Amor Perfeito XIII - Versão Arthur escrita por Lola
Notas iniciais do capítulo
Boa Leitura ♥
Arthur Narrando
Depois que Murilo saiu me deixando sozinho eu pensei em ir até meu pai, mas eu precisava descansar minha cabeça disso tudo. Precisava dela. Ela sempre foi o meu ponto de tranquilidade, de paz. Era de tarde, a procurei por todo canto até acha-la em seu dormitório. Ela custou a perceber que eu estava parado a admirando. Assim que me viu ela arredou e fez sinal para que eu deitasse com ela. Deitei sem pensar duas vezes. Abracei seu corpo e fiquei absorvendo seu cheiro e sentindo seu calor.
— Aconteceu alguma coisa? – ela perguntou me olhando, sabendo que eu não estava nada bem.
— Precisava disso. – respondi e sorri. – Obrigado. – beijei sua testa e me preparei para levantar.
— Não vai. Fica aqui comigo. – aquele jeitinho manhoso me ganhava fácil. Ajeitei meu corpo a colocando em meus braços e comecei a fazer carinho em seu cabelo.
— Doeu muito ver você falando comigo do jeito que falou ontem, cheguei a pensar que nunca ficaríamos assim novamente.
— A gente vai entrar na mesma discussão. Vou justificar que você queria o Kevin e você vai tentar se defender e trazer a tona meu erro anterior... Não temos salvação Alice. Estamos magoados demais.
— Que lindo! – Fabiana chegou e pulou em cima da gente.
— Ai, sai. – reclamei a empurrando.
— Vocês se acertaram, até que enfim. – Aline falou ficando em pé nos olhando.
— Agora vocês duas vão ficar grudadas? – Alice perguntou olhando Fabiana e Aline.
— Melhor que ficarmos sozinhas. – Fabi respondeu e sorriu.
— Cadê o Fael? – perguntei para ela.
— Com a Otávia eu acho.
— Vamos ir jantar? – chamei olhando Alice.
— Foi pra isso que viemos, para chamar Alice, agora chamar vocês. Vamos? – fomos nós quatro e quando cheguei Murilo me abordou na fila.
— Kevin me contou o que está achando. – ele falou parecendo segurar a risada. – Você está com sérios problemas. E eu estou começando a ficar preocupado, de verdade Arthur. – ele ficou sério. – Como você deixou o seu pai fazer isso com você?
— É culpa minha? – olhei em seus olhos. – Ele é... Kevin me enlouquece.
— Não se preocupe mais com ele. Eu te dou minha palavra que ele nunca mais vai fazer nada contra você ou Alice.
— Por quê? É isso que eu queria entender!
— Se eu te pedisse uma coisa difícil você faria? – pensei um pouco.
— Sim. – suspirei. Ele deu de ombros.
— Acho que sou assim. Consigo as coisas das pessoas.
— Tá bom. Faz sentido. Mas Kevin mudar é... É demais pra minha cabeça.
— Só aceita Arthur! Ele não podia ser aquele idiota pra sempre.
— O que você acha que eu devo fazer? – ele ficou me olhando.
— Sinceramente? – balancei a cabeça concordando. – Se aproxime dele. Ele precisa de você. Mais que nunca.
— E se... E se ele me der patadas e ficar me insultando e responder mal a cada coisa que eu digo?
— Ele vai fazer isso tudo. Uma pessoa não muda da noite para o dia. Mas ele vai precisar que insista nele. Arthur... – ele chegou mais perto. – Prometi a ele que vou ajuda-lo a mudar, mas eu não consigo sozinho.
— Por que está fazendo isso? É algo grandioso demais.
— Porque eu estou cansado de só fazer merda. Porque eu vi Fabiana chorar por mim e isso doeu demais. Preciso de uma distração. Não posso ficar com garotas sabendo que eu não vou me envolver, pelo menos não da forma que elas querem.
— Você não consegue? – olhei em seus olhos. – Aline é tão legal. Fabiana também. O que você tem? Por que age assim? Tem medo de se envolver?
— Não sei. – ele desviou o olhar.
— Você quer tanto ajudar ao Kevin, mas tem que se ajudar primeiro. Conversa com o seu pai Murilo. Desabafa, solta essa mágoa que tem dele... Talvez assim, toda essa pressão que você tem dentro de você diminua e isso pare de te afetar em seus relacionamentos.
— Você acha que isso tem a ver com ele? – nos servimos.
— É o único dilema em sua vida. Ou você vai mesmo me dizer que não assume nenhuma garota porque nunca se apaixonou? Aline é apaixonável demais.
— E mesmo assim você não se apaixonou por ela.
— Porque amo a sua irmã.
— Eu só... Não encontrei a pessoa ainda. E não estou procurando. Mas ao mesmo tempo eu sei que devo deixar de ser o filho da puta que faz com que elas se apaixonem e não corresponde a altura. Já aprendi a lição.
— Antes tarde do que nunca. – sorri e nos sentamos. Depois do jantar ficamos conversando com o pessoal e então quando todos foram dormir fui atrás de Kevin.
— Murilo esclareceu tudo, desculpa a insistência chata... – falei um pouco sem jeito. Ele estava guardando sua roupa e me olhou.
— Boa noite. – ele se deitou e nem falou mais nada.
— Caleb. É por causa dele. – continuei. – Ele ficou me enchendo para descobrir porque você pediu perdão a mim e pegou todos os meus castigos, ele...
— Não preciso de explicações e quero dormir. – isso iria ser mais difícil que eu pensei.
— Ele estava fazendo comigo o mesmo que fez a vida toda com você. – admiti com tristeza. – Ele manipula as pessoas de uma forma assustadora.
— Você pode substitui-lo com Ravi. Só se afaste como sempre fez.
— Esse era o plano. Mas não posso, agora estou envolvido até o pescoço nisso tudo. – respirei fundo. – Ele me salvou da droga que você plantou em meu armário e agora vai me chantagear com ela.
— Onde ela tá? – ele me olhou parando de me ignorar.
— Você acha mesmo que eu sei?
— Vou dar um jeito de descobrir. – fiquei sem palavras. – Não. Não fala nada. Fui eu que fiz isso. É o mínimo.
— Obrigado de qualquer forma. – ia saindo, mas voltei. – Kevin... Eu também te amo. – respondi a sua declaração daquele dia.
— Pouco me importa.
— Nunca duvidei de Alice. Sabia que ela estava certa quanto a ter alguém diferente dentro de você.
— Foda-se o que você acredita. – ele virou para o canto, só que dessa vez eu não fiquei chateado ou frustrado, suspirei e dei um sorriso. Sei que ele cederia. Já estava cedendo, mesmo sem perceber.
Todos foram para as suas aulas e eu estava cumprindo a merda da minha função, junto ao meu papai.
— Cadê a resposta? Eu já te dei muito tempo. – ele cobrou parecendo estar bem impaciente.
— Ele não pode simplesmente querer mudar? – questionei o olhando.
— Vou ter que lidar com isso sozinho.
— Não faça nada a ele. – me levantei ao ver que ele sairia. – Ou conto da sua amante.
— Prefere magoa-lo a machuca-lo?
— Prefiro nenhuma das duas coisas. – ele veio andando em minha direção.
— Que porra é essa? Vocês... Isso é mesmo real? Um vai defender o outro agora? Por que ele faltou pouco me assassinar pra te deixar em paz.
— Pai dá um tempo. Sério. Ele não vai mais participar dos teus joguinhos sujos e nem eu vou te dever favores. Sei lá sabe... Quando a gente sair vivo dessa catástrofe procura uma igreja, vai fazer o bem, resgata sua alma... Não tem lógica alguém ser tão podre. – sai antes que eu ficasse nervoso.
— Oi. – trombei em Aline. – Parece apressado.
— Foi mal. Estava... Não sei. – suspirei. – Como você está?
— Indo. Acho que aqui estamos todos indo né... –ela deu um meio sorriso fofo. Alice passou no inicio do corredor e nos viu, o que com certeza fez com que ela pensasse que estava rolando algo porque a imaginação dela sempre era muito fértil. O dia havia começado inacreditavelmente ruim e eu só esperava que não ficasse péssimo.
Kevin Narrando
Estava no jogando água em meu rosto consecutivamente quando Murilo chegou ao lavabo. Ele se encostou a parede de braços cruzados e ficou me olhando.
— Você tem a mania de lavar o rosto né? – o olhei pelo espelho por segundos, voltando a fazer aquilo depois.
— Você reparou? – minha fala era carregada de ironia.
— Na verdade sim. – ele deu ombros. – O que está acontecendo? – fechei a torneira e escorei na pia.
— Você não precisa saber tudo o que acontece comigo. – ele olhou seu cabelo no espelho e lavou suas mãos na torneira ao lado da que eu estava usando minutos atrás.
— Sei disso. Mesmo assim quero saber. Sou curioso. Brigou com a namoradinha? – o olhei sem nem um pingo de calma. – Ah, qual é, você não precisa ser misterioso comigo.
— Você sabe que eu não namoro.
— Namoradinha é modo de falar. Um caso, qualquer coisa.
— Se fosse qualquer coisa eu não estaria assim porque briguei com ela.
— É... Faz sentido. – ele coçou sua cabeça parecendo sem saída. – É que o Arthur fica assim por causa da Alice. – se explicou. – Eu só falo merda né?
— Agora concordamos em alguma coisa. – peguei papel toalha e enxuguei o rosto. – Você sabe muito bem o que é, está se fazendo de bobo para ver até onde vai minha paciência.
— Eu sou tão previsível? – ele piscou e riu.
— Não mais que sua irmã. – suspirei e joguei o papel fora.
— O que ele quer? – ele voltou a cruzar os braços.
— Só está puto porque aparentemente eu e Arthur não estamos mais um contra o outro. Parece que é essa a maior diversão dele.
— Escroto filho da puta. – sai do banheiro e ele veio atrás. – Não vai defendê-lo?
— Não. E você não vai parar de me seguir?
— Deveria estar feliz, sua sombra é muito mais gostosa que você.
— Acho que aquele papo de “estou tirando uma com vocês” ontem era tudo mentira. – comentei e dei risada.
— Pronto. Fiz seu humor melhorar. – ele sorriu e passou por mim. – Te vejo no jantar. Segura a onda hein? – idiota.
Tinha que admitir, ser legal era mais fácil, menos trabalhoso e mais leve. Não precisava ficar pensando o que as pessoas tinham contra mim porque eu não ligava mais para isso. E definitivamente eu não tinha mais nada contra ninguém.
— Oi. – cheguei em Arthur que pareceu se assustar.
— Oi. Eu te procurei e não te achei. Onde você estava?
— Banheiro. Então... Não tive tempo de procurar o negócio ainda, não parece estar no buraco que você apontou hoje cedo. Mas o problema agora não é esse.
— É, já sei. Ele já me falou que não vai aceitar sermos amigos. Até pensei em fingir continuarmos com a rivalidade.
— Não. Você não o conhece direito. Ele é esperto demais. E se a gente quer mesmo se aproximar não vai dar para fazer isso se atacando ou mantendo distância.
— Você está me surpreendendo.
— Até a mim se você quer saber.
— Então o que vamos fazer?
— Tomar cuidado. O lance dele agora vai ser causar intriga.
— Não vejo alguma forma dele fazer isso. Alice?
— Não. – nos olhamos.
— Murilo.
— Fala para ele maneirar. Ele tá atrás de mim quase o tempo todo.
— Sem chance de Caleb usar ele de qualquer forma. Murilo é tão esperto quanto você.
— Não é isso. – fixei meus olhos no chão. Realmente não queria falar aquilo. – Não posso deixa-lo perceber que ele é importante. Se ele usar Murilo em alguma chantagem vou fazer o que ele quiser.
— Isso foi... – o encarei bem sério. – Legal. Iria dizer intenso, mas acho que apanharia.
— Só pra constar eu faria o mesmo por você. – revirei os olhos. – Aliás, fiz. Tenho que sondar uma coisa pra ele. – ele puxou meu braço. – Não é nada sujo o bastante, relaxa.
— Tira uma duvida... Você disse saber sobre Lis... Estava blefando né?
— Mais ou menos. É. Desconfio. Não tenho certeza. Mas não sou otário.
— Cara... É horrível viver assim. O tempo todo nessa neurose... – o interrompi.
— Não aguento mais viver pensando nessas coisas. Quero fazer tudo ser melhor, por mim mesmo. Para ter paz. Então isso vai parar de acontecer. – ele me puxou e me abraçou sem nenhum aviso, fiquei sem saber o que fazer. Ele me apertava tanto, tanto, tanto, tanto, achei que acabaria machucando algum órgão meu se isso era possível. Quando me soltou vi que seus olhos estavam úmidos.
— Não deixa ele te arrastar mais para essa merda toda, por favor.
— Digo o mesmo a você. – fiz sinal negativo. – Rei Arthur tonto. – sai antes que ele me fizesse uma declaração de amor. Ou me abraçasse de novo e me machucasse de verdade.
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