Lembra quando eu te disse, testuda, que as coisas não eram fáceis? E não são mesmo. Mesmo no meu ramo de trabalho, lidando com as flores, recebo críticas.

Tento ignorar elas na maioria das vezes, mas você, melhor do que ninguém, sabe como eu sou. Sinto demais, vivo demais. E isso se reflete em tudo. 

As pessoas se sentem insatisfeitas as vezes, dizem que não dou atenção o bastante, ou que sou grosseira por esse meu jeito tão enérgico de ser. Será que você pensa assim também? 

Tento me policiar sobre isso, juro que tento! Mas tem sido tão difícil que as vezes penso que vou me afogar nesse rio de ansiedade e desespero. Antes as coisas eram tão mais fáceis e divertidas. Lembra de quando a gente deitava na grama pra olhar o céu com Shikamaru e ficávamos rindo dos formatos das nuvens enquanto ele reclamava do quanto aquilo era problemático? Como eu queria um momento desses agora...

Você vive me dizendo que sou uma florista incrível, que dedico meu tempo às flores como ninguém. Mas aquela mulher me acusou pelas minhas costas, dizendo pro meu pai que eu matei o arranjo dela, e aquilo acabou comigo. Não sei bem dizer o motivo.

Ele me disse que era bobagem, que eu jamais faria algo assim, e que nem por um minuto ele acreditou em tal situação. Por algum motivo, isso só me fez querer chorar ainda mais. Quem é a chorona e bobona agora, ein?

Passei a noite nisso, sem dormir até te escrever essa carta. Fiquei pensando na cor dos seus olhos e no brilho deles, e foi ali que capturei minha esperança. Porque ela possui essa cor. 

Hoje levantei e respirei fundo. Continue a nadar, eu te disse. Então não posso parar também. Te encontro no meio do caminho, testuda, pra gente nadar juntas outra vez. Então não se atreva a desistir também. 

Com amor, 

Porquinha.