Dançando Com Um Estranho

Não quero ficar sozinho hoje à noite

Está bem claro que eu não te esqueci

Ainda estou pensando nas coisas que você faz

Então, não quero ficar sozinho hoje à noite

Fracassada.

Era assim que Hermione Granger se sentia. Sem luz, sem forças para encarar o mundo depois de ter fracassado com seu casamento. Ronald havia sido um bom marido no tempo em que haviam passado juntos, era fiel, carinhoso e muito prestativo com as tarefas diárias de um casal, porém, era apenas isso. Aquela chama que um dia eles tiveram havia acabado, talvez, junto a Guerra e a ameaça do fim do mundo bruxo.

O divórcio havia sido pacífico, sem dramas desnecessários. Ronald havia implorado para que a Granger ficasse com a casa porém ela simplesmente fez suas malas e partiu. No fim, acredito que não foi tão pacífico quanto ela acreditava. Ou talvez, ela nem se importasse com isso.

Desolada. Outra palavra que identificava bem a bela mulher de longos cabelos castanhos e desalinhados. Ter casado com o Weasley havia sido um erro, ela sabia disso, mas o que poderia fazer? Era isso que todos esperavam dela! Ela não conseguiria nadar contra a maré pois não havia ninguém esperando por ela na terra firme. Não havia seus pais, não havia seus amigos e muito menos, não havia ele.

Ah Harry Potter, o garoto que sobreviveu. Sobreviveu à tantas aventuras, a tantas maldições e a tantas juras de morte. E sempre acompanhado dela. Mas Harry também não tinha culpa, quem era Hermione Granger perto da linda é formidável Ginny Weasley. E sem ironia, Hermione amava Ginny tanto quanto ela amava os outros Weasleys. Eles eram seus irmãos, seus esteios, seus únicos parentes que haviam restado.

Não quero ficar sozinho hoje à noite

Está bem claro que eu não te esqueci

Ainda estou pensando nas coisas que você faz

Então, não quero ficar sozinho hoje à noite

— Hey, Weasley! Espera! – Gritou uma voz abafada pelos sons dos carros ao redor. Hermione respirou fundo, reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Rouca, prepotente e arrogante.

— Malfoy. – Cumprimentou seca segurando sua bolsa e continuando a andar. – Aliás, já foi feito um comunicado oficial ao Profeta Diário referente ao meu divórcio.

Draco riu de canto, era óbvio que ele já sabia disso. Ele continuava arrogante e prepotente, idêntico ao tempo de escola. Porém, agora estava estudando para se tornar médico além de estar trabalhando no Ministério da Magia em meio expedientes. O Slytherin havia se rendido após a queda de Voldemort, seu pai havia sido julgado e morto. Narcisa não aceitou bem o fim de seu marido e sucumbiu a loucura, havia sido internada no melhor hospital psiquiátrico do mundo bruxo.

— Enfim, Granger, soube de seu divórcio e por isso que vim. – Ele disse depois de algum tempo em silêncio de ambas as partes. Ele a acompanhou até uma cafeteria local.

Era estranho como duas pessoas podiam se odiar por quase 18 anos e por uma casualidade do destino acabar se aproximando. Malfoy não era de todo mal. Estava batalhando duro para restaurar o nome de sua família que havia sido jogado na lama. Ele reconheceu seu erro, sua doença. Seguir você-sabe-quem era uma doença. Lucius havia o contaminado, havia contaminado sua mãe, havia contaminado seu sobrenome. A ironia do destino era o garoto que sempre havia tido tudo, agora não tinha nada, porque sem sua mãe, era assim que ele se sentia.

Você pode acender o fogo?

Preciso de alguém que assuma o controle

Sei exatamente o que preciso fazer

Porque eu não quero ficar sozinho hoje à noite

Hoje à noite, hoje à noite

— Você é linda... – Gemeu o loiro ao trilhar beijos pela barriga da Gryffindor até chegar na barra de sua calcinha. Hermione prendeu sua respiração, havia tempo desde sua última vez, mesmo assim deu permissão para que o loiro tirasse a última peça de roupa e a beijasse lá em baixo.

Era um misto de curiosidade e medo. Nunca havia tido alguém sem ser Ronald e em 5 anos de casados não eram frequentes as noites de amor entre os dois. Era diferente. Era como se o amor que os dois sentiam não fosse algo carnal, urgente, sexual. Era mais fraterno, carinhoso e amigável.

Os corpos suavam, ofegavam. As costas de Draco já estavam marcadas pelas unhas da castanha, os corpos suados e o encontro dos corpos causava uma sensação maravilhosa para ambos. O frenesi era constante e o orgasmo estava quase acontecendo. O vai e vem entre as coxas da menina a deixava arrepiada, os gemidos de prazer ecoavam pelo quarto.

Ding Dong, soou a campainha. Draco parou de se movimentar e os dois ficaram em silêncio por um instante.

— Hermione, sou eu! Abre por favor! – Deu para se ouvir a voz de Harry atrás da porta depois que três batidas foram ecoadas.

Draco suspirou, saiu de dentro da castanha e se jogou na cama. A Granger simplesmente se levantou e se enrolou em seu robe de seda vermelho sangue. Ela havia se mudado para a casa de sua família, ou que era sua família, o imóvel não era luxuoso mas era o que ela tinha para chamar de lar. Ao sair do quarto fechou a porta e se pôs em direção a porta para atender o amigo. Antes de abrir a porta se encarou no espelho.

Ela cheirava a sexo. Seus cabelos estavam revoltos e suas bochechas rubras.

— Harry! O que faz aqui? – Perguntou a menina ao abrir a porta, em seu rosto um sorriso amarelo e envergonhado. Era óbvio que ele perceberia que algo estava acontecendo. O moreno apenas passou por ela com um buquê de rosas brancas nas mãos, atirou as flores na mesinha de centro da sala e jogou seu corpo no sofá. Ele estava acabado.

Olhe o que você me fez fazer

Estou com um novo alguém

Ooh, amor, amor, estou dançando com um estranho

Olhe o que você me fez fazer

Estou com um novo alguém

Ooh, amor, amor, estou dançando com um estranho

Dançando com um estranho

— Ginny está furiosa comigo e eu nem sei o porquê! – Esbravejou o Potter tomando toda a dose de uísque de fogo que possuía em seu copo. Hermione suspirou. Era cotidiano as discussões entre o casal mais amado do mundo bruxo, ela e Ronald sempre se revezavam em acalmar e consolar os amigos, mas sinceramente, ela não queria mais isso. Ainda mais naquele estado que ela se encontrava. Excitada e exausta.

— Devo perguntar o que houve desta vez ou...

— Ginny não entende o que digo, ela acha que tudo que falo é para discordar dela, mas não é! Eu juro! – Esbravejou o moreno, ele não havia mudado nada desde adolescência. Aliás, apenas seus cabelos morenos que agora estavam um pouco mais domados, mas nada demais também.

Hermione respirou fundo e virou seu copo de bebida.

— É exaustivo ser amiga de vocês dois, Harry... - Desabafou ela se servindo de mais uma dose e virando-a novamente. A verdade é que ela estava cansada de ser a amiga boazinha no qual Harry procurava para desabafar seus problemas matrimoniais. Ela estava mais do que cansada, estava de saco cheio disso. A bebida descia quente por sua garganta e fazia com que seus lábios formigarem. O gosto era tão amargo quanto o coração da jovem em relação ao pobre garoto a suas costas.

— Herms, eu acho melhor pegar leve na bebida. – Falou Harry se levantando e indo em direção a Hermione que estava escorada no aparador onde se encontrava a garrafa. O menino tocou no ombro de sua amiga que apenas riu de escárnio e desviou do toque. Era estranho, ter ele ali, com ela naquelas condições, com aquelas emoções tão afloradas pela bebida e pelo sexo interrompido.

— Vai embora Harry. – Sussurrou ela sem encará-lo. – Por favor...

Eu nem ia sair hoje à noite

Mas, garoto, preciso tirar você da minha mente

Sei exatamente o que preciso fazer

Não quero ficar sozinho hoje à noite

Hoje à noite, hoje à noite

Os dias passaram, as emoções se acalmaram. Era estranho para Granger ter respondido para Harry, normalmente ela era tão submissa ao amigo, sempre colocando as prioridades dele acima das delas…Mas ela estava tão cansada disso. Não era saudável para ela manter aquilo daquele jeito! Sua saúde mental importa, além do mais, ela precisa viver sua vida sem a sombra de Harry Potter ou de seus sentimentos por ele.

Hermione Granger estava aguardando por um táxi enquanto tentava se esconder da chuva embaixo de seu guarda-chuva. Com seu casaco grosso e suas botas quentinha, ela só se questionava por onde andava os táxis daquela cidade. Céus, como ela se arrependia de não ter aprendido a dirigir quando seus pais ofereceram...

— Se quiser lhe dou uma carona. – Falou Malfoy encostando seu carro e abaixando o vidro. Hermione riu e não conseguiu evitar ficar vermelha. Depois de seu último encontro, a castanha achou que o Slytherin nunca mais fosse olhar para ela. – Vamos Granger, eu tenho planos para hoje. – Exclamou ele. Hermione riu entrando no carro.

— Planos? Eles me envolvem ou... – Questionou a menina colocando o cinto de segurança.

— Primeiro vou leva-la para casa, como um perfeito cavalheiro. Depois te pego lá pelas 20h00. – Falou o loiro encarando os retrovisores para poder dobrar na esquina. - Digamos que vamos jantar e depois iremos para minha casa. – Completou o rapaz trocando de marcha e colocando a mão na perna da castanha e dando uma apertadinha para enfatizar o minha casa. Digamos que nenhum dos dois queria ser interrompidos.

— Bom, senhor convencido, quem disse que quero sair contigo? – Ironizou a garota dando uma mordiscada no lábio inferior. Digamos que nenhum deles queria que a noite fosse interrompida novamente.

— Você meio que já aceitou quando entrou nesse carro. Aliás, foi você que me questionou se estava envolvida. - Brincou ele.

Hermione revirou os olhos, seguiu a curta viagem encarando o trânsito e se perguntando quando que ela imaginou que acabaria tendo encontros sexuais com seu arqui-inimigo da escola. Não pode evitar de revirar os olhos novamente. Seria Merlin rindo enquanto colocava as cartas do destino?

19h50 Draco já estava com o carro estacionado em frente à casa da castanha. Ela já estava pronta quando ele tocou a campainha porém antes de abrir não conseguiu evitar de conferir seu visual no espelho.

Sinceramente, ela estava linda. Comportada, casual e sofisticada. Porém linda. Seus olhos possuíam um brilho diferente no semblante. Seria euforia? Fazia anos que não participava de um encontro casual como este, na verdade, refletindo um pouco mais, nunca havia participado de um. Ronald e ela simplesmente nunca tiveram nada parecido com um encontro, apenas aconteceu.

Ela abriu a porta e ele entrou elegante como sempre. Ao fechar a porta, colocou a mão na cintura da castanha e lhe roubou um beijo que levou os pensamentos da menina as nuvens. A deixou tonta.

— Eu não sabia se podia fazer isso, a gente meio que não combinou nada…- Sussurou ele com os lábios perto dos dela. - Porém quando te vi vestida assim, não consegui me conter.

Hermione riu e lhe deu um selinho mais leve se afastando em seguida. Subiu até seu quarto sentindo que o rapaz a seguia. Seu visual estava completo, um vestido preto justo até a cintura e mais rodado a partir da mesma, combinando com os scarpin preto com a sola vermelha. A garota foi caminhando até sua penteadeira e contemplou sua maquiagem. Nunca havia sido grande fã da indústria dos cosméticos porém havia passado uma maquiagem leve. Pegou seu hidrante labial mas antes de passar sentiu o par de olhos cinzas lhe encarando. O que ele queria dizer? Ela arqueou uma sobrancelha como questionamento.

— Talvez um batom vermelho combinaria mais com você. Ousada, destemida...Gryffndor. - Completou ele.

Ela não conteve seu ar de surpresa.

Não recordava qual havia sido a última vez que havia passado um batom vermelho.

Olhe o que você me fez fazer

Estou com um novo alguém

Ooh, amor, amor, estou dançando com um estranho

Olhe o que você me fez fazer

Estou com um novo alguém

Ooh, amor, amor, estou dançando com um estranho

Dançando com um estranho

Dançando com um estranho

Dançando, sim

Haviam se passado dois anos e meio desde o divórcio de Ronald e Hermione e nossa como o tempo havia mudado. Hermione nem conseguia acreditar em tudo que havia acontecido. Ronald casou  de novo, com Luna, um ano depois que os dois se divorciaram. Hermione foi madrinha de casamento dele algo que muitos acharam contraditório porém, como ela mesmo já havia dito, eles eram melhores amigos e para isso não existia divórcio. Agora Luna estava tentando engravidar mas, segundo a loira, os zonzobulos não estavam permitindo. Hermione nunca iria entender o que se passa na cabeça dessa menina, mas ficava feliz pelo casal. Ronald sempre quis ser pai e nunca escondeu isso porém nunca a pressionou a nada, o que mais uma vez provava o quanto eles eram acima de tudo melhores amigos.

Já que estamos citando mudanças, Harry e Ginny finalmente se acertaram, se mudaram dA’Toca e começaram a construir sua família. Eles não discutiam tanto agora que o pequeno Albus nasceu. Referente a amizade entre o grande herói da guerra bruxa e de sua melhor amiga, ela nunca mais havia sido a mesma. Hermione já não o enxergava da mesma maneira, algo extremamente bom. Draco havia mostrado a ela que a vitória sob Voldemort não pertencia apenas a Harry, e sim ao trio de ouro. Hermione era cética, sempre foi. Mas para isso, ela nunca havia percebido o quanto todos eram grato a ela também, talvez no fim, o amor que ela sentia ao grande Harry Potter não era apenas amor e sim uma fé cega nele como seu herói.

Já que falamos em Draco Malfoy, ele estava cada vez mais presente na vida da Gryffindor embora a castanha não o assumisse em um relacionamento. Ela dizia não estar pronta para isso novamente porém no decorrer desses quase três anos não havia um dia sequer que os dois não se encontrassem. Aliás, o loiro se formou em medicina e estava exercendo sua nova profissão magnificamente. Estava se especializando em saúde mental e em poções pois acreditava que somente assim poderia se redimir com sua mãe. Narcisa estava em casa agora acompanhada com as melhores enfermeiras e médicos que o dinheiro poderia pagar. Além do mais, Hermione a visitava constantemente e a levava para tomar chá, cada semana em um lugar diferente. Devido aos remédios, aparatar se tornava cada vez mais difícil para a matriarca dos Malfoys e por isso Hermione se sentiu obrigada a finalmente tirar sua carteira de motorista.

— Oi, bom dia. - Falou o loiro entrando na cozinha vendo Hermione lendo seu jornal e bebericando seu café ao leite.

— Bom dia… - Saudou ela sem tirar os olhos do jornal.

— Olha, eu poderia me acostumar com isso. Acordar todos os dias, sabendo que vou te encontrar em algum cômodo da nossa casa…

Hermione suspirou e abaixou o jornal. Já haviam tido aquela conversa tantas vezes. Draco sempre insistia no assunto e ela sempre postergava. O loiro riu, sabia que seria aquela a reação da castanha. Lhe deu um beijo na testa, colocou seu blazer e juntou sua bolsa para partir para o serviço. Antes de sair se lembrou de algo e voltou.

— Passei na padaria e comprei um docinho para você. - Falou ele retirando da sacola da padaria uma embalagem com um cupcake maravilhoso. Hermione riu em agradecimento.

Logo ele partiu e ela encarou o relógio. Estava cedo ainda para ela aparatar para o Ministério. Até que o docinho iria cair bem já que a rotina estava agitada por lá.  Pegou uma colher na primeira gaveta da pia e se apoiou na bancada para se deliciar de seu doce. Ao dar a primeira colherada sentiu a prataria batendo em algo estranho dentro do doce. Curiosa, partiu o doce ao meio.

E lá estava. No meio do cupcake de padaria. O anel dos Malfoys, passado de geração em geração.

Hermione mordeu o lábio e foi até a pia lavar a jóia. Era lindo, ela não podia negar. Colocou em seu dedo e se pôs a pensar.

— Faz um ano e meio mais ou menos que Draco me pediu permissão para lhe dar essa jóia. - Falou Narcisa entrando na cozinha acompanhada da enfermeira. - Achei que iria morrer sem ver meu garotinho casar.

Hermione sorriu amarelo e segurou sua mão perto do peito.

No fim, a ideia de casar com Draco Malfoy não era tão ruim.

Olhe o que você me fez fazer

Estou com um novo alguém

Ooh, amor, amor, estou dançando com um estranho

Olhe o que você me fez fazer

Estou com um novo alguém

Ooh, amor, amor, estou dançando com um estranho

Dançando com um estranho