e um café da manhã pra você.”

“Obrigado pela ajuda.”

“Amigo do Jim é meu amigo também. Será um serviço rápido e logo você terá 18 anos, legalmente falando. Por falar nisso, trouxe a certidão dele?”

Tony pegou o documento e o entregou ao Tio Josh. O homem em questão os analisou acenando a cabeça positivamente.

“Sim, sim. Vai ser rápido. É fácil fazer. Você quer alterar mais alguma coisa além da idade?”

“Sim, nossos sobrenomes.”

“Tem razão, as autoridades vão procurar por um Stark. O que você sugere?”

Tony não sabia. Ele não havia pensado em um novo sobrenome para si. Ele olhou para Peter sugando a mãozinha impaciente e um nome surgiu em sua mente.

“Parkinson.” Tony não sabia de onde apareceu esse nome. “Tony e Peter Parkinson.”

“Vejamos, Anthony Edward Stark e Peter Howard Stark, ambos mudam para Parkinson.”

“Eu também quero mudar o segundo nome de Peter. Veja bem, é tradição da família Stark pôr o segundo nome do filho em homenagem ao avô. Sou Anthony Edward porque meu avô era Edward. Eu não quero que Peter tenha algo de Howard.”

“Então, o que sugere?”

Tony gostou que o Tio Josh o deixou tomar todas as decisões. Ele se sentiu mais confiante e determinado, e nunca havia tomado tantas decisões de uma vez em toda sua vida.

“Benjamin. O nome dele vai ser Peter Benjamin.”

“Benjamin.” Tio Josh repetiu em aprovação. “Significa ‘filho da felicidade’. Enfim, farei o serviço o mais rápido que eu puder. Sinta-se em casa.”

Tony agradeceu novamente e se apressou em alimentar Peter com fórmula. Após os dois terem tomado seu café da manhã, Tony ficou entretendo Peter na sala enquanto esperava pela volta do Tio Josh. A cada segundo, Tony ficava mais apaixonado pelo seu filho que fazia balbucios e movia os bracinhos para chamar atenção. Peter Benjamin. Assim que Tony fizer 18 anos, ele vai mudar oficialmente o segundo nome de Peter. Nada de Howard.

Tio Josh retornou de uma salinha que Tony desconfiou que era onde ele fazia seu trabalho. Quer dizer, onde ele costumava fazer. Tio Josh disse que não fazia mais falsificações, mas seu querido sobrinho pediu e ele abriu uma exceção.

“Olá, de novo. Estão quase prontos. Só preciso tirar uma foto sua.”

Tio Josh tirou a foto 3x4 de Tony e a acrescentou ao documento falso. Os documentos ficaram idênticos aos originais.

“Sei que não é da minha conta, mas-”, Tio Josh disse, “você não pretende usar o documento pra sempre, não é? Fingindo ser outra pessoa.”

“Não, eu só preciso usá-lo para pegar o avião.”

Tio Josh arregalou os olhos com a declaração de Tony. “Nossa, você está mesmo nessa de fugir, não é?”

“Preciso ir para longe. É a única certeza que tenho na vida.”

“E para onde você vai?”

“Nova York.” Tony não hesitou em responder. Ele sentiu que podia confiar no Tio Josh, mesmo que o tenha conhecido apenas a algumas horas. “Eu nasci em Manhattan e gostaria de voltar para lá. É o tipo de cidade que eu gosto.” Tony pegou Peter nos braços como se não o quisesse manter longe de si. “Só que...” Tony acrescentou, mas não continuou a frase.

“Só que...” Tio Josh o incentivou a continuar.

“Não sei. Se meu pai descobrir que fui à Nova York... Talvez seja o primeiro lugar que ele vá me procurar.”

Tio Josh acenou concordando. “Sugiro Queens ou Brooklyn. Ambos são bairros em crescimento e perto de Manhattan. Talvez consiga emprego mais fácil.”

“Obrigado pelas dicas.”

“Eu te darei uma carona ao aeroporto depois do almoço.” Tio Josh disse e fez uma careta. “Parece que o carinha aí sujou a fralda, hein?”

Tony também sentiu o cheiro vindo da fralda enquanto Peter piscava os olhinhos inocentemente.

Tony foi cuidar do Peter com o maior prazer. Esse seria seu trabalho pelo resto da vida e era melhor ele se acostumar.

Dali pra frente, seriam só eles dois.


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Notas finais do capítulo

Será que Tony vai conseguir pegar o avião sem ser reconhecido? E depois?

Até o próximo para descobrirem! ;)

Próximo capítulo: Um Novo Lar.



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