Amor Perfeito XIII escrita por Lola
Notas iniciais do capítulo
Boa Leitura ♥
— Legal, vou poder zoar o otário do braço quebrado. – meu irmão falou e riu.
— Vamos. – minha mãe me encorajou.
— Ele acabou de chegar. – Otávia disse assim que entrei. Arthur estava sentado no sofá com a garota do bar e o amigo dele.
— Obrigada. Precisava muito ir ao banheiro. – outra garota saiu do corredor e chegou até a sala agradecendo Luna que permanecia em pé ao lado de Caleb com o semblante muito sério encarando Arthur. A garota se sentou na poltrona e ficou quieta.
— Vim para te deixar mais tranquila, não vim? – ele perguntou em um tom impaciente e olhou para a mãe.
— Por que parece que você não dorme há dias?
— Não dá para transar dormindo. – ele respondeu acidamente, deixando a maioria boquiaberta. – Estou com o braço quebrado, o resto do corpo funciona muito bem.
— Esse nojento não é meu irmão. – Otávia reclamou de forma preguiçosa e começou a subir as escadas. Por um instante tive a esperança que ele não soubesse que eu estava ali, mas ele sabia, viu meus pais e meu irmão.
— Vocês não estão pensando o pior de mim? Estou apenas confirmando. Agora quero dar um rolê com meus amigos. Posso?
— E os seus amigos daqui? Não vai vê-los?
— Sim, claro que vou. – ele se levantou. Nossos olhos se encontraram e ele desviou o olhar. – Cadê o Kevin? – ele perguntou olhando para o pai.
— Nunca soube o paradeiro dele. – Caleb resmungou insatisfeito. – Se você está pensando em procurar briga com ele espero que se lembre de que está em desvantagem com seu braço quebrado, Kevin não vai ter a menor pena. – ele não disse nada e apenas encarou os pais antes de sair com seus amigos atrás dele.
— Conheço esse olhar. E se ninguém fizer nada, isso vai acabar com ele. – minha mãe comentou preocupada e ela e tia Luna se olharam.
— O que você quer dizer com “isso”? – Caleb questionou.
— Essa raiva. Vocês tem que conversar com ele, não é só culpa-lo pelos erros.
— Não vou passar a mão na cabeça do meu filho de dezoito anos. – tia Luna discordou. – Ele nunca foi assim. Pode ter sido um engano, ele não sabia que a garota namorava, mas porque ele não tem a calma de explicar isso pra gente? Esse seria o Arthur normal. Não isso que a gente viu aqui agora.
— Ele só perde a calma quando se trata de Kevin. Está acontecendo alguma coisa entre os dois. Já até imagino o que seja.
— Vou até a Otávia. – falei e subi rapidamente. Entrei em seu quarto e fiquei por lá até a hora do almoço. Evitamos falar de Arthur, ela não queria e eu muito menos, apesar de toda mágoa e dor que eu estava sentindo.
— Amo a casa cheia assim! – minha vó comentou quando Tuh chegou com os amigos dele e todos nos sentamos para almoçar.
— Quer ajuda? – Otávia perguntou de uma forma toda doce para seu irmão. Achei fofo. Mesmo que ela tivesse achado ridículo a forma como ele se portou mais cedo, eles tinham uma união invejável.
— Não. Consigo comer com a mão esquerda. – ele falou e sorriu. – Mas obrigada.
— Você é a companheira de quarto? – Luna perguntou olhando para uma das meninas.
— Não, sou eu. – a de cabelo rosa levantou o braço.
— Qual curso você faz? – elas sorriram juntas.
— Enfermagem. – ela respondeu e tia Luna voltou sua atenção para a outra.
— E você? Arthur chegou estressado e nem fomos apresentadas direito.
— Sou Alícia e sou da sala do Arthur. – não gostava da voz, do tom, do sorriso, nada nela era legal.
— Também sou da sala dele, antes que perguntem. – o amigo dele disse e riu.
— Ninguém que saber. – Tuh provocou e sua expressão pela primeira vez aquele dia parecia mais leve. Mas durou pouco.
— Cadê Kira? – Caleb perguntou ao ver Kevin chegar.
— A mulher é sua e não minha. – ele respondeu de forma afrontosa.
— Você fala Kira invés de falar mãe e ele falta com respeito com você, tá tudo errado. – tio Gustavo opinou. Tio Gu era o terreno neutro entre as confusões de tia Luna e seus filhos e ex marido. Meu pai não podia se meter muito, porque ele e Caleb não se davam bem.
— Cuida das suas filhas. – ele respondeu apenas deixando pra lá.
— Ele é o famoso Kevin? – o amigo de Arthur perguntou vendo que os dois estavam se encarando.
— Faz todo sentido. – a amiga dele de cabelo rosa disse ao seu lado. – O certinho e o badboy. Eu também pegaria o badboy. – ela olhou Kevin com desejo, que sorriu para Arthur ao ouvir a frase, mesmo que ela tenha se esforçado para que ninguém ouvisse.
— Quer que eu quebre a outra patinha? – ele perguntou e cruzou os braços. – Para de me olhar assim.
— Vai começar esse inferno! – Luna exclamou insatisfeita.
— Seria tão mais simples vocês aceitarem que eles se odeiam e deixarem eles se espancarem para ver quem mata o outro primeiro. – Ryan falou ao chegar. – Ei galera. – ele cumprimentou os amigos de Arthur.
— Como você sabe que era isso? – Sofia perguntou assustada.
— O único inferno que tem aqui é esses dois. – ele respondeu e Kevin viu que Lari havia acabado de comer e a tirou da cadeira com agilidade e se sentou, bem de frente para Arthur. Eles ficaram nessa de se encararem iguais dois bichos.
— Tá me querendo? – ele finalmente disse alguma coisa.
— Tô querendo dar um soco nessa sua cara cheia de hematoma.
— Eles estão brincando? – Fabiana perguntou olhando para as pessoas na mesa.
— Queria que fosse. – tia Luna respondeu bastante aborrecida.
- Por que vocês se odeiam? – a outra garota perguntou e olhou para ele.
— Ele odeia a mim e o Yuri porque somos filhos do mesmo pai que ele, só que a mim o ódio é maior, acho que porque sou mais gostoso e bonito. – Arthur respondeu e Kevin riu de forma debochada.
— O Rei Arthur. – ele disse sorrindo e eles se olharam.
— Chega dessa coisa hostil. – nossa vó disse em um tom ameaçador. – Vocês não precisam se amar, mas se respeitem! Quantas vezes vou ter que pedir isso?
— Eu ainda vou te queimar vivo. – Kevin falou e se levantou indo sabe se lá para onde.
— Vocês tem coragem de dizer que esse garoto é normal. – Soph comentou assustada.
— Ele tem sido mais tolerável com a ausência do Arthur, mas acho que é só porque ele quer ser pra gente o que o irmão é, isso nunca vai acontecer. – acho que só agora com essa fala foi que Arthur se deu conta das burradas que ele vinha fazendo, do quanto ridículo e inconsequente era essa nova vida que ele vinha levando, que não tinha absolutamente nada a ver com ele.
— Hoje a noite vamos sair para comemorar o aniversário das meninas, mas de tarde vamos fazer o que? – ele perguntou olhando para o meu irmão.
— Achei que você tivesse um plano.
— Pensei em um mergulho com peixes na lagoa. – Soph sugeriu animada.
— Tudo bem, eu não vou entrar mesmo. – Arthur concordou.
— Vou combinar com o resto da galera. – meu irmão disse pegando seu celular.
— Por que vocês dois não estão se falando? – tia Luna perguntou olhando para mim e Arthur.
— Vocês nem me chamaram para almo... ARTHUR. – Yuri vinha descendo as escadas e acelerou o passo quando viu o irmão. – Caralho que cicatriz monstra. – ele falou olhando a sobrancelha dele.
— Aê filhão, deixou ele com cara de malvado, não deixou? – Rafael perguntou e Yuri concordou.
— E esse braço? – ele perguntou analisando como se fosse médico.
— Para! Sai fora. - Yuri estranhou a resposta do irmão.
— Kevin já esteve por aqui né? – ele perguntou para a mãe e depois passou a reparar nas meninas. Ele estava igual o Murilo, isso era detestável.
— Vai colocar uma camisa Yuri Montez! Agora! – tia Luna ordenou nervosa.
— Tô na minha casa, eu hein!
— Come rápido, vamos pra lagoa daqui a pouco. – meu irmão mandou dando um murro em Yuri.
— Sem brincadeira com violência! ARTHUR?
— Aposentei. – ele olhou para a mãe e sorriu. – Chama o Kevin. Ele deve conseguir colocar ordem em tudo, conseguiu atrair a mais difícil. – nos olhamos e dessa vez ele não desviou o olhar.
— Você está deixando seus amigos sem graça com toda essa amargura. – Otávia avisou ao irmão felizmente me tirando do meio daquilo. – Eles não viajaram isso tudo para ver você com stress com Kevin.
— Vamos nos preparar para o passeio. – Lari se levantou e chamou sua irmã, eu e Otávia para irmos até a casa dela que era perto.
— Não gostei daquelas duas amigas do Arthur! – Soph comentou torcendo o nariz.
— Achei a de cabelo rosa simpática, mas a outra parece arrogante.
— Larissa você nunca soube analisar as pessoas. – as duas irmãs começaram a discutir. Pegamos os biquínis e as coisas delas e voltamos para a casa dos nossos avós para eu pedir Murilo para me levar em casa para que eu fizesse o mesmo.
— Ah qual é, leva ela pra mim Arthur. – ele pediu enquanto me ignorava jogando algum jogo ridículo em seu celular. – Não coloca desculpa em seu braço quebrado, seu carro é automático. – ele se levantou me deixando surpresa.
— É perigoso você dirigir assim, pode deixar. – falei sem olhar diretamente para ele. – Onde está o pai ou a mãe Murilo?
— Vamos. – Arthur parou em minha frente e me encarou. – Ou se você preferir ligar para o seu namoradinho. – continuamos nos olhando.
— Isso é uma piada? – ergui a sobrancelha.
— Quem adora ser engraçadão é ele e não eu. – então o beijo realmente o machucou muito. Não havia nada que eu pudesse fazer a respeito. Já havia acontecido. – Você vai ou não? – andei até seu carro em confirmação e ele fez o mesmo. Ao entrarmos não aguentei ficar calada.
— Você sai, fica com alguém que tem compromisso, apanha até parar no hospital, ainda traz a garota que eu tenho ciúme contigo pra cá e não aceita um beijo que nem fui eu que iniciei?
— Você quis.
— Não quis.
— Você continuou.
— Fiquei meio sem reação. Alguém já te beijou de surpresa? – ele pareceu estremecido com a pergunta. – Ah, claro! – a tal Alicia. – Foi quando?
— Antes de eu apanhar.
— Por que você a trouxe?
— Meu carro seria apreendido se eu fosse pego dirigindo com esse braço quebrado, Rafael e Fabiana não tem carteira.
— Ela veio dirigindo o seu carro? – perguntei incrédula.
— Meu pai queria nos buscar, mas eu já iria trazer o Fael e a Fabi de todo jeito e dai aproveitei a boa vontade dela, além do mais ela me deve vários favores, foi ela quem me dedurou para o cara. Não fiquei com a namorada dele aquele dia. Já havia muito tempo.
— Por que ela fez isso?
— Eu a ofendi. – ele estacionou em frente a minha casa.
— E por qual motivo? – eu já estava impaciente.
— Sei lá. Acho que estava bêbado. – revirei os olhos. Tirei o cinto. – Posso ir lá com você? Ou quer que eu espere aqui?
— Tanto faz. – sai e abri o portão, esperei que ele entrasse e o tranquei. Como ele era enorme e antigo era um pouquinho mais demorado.
— Preciso muito saber uma coisa... – ele disse mais baixo e não esperou resposta. – O que você sente quando ele te beija?
— Nada. – respondi rapidamente. Começamos a andar em direção a casa.
— Isso não é verdade. Se não você não iria querer beija-lo tantas vezes.
— É uma experiência nova Arthur. E quando o Kevin me beija ele muda, na verdade quando sou só eu e ele não existe esse monstro que a gente conhece.
— Você disse estar apaixonada por mim, mas o que parece é que é por ele que sente alguma coisa. – olhei em seus olhos.
— Ouvi de você que as coisas entre a gente seriam cheias de compreensão e nem namoramos e já estamos fazendo conclusões precipitadas por ciúme. – ele pareceu concordar pelo suspiro que deu. Fiquei olhando para a sua boca por um tempo.
— O que foi? – sua voz agora tinha um timbre manso.
— Eu iria te beijar, mas chega de beijos surpresa. Não quero que você fique sem reação. Então... Queria te beijar. – sorri envergonhada. Ele ficou me olhando, não sei se sem acreditar no atrevimento das minhas palavras ou se avaliando a possibilidade de aceitar a minha súplica ou não. Aquilo já estava me deixando nervosa. – Esquece. – tentei ir em direção ao meu quarto, mas ele impediu.
— Não. – parei, ainda de costas. – É que se eu fizer isso sei que vai ser um caminho que não vai ter mais volta.
— Como assim? – me virei.
— O que eu sinto já não é mais segredo para você. Isso sempre me controlou. Beijando você... Vai ficar pior.
— Está com medo ainda de voltar para Torres? É isso?
— Não é tão simples. É um pouco mais delicado. De qualquer forma, acho que o momento não é para nos envolvermos mais ainda e sim de você refletir no que realmente quer de verdade.
— Quero você. Mesmo sendo esse idiota que apanha de caras por aí.
— Vai lá pegar as suas coisas.
— Só me diz por que não podemos ficar juntos. – pedi um pouco sem jeito.
— E quem disse que não podemos? A gente pode e vai. Tudo no seu tempo Alice.
— Você tem medo que nossos pais não aceitem?
— Tenho medo do que isso pode fazer comigo. – fui até ele velozmente e o abracei agarrando sua cintura e encostando minha cabeça em seu peito.
— Não quero sentir que você não é meu Arthur como eu senti hoje. Mas eu sei que vou te perder aos poucos para suas novas amizades e aquele lugar.
— Ingênua. – nos olhamos.
— Arthur eu quero deixar você se aproximar de mim. Para com esse receio.
— Por que você está tão desesperada assim? – ele se afastou e me olhou com seriedade. Parecia o meu pai. Ele conseguiu o que queria, me deixar ainda mais sem graça e agora com raiva. Fui buscar minhas coisas e não fui impedida dessa vez. O caminho de volta foi silencioso. Quando ele parou em frente a casa dos nossos avós ele me impediu de sair do carro.
— Não sou só um cara que quer ficar com você. Você tem sido tudo na minha vida há bastante tempo Alice e eu não vou estragar isso por nada. Prefiro preservar o que temos. Espero que entenda... E faça o que eu te pedi, reflita.
— Tá bom. – suspirei. – Posso só te pedir uma coisa? - ele fez sinal positivo.
— Não me deixe sentir ciúme dela. É muito ruim.
— Vamos ficar juntos como sempre foi. Ela não vai se aproximar. Você não precisa se afastar de mim porque eu estou adiando o nosso beijo. É infantil.
— É infantil e combina bem com os meus quinze anos... Você deveria... – ele saiu me deixando falando sozinha.
— Vem, antes que saia mais besteiras da sua boca. – a porta ao meu lado se abriu e sua voz fez presente antes dele sair andando. Fiz o mesmo. Quando entramos na casa todos estavam lá.
— Pensei que haviam se casado e estavam em lua de mel! Que demora. – meu irmão reclamou imediatamente. – Vamos. Ah – ele parou em frente a Arthur. – Chamei Aline, espero que não tenha problema.
— Como ela foi parar na sua cama? – ele parecia surpreso. Sabia muito bem que Murilo não era amigo de ninguém.
— Chorando por você e dizendo o quanto sentia sua falta. – ele deu um sorriso safado.
— Não acho uma boa ideia. – ele me olhou e depois voltou a olhar Murilo.
— Ela já te esqueceu. Eu garanto. Garanto MUITO. – ele piscou e saiu andando. Meu irmão não sabia o que era ter sentimento, mas por escolha própria. Idiota.
— Vou te matar. – ouvi Rafael falar baixo com Arthur ao começarem a ir para o carro dele, eu andava atrás deles, mas acho que ele era tão sonso a ponto de não perceber isso. – É bom você melhorar muito a porra do meu sábado. Porque eu não planejei ficar na casa da vovó. Ah, e eu vou pegar a sua prima gostosa!
— Qual delas? – eles se olharam.
— Alice que não é né? Nem gostosa ela é. – revirei os olhos involuntariamente. – Sofia. Ela está me dando mole.
— O Yuri não vai gostar disso. – falei chegando até eles.
— Entra no carro e fica caladinha. – fuzilei o loiro com os olhos.
— Cala a boca Rafael. – Arthur chamou sua atenção. O caminho todo eu tive que aguentar ele e as conversas estúpidas. Sorte que a lagoa não era longe.
O dia não estava muito quente e o sol não estava muito forte, assim conseguiríamos ficar em uma mesa e não em um quiosque, isso era ótimo, porque as mesas eram mais perto das árvores. Murilo desceu do carro do nosso pai com o pessoal e as carnes, ele era o churrasqueiro oficial da nossa turma, aliás, tudo que envolvia comida era com Murilo.
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