De volta para você escrita por Bhabie


Capítulo 6
Capítulo 6 - "What Makes You Beautiful"


Notas iniciais do capítulo

Só para deixar claro que esse cap é muito mais explicativo do que engraçado como vocês estão acostumadas, então ele pode ser um pouco cansativo mas é de suma importância para a história.

PS: Prestem MUITA atenção aos detalhes nos capítulos pq eu AMO colocar vários Easter Eggs sobre coisas importantes que vão acontecer e até sobre o final da história!
Se tiverem alguma teoria, comentem aí

@Bhabiefanfics

Segue lá no Twitter!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/779555/chapter/6

PDV Bella

 

— E ai, como foi?

Kate estava sentada no sofá de pernas cruzadas e a coluna ereta, apenas à minha espera. Me perguntei a quanto tempo ela estava naquela posição apenas para ter o efeito de mãe esperando o filho chegar da balada às três da manhã.

Fechei a porta e me sentei ao seu lado.

— Foi bem legal para falar a verdade. Achei que seria bem desconfortável, mas ele é muito fofo e engraçado – Deixei um sorrisinho surgir enquanto falava.

— Você já está gamadona nele! Fala sério, eu sou um cupido! – Ela perdeu sua pose colocando seus pés em cima do sofá assim como eu.

Revirei os olhos, me divertindo.

— Kate, eu não estou gamadona nele e nem ele em mim, apenas conversamos e pedimos desculpas um para o outro. Eu já te disse que vim aqui para estudar e não para ficar de casinho.

— Ele não está a fim de você!? Pelo amor de Deus, Isabella, ele só faltava te comer com os olhos, eu nunca o vi tão bobalhão em toda a minha vida! Na verdade ele sempre foi um bobão, mas pelo menos conseguia formar uma frase completa, diferente de hoje de manhã quando você estava na sala; quando você saiu, ele recuperou os sentidos e voltou a falar normalmente, ou seja: GAMADÃO!

— Hum, foi por isso que fez questão de me levar até o apartamento dele? Apenas para nos juntar?

Kate torceu os lábios e olhou para o teto, tentando disfarçar.

— Claro que não, eu apenas queria dar uma volta e...É claro que foi por causa disso! Eu amo filmes de comédia romântica e estou vendo uma acontecendo na minha frente!

XXX

Logo depois que voltei para a sala devidamente vestida, naquela manhã, encontrei Kate sozinha. Ela havia me dito que Edward fora para o hospital e que não queria que eu fosse por não querer mais me incomodar; então apenas dei de ombros, com um certo alívio por ele não estar mais ali depois do clima tenso que ficara e por ter que olhar para ele depois de uma quase noite de sexo que só eu lembrava.

Depois que arrumei toda a bagunça e tomei um café forte para afastar algumas pontadas que sentia na cabeça por conta do excesso de bebida, resolvi ligar para minha casa na Filadélfia, e dessa vez quem atendeu foi Alice.

— Bella! Como você está?  Aí faz frio? Como é seu apartamento? Como é a cidade? O Emmett continua assistindo aquelas coisas de nerd? Já conheceu a Kate? Conheceu algum gatinho? Isabella, quantas drogas você já usou? – Ela me atendeu desesperada.

— Respira, Alice, eu vou responder todas as suas perguntas – Eu ri da agonia da minha irmã, ela e Emmett costumavam ser bem falantes e extrovertidos, parecidos comigo há algum tempo atrás.

Então fala logo! Eu estou ansiosa para saber tudo para quando chegar minha vez!

— Bom em primeiro lugar eu estou bem sim, obrigada; aqui não é tão quente como na Filadélfia no verão, mas dá para aguentar; o apartamento é super confortável, mas simples; a cidade é um ovo e não tem muita coisa interessante para fazer; o Emmett infelizmente ainda está corrompido pelos animes; sim, eu conheci a Kate e ela é muito legal, um amor de pessoa; talvez eu tenha conhecido alguém e até o momento usei apenas uma droga.

VOCÊ CONHECEU ALGUÉM!?— Ela realmente havia ignorado a parte onde eu confessei ter me drogado?

— É só o primo da Kate, bebemos juntos ontem, mas não foi nada de mais.

Me conte essa história direito Isabella! Vocês transaram?

— Alice! Você nem deveria saber o que é isso, deveria estar brincando de Barbie!

— Me poupe, eu já tenho 15 anos, não sou mais uma criança e já tive aulas de anatomia na escola, devo saber mais do que você sobre isso.

Apertei a ponte do meu nariz enquanto pesava se contaria ou não a história para ela. Nós sempre fomos muito próximas, mas essas coisas mais pesadas eu costumava dividir com Dolly por Alice ser três anos mais nova que eu, mas eu tinha que aceitar que ela estava crescendo e na idade dela, eu já fazia coisas muito mais pesadas, então decidi dizer tudo o que havia acontecido na noite anterior.

— Bella, você foi uma grossa! Coitado do garoto, ele deveria estar achando que foi abusado! — Ela me repreendeu ao final da história. Era tudo o que eu mais precisava: Minha irmã mais nova puxando minha orelha.

— Eu sei, a culpa está começando a bater agora, mas na hora eu fiquei com tanta vergonha e tão nervosa que não sabia como agir! –Me defendi.

A senhorita precisa ir pedir desculpas para ele, papai e Dolly não nos criaram assim!

Suspirei.

— Eu sei, vou fazer isso hoje mesmo.

— Isso maninha, aproveita e desencalha logo, não a vejo com alguém tem um ano.

— Allie, você sabe bem o porquê...

— Eu sei, eu sei, você e esse pensamento ridículo. Mas pelo menos já deu alguns passos e voltou a beber— Ela deu um risinho.

— Você deve ser a única pessoa da Terra que comemora que sua irmã voltou a beber – Revirei os olhos - E foi apenas ontem, não sairei mais dos meus planos.

— Tudo para ter aquela Bella legal de volta, minha linda. Bells, eu preciso desligar porque daqui a pouco vai começar o clipe da minha banda favorita na MTV.

— Banda favorita? Saiu da fase gótica onde apenas ficava trancada em seu quarto ou lendo alguma coisa na biblioteca apenas para parecer misteriosa?

— Sim, eu já superei isso. Agora com licença que “What makes you beautiful” já vai começar.

— Não me diga que é uma boyband, Alice. Por favor, não se torne aquelas adolescentes loucas que acham que vão casar com os caras.

— É uma boyband sim Bella, se chama One Direction e eles são os garotos mais lindos desse mundo! E eu vou casar com o Harry sim!

— Alice, para de ser iludida, eu nunca nem vi nem ouvi ele e tenho certeza de que ele não deve nem gostar de meninas, apenas segue o que os empresários falam para garotas bobinhas o seguir por aí.

— ELE NÃO É GAY E EU VOU PROVAR, O HARRY STYLES É O AMOR DA MINHA VIDA! VOU CASAR COM ELE NEM QUE TENHA QUE ESCREVER UMA FANFIC ONDE NOS ENCONTRAMOS POR UM ACASO EM UM STARBUCKS EM LONDRES E ACABAMOS JUNTOS!— Afastei o celular de minha orelha enquanto esperava o showzinho dela acabar.

— O que é fanfic? Não, esquece, fica ai com suas loucuras.

Começou a música. Tchau Bella e vê se dá uns beijos naquele cara.

— Tchau Ali...

Nem havia terminado de me despedir quando ela desligou na minha cara.

Bufei. Pré-adolescentes...

Ainda fiquei alguns minutos sentada na cama tomando coragem para ir pedir desculpas a Edward. Meu pai, Charlie, não aprovaria a reação que tive; ele sempre nos ensinou acima de tudo a admitir nossos erros e a sermos honestos, acho que principalmente para evitar sermos como nossa mãe. Me levantei decidida e fui até a sala para encontrar Kate assistindo a um filme.

— Oi Bella, achei que tava dormindo, quer assistir comigo? É uma comédia romântica que lançou faz pouco tempo, o nome é “Juntos pelo acaso”.

— Valeu Kate, mas vou deixar para outra hora. É...você sabe me dizer onde o Edward mora? Eu preciso ir pedir desculpas pelo jeito que o tratei mais cedo.

Os olhos de Kate se iluminaram.

— Eu te levo até lá! Não é longe e eu preciso ver isso – Ela se levantou e pegou as chaves do apartamento que estavam na mesa de centro, deixando o filme de lado.

Não discuti, sabia que até chegarmos lá, eu a convenceria a nos deixar sozinhos.

A segui pela porta sem nenhuma desculpa pronta e rezando para conseguir elaborá-la no caminho.

XXX

Joguei uma almofada na sua cara.

— Não vai dar certo!

Ela me olhou boquiaberta e pegou a almofada que havia caído no chão depois de atingir seu rosto, então sua expressão mudou para um sorriso divertido e seus olhos se semicerraram.

— Merda – Foi a última coisa que disse antes de ser atingida com força no braço esquerdo.

Corri até a poltrona que ficava em frente ao sofá e peguei a almofada de lá para usar como arma. Senti outro impacto em minhas costas e acertei outro na lateral de seu corpo quando sua guarda estava baixa.

Nos acertamos no mesmo instante e gargalhamos quando caímos no chão, uma ao lado da outra.

— Quer assistir aquele filme que eu estava vendo hoje mais cedo? Eu não esqueci da sua mensagem – Kate me perguntou depois que conseguimos parar com as risadas. Para fazê-la ir embora enquanto me desculpava com Edward, eu havia mandado uma mensagem prometendo que faria o que ela quisesse se nos deixasse sozinhos.

— Claro, vamos adocicar um pouco nossas vidas com esses filmes românticos! – Eu debochei com uma voz melosa e pisquei os olhos várias vezes.

— Idiota – Ela riu.

Ficamos o resto do dia assistindo comédia romântica e comendo besteira. Eu ria da Kate chorando do começo ao fim e de seus suspiros apaixonados, mas vez ou outra, me pegava suspirando junto com ela .

Eu conhecia Kate pessoalmente à apenas dois dias, mas eu sabia que já podia chamá-la de amiga.

No dia seguinte, resolvi dar uma volta sozinha no campus para me acostumar, mesmo Emmett já tendo me mostrado tudo, o lugar era muito grande para me lembrar de todos os detalhes.

Parei em frente ao prédio de medicina e fiquei o observando por um tempo enquanto meus pensamentos iam em como Charlie gostaria de me ver ali.

— Ele é muito bonito – Uma voz surgiu detrás de mim, me fazendo pular no lugar.

Edward riu.

— Você me assustou! – Coloquei uma mão em meu coração acelerado.

— Você que tava ai viajando na maionese.

Levantei uma sobrancelha, o coração agora já voltando ao normal.

— Está me seguindo?

Ele franziu o cenho e os lábios, seu rosto ficando levemente vermelho.

— Na verdade eu vim conhecer o campus para me adaptar melhor, mas já que te encontrei aqui, podemos ir fazer aquele passeio que estou te devendo – Ele afundou as mãos no bolso de sua jaqueta jeans.

Nem notei que sorria enquanto ele falava até eu ser obrigada a respondê-lo.

— E para onde o senhor me levaria hoje?

— Hum...você gosta de sorvete?

— Cara, morango é o melhor sabor do mundo!

Edward fez uma careta.

— Você está louca, querida. O melhor sabor de todos é choco-menta – Ele deu uma lambida em seu sorvete e me um arrepio subiu pela minha nuca. Me contorci com a sensação, deveria ser apenas o sorvete.

— Fala sério, esses sabores são totalmente opostos e exóticos. Apenas pessoas idosas gostam dele, pode notar.

— Ou seja: Apenas pessoas sábias que sabem apreciar um bom sorvete. Você já provou?

— Não – Eu ri balançando a cabeça por ser pega.

— Ah não Bella, você vai provar isso agora mesmo! – Ele nos fez parar de andar pela calçada vazia de uma das ruas ao redor do campus.

Edward me deu seu cone e esperou que eu provasse.

Suspirei quando vi que ele não deixaria aquilo quieto e provei.

— E aí? – Ele perguntou em expectativa.

— Hum, você tinha razão, - Ele sorriu vitorioso- não sou sábia o bastante para isso – Ele riu alto e eu engoli com dificuldade aquela coisa com gosto de chiclete.

Devolvi o cone para ele e voltamos a andar.

— Por que estava olhando o prédio de medicina daquele jeito? Parecia imersa – Ele comentou após alguns minutos.

Demorei alguns segundos para escolher as palavras certas.

— Sempre foi o sonho do meu pai ter algum de seus filhos fazendo medicina. Meus irmãos nunca ligaram muito para isso, então quando ele morreu me vi meio que na obrigação de realizar isso, por ele. Então eu estava pensando no quão ele ficaria feliz em me ver ali.

Edward se virou para mim, confuso.

— Obrigação? Então você não está lá por quê quer? Porque é seu sonho?

— É complicado...- Hesitei e lambi um pouco de meu sorvete. Não gostava muito daquele assunto.

— Não é não! Essa era a vontade de seu pai e não a sua! Os pais têm que entender que nem sempre os filhos conseguem atender sua expectativas...-  A voz dele se perdeu na última frase e seus olhos encontraram o chão.

— Eu só...sinto que devo algo à ele. Ele nos sustentou sozinho e ralou muito para guardar dinheiro para nossa faculdade.

— Eu lamento sua perda – Sussurrou num fio de voz.

— Eu também.

— Sem querer me meter muito na sua vida, mas já me metendo...o que aconteceu com a sua mãe?

— Fugiu com uma gangue de motoqueiros – Dei de ombros e comprimi os lábios para impedir uma risada.

— O quê!? Por essa eu não esperava! – Ele gargalhou.

Essa era a reação das pessoas quando eu contava, e já estava acostumada com isso então o acompanhei em sua risada.

— Desculpe por isso, é que é algo tão inusitado que fica difícil de acreditar – Edward se desculpou ofegante depois que se recuperou.

— Tudo bem, eu entendo o quanto deve ser difícil acreditar nessa história, mas eu juro que é real.

— Isso faz quanto tempo?

Nessa altura, já tínhamos dado a volta no quarteirão, terminado nossos sorvetes e voltado para o campus. Caminhamos sem pressa.

— Eu tinha uns cinco anos na época, não entendia direito o que estava acontecendo, mas claro que a Alice foi a mais atingida, ela tinha apenas dois anos. Talvez seja por isso que ela inventa tanto personagens assim.

— Personagens?

— É, ela gosta de ser uma pessoa diferente a cada semana. Há alguns dias ela era uma emo que amava preto, hoje ela é uma menininha apaixonada por uma boyband.

— Parece divertido.

Ri sem humor.

— Na verdade é cansativo tentar acompanhá-la.

— Eu imagino. E como ficou você e o resto da sua família?

Suspirei.

— Meu pai ficou super deprimido e depois disso, qualquer tempo que ele tinha se dedicada exclusivamente a nós. O Emmett tem um problema de compulsão alimentar e era bem gordo há alguns anos atrás, mas a Dolly, nossa babá, colocou ele na linha.

— Uma babá? Quantos anos você tem? 5?

Dei um empurrãozinho nele e ele sorriu.

— Eu tenho quase 18 anos, besta. E ela está mais para uma governanta.

— Isso é bem legal, mas você não me respondeu como se sentiu com isso.

Hesitei.

— Na verdade eu fui muito aquele clichê de filha rebelde e inconsequente. Eu dava muita dor de cabeça ao Charlie.

Edward arqueou as sobrancelhas e me encarou, seus olhos mostrando divertimento.

— Você? A não, conta melhor isso. Agora só falta dizer que não se chama Bella!

— E eu não me chamo Bella – Brinquei, mas Edward se virou para mim com os olhos quase saltando das órbitas – Edward? Você realmente achava que meu nome era Bella? Eu me chamo Isabella, Edward.

Ele tentou disfarçar, mas foi impossível não notar seu nervosismo.

— Hãn...talvez? Ah Bella, ninguém te chama de Isabella! Me dá um desconto!

Eu gargalhei enquanto o via ficar mais vermelho ainda.

— Para de me zoar. Anda, eu quero saber sobre a sua história – Ele mudou de assunto.

Minha gargalhada se transformou em um gemido de infelicidade ao me lembrar de minha época rebelde.

— Quando eu finalmente passei a entender o que tinha acontecido com minha família, eu comecei a ter muita raiva da minha mãe e também do meu pai porque eu achava que parte disso era culpa dele, então eu fui crescendo e a cada fase eu ficava pior. Primeiro eu apenas o desobedecia, depois eu passei a sair todos os dias sem hora para voltar, aí foi onde eu comecei a beber e fumar maconha e bom, a ficar com várias pessoas, se é que me entende – Torci a boca ao relembrar da minha primeira vez com James, um colega da escola dois anos mais velho, eu tinha apenas 15 anos e na época me pareceu uma boa ideia fazer essas coisas “proibidas” apenas para me sentir mais indomável, mesmo que tenha sida extremamente desconfortável - Eu piorei muito quando meu pai morreu e era assim até um ano atrás quando no aniversário de dois anos de sua morte eu acordei e me toquei de que eu estava sendo uma idiota e que isso traria nem ele nem minha mãe de volta, então fazer medicina é uma forma de me redimir, por isso o lance do “único dia”, eu não posso me descontrolar.

Ao final, ele parecia não saber o que dizer e encarava o chão.

Era a primeira vez que confessava isso para alguém fora meus irmãos e Dolly e me sentia estranhamente confortável em compartilhar minha vida com Edward, mesmo que não fizesse nem uma semana desde que havíamos nos conhecido, mas talvez eu tivesse contato à Kate se ela me desse a chance.

— Caramba, eu nunca iria imaginar isso, você parece estar bem diferente agora – Disse por fim – Mas mesmo assim, não justifica você fazer algo que não quer.

— Não justifica, mas explica. Nunca dei orgulho a ele então quero tentar fazer isso agora. Mesmo que tenha que deixar meus sonhos e minha verdadeira personalidade de lado por alguns anos. Vem, vamos sentar ali – Peguei em sua mão e o puxei para a grama.

Nos sentamos e fechei os olhos ao sentir o sol tocando meu rosto.

— E o que você realmente queria fazer?

Abri meus olhos e me deparei com Edward me observando, o sol forte que batia em seus cabelos, fazendo-o se tornar ruivo também o deixava ainda mais bonito.

— Parece bobo, mas eu adoro ensinar. Me faz feliz ver o progresso das pessoas quando ela executam algo que antes não sabiam fazer. Eu amava quando a Alice chegava com alguma dúvida da escola e eu a ajudava.

— Seus olhos brilham quando fala assim, fica lind... – Ele tossiu algumas vezes, parecendo aturdido – Lindo o...seu fascínio por ensinar, é isso.

Mordi os lábios, contendo um sorriso, mas pareceu não funcionar.

Ele baixou seu olhar e o acompanhei, encontrando nossas mãos pousadas na grama, a milímetros de distancia. Ele pareceu ponderar algo, e então entrelaçou seus dedos nos meus.

Prendi a respiração quando ele olhou em meus olhos.

— Bella, você precisa ser feliz fazendo o que gosta, não se culpe por seus anos de rebeldia, foi apenas uma fase, seu pai poderia ficar orgulhoso por estar estudando algo que ele sempre sonhou, mas tenho certeza de que ele ficaria chateado se descobrisse que está fazendo isso por ele, e não por você. Corra atrás dos SEUS próprios sonhos e não mude por ninguém. Sabe, mesmo já gostando dessa Bella, eu adoraria conhecer aquela Bella de um ano atrás, ela parecia ser mais solta e feliz.

Dei um meio sorriso.

Eu realmente era mais feliz antes quando não precisava reprimir o que queria fazer e bancar a super responsável.

— Obrigada, Edward. De verdade.

Ele sorriu, levou minha mão até seus lábios e a beijou com suavidade. Senti uma inquietação em meu estômago.

— Eu que agradeço por ter aceitado sair comigo.

Descolados nossas mãos. Mesmo gostando do contato, não sabia se ele tinha feito aquilo apenas para falar aquelas palavras de conforto ou se para me tocar. Não entendia essa tensão que havia se formado entre nós, quase como sendo um tabu o simples ato de esbarrar nossos dedos. Talvez isso fosse diferente se as circunstâncias daquele pós-festa fossem outras. Era irônico querermos ir devagar em algo que já tinha começado rápido.

Sustentamos nossos olhares por o que pareceram minutos, até sermos interrompidos por um som alto.

— O que é isso? É Toxic?

Franzi o cenho vendo Edward procurar por algo em sua roupa, desesperado.

— Ah, é...meu celular tocando.

Ele encontrou o aparelho e me pediu um minuto enquanto o atendia.

— Fala, Jazz...É sério? Que horas?...Beleza, eu vou chamar a Bella também...Sim eu estou com ela aqui...Não! Não estamos tentando perder a virgindade, meu Deus, Jasper...Tá, tá, tchau.

Ele ficou vermelho e desligou.

— Era o Jasper, ele disse que hoje a noite vai ter outra festa daquelas, e que é pra gente usar camisinha caso façamos algo.

Eu dei um risinho lembrando da reação dos irmãos dele quando me conheceram.

"Espero que meus irmãos e Dolly não sejam inconvenientes", me peguei pensando mas logo afastei a ideia. "Não seja uma emocionada, Isabella, você o conhece faz dois dias!"

— Então, você quer?

— O quê? - Minha voz soou mais alta do que o normal.

— A festa, você quer ir?

— Ah sim, a festa - Senti o suor se juntar em minha testa. Talvez fosse o efeito do sol quente - Er, é melhor eu não ir.

— Ainda o lance do "único dia" mesmo depois dessa nossa conversa?

Levantei os ombros.

— Quando eu coloco algo na minha cabeça é difícil de tirar.

Ele pareceu decepcionado.

— Ei, o toque do seu celular é Toxic, da Britney Spears?

Edward ficou mais pálido do que o normal.

— Ah, isso...é, Rosalie me avisou que era estranho mas...

— Ei, eu adoro a Britney - Sorri para tranquilizá-lo.

Ele soltou o ar que prendia.

— Sério?

— Sim, Toxic e Womanizer são as melhores músicas do pop para mim.

Seus olhos brilharam.

— Sim! Eu falo isso para os meus irmãos mas eles não entendem!

— Seus irmãos têm um péssimo gosto musical - Constatei séria.

Observei enquanto ele ria, seus olhos formando ruguinhas no canto e seu sorriso perfeito tão grande quanto o meu.

— Vamos sair desse sol, por favor? Estou fervendo nessas calças e você está começando a ficar vermelha.

Droga, a vermelhidão não era por causa do sol.

Nos levantamos e seguimos para fora do campus.

— Você deveria pegar mais sol, está parecendo um fantasma. Quando foi a última vez que foi à praia?

Edward fez uma careta e hesitou.

— Eu nunca fui à praia.

— Você o quê!? Ah não Edward, eu preciso te levar, você vai amar! Ficar deitada na areia com o sol em você e o som do mar ao fundo é uma das minhas sensações favoritas! Temos que nos organizar e ver qual a melhor rota e também a temperatura. Ah! Você sabe nadar né? Podemos ir fazer algum passeio de barco, vai ser incrível! - Terminei de falar e me virei para ele, em expectativa e o encontrei me olhando com um sorriso de lado e uma sobrancelha levantada.

— Aparentemente a conversa já está funcionando, você nunca falou tanto assim de uma só vez.

O cutuquei com o cotovelo.

— Agora se acostuma.

— Não estou reclamando! - Ele levantou as mãos em sinal de defesa.

Ficamos mais alguns minutos juntos até ele ter que voltar para casa e se arrumar para a festa, então segui para meu apartamento bem mais leve do que quando sai.

— Kate? – Chamei quando não a encontrei na sala de estar e nem na cozinha do apartamento estranhamente quieto.

Querendo tomar um banho o mais rápido possível por conta do calor, fui até meu quarto e me deparei um bilhete em cima da minha cama.

“Bella, você saiu e não levou o celular então estou me sentindo na idade média escrevendo bilhetinhos assim. Eu vou passar a noite com o Garrett aproveitando que os amigos dele foram a uma festa. Não sei quais seus planos para hoje, mas ainda tem bastante daquela comida de ontem na geladeira e uma pilha de DVD’s ao lado da televisão.

Ps: Apenas não destrua nossa casa de novo.

Beijos da sua melhor amiga, Kate”.

Suspirei. Parece que hoje a noite todos iam se divertir.

Até pensei em ir à festa, mas logo afastei a ideia me lembrando do quão fácil eu perdia o controle, então me contentei em tomar um banho demorado, colocar meu moletom mais rasgado e ir assistir algum dos milhares de filmes melosos de Kate.

Eu estava no meio de uma crise de choro depois de assistir “A última música” quando a campainha tocou me fazendo pular no sofá.

Fungando bem alto e forte e com o rosto ensopado, abri a porta sem nenhum pudor, encontrando com Edward do outro lado.

— Oi, o que você está fazendo aqui? – Desesperadamente, tentei secar minhas lágrimas e arrumar meu cabelo todo bagunçado.

— Oi. Desculpa vir sem avisar, é que a festa estava um saco e eu não conseguia parar de pensar em vo...voltar com a nossa conversa de hoje cedo – Ele tossiu e desviou o olhar, afundando suas mãos nos bolsos de sua jaqueta preta de couro que contrastava com sua pele; o cabelo estava menos arrumado do que na primeira vez que o vi, deixando alguns fios rebeldes livres, o que me deixou aliviada já que antes parecia com um tsunami acobreado.

— Ah...ah! Entra aí então – Dei passagem para ele.

Edward, parecendo nervoso, passou por mim e esperou até que eu fechasse a porta e me sentasse de volta no sofá, tentando parecer indiferente à sua presença para evitar a estranha felicidade que sua companhia me trazia.

— Eu estou atrapalhando algo? Você estava chorando? – Ele parecia preocupado, o que achei fofo e devo ter gaguejado antes de conseguir formar uma frase.

— Eu apenas me emocionei com um filme...nada de mais.

Edward se sentou ao meu lado com um sorriso torto nos lábios.

— Então você chora vendo filmes românticos? Achei que era apenas um estereótipo feminino.

— E é um estereótipo feminino, e eu não costumo chorar, mas esse foi muito bonito. Mas Emmett nunca pode saber disso ou nunca me deixará em paz – Dei uma desculpa esfarrapada tentando manter o que sobrara de minha dignidade.

— Não sei muito sobre isso, minha irmã costuma rir em filmes de terror e dormir em comédias românticas – Ele fez uma careta e eu dei uma risada baixa.

— O que acha da gente assistir “Diário de uma Paixão”? Assim você tira suas próprias conclusões.

Ele deu de ombros.

— Eu topo.

Assistimos até a metade com alguns comentários aleatórios até eu ver Edward pelo canto do olho tentando chegar perto de mim com movimentos mínimos.

Segurei uma risada, me divertindo com sua lentidão.

— O quê realmente veio fazer aqui? – Soltei quando não aguentei mais me remoer sobre sua aparição inesperada.

A pergunta não pareceu pegá-lo de surpresa, mas o fez despertar de seus pensamentos deixando-o com uma feição determinada.

— Eu vim te ver. Eu falei sério quando disse que aquela festa estava um saco, não foi a mesma coisa sem você lá.

Mordi o lábio enquanto pensava em uma resposta à altura daquilo.

— E assistir “Diário de uma Paixão” comigo de moletom rasgado e cara inchada está sendo bom?

Ele abriu um sorriso enorme.

—E como!

— Então, Lorde Edward, o que está esperando para me beijar?

Seus olhos faiscaram quando foram de encontro aos meus. Escorreguei pelo sofá, encurtando nossa distancia e deixando meu rosto a milímetros do seu.

Eu não conseguia mais evitar, eu sabia que a tensão que pairava entre nós era nada menos do que um desejo reprimido; e eu tive a certeza da parte de Edward quando ele bateu em minha porta.

Nossos hálitos se encontravam enquanto os encarávamos cheios de desejo. Eu podia ver a luxúria refletida em seus olhos e sabia que estava igual.

— Você é rápida – Ele sussurrou agora olhando meus lábios.

— Você vai ou não me beijar?

Suas mãos agarraram minha nuca e meu rosto e ele me puxou para um beijo profundo. Gemi em seus lábios com o contato que esperava há dois dias e retribuí o puxando para mim pela cintura. Dessa vez, não existia sangue, vômito, machucados ou embriaguez. Apenas um casal sedento se agarrando freneticamente em um sofá na madrugada de uma quinta-feira.

— Eu prefiro quando você não está bêbado – Disse ofegante ao me afastar um pouco.

Edward me levou de volta para o beijo e me deitou, puxando minhas pernas, me fazendo deslizar pelo estofado e encaixá-las em volta de seu quadril, se pondo sobre mim.

Uau! Para um virgem ele levava jeito.

Suas mãos subiram por minha cintura até adentraram minha blusa, que foi tirada com minha ajuda.

Ele aproveitou o momento que nos separamos e percorreu os olhos por meu colo totalmente descoberto.

— Você é a mulher mais linda que já vi.

— Acho que você ainda não tem muitas experiências como essa para afirmar algo.

Ele voltou a fitar meus olhos.

— Quando eu coloco algo na minha cabeça é difícil de tirar – Edward usou a mesma frase que eu havia dito mais cedo.

Sorri e voltei a colar nossos lábios.

O filme totalmente esquecido enquanto enchíamos a sala de estar de peças de roupas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu tenho duas ideias para capítulo bônus
1- O Edward na festa percebendo que queria mesmo era estar com a Bella

OU

2- O hot gostosinho do final

Comentem qual vocês mais gostariam de ler que eu faço (Ou tento)

(Caso o Hot for o mais escolhido, eu vou mandar no email ou no Twitter de quem pedir, então já escrevam eles ai bonitinhos no comentário com a preferência de vocês; mas posto aqui o bônus do Edward se for o mais escolhido)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "De volta para você" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.