Matutino escrita por Biax


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá! Cá estou eu novamente no desafio do dia dos namorados, dessa vez com uma original.

Para representar os personagens, escolhi:
Martin Freeman (https://i.pinimg.com/originals/39/dd/85/39dd857f325c701e99f9fd5d3bbcf501.gif) e Cecília Dassi (https://i.pinimg.com/564x/29/1c/19/291c19fa1f7f36b48f4e724a57df5024.jpg)

Espero que gostem! Boa leitura!



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A risada da menina ecoou pelo estábulo, logo sendo abafada pelos finos lábios de Joaquim, doces e afáveis, como sempre estiveram em seus discretos encontros matutinos. Por mais que tenha se tornado rotineiro, nenhuma daquelas sensações deixara de ser novidade, e Teresa se pegava idealizando os próximos encontros a partir do momento em que o rapaz de cabelos bagunçados deixava o lugar. Apesar de seus dezessete anos, a menina de bochechas rosadas não conseguia imaginar sentimentos mais intensos do que os que sentia.

Seus ombros se encolhiam com o toque das mãos cálidas de Joaquim, conseguindo sentir a temperatura através do tecido de seu vestido de mangas três-quartos. Elas quase sempre permaneciam ali, senão em sua cintura ou rosto. Já ela, raramente escolhia outro lugar para tocar a pele do menino que não fosse a do pescoço e maxilar, já que era seu lugar preferido dele. Ou melhor, um dos.

Os fenos sobre o chão faziam cócegas nos tornozelos desnudos de Teresa, e ela tentava afastá-los de forma lenta, afim de não parar o beijo apaixonado. Cedo demais, Pintada, a vaca, mugiu, fazendo com que os dois se afastassem rapidamente e voltassem para perto dela. Teresa tomou seu lugar no banquinho ao lado do animal e voltou a ordenhá-la como fazia minutos atrás.

Sem fazer qualquer ruído, Dona Antônia adentrou o recinto com um pão em mãos, arrancando pequenos pedaços e os colocando na boca enquanto se aproximava do trio.

— Acabei de passar um café. Quer um golin, Joaquim? — perguntou ela, solícita, começando a acariciar Pintada.

— Não, senhora, fico muito agradecido. — Ele sorriu sem mostrar os dentes, levando as mãos até as costas, cruzando os dedos. — Daqui a pouco volto pra casa.

Ocê precisa pedir pro teu pai te deixar ficar mais um tempinho aqui. Pode nem tomar café da manhã cum nóis.

— É que temos muita coisa pra fazer, e eu preciso ficar na loja, sabe?

— Mas ocê faz pão também, né?

— Faço sim. Não tanto quanto meu pai, mas faço — comentou, divertido.

A senhora deu risada. — Então ocê vai criar músculo rapidinho nesses seus bracinho de tanta massa que vai sovar.

— É o que minha mãe diz sempre. — Acompanhou a risada.

Teresa não tirou o olhar de seu serviço, tentando focar nos jatos de leite que aumentam o volume do líquido dentro do balde de metal. Ainda sentia o rosto corado, e não tinha coragem de olhar diretamente para sua avó, então era melhor fingir estar concentrada até terminar.

Não demorou muito para que o leite chegasse até a borda do balde, e quando aconteceu, a menina ergueu-se, e mesmo aparentando ser fraca, conseguiu levantar o objeto e depositar o líquido dentro do galão que Joaquim trouxera. Estava acostumada àquele tipo de trabalho, já que o fazia desde que se lembrava. Ao terminar, fechou o galão e soltou Pintada, para que voltasse ao pasto, lhe fazendo um carinho de agradecimento pela ajuda. Dona Antônia guiou a vaca para fora, desaparecendo rapidamente.

— Prontinho — anunciou Teresa, limpando as mãos no avental preso na cintura.

— Agradeço muito, Terê — disse Joaquim, pegando o galão pela alça. — Eu trouxe o pão de milho que você gosta. lá na cesta.

— Obrigada, Jô. — Sorriu ao devolver o apelido carinhoso.

Ao mesmo tempo, ambos deram uma olhada para fora do estábulo, garantindo que estavam sozinhos. Se aproximaram, e Joaquim tocou-lhe o rosto, depositando um beijo terno nos lábios da menina, que sentiu o calor surgir rapidamente em suas maçãs do rosto. Fechou os olhos, concentrando sua atenção nas carícias que suas bocas trocavam. Sentiu a ponta dos dedos do menino deslizarem delicadamente por sua pele, tracejando um caminho até a orelha, onde puxou uma mecha de cabelo para trás, seguindo para baixo, ao mesmo tempo em que Teresa sorriu levemente com a sensação nova, mais uma área descoberta por ele.

Joaquim se afastou o suficiente para observar as expressões de Tereza, e sorriu, contente por ser o escolhido por ela, o único responsável por causar tais reações e, inconscientemente, desejava poder ser e fazer o mesmo para o resto de sua vida.

Levantou o rosto, e em um gesto de carinho, deixou um beijo na testa de sua amada, antes de beliscar lhe levemente a bochecha e se afastar, levando o galão de leite. Teresa seguiu atrás e o observou colocar o galão na carroça e subir no cavalo de crina brilhante. Joaquim acenou e ela retribuiu, e logo ele se afastou.

Teresa suspirou e caminhou para casa, com a mente longe. Assim que entrou na cozinha, avistou a cesta de pães na mesa e foi até lá, pegando um pão de milho dourado e macio. Rasgou um pedaço e o colocou na boca, tendo a sensação de que estava saboreando uma nuvem.

Ocês acha que tão enganando quem? — Dona Antônia surgiu de repente, com um semblante sério. A menina engoliu com dificuldade, arregalando os olhos de medo. — Teresa, Teresa. As boca docês tava vermeia! Só um tolo não ia perceber o que ocês tavam fazendo.

O coração de Teresa batia descompassado, sem saber o que dizer para escapar. Ela sabia que não tinha como contradizer sua avó e começou a suar frio. Dona Antônia deixou as mãos enrugadas na cintura e abriu um sorriso divertido.

— Eu só quero saber o que esse Joaquim esperando pra te pedir em casamento! Será possível que eu preciso ir lá pra dar um jeito nisso?

— Quê...? — Teresa perguntou, sem saber se tinha escutado direito.

— É isso mesmo, fia. Se esse menino não te pedir em casamento, eu ter que ir lá.

— Claro que não, vó! — exclamou ela, envergonhada, desviando o olhar.

Dona Antônia riu mais uma vez, achando graça da vergonha da neta. — Na hora de ficar nos beijinho não fica com vergonha. — E Teresa encarou o chão, ficando ainda mais vermelha. — Se preocupa não, fia, eu já passei por tudo isso que ocês tão passando. Eu vejo como ocês tão apaixonado. Vai casório, eu sei. — Balançou a mão, mostrando o dedo indicador enquanto saía da cozinha. — Vamo fazê pão de queijo, vai lavar as mão!

Um sorriso surgiu no rosto da menina, feliz por sua avó entender, e ainda mais feliz pela afirmação que saíra de sua boca. Quando Dona Antônia falava algo, de fato acontecia, cedo ou tarde, então era apenas questão de tempo até estar com Joaquim no altar, como sempre sonhara.


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Notas finais do capítulo

Comentem o que acharam, vou adorar respondê-los! :D



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