Colegas de apartamento escrita por calivillas


Capítulo 17
Momentos estranhos




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Sua boca era macia, tinha gosto de molho de tomate e manjericão, suas mãos eram quentes, eu me sentia fluída, quase flutuando, não queria parar, até que Felipe me veio à cabeça e me afastei de repente, cheia de culpa.

— Não! — disse para ele e para mim. — Não posso fazer isso!

Ed parecia tão atordoado quanto eu.

— Eu não sei o que aconteceu. Foi um erro. Desculpe.

— Sim, foi um erro. Não devíamos ter feito isso — murmurei e corri para o meu quarto

Fiquei lá o resto do dia, sem coragem de pôr o pé para fora, me martirizando por ter traído meu namorado e, pior, ter gostado... muito. Só me senti segura quando ouvi a porta da frente fechar, sabia que Ed tinha saído de casa.

Ficar naquele apartamento vazio não melhorou o meu estado de espirito, continuei me sentindo mal em relação a Felipe, mas sentia um leve tremor percorrer o meu corpo ao me lembrar daquele beijo.

Claro que não havia contado ao meu namorado que acordei, no dia seguinte da festa,

 na cama de Ed, acho que ele nunca entenderia, mesmo que eu jurasse que não tinha acontecido nada. Meus comentários sobre a festa foram bastante superfícies, ele também não se interessou muito.

Apesar de negar, sentia algo a respeito de Ed que não entendia direito, era ao mesmo tempo uma atração e uma repulsa. Talvez, fosse só curiosidade, sei lá!

Talvez, fosse melhor eu não continuar ali, me mudar daquele apartamento, mesmo que essa decisão me trouxe muita dor em todos os sentidos, principalmente, por deixar um lugar que eu adorava morar.

Eu não sei se foi só impressão da minha parte, quem sabe, peso na consciência que comecei a perceber sutis mudança de comportamento de Felipe. Ele que sempre foi tão atencioso e carinhoso, parecia um pouco distante, um tanto irritadiço. Coloquei na conta dos plantões e da vida de interno que parecia exigir cada vez mais dele.

Tanto que em um sábado à noite, quando estávamos em um barzinho, esperando uns amigos, e eu contava um fato engraçado que havia presenciado, alguém havia pegado mochila de um colega por engano e levou um susto achando que havia sido roubado, comecei a rir relembrando da situação, foi no momento em que percebi que ele parecia não me ouvir, como se estivesse a quilômetros e quilômetros dali.

— Felipe! Está me ouvindo? — questionei, sem disfarçar a minha irritação.

— O quê? Claro que estou ouvindo você, Paula — ele respondeu, apaziguador, me dando um meio sorriso.

— Mas, não parece — rebati, desconfiada, mas ele colocou a mão sobre a minha.

— Desculpa, só estou cansado. Tenho estudado muito para as provas.

— Provas e plantões essa é a sua vida — digo, em um tom enfastiado.

— Você sabia que eu estudava medicina, então deveria prever qual seria a minha vida — respondeu, aborrecido, tirando mão de cima da minha.

— Sim, eu sei. Não estou cobrando nada, só que gostaria de ter mais tempo com você — completei, com sinceridade, mas paramos de falar porque nossos amigos chegaram, no entanto, aquela conversa e o clima ruim pairavam sobre nós.

Naquela noite, Felipe não quis subir para o meu apartamento, preferindo ir direto para casa. Não sei se foi bom ou ruim, se não seria melhor resolvermos as coisas, mas o que eu podia fazer, dei de ombros, só me restava ir dormir.

Ao abrir a porta e entrar no apartamento, sou surpreendida por risos e sussurros vindo do quarto de Ed, que deveria estar com uma garota, voltando a velha rotina. Seria melhor assim, seria melhor eu estar bem consciente do cafajeste que esse cara é, dormindo sempre com uma garota diferente! Um safado! Espera aí! Por que eu estou assim tão zangada? Eu não tenho nada a ver com isso. Não tenho culpa que esse aí não consiga ficar com as calças fechadas! Ou será que ele voltou com Tatiana e estão no quarto fazendo as pazes?

Droga! O que é isso? Por que estou me sentindo assim tão mal? Não! Não pode ser ciúmes!

Fui ao banheiro, tentando me abstrair daqueles sons irritantes, em seguida, rumei para o me quarto e me tranquei lá dentro, me aprontei para dormir, coloquei os fones de ouvindo, escolhi uma seleção musical bem tranquilizante e, sem perceber, mergulhei no inconsciente. Acordei bem cedo, com os fones de ouvido me incomodando, ao tirá-los só escutei o silêncio. Ainda bem! Insisti em voltar a dormir, mas não consigo. Então me levantei, sai pelo corredor deserto, atrás da porta do quarto de Ed há apenas calma, com certeza, os dois estão dormindo. Dei de ombros, não tinha nada a ver com isso.

Na cozinha, tomei um grande copo de água e preparei café com leite para mim. Sentindo o calor reconfortante da caneca nas minhas mãos, refletia sobre a minha conversa de ontem com Felipe, quando ela chegou.

— Oi — a bonita loira, usando uma velha camiseta de Ed, entrou na cozinha, levei um susto, ela percebeu. — Desculpe não queria assustá-la. Só vim pegar um copo d’água.

— Não se preocupe, Fique à vontade. Tem copo limpo no armário, em cima da pia.

— Obrigada — ela vai até lá, percebo que ela não é muito alta, pois para alcançar seu objetivo, tem que ficar nas pontas dos pés e ao esticar o braço, a camiseta levanta e ela não está usando nada por baixo. Ela enche o copo e se senta junto a mim. — Você deve ser a colega de apartamento de Ed?

— Sim, sou eu mesma, Paula.

— Sou Teresa. Ed está dormindo e estou sem sono.

— Você se conhece há muito tempo? — Logo em seguida, eu me arrependi de fazer essa pergunta, provavelmente, eles se conheceram ontem mesmo, em uma festa ou em um bar.

— Sim, somos — Esta resposta me surpreende. — Eu sei que parece estranho, mas, eu e Ed nos conhecemos desde que ele chegou aqui. Ficamos juntos por algum tempo, mas não deu certo.

— Quer dizer que vocês voltaram? — perguntei com falsa naturalidade, mesmo sentindo uma mão de aço apertando o meu peito

— Não — Ela sorriu, sacudindo a cabeça em negação. — Não temos mais nada, só... bem, somos amigos com benefícios. — Ergui as sobrancelhas em interrogação. — Sabe como é? Amigos que fazem sexo, quando um está carente e estamos sozinhos, convocamos o outro.

— Ah! Prático — Eu nem acreditava que isso existisse, fiquei pensando quem convocou o outro.

— Bem prático. Assim, ontem, depois de algum tempo, liguei pra Ed, para nos encontrarmos. Sempre é bom, conversamos, rimos e o sexo é ótimo.

O que dizer nessa hora?

— Legal — Acho que estava com cara de boba, quando Ed entrou na cozinha, usando apenas um short curto, atraindo os nossos olhares.

— Bom dia, Ed.

— Bom dia, Paula. Teresa, pensei que você tinha ido embora.

— Nunca sem antes me despedir de você.

— Sendo assim...— Ele lhe deu aquele irresistível sorriso torto, que estilhaçou meu coração, enquanto vejo os dois saírem da cozinha de volta para o quarto


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