Acordo de súbito, assustada.

  Sento-me na cama e olho em volta com o coração a mil. Onde eu estou? O Carro? O acidente? Ethan e aquela vaca...? Os bebês! Toco a barriga em pânico.

  - Hei! Calma, está tudo bem – uma mulher me segura pelos ombros e eu nem a havia notado ali. A julgar por suas roupas ela é uma enfermeira então não é difícil deduzir que eu estou num hospital.

  - O que aconteceu? Meus bebês! Como eles estão? – pergunto em pânico e ela sorri.

  - Fique calma, Olivia. Eles estão bem. O acidente não foi grave e você também está bem. Agora preciso que você se acalme.

  - Eles estão bem? – pergunto com as mãos trêmulas. – Não aconteceu mesmo nada com meus bebês?

  - Nada. Eles estão ótimos, seus bebês são guerreiros como você, agora você precisa respirar fundo por que ficar nervosa pode fazer ainda mais mal pra eles que já passaram por tanta coisa. O médico vai vir vê-la e logo depois sua família vai poder entrar também.

  - Minha família?

  - Claro. Sua sogra e sua cunhada estão aí desde cedo e seu marido chegou um pouco depois. Vou chamar o médico, já volto.

  Vejo-a sair e sinto os olhos lacrimejarem, depois da onda de alívio por saber que os bebês estão bem eu finalmente me permiti pensar em Ethan e na cena que vi quando fui vê-lo essa manhã. Susan e Brianna eu não só não me importava em ver, como também queria muito, sobretudo para perguntar sobre as crianças. Mas Ethan? Ele não queria ver, pra quê? Se ele estava na cama com a ex-mulher?

  O médico vem, me examina, sorri e me garante que tanto eu quanto os bebês estamos muito bem e que talvez, depois de passar à tarde em observação, eu poderia ser liberada hoje ainda, mas que amanhã de manhã era certeza. Sorri também, agradeci o cuidado e ele a enfermeira saíram, ela dizendo que chamaria minha família para me ver, eu não tive nem mesmo a chance de dizer que não queria ver o Ethan, pelo menos não agora.

  Eu sabia que teríamos que conversar, mas no momento eu não me sentia corajosa ao suficiente pra isso. Felizmente e para o meu total alívio, quando a porta do quarto voltou a se abrir apenas Susan passou por ela, minha sogra sorriu ao me ver e veio direto me dar um abraço.

  - Graças a Deus que você e o bebê estão bem! Eu e a Brianna ficamos tão preocupadas quando nos ligaram do hospital – diz ao me soltar. Susan pega uma cadeira que há ali no quarto e se senta ao lado da cama. – Mas você está bem mesmo?

  - Estou – toco a barriga e consigo sorrir. – O médico disse que não foi grave, que eu e os bebês vamos ficar bem. Onde estão as crianças?

  - Eles ficaram com a Edith, não quis trazê-los para não assustá-los. Mas você disse bebês? – Susan pergunta e fico sem reação. – Como assim bebês?

  - Eu descobri ontem, mas não consegui contar. São dois.

  - Dois? – ela sorri. – Eu vou ter mais dois netos?

  - Vai. São dois. Eu vou ter cinco filhos, Susan. Estou perdida.

  - Não, não está, você vai conseguir. Tenho certeza. E meus parabéns! Você e Ethan merecem.

  - Ele ainda não sabe. Eu não consegui uma única brecha pra contar. São dois bebês e ele nem mesmo sabe que eu estou grávida.

  - Olivia...

  - Não tudo bem, ele está com a ex dele agora. Aposto que estão se divertindo ou sei lá. Não me importo.

  - Ele não está com a Evelyn – minha sogra diz direta e nego com a cabeça, mas ela não me deixa falar. – Eu não sei o que você viu. Isso é entre você e Ethan, mas uma coisa eu posso te dizer com certeza. Ele não está com ela. Ethan não teve nada mais com ela desde que eles se separaram. Molly foi uma exceção.

  - Uma bem grande, não é?

  - Grande por que dela veio a minha neta? Sim. Mas grande por que Ethan estava envolvido romanticamente com Evelyn outra vez? Não. As únicas duas mulheres que ele realmente amou na vida foram Annie e você. E mesmo assim são amores diferentes, com Annie ele era um garoto ingênuo, com você ele já um homem que viveu muita coisa. Mas com Evelyn nunca foi amor. Ele ficou desesperado quando ouviu sobre você.

  - Se isso é verdade, se isso tudo o que você falou é verdade. Por que ele não estava ontem comigo? Por que foi pra casa? Por que quando eu o vi hoje de manhã ele estava na cama com a Evelyn? – perguntou aos soluços. – Por que ele não está aqui agora?

  - Olivia, se acalma, Ok? Você quer falar com o Ethan?

  - Não sei – digo com sinceridade tentando conter as lágrimas. – É difícil acreditar que o homem que eu amo fez algo como aquilo comigo. Ele não é assim então por quê!? Eu só quero saber o por que. Quero que ele me diga, que me explique. Que fale comigo, nem que seja pra terminar, mas eu quero uma explicação!

  - Tudo bem, Olivia. Agora se acalma.

  - Eu não quero ficar calma, Susan! Quero que o Ethan tenha ao menos a decência de falar na minha cara o que foi aquilo! Eu cansei sabe? De abaixar à cabeça e aceitar qualquer coisa, eu não mereço isso. E não vou mais fazer, nem mesmo por Ethan. Então cadê ele!?

  - Na delegacia – ela diz simplesmente e eu paro, a olho, termino de secar as lágrimas e pisco.

  - Você disse delegacia? – pergunto sem acreditar e ela faz que sim e para minha surpresa está sorrindo divertida. – Por quê?

  - Por que a sua cunhada resolveu que sair no tapa com Evelyn na recepção do hospital era boa ideia. Então os guardas apareceram e foram todos detidos inclusive o Ethan que tinha ido tirar Brianna de cima de Evelyn.

  - Você está brincando, certo? Uma piada pra eu me sentir melhor e aceitar falar com Ethan numa boa?

  - Não – ela sorri. – Seu namorado e sua cunhada foram presos por que entraram numa briga em um hospital. Brianna e seu pavio curto não conseguiu ver Evelyn e não partir pra cima dela. Eles me ligaram poucos antes de eu entrar aqui, talvez demorem já que Evelyn quer processar Brianna por agressão e Ethan vai denunciá-la pelo que ela fez com ele.

  - O que ela fez com ele...? – pergunto com medo da resposta. – E o que ela fez com ele?

  - Ela... – Susan se interrompe quando seu telefone toca e ela o pega na pequena bolsa que carrega. – Um minuto, Olivia – pede e fica de pé para atender. Segundos depois ela já saiu do quarto para falar com quem quer que seja.

  Toco minha barriga e sorrio. Brianna saindo no tapa com Evelyn? Só ela mesmo para fazer algo assim e justo em um hospital. Mas a verdade era que eu mesmo queria ter feito isso, tudo bem que grávida seria perigoso, só que ao menos ver eu teria adorado. Minha cunhada é realmente a melhor pessoa do mundo. Mas agora eu fiquei curiosa sobre o que Susan disse por último, que Ethan ia acusar Evelyn por que ela havia feito alguma coisa com ele, e que coisa seria essa?

  Fiquei queimando meus neurônios pensando nisso enquanto esperava Susan voltar, mas ela não voltou, não imediatamente, nem o que me pareceram vários minutos depois. Fiquei sem entender. Suspirei frustrada pensando nas palavras da minha sogra. Ela disse que Ethan não faria isso, que ele me amava e só tinha amado Annie antes de mim. Isso podia até ser verdade, mas o que significava? O que significava realmente? Ações muitas vezes diziam mais que palavras e as de Ethan não tinham sido as melhores nas últimas vinte e quatro horas.       

  Só as lembranças deles na mesma cama fazia meu estômago revirar. Eu gostava de acreditar que tudo isso tinha uma explicação. Dois lados, como a confusão que Brianna fez com a surpresa que Josh preparou para ela. Mas se era isso mesmo, qual era a explicação de Ethan? E mesmo que fosse isso mesmo eu ainda estava muito magoada e eu podia ao menos me dar a esse luxo, certo? Eu estava grávida e nem mesmo pude contar ao pai dos bebês por que a ex-mulher dele não me deu oportunidade.

  Depois de meia hora e nada de Susan eu já estava começando a ficar preocupada. Queria vê-la, perguntar do que ela estava falando. Queria saber se Brianna estava bem e só Deus sabia como eu queria ver as crianças. Estava morrendo de saudades dos meus filhos. Eu queria vê-los! E sim, eu queria ver Ethan, queria que ele me explicasse tudo. Queria saber a verdade e queria, sobretudo, entender o que tinha acontecido nas últimas horas.

  Só desisti de sair do quarto por que uma enfermeira me viu levantando da cama e disse que eu não podia. Se quisesse sair logo daqui tinha que ficar na cama. Sem exceções. Precisei de toda a minha força de vontade pra não sair procurando pelo hospital. No fim só me restava ficar ali sentada olhando a parede branca e imaginando mil coisas. Depois do que me pareceram várias horas a porta começou a se abrir e eu a falar antes mesmo da minha sogra entrar.

  - Susan que bom que você... – parei no meio da frase quando a pessoa entrou. Não era Susan, nem Brianna, nenhum médico ou enfermeira. Era Ethan.

  Meu, até então, namorado parou na porta do quarto. Os olhos azuis pareciam quase surpresos por me ver sentada ali o encarando. Ethan deu um passo meio incerto em minha direção, depois outro e mais um. Quando ele estava a pouco mais de um passo da cama e de mim, parou. Parte de mim queria que ele acabasse de uma vez com a distância entre nós, outra não tinha tanta certeza assim se queria vê-lo ou ouvi-lo.

  - Você está bem – ele diz finalmente. – Eu entrei em pânico quando soube do acidente. Mas fico feliz que não se machucou seriamente.

  - Da última vez que eu o vi você não parecia tão preocupado assim – solto sem conseguir me conter. Minhas palavras atingem Ethan, por que vejo a expressão de surpresa em seu rosto.

  - Você foi a nossa casa hoje de manhã, certo? Você viu a Evelyn – não é uma pergunta. – Tudo que você viu...

  - Não aconteceu? – pergunto com ironia. – Eu imaginei? Você está com uma ótima memória pra alguém quem nem mesmo se mexeu quando eu o vi na cama com a sua ex! – explodo segurando as lágrimas.

  - Olivia... – ele começa e dá um passo em minha direção. O olho com raiva. Dele, da situação, de tudo.

  - Não encosta em mim!

  - Livy...? – Ethan dá um passo hesitante pra trás e sei que minhas palavras o atingiram, que o magoaram. Mas o que ele fez me magoou também. – Me perdoe – ele diz simplesmente e eu o encaro sem acreditar.

  - Como?

  - Eu quero que você me perdoe. A Brianna tem razão eu sou um idiota. Mas dessa vez foi burrice, por que eu deixei Evelyn vir, e entrar e incomodar você e as crianças, deixei ela ter algum espaço onde ela não devia ter nada. Só que eu queria acreditar que ela ainda tinha um pingo de humanidade em si. Mas não tinha e eu fui burro em mesmo assim acreditar nela. Ela me enganou e eu nem posso culpar Evelyn por isso, eu deixei que acontecesse. E por isso eu quero te pedir perdão. Por que eu te amo demais e o jeito que me olhou agora a pouco, o jeito como me rejeitou, aquilo doeu mais que qualquer outra coisa que eu já senti.

  Sua declaração me pega de surpresa, faz meus olhos marejarem, mas ele não vai me ganhar só com isso. Eu amo Ethan, mas já cansei de receber as coisas pela metade, principalmente amor.

  - Te ver com ela doeu ainda mais. Por que eu sei da história de vocês, e ela fez questão de me lembrar disso hoje. Como eu posso perdoar você e não querer mantê-lo longe de mim se eu nem sei o que aconteceu hoje de manhã? Na verdade, eu não sei nem o que aconteceu ontem à noite.

  - Evelyn foi lá em casa ontem a noite quando eu estava saindo para ver você e as crianças, inventou que o pneu do seu carro tinha furado e que estava sem bateria no celular, ela disse que queria usar o telefone e eu burro, concordei, eu acreditava mesmo que ainda havia alguma coisa dentro dela. Mas fora manipulação, irracionalidade e mentiras eu não vi nada. Ela entrou, eu percebi que era mentira então ela disse que queria tomar uma água antes de ir, não me atacou nem nada só sorriu. Buscou sua água e me trouxe um copo, eu decidi tomar de uma pra acabar logo com isso, Evelyn tinha colocado remédio pra dormir na água, ela me dopou e eu só percebi quando já estava perdendo os sentidos.

  - Aquela vaca fez o que!? – exclamo surpresa, agora consigo entender como Ethan foi pego de surpresa, a gente não acredita que tenha pessoas capazes de algo assim, mas tem, aparentemente tem.

  - Evelyn me dopou, e eu não falo isso com orgulho. Eu deixei minha ex-mulher entrar na nossa casa e fazer isso. Então me desculpe, eu sei que palavras não são suficientes, mas eu vou me esforçar todos os dias do resto das nossas vidas pra me desculpar com você.

  Suas palavras me pegam realmente de surpresa e eu não sei o que fazer, nem sentir, sinto as lágrimas rolarem pelo meu rosto, mas agora num misto de esperança e choque.

  - Então hoje de manhã, você estava...?

  - Dormindo, dormindo como uma pedra como estive desde ontem. Ao que parece o plano de Evelyn era fingir que tivemos outra noite como a que concebemos a Molly. Provavelmente fingiria uma gravidez. Ela só quer o meu dinheiro e nada mais.

  - Mas então não aconteceu nada entre vocês?

  - Não! De jeito nenhum! Você é a única mulher na minha vida e na minha cama desde que apareceu e virou tudo de cabeça pra baixo com seu sorriso encantador e seu jeito especial.

  - E você sabe disso como? Sobre a Evelyn e o que aconteceu? Não estava dormindo?

  - Minha mãe disse que contou a você. Mas Brianna e eu fomos presos junto com a Evelyn por que minha irmã achou boa ideia dar uma surra nela aqui no hospital. Quando a policia levou todo mundo nós colocamos tudo na mesa. E como ela viu que estava ferrada, já que eu tinha o exame toxicológico e as câmeras lá de casa, Evelyn resolveu confessar. Seu advogado a aconselhou. Ela tem um advogado bom o suficiente para responder em liberdade, mas foi indiciada. E agora há uma medida restritiva, para qualquer um da família Price e Evelyn, se ela chegar a menos de dois metros de qualquer um de nós pode ser presa então acho que não vamos mais vê-la. Ela já está ocupada demais tentando manter sua imagem que já não era das melhores.

  - Fico feliz que ela não vai mais incomodar vocês – digo por fim absorvendo suas palavras.

  - Como assim “Vocês”? – Ethan pergunta me surpreendendo. – Você é parte dessa família, Olivia. É uma das minhas garotas Price. Então é claro que sobre nós, nossa família. Nossos filhos. Eles foram seus antes de serem meus, então com certeza é sobre você também. Eu amo você, Olivia.

  - Eu po-posso re-realmente acreditar ni-nisso? – pergunto com a voz tremula, as lágrimas escorrendo livremente pelo meu rosto e o coração cheio de expectativa.

  Dessa vez Ethan não hesitou antes de acabar com a distância entre nós, se sentar na beirada da cama e me abraçar. Deixei-me ser levada por ele e me aconcheguei em seus braços, sentindo as lágrimas caírem como em uma cachoeira e molharem sua camisa. Chorei de alivio, medo, raiva e por fim felicidade. No fim era ele, meu Ethan, e eu ainda podia acreditar nisso.

  - É claro que pode. Eu te amo, nossos filhos amam você e eu só quero que você fique conosco para sempre. Eu te disse não disse? – ele pergunta me afastando de si só o suficiente para me olhar. – Eu sei que palavras não são o suficiente, então vou continuar me desculpando com você pelo resto das nossas vidas.

  - Pra sempre? – pergunto mais calma e ele sorri limpando minhas lágrimas com suas mãos.

  - Sempre. Eu amo você, Olivia Cooper. Amei desde o momento em que te vi e você me manchou de batom, eu só não tinha consciência disso ainda. Eu sou apaixonado por você, e pelo que você fez com a nossa família, sou apaixonado pela sua luz, seu sorriso, seu carinho. Amo cada detalhe seu. Mesmo quando está gritando com as crianças ou comigo, amo ainda mais vê-la gaguejar quando está envergonhada ou nervosa. Amo você demais para deixá-la ir, então você me faria o homem mais feliz do mundo e aceitaria se casar comigo?

  - Q-Quê!? – gaguejei surpresa me afastando um pouco mais dele e Ethan começou a rir, no fim não consegui me conter e o acompanhei divertida. – Você está falando sério? Tipo, sério mesmo?

  - É muito sério, Amor. E agora é a parte em que você me responde e não fica me fazendo perguntas – Ethan diz divertido e eu enlaço seu pescoço com meus braços tomando cuidado com o meu soro.

  - Sim, sim e sim! Eu amo você! – digo antes de puxá-lo para um beijo. Ai meu Deus, eu estou noiva!

  - Aqui – Ethan diz abrindo a mão depois de tirar algo do bolso da calça. Fico sem fala por um momento, é um anel lindo com uma amarela e outras brancas menores ao redor.

  - Como...? Ou melhor, por que você tem um anel no bolso da calça? – pergunto vendo-o colocá-lo em meu anelar da mão esquerda. O anel é lindo e eu estou apaixonada, mas continuo curiosa, por isso volto a olhá-lo.

  - Lembra que eu disse que quando Evelyn apareceu eu estava saindo? – ele pergunta e faço que sim. – Eu disse a você na ligação que não iria por que eu tinha perdido o anel, a ideia era eu pedi-la hoje no almoço na casa da minha mãe, por isso não podia ir até lá sem ele, então resolvi dizer que não ia, para procurá-lo, por que eu sabia que se te dissesse que eu estava atrasado fazendo uma coisa importante você ia perguntar o que era e eu não ia conseguir mentir outra vez pra você.

  - Você mentiu pra mim, por que ia me pedir em casamento? – pergunto sem acreditar e Ethan dá um meio sorriso muito fofo dando de ombros.

  - No fim deu tudo errado, desculpe.

  - Que sirva de lição, não minta mais pra mim, por favor. Acho que agora está tudo bem, mas nunca mais faça algo como aquilo, eu não aguento uma segunda vez e Brianna já me ofereceu um álibi e acho que mesmo que seja pra você a proposta ainda está de pé.

  - Com certeza está. Ela te ama e só está esperando uma desculpa pra me dar uma surra também – ele diz divertido e sorrio tocando minha barriga. Dessa vez eu vou finalmente contar.

  - Ethan, eu também tenho uma surpresa.

  - Surpresa? – ele pergunta interessado. – Uma boa ou ruim?

  - Boa, muito boa. Espero que você goste dela tanto quanto eu gostei.

  - Agora fiquei curioso, o que é?

  - Eu estou grávida – anuncio de uma vez e Ethan para a minha frente, ele não pisca, não sei nem se está respirando.

  - Você tem certeza? – Ethan pergunta, no fim ele estava mesmo respirando.

  - Tenho, um mês e meio. É certeza eu fui ao médico, a Brianna foi comigo.

  - A Brianna? – seu olhar parece um pouco magoado, mas ele logo subistitui a emoção por outra coisa muito melhor, felicidade. - Por que não me disse?

  - Eu não consegui. E eu juro que tentei. Mas e você, está feliz?

  - É claro que eu estou feliz, eu amo você – ele sorri e me beija. – Amo vocês.

  - Nós três te amamos também – respondo e vejo meu noivo arregalar os olhos de uma forma assustadoramente grande.

  - Como? Três?

  - Eu e eles dois – toco minha barriga e sorrio pra ele. – São gêmeos.

  - Nós vamos ter cinco filhos? – ele ri entre histérico e divertido, acabo rindo junto.

  - Vamos sim. Está pronto? Por que está acontecendo.

  - Com você? Pra tudo.

  - Falando em filhos, cadê os nossos? Eu estou morrendo de saudades? Na verdade você sabe cadê a sua mãe? Ela saiu daqui pra atender ao telefone e não voltou mais.

  - O telefonema provavelmente era meu ou de Edith, ela foi buscar as crianças, por isso não voltou. Eles estão lá embaixo, eu quis subir sozinho primeiro e Seth e Charlotte não queriam concordar de jeito nenhum. Mamãe teve que convencê-los. Eu vou lá buscá-los. - Ethan fica de pé segue em direção à porta, mas para antes de sair e me olhar. – Minha mãe sabe sobre os bebês?

  - Sabe.

  - Só eu que não sabia então, é? – dei de ombros e ele suspirou. – Tudo bem, acho que depois de Evelyn eu não tenho nem o direito de reclamar. Já volto com seus filhos impacientes.

  Sorri tocando a barriga.

  - Como será que os irmãos de vocês vão reagir quando souberem de vocês? Espero que eles fiquem felizes. Eu estou, o papai está. E agora eu vou me casar com o papai. Quando vocês saírem daí já vamos ser oficialmente uma família.

  - Mamãe! – eu não preciso levantar os olhos para reconhecer a voz de Charlotte, minha garotinha corre em minha direção, mas para ao lado da cama me olhando. – O que aconteceu, mamãe? A vovó disse que vou ficou só um pouquinho doente e teve que vim aqui no hospital.

  - Foi só isso meu amor, eu fiquei um pouquinho doente. Por isso estou com isso aqui – mostrei o soro. – Mas estou bem.

  - Sério?

  - Sério – sorrio. – Mas agora vem aqui que quero um abraço.

  Ela sobe na cama, mas toma cuidado com o soro, vejo Seth ao lado de Ethan me olhando com curiosidade. Molly no colo do meu noivo está se contorcendo em minha direção.

  - Vem cá, Seth, eu quero um abraço – peço quando Charlotte me solta. – Vem cá meu amor.

  - Você tá bem mesmo, mãe?

  - Estou. Amanhã eu já posso ir pra casa, mas agora vem aqui e me dê um abraço – peço e meu garotinho faz exatamente isso, ele não me aperta, mas minha vontade era de apertá-lo. Seth faz como Lottie e se acomoda em minha cama.

  - Mama! – Molly exige em sua impaciência me estendo os braços e todos a olham com curiosidade. Não é para menos, minha bebê não tinha dito mais nada depois daquela noite comigo. – Mama! Mama!

  - Ai está sua mãe – Ethan diz a filha quando me entrega a bebê, eu a aperto, cheiro e beijo.

  - Mamãe, a Molly agora fala? – Charlotte pergunta divertida e faço que sim.

  - Ela só disse isso até agora, mas ela já fala sim. Você vai ensinar muitas coisas pra ela, não vai?

  - Vou! Posso ensinar ela falar meu nome?

  - Pode – sorrio. – Eu e o pai de vocês temos uma novidade.

  - Qual? – Seth olha de mim para Ethan desconfiado.

  - A gente vai se casar. O que vocês acham disso?

  - Isso quer dizer que você vai ser nossa mãe pra sempre? – Charlotte pergunta animada e Ethan se junta a nós na cama, pega a filha no colo e beija sua testa.

  - Exatamente. Isso significa que a mãe de vocês vai ficar pra sempre. O que acham?

  - Eu adorei! – Lottie diz em sua habitual animação.

  - E você Seth? – pergunto e ele sorri.

  - Eu gostei também. Muito mesmo. Pra sempre?

  - Sempre, sempre.

  - Nós temos outra novidade – Ethan anuncia e eu me surpreendo. O olho com uma pergunta muda “Vamos mesmo contar?” ele sorri e faz que sim.

  - E qual é? – Charlotte pergunta com sua curiosidade a mil, Molly já desistiu da nossa conversa e está brincando com meu colar.

  - Vocês vão ter dois novos irmãozinhos – digo e vejo-os me olharem com surpresa. – Tem dois bebezinhos na minha barriga.

  - Bebês quem nem a Molly? – Charlotte pergunta e faço que sim.

  - Eles ainda não são grandes que nem ela, mas vão ficar. Você vai brincar com eles, Lottie, quando eles saírem daqui?

  - Vou! Podem ser meninas?

  - Não sei, não somos nós quem escolhemos. Mas aposto que se forem meninos vocês vão se divertir igual. Não acha, Seth? – pergunto olhando-o e ele nega com a cabeça.

  - Não – sua resposta mesmo que esperada me dói.

  - Seth! – Ethan o repreende. – Por que disse isso?

  - Por que agora que a mamãe vai ter uns bebês que vão sair da barriga dela ela vai se esquecer de mim, da Molly e da Lottie! É por isso – seus olhos escuros marejam e sinto minhas lágrimas escorrerem também, entrego Molly para Ethan e puxo Seth para um abraço.

  Ele não recusa, mas também não retribui.

  - Eu não quero ouvir você falando coisas como essas, Ok? – pergunto afagando seus cabelos. – Eu nunca, nunca vou esquecer você e suas irmãs! Vocês são meus filhos, eu já não disse?

  - Mas esses vão seus filhos de verdade – ele funga quando se afasta um pouco.

  - Quem disse? – pergunto a ele que me olha sem saber me responder. – Se são meus filhos eu que sei se são de verdade ou não. E não é por que seus irmãos vão ficar na minha barriga que eles são mais meus filhos que você e suas irmãs. Vocês ficaram todos na barriga da mesma mãe?

  - Não.

  - E você ainda é irmão da Molly e da Lottie?

  - Sou.

  - E vocês três são meus filhos? Seth? – insisto quando ele não responde.

  - Somos.

  - E isso não vai mudar nunca. Vocês vão continuar sendo meus filhos. Eu amo vocês igual, todos os cinco. É pra sempre, lembra? – pergunto e ele faz que sim. – Mas você vai ser irmão desses bebês na minha barriga também, Seth? Eu vou precisar de você.

  - Vai?

  - Claro, quem vai me ajudar a cuidar das suas irmãs e deles? Você é irmão mais velho, é o meu garotinho que eu amo demais. Eu preciso da sua ajuda – digo e dessa vez é ele a me abraçar.

  - Eu te amo, mamãe. Desculpa ter falado aquilo. Eu gostei da novidade, eu só tava com medo de ficar sem você. E eu vou te ajudar, sim, muito – meu garotinha garante quando nos soltamos e eu estou sorrindo em meio as lágrimas.  – Mas mãe, eles vão ser meninas também?

  - Não sei, por quê?

  - Por que eu quero que sejam meninos!

  - Vão ser meninas! – Charlotte entra na discussão.

  - Meninos por que só tem eu de menino!

  - Meninas!

  - Meninos!

  - Crianças, a mãe de vocês tem que descansar – Ethan pede, mas eles já estão muito envolvidos na discussão para sequer ouvi-lo. – Crianças...? Filhos? Pessoal?

  Eu acabo rindo ao vê-lo ser totalmente ignorado.

  - Ok, chega, vocês já fizeram barulho demais e a paciente tem que descansar, vão ter que sair – uma enfermeira aparece e as crianças param de discutir na hora.

  Uma nova discussão nova para não saírem do quarto se inicia e sorrio. Eu amo minha família, os filhos que conquistei e o homem maravilhoso que agora posso chamar de noivo, e se nós pudermos passar o resto dos nossos dias assim, com riso, amor e alegria, por mim tudo bem, eu não poderia pedir nada melhor.

  Poder estar com eles pra sempre é tudo que quero e fazê-los felizes vai ser meu objetivo todos os dias. Por que essa família que estava um pouquinho perdida trouxe de volta a minha luz, eles são a minha luz, mesmo que eu tenha me envolvido numa confusão em dose tripla quando cheguei aqui.