Adoraria Dizer Que Tudo Vai Dar Certo Para Nós escrita por Bird


Capítulo 2
Fitas


Notas iniciais do capítulo

Oi de novo, aqui está mais um capítulo



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 1999 - Percy

A professora de literatura havia distribuído fitas para a classe, pediu que cada aluno gravasse sua voz citando um texto com o qual se identificava. Eu, Luke e Annabeth decidimos que iríamos até minha casa para fazer o trabalho, visto que o gravador de Luke estava quebrado e a casa de Annie era longe demais para irmos depois da escola. 

Cumprimentamos meus pais e subimos para meu quarto. Amarelado e geek, é o que o descrevia. Eu peguei o gravador e nós três nos sentamos em círculo ao redor dele sob o carpete. Todos já haviam separado seus textos no dia em que a professora propôs a atividade. 

Eu falei sobre Carl Sagan e sua obra Pálido Ponto Azul, onde descreve a areia cósmica que nosso planeta significa.  

— O agregado de nossas alegrias e sofrimentos, milhares de religiões, ideologias e doutrinas econômicas, cada caçador e saqueador, cada herói e covarde, cada criador e destruidor da civilização, cada rei e plebeu, cada jovem casal apaixonado, cada mãe e pai, cada criança esperançosa, inventores e exploradores, cada educador, cada político corrupto, cada superestrela, cada líder supremo, cada santo e pecador na história da nossa espécie viveu ali, em um grão de poeira suspenso num raio de sol. 

— Profundamente depressivo. — Luke apontou quando desliguei o gravador e nós rimos. 

— É só um trabalho idiota, vamos logo com isso. — Eu não achava aquelas palavras idiotas. 

Era a vez de Luke, e ele citou Bukowski. 

— Sempre admirei o vilão, o fora da lei, o filho da puta. Não gosto dos garotos bem barbeados, com gravatas e bons empregos. Gosto de homens desesperados, homens com dentes tortos e mentes arruinadas. Sempre cheios de surpresas e explosões. Também gosto de mulheres vis, cadelas bêbadas que não param de reclamar, que usam meias-calças grandes demais e maquiagens borradas. Estou mais interessado em pervertidos do que em santos. Posso relaxar com os imprestáveis, porque sou um imprestável. Não gosto de leis, morais, religiões, regras. Não gosto de ser moldado. 

— E lá vem o rebelde sem causa. — Annie debochou. 

— Depois dessa, a tal da Thalia Grace vai amar você. 

Ele enrubesceu. 

Annabeth não nos disse sobre o que falaria quando perguntamos, apenas pegou o gravador, aproximou de seus lábios como se quisesse contar um segredo para o aparelho. 

— Um fio invisível conecta os que estão destinados a conhecer-se. Independentemente do tempo, lugar ou circunstância. O fio pode esticar ou emaranhar-se, mas nunca irá partir. Akai Ito é uma antiga lenda chinesa, e crê que todos estão conectados pelo fio vermelho, que é simplesmente a linha que prende as duas pessoas ao destino de ficarem juntas. Acredita-se que quanto mais longo for o fio, mais tristes as pessoas destinadas estarão. 

Eu e Luke não comentamos nada dessa vez. 

— Isso não faz parte da literatura ocidental, Annie. — Eu observei depois que separamos e guardamos nossas fitas. — Acha que a professora aceitará? 

— Acho que sim. — Luke opinou de costas enquanto organizava sua mochila. — Todos gostam de crenças malucas orientais. 

Eu sorri torto e esperei que Annie revidasse, já que ela sempre costumava fazer Luke de palhaço com suas palavras inteligentes, mas nada disse. Apenas pôs sua mochila no ombro e disse que precisava chegar em casa cedo para estudar. 

— Eu deixo você na saída. 

Quando descemos as escadas, minha mãe estava na cozinha com meu pai preparando o jantar. 

— Annabeth querida, por que não fica para o jantar? 

— Não posso Sally, mas agradeço o convite. — Ela sorriu simpática e impecável, como ela sempre costumava fazer. 

— Filho, por que não deixa Annabeth em casa então? Jantamos quando você voltar. 

Senti minhas bochechas esquentarem, mas assenti. Eu e Annabeth fomos andando o caminho em silêncio, chutando algumas pedrinhas pelo caminho. 

— Gostei da sua escolha de texto. — Puxei o assunto. 

— Imaginei que sim, você parece comigo as vezes. 

— Sim... — Refleti em suas palavras. — As vezes. 

— Quer saber? Pode me deixar aqui Percy, estou bem. 

Andamos mais da metade do caminho e eu pensei em insistir para deixá-la na porta, mas talvez ela tivesse vergonha de levar algum garoto para casa.  

— Hm... Ok, então. 

— Certo. — Ela sorriu. — Até amanhã. 


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Notas finais do capítulo

Estou muito imersa nessa história, espero que estejam gostando!



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