Na festa de aniversário de Alexis...

— Eu nem sei mais o que eu faço, meninas... O Rick agora cismou que tem que ficar de olho na Alexis. – Kate desabafou para Lanie e Jenny, num tom divertido e ao mesmo tempo preocupado, revirando os olhos.

Apesar de estar dando atenção a todos os convidados do aniversário da sua filha mais velha, naquele momento Kate conversava com as três amigas.

— Como assim, o seu marido está de olho na Alexis? Explique isso melhor, Kate. Ela está com algum problema? – Lanie queria entender.

Kate, então, contou sobre o suposto namoro da filha com o Matheus e relatou o ocorrido no apartamento antes deles saíram para o aniversário da garota.

— Sério, Kate? Imagina! – Lanie comentou, completamente parcial, considerando que o Castle estava sendo muito antiquado — O Castle sabe que estamos no século XXI, amiga? – Lanie deu um sorriso sarcástico.

— Lanie, se depender dele, a Alexis tem que colocar um cinto de castidade até na boca. Acredita um negócio desse? – apesar de falar num tom divertido e até sorrir pelo que falara, Kate estava preocupada — Nunca vi um pai tão ciumento. Acho que ele pensa que minha filha vai ser freira... Só pode, né?

Ouvindo os comentários das amigas, Jenny franziu a testa e fez a sua avaliação — Amigas, na minha opinião, eu acho que o Castle está certo. Ele é o pai e tem mesmo que se preocupar com a filha e ficar de olho nela... Ah, amigas, a Alexis é só uma menina...

Atônitas com aquela avaliação retrógada de Jenny, Kate e Lanie olharam imediatamente para ela.

— Meu Deus! Até parece que eu estou ouvindo o seu marido falando... Sim, porque ele é muito antiquado, amiga! – Lanie retrucou e deu um sorriso irônico para a esposa do Kevin Ryan — Jenny, a Alexis tem dezesseis anos! Na idade dela eu já dava um monte de beijos dos meus namorados – Lanie deu um riso maroto — E você, amiga, nesta idade você já namorava ou ficava em casa brincando de bonecas, eihm? Fala sério!

Apesar de estar com uma maquiagem leve, deu para ver que a Jenny ficou rubra.

— Bingo! Pela sua expressão, querida, vejo que você brincava de médico, ao invés de brincar de bonecas...

Kate riu do comentário divertido de Lanie e a própria Jenny também sorriu.

— Não é bem assim... – Janny tentava emendar, mas gaguejou um pouco — Ah, tá... Tudo bem... Confesso que havia, sim, um garoto... Era um loirinho lindo! Ele era zagueiro do time de futebol e usava aparelho e era o mais inteligente da minha sala! As garotas eram loucas por ele, mas ele só tinha olhos para mim. Eu era apaixonada por ele e ele por mim... A gente dava uns beijos nas festinhas... E também na hora do recreio... escondidos...

—  Ah, então, quer dizer que você podia dar uns beijinhos nas bocas nos meninos, mas a minha filha não pode...— Kate questionou de um moto leve e engraçado e piscou o olho com malícia para Jenny e para Lanie.

— Ah, amigas, mas era outra época... – Jenny tentava argumentar.

— Justamente, Jenny, outra época... Se com dezesseis anos você dava seus beijinhos nos meninos, o que eu acho muito normal, imagina agora... muitos anos depois, eihm. – Lanie expressou sua opinião sincera— Eu também tive meus namoradinhos... Óbvio! Beijei muito! Dava muito beijo na boca... – com o jeito todo dramático e engraçado, Lanie fazia as amigas darem muita risada, tornando o assunto bem leve.

— E a Sara Grace, Janny, como é que você e o Ryan reagem? Ela tem quase a mesma idade da Alexis. – Kate indagou.

— Ah, Kate, nem me fale... – Jenny pareceu preocupada— O Kevin já avisou para ela que não quer nem mesmo ouvir falar sobre namorados... E eu nem posso interceder... A menina fica toda retraída.

— Isto é um absurdo! – Lanie comentou.

— Confesso que eu também acho um absurdo. – Jenny concordou— Mas eu fico com receio de ir de encontro com as ordens do meu marido...

— Hey, mas você é a mãe, Janny! – Lanie argumentou— Lá em casa, quando minha filha começou a namorar, o Javi até implicou um pouco... Vocês sabem, né, ele é latino e todo latino é machão, protetor, etc, etc, etc, mas eu o chamei para uma conversa franca e avisei que eu preferia minha filha namorando perto de mim do que fazer as coisas longe... Claro que ele ficou assustado com o que eu falei mas, como ele não gosta quando eu fico chateada... – Lanie piscou o olho com malícia para as amigas — ... então ele passou a enxergar esse assunto de namorado de um modo menos tenso.

— Ainda bem! Tenho esperança que o Rick também relaxe e pare com esse ciúme desmedido da Alexis.

— Mas com o meu filho a coisa é diferente... Javier fica todo bobo! – Lanie fez um bico, indicando que não aceitava aquela discriminação de gênero — Infelizmente ele faz distinção de posicionamento para o filho e para a filha... Claro que melhorou muito, mas precisa melhorar mais... O meu marido é um machão latino-americano! Meu filho tem lá as namoradinhas dele e o Javier não fala nada.

— Lá em casa também, Lanie... O Kevin fica todo orgulhoso quando o Nicholas Javier aparece com uma namoradinha nova. Esses nossos maridos, eihm...

— Com licença, garotas, não quero atrapalhar a conversa animada de vocês... – Castle olhou para a esposa e as duas amigas e nem ouviu o que elas conversavam — Kate, posso falar com você, um minutinho?

Kate olhava parra o marido, mas logo direcionou sua atenção para as amigas com um lindo sorriso — Meninas, eu já volto.

De mãos dadas com a esposa, ele a levou para a varanda da casa de eventos e segredou — Kate, eu não estou vendo a Alexis.

Ao sentir a aflição no desabafo do marido, Kate torceu a boca e expressou seu amor ao dar um sorriso lindo e, com o mesmo tom de voz baixo que ele usou, ela tentou abrandar o coração paterno dele — Meu amor, nossa menina cresceu!

— Mas Kate! – Castle sussurrou. Ele estava realmente tenso.

— Amor da minha vida, nossa filha deve estar com os amiguinhos... Devem estar conversando...

— Mas em que lugar ela está tendo esta conversa, Kate, porque eu não a encontrei...

— Pensei que você estivesse dando atenção aos convidados, Rick, ao invés de estar como guardião da nossa filha. – Kate brincou.

— Você está judiando de mim! Claro que eu tenho que ser o guardião da minha filha! – ele afirmou, mas logo passou a lamentar — Porque a Alexis não é igual a você, eihm, Kate?

— Simplesmente porque as pessoas são diferentes, querido. Se bem que ela é igualzinha a mim, sim, viu, Rick, pois ela é a melhor aluna da classe dela e você deveria ficar orgulhoso da filha que tem.

— Eu estou orgulhoso dela, sim, mas ela também deveria ser igual a você com relação a namorados... – ele limpou a garganta, tenso ao tocar naquele assunto.

— E quem foi que te disse que na idade dela eu ficava somente nos livros, eihm, mocinho? – Kate o provocou.

— Você que disse!

— Hey, amor, eu nunca falei isso. Eu nunca disse que eu ficava “somente” nos livros... – Kate o enlaçou pelo pescoço e deu um selinho nos lábios do marido — O que você sabe é que você foi o meu primeiro homem. E o que eu te afirmei foi que minha “prioridade” era o estudo, mas eu te disse também que tive meus namoradinhos, só que nenhum deles me interessou tanto a ponto de eu querer ir adiante... Ficava só nos beijinhos...

— Hey, Kate... É mais informação do que eu precisava... – Castle ficou enciumado — Não quero saber dos seus beijinhos com outros homens...

— Ciúme retroativo, é? – Kate sorriu e deu um monte de selinhos no marido — Eram garotos, Rick... O único homem que eu me interessei, me apaixonei e me entreguei foi você. E ainda estou e sempre vou estar completamente entregue e louca de amor por você, meu gostoso!

Como um casal de namorados, ele empurrou a esposa para um local afastado da festa, longe de olhos curiosos, e a beijou de forma apaixonada e Kate retribuiu.

Depois de alguns minutos eles se afastaram e, com as testas encostadas uma na outra, eles se olhavam apaixonados.

— Eu te amo tanto, Rick! Você é o melhor marido do mundo!

— Eu também te amo, Kate!

— Nosso amor deu frutos, Rick. Você me deu duas filhas lindas que nos dão muito orgulho e agora, se Deus quiser, teremos mais um bebê. – Kate levou a mão do marido até o seu ventre ainda plano e ele agora, mais calmo, a olhava com amor. Com cautela, ela complementou — Então, marido, que tal você ser mais paciente com a Alexis, eihm, e entender que nossa filha cresceu.

— Mas Kate...

— Rick, além de estudar, praticar esportes e ter amigas e amigos, nossa filha pode, sim, ter um namoradinho...

— Então esse tal de Matheus é mesmo um ‘namoradinho”, é? – ele frisou a palavra “namoradinho”, e não escondia o ciúme — Você sabia e não me falou nada? Você fica de segredinhos com a sua filha...

— Meu amor, ela é uma garota e queria conselho de mãe, porque sabe que eu já tive a idade dela e passei por situações similares... emoções, sensações, dúvidas... Ah, meu bem... Procure ser compreensivo. Ela é uma adolescente e quer ajuda.

— Quando ela era pequena ela confidenciava tudo para mim... – ele pareceu magoado e Kate se comoveu.

— Ah, meu amor, não fique triste. Repare bem... Você é um homem de sorte porque encontrou a mãe ideal para sua filha. Eu! – ela sorriu para fazê-lo sorrir — Acertei?

Castle ouvia a esposa e fazia sinal afirmativo com a cabeça, concordando com o que ela falava — Você é a melhor esposa que eu poderia encontrar, Kate e já te disse isso milhos de vezes.

— Pois é, meu amor. Eu sou uma mãe que é completamente apaixonada pelas filhas. Quando você atendeu ao pedido da Alexis e o meu, para sermos mãe e filha, automaticamente você deu permissão para eu ser mãe por completo. Rick, eu amo a Alexis e daria a vida por ela, portanto, óbvio que também posso dar conselhos e ser confidente dela, até porque, trocar confidencias com a mãe é bem melhor do que trocar segredinhos com coleguinhas da idade dela, pois os conselhos que eu vou dar serão melhores e mais experientes do que aqueles que as amiguinhas dela poderiam oferecer.

Castle ficou pensativo — Verdade, Kate! Você foi um presente na minha vida e na vida da Alexis também. Você está certa!

— Hey, homem! – Kate ainda estava com os braços em volta do pescoço do marido e piscou o olho, apaixonada, para ele— Você é o melhor marido do mundo e também o melhor pai. E nada de ficar com ciúmes, ok, porque eu sei que a Alexis faz milhões de confidencias tanto para mim quanto para você. Ela confia muito em nós dois. Apenas esses assuntos de namoradinho é que ela preferiu falar somente comigo.

Castle ouviu e meditou sobre cada palavra que a esposa falou e depois de franzir a testa, ele fez um gesto afirmativo com a cabeça — Ok, amor! Vou tentar ser mais compreensivo com a Alexis com relação a “namoradinhos”. – ele ironizou.

— Jura?

— Juro!

— Então, para provar que você será mais compreensivo, olhe para a sua direita e muita calma...

Kate nem mesmo tinha terminado de falar e o marido já virou o rosto na direção que a esposa indicara e, se Kate não o tivesse segurado forte pelo braço, ele sairia disparado na direção da Alexis.

Kate ainda segurava forte o braço do marido quando o interpelou — Hey, cadê aquele homem que acabou de me prometer que seria mais compreensivo com a filha, eihm?

— Mas Kate, ela está ali, naquele canto sem muita iluminação, aos beijos com aquele moleque... E você olhou e nem se importou... – Castle estava tenso.

Com todo amor e toda paciência do mundo, Kate argumentou — Meu amor, será que eu vou ter que repetir tudo o que conversamos?

Ao ouvir o que a esposa falara, Castle fez bico como se fosse um menino malcriado e Kate não o recriminou. Ela achou fofo.

Kate era completamente apaixonada pelo marido. Ela o respeitava e o admirava infinitamente. Ao encontra-se naquela situação, ela percebeu que apesar do Castle ser um homem experiente, inteligente, confiante, corajoso e muitas outras qualidades que um marido e um pai precisam ter, ele agora estava fragilizado por conta do ciúme do namoradinho da filha, situação que pode acontecer com qualquer pai.

— Faz assim, amor. – Kate falou carinhosa com ele— Vá avisar à chefe do cerimonial que vamos cantar os parabéns. Muitos jovens não gostam mais disso, mas a Alexis me disse que queria. Então, vá lá, enquanto eu, com muita sutileza, vou chamar a nossa filha. E quando você a encontrar, nada de sermão, ok, Rick? Meu bem, se ela sentir que não tem apoio dos pais para namorar, ela não vai mais confiar em nós dois para mais nada, aí, sim, a situação ficaria complicada. Temos que tê-la junto de nós e não afastada.

— Porque você sempre está certa, eihm, Kate?

— Porque eu... - Kate se interrompeu, franziu a testa e encontrou um modo melhor para responder ao marido — Ah, meu amor, entre nós dois não tem essa de quem está certo ou quem está errado... Nós dois estamos e fazendo o possível e o impossível para criar nossas filhas para que elas saibam viver bem e enfrentar o mundo.

— Então tá... Mais uma vez você me convence... – ele já estava mais animado e deu um selinho em Kate — Vou providenciar o que você mandou...

— Eu não mandei, Rick... Eu sugeri. – ela piscou para o marido e deu um lindo sorriso e mais um selinho — Vá lá que eu vou falar com a nossa filha.

Trocaram um selinho e logo depois, ambos olharam na direção da adolescente e ela não estava mais beijando o garoto. Estava, sim, numa conversa animada e ambos sorriam ao falar.

— Ela parece feliz, Kate! – Castle admitiu e esboçou um leve sorriso.

— Verdade!

— Vendo nossa filha feliz, eu também fico feliz!

Aquele comentário do marido, fez o coração de Kate dar um salto de alegria.

— Eu te amo, Kate.

— Eu também te amo, Rick!

— Obrigada por me compreender e saber lidar comigo neste momento tão difícil.

— Sempre!

Assim que o Castle se afastou, Kate respirou fundo para aquela nova tarefa. Ela seguiu na direção de Alexis que estava sentada em uma cadeira, ao lado do garoto e assim que chegou do lado da filha, Kate se anunciou, sorridente — Oi, Alexis!

Alexis não esperava ver a mãe ali, mas não demonstrou estar assustada, muito menos chateada. Muito pelo contrário, estava serena e sorridente. Matheus tinha no rosto a mesma expressão tranquila de Alexis.

Alexis amava a mãe e Kate amava a filha. O amor delas era genuíno e infinito.

 — Oi, mãe. – Alexis olhou para a mãe e para o menino — Mamãe, este é Matheus. Matheus, esta é minha mãe.

Kate percebeu que Alexis não o intitulou como “namorado”, então, aguardaria os novos acontecimentos. Com certeza estavam se conhecendo.

O garoto olhou para Kate e, sem ser indelicado, fez um comentário que até foi engraçado — O que? Alexis, esta é a sua mãe? Meu Deus! Ela parece mais que é a sua irmã mais velha... E ela é muito linda! Parece uma daquelas atrizes belíssimas de Hollywood. – ficou evidente que o garoto não falava com malícia e Kate achou fofo, pois lembrava a sinceridade sem medidas do marido.

Alexis deu um beliscão no braço do garoto, à título de advertência — Hey, mais respeito com minha mãe!

— Ai, Alexis! Não falei por mal! – o menino se justificou e passou a mão no braço no local do beliscão.

Kate deu um sorriso para o garoto — Olá, Matheus!

— Oi, Sra. Castle! Prazer em conhecê-la. Desculpa meu comentário... Não quis ser indelicado. – Mostrou-se sincero.

— Tranquilo, Matheus! Eu percebi que você não falou por mal. Prazer em te conhecer também! Estão gostando da festa?

— Ah, sim... – o garoto, então, ficou um pouco tenso, pois somente naquele instante percebera que falava mais do que devia — Ah, sim...

— Está tudo lindo, mamãe! – Alexis olhava tudo em volta e estava realmente feliz.

— Filha, vamos entrar? Está na hora de cantar os “parabéns”.

— Ah, que maravilha! – Alexis vibrou com a notícia — Vamos, mamãe! – Alexis pegou na mão da mãe e seguiu na direção da parte interna do Salão de Eventos e, depois de andar alguns passos, ela parou e olhou para trás a fim de chamar o garoto — Você não vem, Matheus?

Matheus estava lá, olhando todo bobo e apaixonado para Alexis e pareceu que despertou somente com o chamado dela — Ah, sim... Claro... Eu vou...

Kate acompanhava toda aquela situação e achava tudo fofo.

Ela e a filha andavam de mãos dadas e logo atrás, Matheus as seguia apressado.

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Continua...