Do Inicio ao Fim escrita por Lucy


Capítulo 4
Capitulo 3




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Após aquele show na sala do tenente Frederick, eu e Jhonathan decidimos voltar ao hotel, já tínhamos um caso e isso já era uma grande conquista porém, apesar do triunfo, meu parceiro estava distante, sua áurea era melancólica... algo não estava certo, e eu tinha certeza que isso tinha haver com o excesso de raiva dele mais cedo. Tudo bem, era uma puta merda o que o tenente estava fazendo, mas sua reação pareceu ser a algo além disso.

—- Jhon?

—- Sim? – Seu tom de voz estava sério.

—- Tudo bem? – Olhei em seus olhos, deixando claro que eu queria sinceridade. Ele suspirou.

—- Eu exagerei né? – Seu sorriso era sem graça.

—- Ah... sim – Tentei melhorar a situação. – Mas foi até bom... deixou o tenente se cagando de medo. – Ele sorriu, sua áurea pareceu ficar um pouco mais leve. Eu sorri de volta.

—- Desculpa por isso... – Ele me olhou por um momento, estava sendo sincero e deixando claro que não iria falar mais sobre no momento e eu decidi que não vou insistir.

—- Tudo bem.

A viagem continuou em silencio. Chegamos ao hotel por volta das onze da manhã. Jhon deixou o carro no estacionamento, entramos no prédio e pegamos o elevador juntos apesar dele ter decido um andar antes de mim, pois seu quarto era exatamente abaixo do meu – e por isso ele ouviu o incidente com o despertador... putz, vou ter que dar um jeito nele mais tarde. Fui direto para o meu quarto e tranquei a porta, me livrando da calça jeans ali mesmo, de pé, ao mesmo tempo que caminhava desequilibrando até a cama e procurava o shortinho de pijama que tinha tirado mais cedo, falhando na missão... Por que eu nunca sei onde coloco as coisas? Desistindo, fiquei de calcinha jogada na cama, pensando.

Uma garota desconhecida que passou por coisas horríveis, um tenente que oculta informações das agencias federais e o estado melancólico do meu parceiro. Sinceramente, o ultimo é o que mais me assusta. Parando para pensar, eu não sabia muito sobre o passado de Jhon... tipo, antes de conhecê-lo. Ele sabe toda a minha história, até porque ele acompanhou uma parte com a agencia um tempo antes de intervirem. Mas qual é o passado de Jhon? Onde viveu, o que fazia, família... eu não sei nada sobre, tirando que provavelmente ele já era um policial, pois nunca pareceu inexperiente nos treinamentos.

E o tenente Frederick... aquela história dele sobre seu claro ciúme das agencias federais ainda me parecia muito estranho. Não é possível que um tenente que claramente já estava por volta dos seus cinquenta e cinco anos manteria esse tipo de pensamento e comportamento infantil sem nenhum tipo de vergonha, na verdade explicando isso com toda a naturalidade do mundo. Isso sem contar sua áurea de energia... ele ficou nervoso com a exigência de Jhon, mas havia algo entranho em seu nervosismo... parecia ser algo além de Jonathan...

Virei-me de lado na cama, vendo o despertador quebrado na cômoda, a caixinha prateada estava separada do display que ainda estava aceso de marcando seis da manhã. Suspirei e me sentei na cama, pegando o pequeno aparelho nas mãos e avaliando... Se o display ainda estivesse rolando, eu poderia apenas encaixa-lo de volta na outra parte, nem que pra isso eu tivesse que ir na loja de conveniência em frente ao hotel e comprar algum tipo de cola, mas ele assim não faço ideia do que fazer.

Peguei meu celular no bolso e verifiquei a hora... 11:32, acho que vou tomar um banho. Levantei-me, peguei a toalha e fui até o banheiro, trazendo o celular comigo e deixando sobre a pia. Ao entrar embaixo do chuveiro, me assustei com os vários vultos dentro do banheiro, mas logo me tranquilizei... As vezes eu esquecia da existência deles! Era incrível notar isso considerando tudo o que passei anos antes.

Aqueles comprimidos eram incríveis. Antes deles, eu me droguei por um ano. Maconha. Me deixava meio lerda, mas era o suficiente para eu não ouvir, sentir nem ver nada e eu gastava uma boa parte do meu curto orçamento para me manter assim vinte e quatro horas por dia. Antes disso ainda, quando eu estava no hospício, fazia de tudo para receber doses de calmantes para conseguir o mesmo efeito, foi assim por anos a fio, era maravilhoso não sentir nada! Foi a primeira forma que me consegui ver livre deles. Mas tudo isso me privava completamente dessa habilidade... mas esses comprimidos não. Eles não afetam meu raciocínio nem nada do tipo, me deixando com cem porcento de aproveitamento e não bloqueiam tudo completamente, apenas o que sempre me incomodou. Por ordem do laboratório, eu o tomava de 8 em 8 horas apesar do efeito durar um pouco mais do que isso, mas era uma forma de garantir que eu estivesse sempre bem.

Ouvi um bip no meu celular, pensei em verificar, mas eu estava toda molhada e provavelmente molharia o aparelho, então deixei pra lá, olhando de novo para os vultos. Bem que vocês podiam servir para alguma coisa e pelo menos olhar a mensagem pra mim né? Terminei o banho e me enrolei na toalha, parando em frente a pia para olhar a mensagem no celular.

“Saphy, fiz umas ligações, consegui uns papeis e estou indo pro seu quarto com nosso almoço”- Jhonthan / 12:07 PM;

“Você prefere camarão ou um bife mesmo?” – Jhonathan / 12:07 PM;

Olhei o relógio do celular, já eram 12:18, espero que minha mensagem chegue a tempo!

“Camarão, por favor *-* “ – Saphyra / 12:18 PM;

Sai do banheiro assim que enviei a mensagem, enrolada na toalha para buscar minhas roupas, quando a campainha do meu quarto tocou. É... pelo jeito não tinha dado tempo. Dei meia volta, largando o celular na cama e indo abrir a porta, dando de cara com Jhonathan com uma pasta embaixo do braço segurando duas quentinhas com um olhar brincalhão. Sua áurea havia voltado ao normal, mas a fumaça de melancolia ainda estava ao seu redor, fraca.

—- Por que você nunca responde minhas mensagens quando preciso?

—- Na verdade... Acabei de responder... – Disse, abrindo completamente e porta para ele passar. – Me diz que você trouxe o camarão? – A esperança é a ultima que morre... não é isso que dizem?

—- Ah... não. – Ele suspirou. – Não sabia se você gostava ou sei la... alérgica. Então peguei um bife pra você. – Eu suspirei.

—- Tudo bem. Se arruma ai que eu vou me vestir. – Fechei a porta atrás dele e caminhei de toalha até minha mala para catar uma roupa.

—- Você podia manter o quarto arrumado, né? – Disse ele, colocando as quentinhas no balcão e depois a pasta.

—- Como? – Só então olhei de volta. Cama bagunçada, roupas espalhadas e a mala aberta no chão no canto do quarto mostrando tudo bagunçado. É... ele tinha razão. – Ah... tanto faz. – Ele riu.

Leventei-me com a roupa nas mãos e segui para o banheiro. Vesti um short jeans comum e uma camiseta branca escrito “I Love my Friend” que Jhon havia me dado a muito tempo atrás... Na época ele comprou duas camisetas dessa, uma pra mim e outra pra ele, que fez questão de usar quase todo dia e sempre andar junto comigo, e eu – achando aquilo ridículo para usar em dupla e em público – havia enfiado a minha no fundo do armário. Meu deus, eu ainda tenho isso! Certeza que ele vai comentar sobre... Passei a mão no cabelo de qualquer jeito e sai do banheiro, me sentando ao lado dele no balcão. Jhon já havia “preparado a mesa” no balcão, as quentinhas já estavam abertas, com os talheres e não sei de onde ele havia tirado taças com vinho tinto, creio eu.

—- Isso é vinho? Você entrou com isso? – Falei enquanto puxava a cadeira e me sentava.

—- Não, isso é refrigerante de uva, e... – Disse ele apontando para uma portinha no balcão abaixo de nós. – Você sabia que isso é um frigobar, né? – Fiz que não com a cabeça, abrindo a portinha pra verificar logo sentindo o ar frio nas minhas pernas.

—- ook! – Disse e olhei para a minha quentinha com um pedaço de bife e a dele cheia de camarão... Depois olhei para Jhon e corei quando vi que ele ria de mim por claramente invejar sua comida.

—- Que olho grande garota! – Ele ria, colocando as mãos no quadril como se reclamasse comigo – Você tem a sua e ta de olho na minha!

—- A sua tem camarão! – Protestei, como uma criança, cruzando os braços. Ele riu.

—- Fique com a minha... – Jhon anunciou já trocando nossas quentinhas.

—- Serio?! – Ele fez que sim com a cabeça. – Obrigada!

—- Só porque está com essa linda blusa! – Estava demorando. – Se tivesse me avisado que iria trazer ela, eu trazia a minha também!

—- Aah não! Pelo amor! – Disse colocando um camarão na boca e apreciando o sabor.

Comemos enquanto jogávamos conversa fora, nada de especial. Jhon havia voltado ao normal, apesar daquela fumaça continuar ali, mas eu não toquei no assunto novamente. Quando acabamos, ele juntou as coisas pra só então entrar no assunto principal.

—- Então, fiz umas ligações depois que chegamos e estou com alguns relatórios...– Anunciou ele, abrindo a pasta.

—- O que você tem exatamente?

—- Primeiramente, o relatório completo do caso vindo do departamento de policia de Los Angeles, junto com o laudo dos criminalistas e exames no cadáver. – Eu assenti enquanto ele colocava alguns papeis na direita da pasta. -- E relatórios dos últimos casos em que corpos foram encontrados e ligados a tráfico de órgãos dentro do período de 3 anos vindo do banco de dados federal. --- Ele disse jogando uma pequena pilha de papeis na esquerda da pasta.

—- Certo. – Concordei pegando o relatório do caso daquela manhã nas mãos começando a leitura enquanto Jhon lia outros papeis.

O quadro geral do relatório parecia completo. Tudo o que vimos estava escrito ali, juntamente com as fotos, enquanto as especificações da equipe de criminalística e laudos dos patologistas estavam nas folhas seguintes. A identidade da moça não havia sido identificada quando comparada com o banco de dados do departamento de Los Angeles, então ela não é daqui. Sim, o corpo estava sem nenhum dos principais órgãos como coração, fígado, rins... mas tinha uma coisa estranha. Eu havia notado dois cortes no peitoral da vítima, um menor entre os seios e sobre ele o grande corte que ia de cima a baixo em seu tronco, e os relatórios também traziam essa informação, além de outra muito interessante. Enquanto praticamente todos os órgãos haviam sido retirados de forma cirúrgica e precisa, o coração havia sido retirado de forma rudimentar e violenta, e provavelmente após esse processo não serviria mais para venda no mercado negro.

Fora isso, o relatório trazia dados de dezenas de marcas e ferimentos na pele da vítima, indicando um alto nível de violência. Marca de cordas apertadas nos pulsos, pernas e até no pescoço, chicotadas nas pernas, barriga e nas costas, tapas, socos, além de haver sinais de estupros violentos e repetitivos, tudo isso dentro de um período de provavelmente três meses.

—- Você leu esse relatório?

—- Apenas o suficiente para saber que está completo. Pode resumir? – respondeu Jhon, focando toda a atenção em mim.

—- Temos detalhes interessantes. – Soltei o papel, olhando diretamente para o meu parceiro. – Ela não é de Los Angeles. Não encontraram ela no banco do departamento.

—- E nem tem como eles procurarem nos outros departamentos por que não tem por onde começar, seria muita burocracia comparar com o banco de todo o país. A não ser...

—- Que uma agencia federal compare. – Completei.

—- Certo. – Jhon anotou algo rapidamente em um bloquinho. – Vou tomar essa providencia ainda hoje. O que mais?

—- Sim, os órgãos dela foram retirados cirurgicamente, menos o coração.

—- O coração ainda está no corpo? Mesmo sendo o mais caro no mercado negro? – O tom de voz de Jhonathan era confuso.

—- O coração foi retirado de forma rudimentar e violenta, provavelmente seria inutilizável para venda.

—- Uma gangue de tráfico de órgão que estragam o item mais lucrativo para os seus negócios? Isso não me parece muito profissional.

—- Exatamente. – E continuei – Além de que, pelo menos eu acho, que uma gangue de tráfico de órgão não precisaria manter alguém preso por três meses a violentando antes do processo cirúrgico.

—- O que diz ai sobre as marcas no corpo dela? – Jhon perguntou, puxando o papel para ele e procurando com os olhos a parte que falava isso.

—- Ela era amarrada, chicoteada, socada e estuprada constantemente faz três meses. – Disse enquanto apontava com o dedo o que ele procurava no documento. Ele leu rapidamente e concordou comigo.

—- Isso me parece ainda menos profissional e mais psicótico. – Ele tirou os olhos do papel e se virou para mim. – Isso não é trafico de órgãos, pelo menos não como ideia principal.

—- Nosso alvo é extremamente sádico, talvez goste de colecionar corações e ainda aproveita para vender órgãos como renda extra? – Cruzei os braços.

—- Pelo jeito é isso mesmo. – Disse ele e puxou a outra pilha de papéis. – Vamos procurar casos parecidos. Corpo com órgãos retirados, espancamento e estupro. – Concordei.

Dividimos a pilha em duas e começamos a ler, descartando os que não se encaixavam nos que procurávamos. Ficamos assim por cerca de hora e no final, havíamos descartado simplesmente todos os papéis... parecia que aquele havia sido um caso único dentro de três anos.

—- Não é possível... ou essa foi a primeira ação do criminoso ou ele simplesmente não seguiu nenhum padrão das ultimas vezes que fez. – Jhon olhava para os papeis no balcão, frustrado. Eu suspirei.

—- Eu não sei... Será que não vimos alguma coisa no caso de hoje?

—- Eu não sei... – Ele olhava para os papeis, pensando o que faríamos agora provavelmente, e seu rosto pareceu se iluminar por um momento. – Na verdade sei sim! Nós não consideramos uma coisa...

—- que seria...?

—- Esses documentos vieram do bando de dados federal... Os relatórios que vieram de Los Angeles não estão completos. – Aquilo deu um clique no meu cérebro. Jhon voltou a mexer nos papeis. – Lembro de ter visto pelo menos um relatório deles por aqui...

Revisamos toda a papelada procurando por casos em Los Angeles, achamos no total sete relatórios, todos eles estavam sem fotos do corpo e as informações estavam provavelmente incompletas. Notei a áurea de Jhon se alterando aos poucos, ficando uma mistura de irritação e melancolia.

—- Certo. Me dê cinco minutos, vou ligar e exigir o restante das informações. – Eu assenti e Jhonathan saiu do quarto com o telefone em mãos.

Talvez ainda existisse uma pista para seguir, mas aquilo era estranho. Se os casos ocultados pelo tenente realmente tiverem ligação com caso dessa manhã, ele se tornaria o principal suspeito, afinal seguindo essa linha nosso alvo só ataca aqui em Los Angeles, ou pelo menos só se livra dos corpos aqui, e a atitude do tenente apenas encobre seu rastro sem nenhum motivo valido. Isso fazia sentido pra mim, aquela desculpa de manhã me parecia a pior desculpa do mundo, era como se literalmente uma criança estivesse falando. Mas Jhonathan... Eu estou bem preocupada com ele, esse assunto parece afeta-lo tanto...

Não demorou muito para Jhon retornar ao quarto, ainda mexendo no celular.

—- Ok! Falei com o tenente. – Ele anunciou assim que abriu a ponta, fechando atrás de si. – Ele não deu garantia que conseguia os laudos, mas as fotos sim, vou só mandar os números dos casos e ele vai procurar. – Eu assenti.

—- Não acha estranho isso, Jhon?

—- O que?

—- Bom... se os casos de Los Angeles forem realmente associados, isso faz o tenente um suspeito em potencial, concorda? – Jhon pareceu pensar e suspirou.

—- Logicamente sim... Mas... – Ele me olhou nos olhos. – Isso é vergonhoso, mas esse tipo de atitude nos departamentos é comum, Saphy.

—- Comum?

—- Esses velhotes que ficam no topo dos departamentos são uns filhos da puta e sempre fizeram essas coisas, ciúme mesmo, tipo criança. – Sua áurea ficou mais irritada e melancólica. – Ele não é o único.

—- Mas se sabem, porque simplesmente não acaba com isso? – Eu estava indignada.

—- Não tem como Saphy! A menos que tenha um agente federal que acompanhe cada caso na rua de cada departamento para ter certeza que não falta nada nos relatórios... – Ele respirou fundo. – Não temos como adivinhar qual relatório está completo ou não.

—- Ok. – Resolvi focar no que realmente me incomodava. – Isso é uma merda, mas... por que isso te afeta tanto?

—- Por que isso é ridículo! Irritante! – Ele tentou esconder, respondendo imediatamente, quase que por cima da minha pergunta.

—- Jhon! Você sabe que eu vejo. – Ele olhou para baixo, a áurea se tornou mais melancólica – Você fica mais do que irritado... essa situação te entristece... – Coloquei a mão em seu ombro como um gesto de companheirismo. – Eu vejo melancolia... o que aconteceu?

—- Saphy... – Jhon levantou a cabeça, seus olhos estavam cheios d’agua e eu corei, sem saber o que fazer. – Antes de você, eu era do FBI. Eu tinha uma parceira, o nome dela era Alice e... – Ele sorriu levemente, colocando uma mão na minha bochecha. – Meu deus, como você se parece com ela... em tudo. – Eu por impulso acabei afastando o rosto de sua mão, me arrependendo em seguida, apesar dele não parecer se importar e puxar a mão de volta – Alice era minha irmã mais nova, de sangue, e ela morreu por causa de uma merda assim! – Ele fechou a mão em punho com força.

—- De uma merda assim? – Continuava o encarando e ele olhou para baixo novamente.

—- Um relatório incompleto. Não documentaram o fato de que a vítima anterior tinha levado dois tiros provavelmente de armas diferentes... Eram dois criminosos, e não um. – A mão dele se apertou ainda mais e soltou de repente, palmas vermelhas com marca das unhas. Ele me abraçou em seguida.

Eu não sabia muito bem o que fazer, principalmente quando ele me abraçou. Contato humano não era meu forte. Minha vontade era tirar ele de cima de mim e me afastar o máximo possível, mas algo em mim não me permitia fazer isso, então eu o abracei também, meio sem jeito e nada muito apertado, mas foi o melhor abraço que consegui. Agora tudo fazia sentido. Ele se afastou de repente, me olhou nos olhos e limpou as lagrimas com as costas da mão, engolindo o choro.

—- Desculpe.

—- Tudo bem. – Eu devia estar corada.

—- Então... vamos esperar as fotos. – Anunciou ele, desviando o olhar e se virando de frente para o balcão.

—- Mas acho que pelas fotos da pra saber... É só ver se a vítima está completamente ferida, não?

—- Talvez... mas pra ter certeza só vendo os espectros...—Admitiu ele, pensativo, ainda sem olhar pra mim.

—- Mas se os casos tiverem mais de uma semana não vai dar pra localizar as energias nos corpos... – Falei, olhando os papeis rapidamente, procurando pela data – Lembra que elas vão até o lugar associado a elas?

—- Sim, sim... – Ele continuou pensativo por alguns segundos, levantando a cabeça de repente. Seus olhos ainda estavam avermelhados, mas as lagrimas estavam claramente controladas —Você não consegue vê-los pelas fotos? – Considerei aquilo por alguns segundos, me levantando e caminhando até perto da cama.

—- Talvez... – Mexi nos lençóis procurando o potinho dos meus comprimidos. – Mas não com isso. Vou ter que ficar limpa.


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Notas finais do capítulo

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