— O que é isso, Sumiaki? - Ume-chan perguntou parecendo mais curiosa que o normal.

— Não… não … não é nada.

— Ah, isso ai é uma coisinha legal que o Iwashi, queria dar pra você; né não Iwashi? - Gion sorriu maléfico divertindo-se com a cara de pânico do amigo. – Oe, tronco! Por que você não mostra pra Ume-chan, hein?

— Si… sim, depois eu mostro pra ela.

— Depois nada, vai lá e mostra agora! - Gion empurrou Iwashimizu pra dentro do banheiro e fechou a porta. Sorriu pra garota recebendo uma piscadela em cumplicidade.

— Pega leve Ume-chan, o Iwashi é sensível.

— Ok, não prometo ser tão boazinha quanto o Zanba mas…

Ambos saíram trocando ofensas infantis até a porta, onde Ume o arremesou pra fora.

Dentro do banheiro, Iwashimizu abriu a sacola com todo o cuidado do mundo, afinal, sendo obra de Gion, coisa boa não podia ser. Ainda se lembrava bem da cara de Raita, quando chegaram de volta à pousada na noite do cinema. Achou engraçado Gion tentar jogar o scrun-half pra cima do ala da Ryoin, embora, a busca por vingança tenha ficado bem explícita naquilo. Já no caso de Oharano, que era um pouco mais recente, a coisa conseguiu ser ainda mais assustadora. Olhou para a pequena sacola de papel. Foi inocente por acreditar que, sendo o primeiro amigo de Gion na Jinko, seria poupado.

Olhou dentro com um dos olhos ainda fechado e o outro meio aberto. Parecia uma peça de roupa. Suspirou se sentindo aliviado. Talvez, nem mesmo Gion conseguisse oferecer perigo com uma simples peça de roupa, certo?

Errado.

Assim que retirou todo o objeto de dentro da sacola, levou o maior choque da sua vida.

Um uniforme de maid, preto, com delicados babadinhos brancos feito de rendas, combinando com as meias três quartos com acabamento de gatinho, ficou suspenso nas enormes mãos que ainda tremiam de susto. Levou uma das mãos a boca, a tempo de abafar um grito assustador que quase escapou de sua garganta, ao encontrar um fio dental com as mesmas rendinhas, presa em uma das meias.

Por mero hábito, Iwashimizu levou a vestimenta a medindo em seu corpo enorme. Apesar de considerar aquilo absurdamente pequeno e indecente, Iwashimizu chegou a dolorosa conclusão de que aquilo foi comprado para ele usar, e não para Ume. Tinha certeza que acabara de cair em uma armadilha, exatamente como Raita e Oharano.

— Gion-kun, como você é cruel. - Iwashimizu choramingou sozinho, escorregando para o chão.

— Sumiaki, vai logo eu quero ver a surpresa. Você não quer acabar com o clima, quer?

Iwashimizu entrou em desespero mais uma vez. É claro que não queria acabar com o clima. Tudo o que mais desejava agora, era poder finalmente ter um momento mais íntimo com Ume, e aquela era sua maior chance. Se a desperdiçasse, talvez nem houvesse outra.

— Só… só um momento, Ume-chan! - o garoto gritou do banheiro enquanto andava de um lado para o outro com as peças de roupas nas mãos.

E agora o que faria?

Se aparecesse vestido com aquilo na frente da garota, estaria tudo arruinado. Apesar de sempre flagrá-la admirando os pegas entre Zanba e Gion, Iwashimizu não tinha certeza de que a menina curtiria aquilo; não com o próprio namorado.

— Eu disse para não começar sem mim, Sumi…

Tanto Iwashimizu quanto Ume, travaram. A garota, que acabou invadindo o banheiro, com medo que Iwashimizu, devido a sua excessiva timidez, começasse as preliminares sem ela, agora não conseguia reagir diante a cena.

Iwashimizu segurava a roupa de maid.

— Pra que é isso, Sumiaki?

Pronto, estava tudo acabado. Como diria a garota que Gion comprou aquilo para ele usar. Será que ela acreditaria se dissesse que foi uma pegadinha maldosa de Gion, apenas com a intenção de envergonhá-lo? Mesmo assim, aquilo ficaria muito estranho a não ser que…

— É PRA VOCÊ, UME-CHAN! - Iwashimizu gritou estendendo a roupa em direção a garota que corou dando um passo pra trás. Foi a melhor saída que encontrou ali, no desespero do momento.

— Pra… pra mim? - Ume se aproximou cautelosa. Com certo receio, segurou a roupa a recolhendo com um olhar assutado.

Queria se matar. Ume era uma garota fofa, jamais aceitaria aquela coisa vulgar e indecente. Com certeza, a menina esperava algo como um bom beijo apaixonado, seguido de um “eu te amo” e “prometo ser muito gentil com você”.

— Me perdoe Ume-chan, eu também não gostei da roupa. Não é assim que eu te vejo, você é uma ótima garota, e cuida tão bem da gente, merecia algo muito mais adequado… desculpe por isso.

— Que bom que pensa assim, Sumiaki. - a garota sorriu, aliviando um pouco a tensão do loiro – E é por isso que… - Ume estendeu a Iwashimizu uma outra sacola, idêntica à de Gion – … eu comprei essa aqui. Mais adequado para cuidar de pessoas, certo?

E lá estava, a segunda surpresa da noite. Um uniforme de enfermeira, absurdamente curto e justo, com longas meias três quartos e uma toquinha, acompanhado de um objeto bizarro que lembrava uma injeção gigante, com uma cinta estranha presa em volta. Ficou atônito. Não esperava que Ume tivesse a mesma ideia que Gion. Pelo que sabia, a garota não tinha nada planejado contar ele.

— Heee, pelo menos não vai ficar tão justo né, Ume-chan.

— Ah, vai sim. Comprei exatamente como o Gion disse; dois números a menos do que o que você usa. Agora vai lá e veste. - Ume estendeu a sacola com as roupas a Iwashimizu. Percebeu que ele ficou olhando horrorizado para a seringa gigante em suas mãos – Ah isso aqui fica comigo, você não precisa se preocupar.

Iwashimizu ficou estático olhando a garota prender o objeto na cintura, que balançava assustadoramente com cada mínimo movimento de quadris. Agora, tudo o que queria era ter a sorte de Gion, e conseguir poder continuar jogando até a faculdade.