Love and Freedom escrita por HallsDeCocaZero


Capítulo 9
Bad Guy




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 Demorou algum tempo mas finalmente Gavin já estava em sua casa, dificilmente Fowler o deixava ir embora mas cedo e pelo menos naquele momento ele queria aproveitar tal acontecimento, retirou suas roupas a jogando na cama ficando de samba canção e meias e foi a cozinha, primeiro preparou um pouco de pipoca e apanhou uma lata de refrigerante na geladeira, andou em direção a sala, colocou os alimentos na mesa e se jogou no sofá ao lado de seu gato que acordou em um pequeno susto

— Desculpe, Charlie, o papai se jogou aqui e nem percebeu que você estava dormindo

O gato apenas o olhou por alguns segundos mostrando estar sonolento e fechou os olhos em seguida, o detetive apanha o seu celular ao seu lado e volta a ler a mensagem recente em dúvida se deveria respondê-lo ou não, respirou bem fundo e jogou o celular em cima da mesa enquanto pegou a tigela com a pipoca "Que se foda ele" - Pensou apanhando seu notebook no braço do sofá.

Gavin procurou pelo aplicativo de filmes que havia em seu aparelho e o abriu, já na seleção de filmes ele rolava entre um filme e outro procurando algo relevante e que lhe agradasse mas não estava sendo uma tarefa fácil, agora o mesmo havia se lembrado do porque havia parado de usar aquele aplicativo há um bom tempo já que praticamente os filmes americanos sempre contam a mesma história dos clichês de ficção, ou uma pessoa sofre bullying e por obra do acaso o valentão se apaixona pela vítima, ou conta a história de uma pessoa no colégio que vira popular, enfim... Todo o clichê de High School e romance adolescente que ele já não aguentava mais ver, por conta disto resolveu escolher um filme de terror aleatório que julgou ser interessante pela sinopse, escolheu a opção "espelhar tela" e a TV passou a mostrar o filme nela mesma

"Vamos ver se essa merda é boa"— Pensou enquanto pegou pipoca com os seus dedos e mastigou

(...)

O filme já estava quase no final e Gavin já estava lutando contra o sono para continuar acordado, naquele momento ele não sabia dizer se sentia sono pelo cansaço do dia a dia ou se era pelo filme ser mesmo entediante, até os filmes de terror originais do aplicativo estavam bem parecidos um com o outro no momentos do jumpscares e serem bem previsíveis

— É... já foi o tempo em que a TV passava coisas interessantes, não acha Charlie? – Fazendo carinho no mesmo que agora está em seu colo – E olha que ainda é 21h30, talvez seja melhor ir mesmo pra cama, nada como dormir

Gavin já estava prestes a levantar-se quando ouve o som de batidas na porta, olhando em direção a ela o mesmo demonstra um olhar de espanto, se fosse no período da manhã teria certeza de que seria o mesmo vendedor que vem na sua porta oferecendo bolo no pote mas a esse horário ninguém batia a sua porta a não ser que tivesse pedido alguma comida delivery

— Charlie você está esperando visitas hoje? – O gato pulou do seu colo para o chão beber água

Gavin levantou e se espreguiçou em seguida conseguindo estralar as costas, andou até a porta e a abriu. espantando-se por um instante

— Boa noite, detetive Reed – Richard mantinha sua postura ereta e parruda em frente ao outro

— Você? acho que errou o caminho da Cyberlife, dipshit!

— Eu sei, detetive, eu vim aqui intencionalmente falar com você

— Como foi que descobriu onde eu moro?

— Não foi tão difícil, todos os que trabalham na delegacia tem documentos com informações como endereço, número de telefone, ficha criminal...

— Não sabia que androides podiam ser tão stalkers a ponto de ter tanta informação dentro da delegacia, você pode ser bem perigoso

— Não é minha intenção prejudicar o trabalho de vocês ou suas informações, eu fui feito para servi-los

— Pra um robô tão sabe tudo eu pensei que não precisaria explicar que isso foi uma brincadeira mas acho que precisa – O olhando em reprovação – Mas enfim, você vai entrar ou ficar ai parado?

— Acredito que seja melhor, espero não ter o atrapalhado

— Que nada, eu já estava quase me jogando na cama, entra logo antes que eu mude de ideia

Richard adentrou na casa do outro e percebeu de cara que tudo ali mostrava a personalidade de Gavin, desde o piso de madeira até a decoração de cada coisa e a tinta da parede, andou até o sofá mas foi interrompido pelo gato do detetive que parou em sua frente cheirando seus sapatos e sua calça

— Esqueci de avisar que tenho essa bela pantera que protege minha casa, cuidado que ele é bem perigoso – Em tom de brincadeira fechando a porta

O androide olhou o felino nos olhos por alguns instante e logo o pegou, colocando-o em seu braço de barriga para cima enquanto com sua outra mão acaricia sua barriga que ronrona em seguida

— Não é possível! esse traidor já me trocou por um cafuné de alguém que nem humano é?

— O segredo está em fazer da forma certa, detetive, o carinho na barriga tem que começar como uma coceira

— Você deve gostar de gatos pra saber algo assim, não?

— Bem eu não posso afirmar mas eu acho que gosto de gatos, são bem independentes e donos de si então é cativante

— Bom saber – (Relacionamento: Gavin ↑ - Confiança) – Olha eu vou tomar um banho rápido pra acordar senão vou acabar dormindo com esse seu modo analista de falar as coisas, só não quebre nada ou eu quebro você

Gavin andou até o banheiro e fechou a porta com um som de trinco logo em seguida, enquanto isso o Androide estava sentado no sofá mas se sentia um pouco inquieto por estar ali sozinho naquele ambiente, já que aquela era a casa de seu parceiro resolveu explorar um pouco para ver se descobria algo mais sobre ele para tentar tornar a convivência um pouco menos hostil com o outro, levantou e decidiu procurar pelo local que mais poderia ter coisas sobre o mesmo, seu quarto.

O mesmo adentrou o quarto de Gavin e logo de cara se depara com sua jaqueta e calça jogadas em cima da cama, no criado mudo havia um abajur que está aceso e logo abaixo uma gaveta um pouco aberta, colocou sua mão sobre o puxador e deu de cara com uma caixa de cigarros e um vibrador ao lado, seus olhos se abriram um pouco mais e a pupila de seus olhos azuis se dilatou um pouco mais em forma de surpresa, um pouco sem jeito apenas encostou a gaveta da mesma forma que estava antes para não perceber que foi mexido, puxou a gaveta abaixo e viu uma pequena carta em cima de cuecas e a apanhou
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Prezado sr. Reed
Estamos enviando esta carta com um alerta sobre a situação de saúde do paciente Kevin Reed, é uma grande surpresa em saber que ele está reagindo bem ao tratamento e está com um aspecto bem melhor de quando o senhor o trouxe a primeira vez para a internação, estamos contando com que nossos médicos possam ajudá-lo ainda mais e é com enorme prazer que cuidamos de um paciente que trata os nossos especialistas da maneira mais carinhosa e amigável possível e que mostra esforços para melhorar, desde já agradecemos a preferência e a confiança por mantê-lo sob nossos cuidados
Atenciosamente
Hospital especializado de Detroit.
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O círculo de LED do outro voltou a trocar de cor e rodava entre amarelo e azul armazenando tal informação, mesmo sem saber de quem se tratava aquela carta o mesmo já podia deduzir que o detetive mantinha um cuidado a mais do que com o seu gato, guardou de volta na gaveta e a fechou, passou a procurar mais informações em seu guarda roupa mas não encontrou nada mais que apenas roupas e alguns perfumes, pelo visto o seu parceiro era muito reservado e não era de deixar muitas pistas para descobrir mais sobre o mesmo, ao longe, Richard escuta o som do chuveiro parar e então volta novamente a sala para se sentar no sofá antes que Gavin o pegasse xeretando seus pertences, passou-se poucos minutos e Gavin saiu do banheiro se jogando no sofá ao lado oposto onde o androide estava, Richard notou que o outro havia trocado suas roupas e agora estava com uma blusa azul escura, moletom e meias

— Se você puder não enrolar muito pra eu ir dormir eu vou gostar muito – Ajeitando-se no sofá para olhá-lo melhor

— Serei o mais breve possível, hoje nas investigações após você ter ido embora nós apreendemos quilos de drogas e encontramos uma passagem secreta naquele esconderijo que ligava com o esgoto, provavelmente alguém pode ter acabado por aquele lugar

— Espera, você veio aqui pra falar da merda do trabalho? tá de brincadeira comigo?

— O capitão Fowler pediu para que eu o avisasse com urgência sobre tudo o que ocorreu hoje para que não perdesse nada

— Você não podia esperar pelo menos eu chegar amanhã naquele inferno pra me contar isso? já tive tédio demais por hoje, torradeira!

— Eu sinto muito detetive Reed – O androide desviou o olhar exatamente como Connor faz quando se sente sem graça – Se quiser posso ir embora agora e lhe informo tudo amanhã

— Você já está aqui, não está? melhor contar agora pra não ter que me incomodar logo de manhã cedo, e vocês encontraram alguém lá?

— Não encontramos ninguém, só encontramos pegadas no chão de calçado tamanho 42, certamente fugiram muito antes de nos chegarmos, no entanto, encontramos sangue azul e partes de corpo robóticos que consegui identificar o número de série e o dono, talvez isto nos leve a um dos integrantes dos traficantes

— Espero que sim, não vejo a hora de meter bala em um desses miseráveis por termos que ficar mais tarde resolvendo esses malditos casos

Outra vez o som da porta a bater se torna presente e ambos olham em direção a ela e Gavin revira os olhos por um instante, duas pessoas batendo em sua porta em um único dia já era de se estranhar por nunca receber visitas, o mesmo faz um gesto para que Richard continue sentado e anda até a porta a abrindo de imediato, assim que se depara com a pessoa o mesmo sente-se paralisado por alguns instantes

— Boa noite, irmãozinho

— O que diabos você faz aqui?

— Ah qual é, é assim que você trata seu irmão que não vê há um tempinho? eu só vim porque recebi sua mensagem

— Me poupe de ser tão cínico, eu não te convidei para vir aqui

— Mesmo assim, eu acho que deveria te responder pessoalmente, com licença

O mesmo não espera e adentra a casa do outro sem esperar por autorização e já de cara no sofá avista o androide sentado no sofá, que se levanta para encara-lo

— Olha só o que temos aqui, não achei que logo você iria comprar um dos meus melhores androides logo você que os repudia, Gavinzinho

— Ele não é meu, se toca, Kamski!

Richard por um instante fita a cara do desconhecido á sua frente e começa a analisá-lo, fazendo novamente seu círculo mudar de cor
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Nome: Elijah Kamski
Idade: 36
Estado civil: Solteiro
Profissão: Fundador da Cyberlife
(Elijah Kamski é o responsável pela sua criação e a de milhares de androides)
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— Prazer e surpresa em vê-lo, RK900

— Corta logo essa, pra que você veio aqui afinal? Devia ter ido ao hospital visitar o seu pai

— Você sabe muito bem que não tenho tempo pra vê-lo, Gavin, sou um homem muito ocupado com negócios e minha rotina não para

— É mesmo? deixa eu adivinhar, você está ocupado com suas reuniões com suas merdroides dentro da piscina enquanto se acha o garanhão como sempre faz?

— Como é que é? – Kamski da a Gavin um olhar mais sério?

— Você sabe muito bem do que eu estou falando, sempre se acha muito ocupado e muito importante pra lembrar que nós existimos, não passamos de pedras no seu caminho

— Você quer mesmo falar de mim sem olhar a si mesmo, Gavin? Você está ai sempre bancando o durão, de cara fechada, não aceita ninguém muito perto de você... Você só quer descontar suas frustações de não ser bem sucedido consigo mesmo, isso tudo que você mostra é só uma fachada – Colocando suas mãos na blusa do outro e puxando um pouco para mais próximo de si em forma de confronto, Gavin fez a mesma coisa mas puxando pelo colarinho da blusa de seu meio irmão

— Adivinha só, babaca, você não me diz mais o que fazer
Richard andou em direção a ambos para tentar separar um possível confronto entre eles mas foi impedido

— Fique fora disso, RK900, esse não é um assunto seu

Uma nova parede vermelha gerou-se no campo de visão do androide dizendo "Fique de fora", aquilo o deixou inquieto de certa forma, acabou de receber uma ordem direta de seu criador e seu sistema o fazia ter vontade de manter distância mas por outro lado sentia algo que dizia que era errado se abster de tal coisa, principalmente por conta de seu parceiro poder se ferir em uma briga como essa, não é a primeira vez que tem a impressão de sentir ter que fazer algo fora do que lhe foi programado mas isso seria o certo a se fazer? por enquanto o mesmo continuava paralisado enquanto seu círculo LED mudou para vermelho

— Se você quer mesmo cair dentro, irmãozinho, é o que você vai ter – Empurrando o outro fazendo-o se distanciar um pouco de si e Gavin já estava com os punhos erguidos
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Richard sentiu tudo a sua volta parar por um instante como se tivesse parado no tempo e sentiu seu sistema projetar um corpo que saiu de dentro de seu corpo físico, o mesmo agora olhava para suas mãos que eram apenas linhas amarelas como se fizesse parte de um desenho, olhou em volta e viu o seu corpo parado como uma estátua com um olhar neutro que escondia um pouco de preocupação, em sua frente estavam Gavin e Kamski frente a frente, Gavin de punhos erguidos e Kamski prestes a estralar os dedos mas a sua frente a parede vermelha ainda lhe impedia de ultrapassar, com suas mãos ele encostou naquele muro sem saber muito bem o que estava acontecendo e ao sentir o toque daquela barreira sua vontade era de quebrá-la, sem cerimônias agora ele esmurrava a parede que fazia pequenos sons como se fossem vidros se soltando até aquele muro começasse a trincar-se, a cada trincada o androide sentia-se mais motivado a continuar e depois de vários socos consecutivos o muro vermelho quebrou-se por completo, o que o fez voltar ao seu corpo físico
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RK900 Status: »Instabilidade de Software ⌂«
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Gavin tentou atingir o primeiro soco no outro que desviou de imediato, Richard não perdeu tempo e entrou no meio de ambos ficando a frente do detetive enquanto encara o seu criador

— Não se meta nisso, dipshit! – Falou em tom nervoso

— Senhor Kamski, eu sugiro que o senhor se retire antes que as coisas fiquem piores por aqui, a sua presença incomoda o Detetive Reed

— Eu não lembro de ter lhe dado ordem de se meter em assuntos de irmãos, saia da frente, RK900

— O senhor não entendeu, eu não vou permitir que toque um dedo no detetive Reed, não hesitarei em me meter nessa briga se for preciso – Cruzando os braços e encarando o outro com o olhar mais frio e intimidador possível – O senhor me criou para ser o androide mais avançado da Cyberlife, sabe que nem mesmo quem me criou é capaz de combater com a minha força e agilidade

— Olha só... Parece que por algum motivo eu só consigo criar androides divergente – Levantando os braços e sorriu de forma surpresa mas divertida – Tudo bem, grandão, eu desisto, você venceu! mas só pra que fique sabendo eu não iria encostar um dedo nele, eu repudio o uso da violência pra qualquer ocasião, terminamos nossa conversa outro dia, irmãozinho

Kamski andou em direção a porta, a abriu e já do lado de fora solta um pequeno "Tenham uma ótima noite" e a fecha em seguida, Gavin não demorou para soltar um "cuzão" em murmuro e logo em seguida olhou para Richard que estava travado olhando para o nada de forma espantada e seu LED em amarelo

— Por que você se meteu nessa discussão, torradeira?

— Eu... Eu não sei – Olhando agora para Gavin mas ainda mostrando estar longe e disperso, havia algo errado com o androide pois em seu campo de visão está aparecendo letras como que quisessem formar palavras "R..9 De..ant F..e...m"

— Tá tudo bem com você? tá me deixando preocupado – Olhando-o realmente de forma preocupada

— Eu não sei porque fiz aquilo, detetive Reed, eu só senti que era o certo a se fazer e... Desobedeci uma ordem do meu criador porque senti que devia lhe proteger, a qualquer custo – (Relacionamento: Gavin ⌂ - Carinho)— Eu preciso ir agora, detetive

— Espere, você vai embora mesmo agora? Já está bem tarde e perigoso lá fora, claro, não que eu me importe

— Eu não quero acabar lhe incomodando, detetive, você precisa dormir bem para trabalhar amanhã, não quero mais tomar o seu tempo

— Esse jeito puxa saco de ser gentil já está incluindo no seu sistema? é melhor que você fique nem que seja só por essa noite, nem um androide pode prever os perigos totais na rua, hoje você não sai daqui

— Obrigado pela hospitalidade, detetive Reed

— Tá tudo bem, só me faz um favor? pare de me chamar disso e me chame pelo nome, ok? essa formalidade já está me irritando – Se dirigindo a porta de seu quarto – Pode ficar no sofá ou assistindo TV se quiser, só não faça barulho demais

Gavin adentrou ao seu quarto e fechou a porta, agora ele mesmo olhava para o nada de forma cansativa, tudo o que estava mesmo querendo naquele momento era não deixar Richard o olhar muito para não revelar sua expressão que agora se mostrava mais corada e confusa

"Ele disse que tinha que me proteger a qualquer custo? mas que porra está acontecendo?"— Pensou consigo mesmo


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Notas finais do capítulo

Musica que eu ouvia enquanto escrevia:
https://youtu.be/wsCM9H0CFsM



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