Três brutamontes pegaram o barril e jogaram todas as roupas lavadas na terra, enquanto metade da cidade se aglomerava em volta rindo ou visivelmente contrariados com as ideias esquisita e antinaturais de Hermione. Afinal, onde já se viu roupas se lavarem sozinhas!?

Lavander a mandante do “crime”, apenas sorria vitoriosa com a imagem de Hermione se arrastando no chão para recolher as roupas que teria que lavar novamente. O único que se dispôs a ajudar a morena foi Neville Longbotom, que apenas a olhou tristemente, não havia muito que ele pudesse fazer para tentar colocar um pouco de bom senso na cabeça desse povo de mente pequena.

Não muito longe dali, Cormac McLaggen estava, parado na frente de uma banca que vendia espelhos, flertando com o próprio reflexo.

— Você é a coisa mais selvagem e linda que eu já vi. Ninguém merece você, mesmo assim sabemos que nossos filhos serão magníficos. - Continuou, imaginando que era Hermione quem lhe falava aquelas palavras.

— Estou lhe interrompendo? - Perguntou Colin ao se aproximar.

— O que foi Creevey?

— Existe uma certa donzela em perigo que talvez precise da sua assistência.

Cormac logo entendendo o que o amigo queria dizer, deu um sorriso triunfante e disse:

— Certo. É a hora se ser o Herói! - Ajeitando os últimos detalhes da casaca vermelha que usava, após um longo olhar que o mesmo considerava incrivelmente sexy   - Não terminei com você ainda. - Falou para o reflexo antes de rumar para a casa da donzela.

Colin aproveitando o mesmo espelho tentou imitar o sorriso do amigo ao falar:

— Nem eu!

Assim que terminou de recolher tudo, Hermione partiu  para casa apressada pois realmente não queria mais problemas. Entretanto o destino não devia gostar muito dela, pois logo a garota ouviu uma das últimas vozes que queria ouvir naquele dia lhe chamar, ela até tentou apreçar o passo mas McLaggen a alcançou.

— Hermione! Me disseram que você teve problema com o diretor. - Falou ignorando que a garota fechava o portãozinho da horta à frente de sua casa para tentar colocar uma distância entre eles. - Ele nunca gostou de mim também. - Continuou o rapaz. - Posso lhe dar um pequeno conselho sobre os aldeões? - Mesmo que ela não tendo respondido ele continuou, depois de pular a cerca e pisar numa série de repolhos. - Eles nunca vão acreditar nas mudanças que você está tentando fazer.

— Tudo o que eu queria era só ensinar uma criança a ler!

— As únicas crianças com quem deveria se preocupar são… Com as suas! - Disse apontando para ambos insinuando que as crianças delas seriam as dele também!

— Eu… Não estou pronta para ter filhos. - Falou se esquivando de Cormac e tentando fechá-lo dentro da horta.

— Talvez você não tenha conhecido o homem certo.

— É uma vila pequena, McLaggen. Eu já conheci todos os homens. - Afirmou finalmente dando as costas para o rapaz que insistentemente continuou.

— Bem, então você devia dar outra olhada. Alguns de nós mudaram.

— Cormac, nunca seríamos felizes juntos. E ninguém poderia mudar tanto assim.

— Oh, Hermione… - Disse desolado. - Você sabe o que acontece com mulheres solteiras, nessa cidade, depois que o pai morre? - Proferiu ao virar-se e apontar para uma jovem loira com vestes surradas que estava do outro lado da rua. - Elas imploram por esmolas como a pobre Di-Lua. Este é o nosso mundo! - Falou abrindo os braços. - Nada melhora para pessoas simples como nós.

— Posso ser uma garota do campo. - Começou Hermione enquanto recuava para a porta de casa. - Mas isso não significa que sou simples. E... Eu nunca me casarei com você, Cormac. Sinto muito! - Finalizou fechando a porta na cara do rapaz.

O jovem, entretanto, não se abalou com a recusa e com um suspiro decidido partiu cantarolando. Pois realmente acreditava que logo mais Hermione voltaria atrás e o aceitaria.

Hermione, por outro lado, estava indignada a ponto de conversar com as galinhas para desabafar frente ao tamanho disparate que fora a proposta de casamento de McLaggen.

— Dá para imaginar? Eu, esposa daquele grosseiro, cabeça oca sem cérebro! Madame McLaggen!? - Perguntou, enquanto cobria os cabelos com um pano imaginando a cena trágica. - Madame McLaggen, sua pequenina esposa! Não senhor, não eu! E isso eu garanto! - Continuou enquanto pegava um punhado de milho e jogava furiosamente para as aves. - Eu quero muito mais do que essa vida no interior!!!

Hermione estava sufocada. Sufocada com as fofocas e pressões, sufocada por não poder ser ela mesma. Então ela fugiu para o único lugar que se sentia livre, fugiu para onde conseguia ver esperança em seus sonhos. Correndo ela saiu da cidade, subiu a mais alta colina e só parou quando estava sozinha cercada pelas flores de dentes de leão.

— Eu quero aventuras em lugares desconhecidos! - Gritou a plenos pulmões. - Eu quero mais do que posso imaginar! - Continuou e quando extravasou sua revolta, disse por fim. - E pelo menos uma vez na vida, seria ótimo ter alguém que entendesse que eu quero muito mais do que eles planejaram para mim.

Hermione fechou os olhos, inspirou profundamente e ao soltar o ar libertou a magia que pulsava em suas veias. O vento uivou respondendo ao chamado, ele rapidamente espalhou as flores, entorno da jovem, numa dança linda e caótica que logo se acalmou numa brisa suave, levando cada semente para longe, como se levasse uma promessa e que assim talvez algumas daquelas pétalas encontrasse alguém que realmente à entendesse, realmente entendesse seus sonhos mais profundos.