Ginny, mesmo depois de dez anos, ainda tinha pesadelos com a Câmara Secreta e Tom Riddle, Voldemort adolescente – e tão sem coração como ele, aparecia um sorriso diabólico e sem um pingo de compaixão, mandando-a fazer coisas que nem ela mesmo entendia. 

Ela ouvia sussurros, risadas maléficas e um barulho de cobra amedrontador. Tudo sempre fica escuro. Nenhuma luz para lhe acudir surgia.

Até Harry aparecer. 

Mesmo nunca tendo visto a cena com exatidão, Ginny lembrava de ouvir indícios de uma batalha épica. Gritos, espadadas e no fim Harry, como seu doce sorriso, a salvando daquele trágico futuro.

Naquela noite de abril, o pesadelo voltou.

Ela tentava correr, ela tentava fugir, mas a escuridão sempre lhe alcançava.
— Você está sozinha.— A voz afiada de Tom Riddle parecia cortar a alma de Ginny.— Harry Potter não poderá te salvar desta vez.

Lágrimas caíam de seus olhos castanhos. Ela soluçava, desesperançosa. Mesmo não enxergando, ela podia ouvir o jovem Voldemort em sua frente, rindo da sua desgraça.

Porém, como uma luz no fim do túnel, ela ouviu as doces palavras da voz que tanto que lhe cativava.
— Esta tudo bem.— Sussurrou Harry, em seu ouvido.— Você não está sozinha.

E a ruiva voltou para a doce realidade.

Harry Potter, com seus belos olhos azuis e um sorriso doce, fez um cafuné, na amada, a consolando.

Ginny escondeu o seu rosto no pescoço do namorado, ainda soluçando um pouco. O calor que fluía entre os seus corpos a aliviavam. Ela estava segura.

Ginny sabia que com Harry ela nunca estaria sozinha.

Assim com Harry.

Mesmo depois da morte de Voldemort, Harry ainda via lembranças que o antagonista possuía. Desde faces horrorizadas à corpos sem vida em estados deploráveis.

Ele ouvia vozes, observava olhares, e sentia a dor das milhares de pessoas mortas por Lord Voldemort.

Ele as vezes acordava de supetão, assombrado pelas lembranças de guerra.

E Ginny era o seu refúgio. Ela entende o que é ser assombrada por Voldemort. Ela entende o que é ter medo de dormir e ter um pesadelo tão aterrorizante e acorda tremendo. Ginny o entendia por completo. E acima de tudo, o amava.

Ele se lembrava claramente da falta que sentiu de Ginny durante toda a caça às horcruxes. E também se lembrava dela, em sua frente, quando voltou a Hogwarts. Foi aí que ele percebeu que nada poderia parar-lós de amar um ao outro.

Ele sabia que, com Ginny, ele nunca estaria sozinho. E Ginny sabia que, com Harry, nunca estaria sozinha.

E nada poderia os separar.