Protocolo - Bebê Aranha escrita por Pixel


Capítulo 18
Uma Nova Criança no Pedaço


Notas iniciais do capítulo

~~ Boa Leitura



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 Era tudo muito surreal, tão surreal que parecia uma grande pegadinha armada por um programa de televisão famoso — Ned realmente esperava que nenhum cara com uma câmera fosse surgir do nada. Mas agora que ele sabia era fácil olhar para Peter e ver a semelhança. Era óbvio demais; o tom dos olhos eram os mesmos — um castanho brilhante —, os cabelos eram os mesmos e Peter ainda tinha essa aura ao redor de dele, uma aura tão familiar e cativante, mas que Ned nunca pode entender completamente.

 Mas agora fazia sentido.

 Não dava para explicar a origem desse sentimento de familiaridade que Peter exalava mesmo quando Ned o viu pela primeira vez. Desde aquele dia, algo sobre Peter gritava, e foi exatamente isso que fez ele se aproximar e tentar, ao menos, investir em uma amizade — por mais que nunca tivesse dado certo antes. Entretanto, agora fazia sentido. Ele era um Stark, e se Ned estivesse sendo sincero consigo mesmo, ele passou grande parte da sua infância e agora adolescência admirando o trabalho do Homem de Ferro de longe, apenas o suficiente para saber como Tony Stark podia ser estranhamente cativante quando queria.

 Por isso tudo era muito surreal. Uma espécie de sonho se tornando realidade e Ned não conseguia processar tudo isso. Quer dizer.... quais eram as chances? Peter era simplesmente um cara normal, nada o diferenciava, e mesmo com essa pequena peculiaridade da sua vida pessoal os dois sentam juntos durante o almoço como grandes amigos. Não seria tão absurdo se Ned fosse um cara popular. Se ele fosse como Flash ou qualquer outro cara.

 Mas não, ele não era. Ele era apenas um nerd fanático por LEGOS e Stark Wars, e mesmo assim Peter o escolheu como amigo.

 Era uma enorme honra, e talvez não devesse ser encarado assim, mas Ned não pode evitar. Sua mente sempre acabava voltando para esse mesmo ponto e isso o tornava incapaz de conter um sorriso.

 Ele também não podia conter a onda de ansiedade que pairava sobre seu corpo, se aprofundando a cada vez mais a cada segundo. Ned sabia perfeitamente que ele poderia ser evasivo demais quando ficava animado — essa era exatamente um dos seus traços que afastavam as pessoas —, então é por causa disso que ele está tentando ao máximo se controlar, mesmo que fosse incapaz de ficar parado enquanto o elevador descia.

 Apenas o pensamento de que ele iria conhecer os Heróis Mais Poderosos da Terra era o suficiente para fazer seu coração saltar, o deixando um pouco tonto.

 Ned sempre foi o tipo de nerd fascinado por todo e qualquer tipo de super-herói — era apenas mais um dos seus gostos —, tanto em filmes como em quadrinhos e até mesmo em séries animadas. Ele se lembra de quando era pequeno, na época em que os Vingadores não existiam e o único super-herói conhecido na Terra estava morto há 70 anos, mas isso não quer dizer que não existiam quadrinhos.

 Sua mãe sempre reclamou da quantidade de quadrinhos que ficavam espalhados pelo seu quarto, esquecidos até mesmo nos lugares mais estranhos — até mesmo em meio a gaveta de meias. Ned tinha lido todos eles pelo menos cinco vezes até 2012, onde os Vingadores se uniram pela primeira vez e de repente o mundo estava uma loucura. Depois disso ele perdeu o interesse em heróis fictícios e passou a admirar os que já existiam; que eram mil vezes mais interessantes.

 Foi como uma bola de neve depois. Cresceu, cresceu e cresceu. E sim, como qualquer criança sonhadora, ele passou a admira-los — de longe, mas ainda assim contava.

 Ned só não esperava que um dia ele fosse conhece-los pessoalmente. Na verdade, isso era tão impossível para ele que em nenhum momento cogitou que isso um dia fosse acontecer.

 E agora ele estava aqui.

 Ned estava apenas tentando ficar parado por um momento enquanto o elevador descia. Logo ao seu lado estava Peter, ainda com um sorriso cravado em seu rosto. Ele parecia divertido com toda essa situação, sabendo perfeitamente o que isso tudo estava fazendo com Ned. Ele o acusaria, se isso não fosse um verdadeiro sonho.

 Ned deixou seu sorriso morrer por um momento quando, de repente, Peter deu um passo para trás parecendo assustado. Ele quase bateu na parede do elevador, com os olhos levemente arregalados enquanto encarava as portas ainda firmemente fechadas logo a frente. Ned sentiu um pico de preocupação em seu peito, já estendendo uma mão para alcançar o ombro do amigo e lhe dar um pouco de apoio, talvez perguntar o que tinha acontecido.

 Não durou muito, pois a porta logo se abriu e o cheiro forte de queimado dançou em seus sentidos. Foi tão abrupto que pareceu com um tapa na cara relativamente forte, fazendo Ned se inclinar para trás — não como Peter, mas ainda se aproximava.

 E então, o alarme de incêndio começou a soar, tão alto que fez ambos os adolescentes se encolherem. Ned franziu as sobrancelhas, confuso por um momento. A sala a sua frente era ampla e decorada, mas qualquer magia que pudesse transmitir foi omitida por causa das luzes vermelhas do alarme e do cheiro de queimado impregnado no ar.

 Era tão repugnante, que Ned se encontrou fazendo uma careta. Peter não estava tão diferente dele.

 — Onde você vai com isso Clint?! — Uma voz feminina foi a primeira coisa que Ned ouviu além do alarme, e parecia extremamente furiosa. Foi apenas o suficiente para fazer ele, que tinha literalmente acabado de chegar, se encolher.

 Peter foi o primeiro a tomar uma iniciativa e saiu do elevador, parecendo tão confuso quanto Ned. Ele estava tampando os ouvidos com ambas as mãos, provavelmente para abafar o som ensurdecedor do alarme. Ned, não querendo ser deixado para trás, se apressou em alcança-lo, optando por ficar atrás do amigo.

 Ele não queria usar Peter como escudo, mas se por acaso alguma coisa explodisse, Peter provavelmente seria mais rápido do que Ned para perceber que alguma coisa estava errada. Além do mais, Peter mora na Torre — meu Deus! Ele mora na Torre dos Vingadores, é herdeiro das Industrias Stark, convive com os Vingadores, não é um riquinho mal-encarado e escolheu Ned como amigo; ele simplesmente tinha o melhor melhor amigo do mundo! — e, consequentemente, conhece mais os arredores do que Ned.

 — Sexta-Feira, abra as ventilações — Peter pediu em um murmúrio baixo. Ele parecia estar com problemas para respirar por causa do cheiro e da fumaça que rapidamente se alastrava pelo lugar. — E desligue o alarme de incêndio, por favor

 Ned não podia negar, o cheiro era extremamente desconfortável — mais desconfortável que o alarme —, e por isso ele optou por tampar o nariz em vez dos ouvidos; diferente de Peter. Para a sorte de ambos, as luzes vermelhas pararam e o som morreu, o que fez Peter soltar um suspiro de alivio, apenas para começar a tossir logo em seguida.

 — O que está acontecendo? — Ned sussurrou ao seu lado, esperando realmente que Peter tivesse lhe ouvido. Um rápido olhar ao redor relevou que toda aquela fumaça e cheiro de queimado estavam vindo de uma porta logo a esquerda deles.

 Peter se virou pra ele, tossindo um pouco. Ele parecia ser sensível demais a fumaça.

 — Acho que não vamos ter cookies... — Resmungou em resposta, claramente brincando, mas a tosse que veio logo a seguir apenas deixou Ned mais preocupado.

 Era uma tosse seca, provocada por uma irritação na garganta, sem dúvidas era por causa da fumaça.

 — Você tá bem? — Ned perguntou, se aproximando um pouco de Peter quando o mesmo voltou a tossir. O amigo fez um grande esforço para levantar o olhar e se endireitar, tentando transparecer um pouco de confiança, mesmo quando seus ombros tremeram com mais uma tosse.

 — É só a fumaça — Foi a única coisa que ele respondeu antes de tampar o nariz, não com apenas uma mão, mas com as duas. Parecia quase desesperado para se livrar daquilo. — Estou bem

 Ned acenou, mesmo que ainda estivesse cético e um pouco relutante em deixar Peter em paz. Definitivamente, não era uma mentira dizer que Peter tinha sido seu primeiro amigo real, e que por isso ele se sentia um pouco preocupado demais

 Claro, não é como se Ned não tivesse feito pequenas amizades ao longo da vida. Uma vez no jardim de infância ele foi amigo de um garoto que era fascinado por LEGOS tanto quanto ele; ambos passavam o recreio inteiro montando construções estranhas com as peças coloridas enquanto as outras crianças brincavam no parquinho ao lado. Eles eram tão parecidos que as vezes a professora se confundia, mas então veio o fundamental, e Ned nunca mais viu Ganke em sua vida.

 Era normal, isso acontecia, mas não seria tão triste se Ned ao menos pudesse ter feito outro amigo depois disso. Por algum motivo, era difícil pra ele, mesmo quando entrou na Banda e no Decatlo; todos com quem ele falava eram apenas “colegas”. Então Peter veio e... ele é literalmente o seu primeiro amigo de verdade — daqueles que ele sente que pode confiar.

 Então sim, ele estava levemente preocupado.

 Mas a sua atenção foi totalmente tirada do amigo quando uma outra figura se fez presente na enorme sala. Ned levantou o olhar, e então ele estava congelado ao lado de Peter com a boca levemente aberta.

 Wanda Maximoff estava ali, parada na abertura da porta, mãos erguidas e o vermelho brilhante lhe rodeando — ela parecia concentrada, e um rápido olhar para cima mostrou o porquê. Instantaneamente, seus olhos vagaram para Peter, que estava lhe encarando com um sorriso divertido no rosto, ficando ainda maior quando ele abaixou as mãos.

 Wanda não parecia a Wanda que ele viu na televisão tantas vezes — aquelas que todos julgavam perigosa demais para ficar à solta —; ela parecia casual, levemente desgrenhada como qualquer outra pessoa em um dia livre. Seus cabelos estavam soltos, enrolados e espalhados em todas as direções, e a camisa de manga comprida que ela estava usando prendia em seus braços.

  Ela parecia normal, mesmo com os olhos brilhando em vermelho enquanto usava seus poderes.

 Ned sabia que ele tinha soltado um som de surpresa, baixo demais para alguém além de Peter ouvir.

 Wanda estava concentrada em juntar toda a fumaça toxica que estava ao redor em apenas uma grande nuvem, seus olhos passando apenas vagamente pelos adolescentes; o suficiente para que um pequeno sorriso brotasse em seu rosto.

 — Oi Pete — Ela disse, soando tão casual como se jogar fora uma nuvem de fumaça toxica fosse normal. Provavelmente era, mas isso não tornava as coisas menos legais para Ned. — Oi amigo do Pete

 Céus! Apenas isso foi o suficiente para fazer um enorme sorriso dominar suas feições, tão densamente que ele provavelmente parecia um idiota impressionado apenas lhe observando. Mas Ned não foi capaz de se segurar; ele sentia como se estivesse prestes a ter um ataque ali mesmo. Ele não foi capaz de fazer nada além de levantar uma mão e acenar.

 Wanda simplesmente passou por eles casualmente, indo até uma janela que estava aberta. Ned não foi capaz de desviar o olhar, encantado por estar tão perto de um Vingador.

 Então outra voz chamou sua atenção.

— Clint, você nunca mais vai chegar perto da cozinha — A mesma voz feminina de antes, disse, dessa vez se sobressaindo pela falta do som estridente do alarme. Ela chamou sua atenção instantaneamente.

 Foi então que Ned percebeu que não era ninguém mais ninguém menos que a própria Viúva Negra ali, parecendo extremamente irritada. Havia uma careta em seu rosto, fazendo ela parecer bem mais assustadora do que Ned poderia imaginar. Era como se o peso desse mal-humorado caísse sobre ele instantaneamente, mesmo que não ele tivesse nada a ver.

 A Viúva Negra era realmente bem assustadora.

 — Pete! — Como se apenas a presença de Peter fosse um grande alivio, Natasha Romanoff deixou que sua careta irritada se suavizasse e um pequeno sorriso apareceu em suas feições. Seus olhos então pousaram em Ned e ela ergueu uma sobrancelha. — Quem é o seu amigo?

 Ned se animou, perdendo aquele medo inicial que o deixou levemente congelado. Ele sorriu e acenou, não sabendo exatamente o que fazer, porque tinha certeza que se abrisse a boca, não pararia de falar pelo resto do dia.

 Isso não seria uma boa primeira impressão.

 Mas isso não impediu que o sorriso em seu rosto de alargasse mais ainda, chegando a ser dolorido. Céus! Era realmente a Viúva Negra bem na sua frente, parecendo tão casual com o coque mal feito e a blusa cor-de-rosa de manga cumprida escrito: On Wednesdays we wear pink”. Ela não parecia com a agente super treinada que certamente chutaria a bunda de todo mundo sem nenhum grande esforço — Até mesmo de Flash Thompson, apesar de não existir um motivo real para ela querer fazer isso.

 — Esse é o Ned — Peter se apressou em responder, se virando para literalmente agarrar os ombros de Ned e puxa-lo para frente. Ele teria realmente apreciado isso em outro momento, mas agora ele estava congelado, sorrindo como um bobo ao ponto das suas bochechas começarem a doer. — Ned, essa é a Natasha

 Foi realmente um esforço a mais tentar se lembrar de como se respirava normalmente, principalmente quando a Viúva Negra se aproximou, estendendo uma mão com um sorriso amigável no rosto.

 — Pode me chamar de Nat — Ned se apressou para cumprimentar a ruiva, não escondendo seu entusiasmo nem por um segundo. Ele estava vagamente consciente de Peter ao seu lado, sorrindo descaradamente para a cena.

 — É-É um prazer conhece-la! — Ele teve alguns problemas para fazer sua voz funcionar sem gaguejar. Era simplesmente incrível e ele precisou se convencer mais de uma vez de que tudo isso era realmente real. — Wow! Isso é incrível!

 Natasha se afastou, ainda sorrindo amigavelmente. Não durou muito, já que seu rosto caiu em uma carranca quando o som de panelas batendo veio do outro cômodo — que era claramente a cozinha. A careta mal-humorada havia retornando.

 — Clint! Tome vergonha na cara e venha cumprimentar o amigo do Pete — Ela ainda estava mal-humorada, e Ned acabou buscando por algum apoio em Peter, que ainda estava pairando ao seu lado com um sorriso divertido no rosto.

 Apenas um olhar foi necessário para Ned endireitar a postura e relaxar um pouco.

 — O estragou foi muito grande? — Peter perguntou, não sendo nenhum pouco afetado pela carranca da Vingadora na sua frente. Na verdade, ele parecia quase divertido com isso.

 Natasha então cruzou os braços, revirando os olhos antes que um pequeno sorriso voltasse.

 — Como se já não bastasse ele ter queimado os Cookies ao ponto de terem se tornado apenas um monte de pedaços de carvão, ele ainda fez a proeza de botar fogo em uma pilha de panos de prato — Natasha suspirou, esfregando a testa. Ned podia dizer o que ela estava pensando apenas pela sua expressão.

 “Estou cercada de idiotas...”

 — Steve não vai ficar nenhum pouco feliz com isso... — Ela murmurou, mais para si mesma do que para os adolescentes.

 Ao ouvir o nome do Capitão América, Ned se virou para Peter com os olhos brilhantes. Ele sabia perfeitamente que estava sendo um pouco animado demais, mas não pode se conter. Ele realmente estava aqui e isso tudo estava realmente acontecendo.

 Ele tinha um milhão de perguntas rondando a sua mente; uma grande parte delas relacionadas aos Vingadores e sua vida casual e uma enorme Torre no centro de Manhattan, a outra parte, estava relacionada a Peter e o que ele iria fazer daqui pra frente.

 Quer dizer, Peter é filho do Tony Stark! Ele um dia herdaria as Industrias Stark — pelo menos Ned acha que ele vai, tudo indica que sim —, e talvez, com uma pitada de sorte, Peter herde as armaduras do Homem de Ferro.

 O que, literalmente, faria dele o próximo Homem de Ferro.

 Ned estava novamente pirando, tremendo por dentro e por fora de excitação, e não era exatamente o melhor momento para isso;

 Justamente porque outra figura emergiu da cozinha.

  — Em minha defesa... — Ninguém mais ninguém menos que o Gavião Arqueiro apareceu logo atrás da Viúva Negra, usando um avental sujo em todos os lugares. Ele parecia presunçoso, como se não tivesse sido nenhum pouco afetado por todo o incidente.

 Para não gritar, Ned cutucou Peter com o cotovelo, ganhando uma leve risada do amigo.

 — Se você pegar uma faca e raspar dá pra fingir que é um pedaço de bolo de chocolate — Ele fez um gesto com as mãos, apenas para ganhar um olhar assassino da Viúva Negra.

 Ela era muito assustadora, e isso só deixou Ned mais empolgado.

 — Ninguém vai comer isso Clint — Wanda estava de volta, seu sotaque funcionando a todo vapor em cada uma das sílabas. Ela parecia ter se livrado da nuvem de fumaça com êxito e agora o ar estava respirável de novo.

 — Não acho que seria muito saudável — Uma voz masculina disse, e quando Ned se virou, Visão estava pairando no ar.

 Ele claramente tinha apenas atravessado a parede, e Ned estava de costas e não pode ver isso.

 Ainda assim isso não o impediu de simplesmente agarrar o casaco de Peter e o balançar de um lado para o outro, empolgado demais para conter a própria excitação. Peter, felizmente, não pareceu se importar e apenas sorriu para o amigo.

  — E você é? — Gavião Arqueiro perguntou, olhando diretamente para ele. Ned então libertou Peter e acenou para o herói.

 — Ned! Sr. Gavião Arqueiro! — Ele disse, não contendo a onde de felicidade que estava inundando seu peito. Ele poderia explodir de emoção a qualquer momento. — É um prazer conhece-lo pessoalmente!

 Ele estava falando com um Vingador, e esse Vingador estava sujo com trigo, cookies queimados e ainda assim tinha um sorriso presunçoso no rosto.

 — Pode me chamar de Clint, garoto — Ele disse casualmente, parecendo divertido com Ned. O adolescente se deixou imaginar que isso era algo bom.

 — Ou de idiota, também cabe — Natasha resmungou alto o suficiente para que todos pudessem ouvir.

 Apenas olhar para seu rosto confirmou que ela ainda estava carrancuda. Ned se perguntou se isso fazia parte do dia a dia na Torre dos Vingadores.

 Por algum motivo, ele gostou de imaginar que sim; era exatamente assim.

 — Não sou idiota! — Clint protestou, cruzando os braços por cima do avental e se sujando no processo.

 — Era pra deixar os cookies no forno por 15 minutos! — Natasha revirou os olhos, se virando para passar por Clint e ainda assim empurra-lo com o cotovelo. Ela desapareceu na cozinha, mas a sua voz ainda estava clara. — Você esqueceu e deixou por duas horas!

 — Foi um erro humano, poderia acontecer com qualquer um

 — Lamento agente Barton, mas isso foi uma grande falta de atenção, e não um erro humano — Visão disse, se aproximando um pouco de Ned.

 Apenas olhar para o androide era a coisa mais insana que já aconteceu em sua vida. E o fato de ele estar usando suéter e calças caqui apenas deixou tudo mais insano ainda.

 — Bem-Vindo Ned, lamentamos o inconveniente — Ele disse, parecendo apológico. Ned não pode conter o riso que borbulhou em seu peito. — Prometo que as coisas por aqui são menos tensas... as vezes

 Isso tudo parecia tão... normal, como se eles nunca tivessem lutado contra alienígenas e robôs assassinos. Aparentemente, problemas como cozinhar eram um desafio até mesmo para os maiores heróis da Terra.

 — É melhor deixar a cozinha para o Cap — Wanda disse, se aproximando também. Apesar do tom seco, havia um sorriso em seu rosto.

 — Que ótima primeira impressão...

 Naquele momento, Ned realmente queria que seu celular estivesse carregado, assim ele poderia tirar uma selfie e imprimi-la e pendurá-la no seu quarto; assim ele poderia lembrar desse dia sempre que acordasse.

...

  Levou uma boa meia hora para fazer Ned se acalmar e finalmente começar a conversar normalmente com os Vingadores. Ele parecia tão borbulhante ao seu lado que Peter não pode nem sequer pensar em lutar contra o sorriso em seu rosto, era literalmente contagiante.

 Scott se aproximou logo depois que a briga entre Clint e Natasha morreu, carregando consigo algumas malas apenas para abandona-las assim que viu o convidado. Peter o conhecia o suficiente para saber que ele estava saindo para passar o final de semana com sua filha, o que acontecia duas vezes por mês — seria mais, mas Scott se força a ficar na Torre o maior tempo possível.

 Depois de todo o fiasco com os Cookies e os panos de prato — que haviam virado nada além de cinzas —, Natasha se prontificou a pegar algumas bolachas e salgadinhos, dando eles para o grupo que rapidamente tinha se formado na sala. Parecia com a noite do cinema, tirando o fato de que ninguém estava ali para assistir um filme. Peter não pode deixar de pensar que só faltavam Tony, Steve, Sam e Bucky para a pequena festa.

 Talvez Ned ainda pudesse vê-los, com um pouco de sorte.

 Por enquanto, eles vão apenas jogar juntos um pouco de Mario Kart. Surpreendentemente, Wanda e Natasha se uniram ao grupo — Wanda gostava de jogar as vezes, mas Natasha era uma completa novidade.

 Ela sem dúvidas estava abrindo uma pequena exceção.

 — Não se sinta intimidado — Clint disse. Ele estava esparramado pelo sofá, tentando parecer casual depois de ter queimado quatro formas de cookies pré-prontos e praticamente ter botado fogo na cozinha. — Somos apenas humanos normais

 — Devo lembrar que não sou exatamente humano — Visão disse do outro lado da sala, parecendo levemente indignado. Apenas a sua presença fez Ned encara-lo com os olhos arregalados, brilhantes de pura admiração.

 — Tá, deixa eu me corrigir — Clint acenou com a mão, quase como se não estivesse dando uma grande importância a Visão. Peter o conhecia por tempo o suficiente para dizer que ele estava apenas tentando parecer legal na presença de uma figura nova. — Somos pessoas normais e um androide chato

 Ned compartilhou um olhar com Peter, uma pergunta silenciosa sendo feita.

 “É sempre assim? ”

 Peter sorriu em resposta, sabendo perfeitamente que apenas isso bastava. Sim, era difícil imaginar que os heróis que salvaram a Terra eram completos bobões quando não estavam no campo, mas Peter tinha se acostumado com esse lado deles — na verdade, ele até gostava, deixava eles mais humanos.

 — Scott — Natasha disse em um tom de alarme quando percebeu que Scott havia parado de arrumar suas coisas e agora estava sentado no sofá junto com Wanda, Peter, Ned e Clint. Eles estavam tentando decidir entre Mario Kart e Mortal Kombat. — O avião sai daqui a duas horas... é melhor se apressar

 Peter viu quando o Homem-Formiga deixou seus ombros caírem em desanimo claro. Ele parecia empolgado com a ideia de simplesmente ficar e jogar um pouco de videogame, mas a menção de perder o avião o fez se mexer.

 — Talvez um outro dia a gente possa jogar! — Ele disse, e por um momento parecia que estava imitando a voz de Thor. Isso fez Peter e Ned rirem e um sorriso divertido brotar no rosto de Wanda.

 O deus do trovão tinha se tornado uma piada interna para ambos, o que não era necessariamente normal, mas Peter nunca foi normal então isso era apenas um detalhe.

 Falando nisso, Peter estava livre para dar a notícia a Ned — apenas alguns dias antes de Tony anunciar em uma conferência de impressa, mas ainda assim contava.

 Scott saiu depois disso, deixando Clint e Natasha sozinhos com o que seria um bando de crianças.

 — Quem vai ser o primeiro a perder?! — Ele perguntou em voz alta, erguendo o controle reserva no ar. Com um empurrão de ombro, Peter incentivou que Ned pegasse o controle, e assim amigo fez, por mais que estivesse relutante.

 — Não ligue para ele — Wanda sussurrou para Ned, se inclinando um pouco na sua direção. — Ele é apenas confiante demais

...

 Clint perdeu. Tanto para Ned quanto para Wanda e Natasha — que claramente tinha seus próprios truques escondidos. Peter o deixou ganhar porque sabia que o arqueiro — estranhamente temperamental — ficaria chateado se perdesse uma quarta vez consecutiva.

...

 — Eu não acredito que o Gavião Arqueiro é horrível na cozinha! — Ned exclamou ao seu lado, borbulhando por dentro e por fora. Ambos estavam agora de volta ao elevador, desta vez descendo para o estacionamento. — Ele deveria ser bom nisso né? Quer dizer, ele pode acertar qualquer coisa com um arco e flecha, então é meio estranho que ele não consiga assar alguns cookies

 Eram 7 da noite e infelizmente já era hora de Ned ir, e nenhum dos dois estavam felizes com isso. Infelizmente, Ned não tinha a permissão para passar a noite na Torre — e Peter duvida que sua mãe realmente deixaria se ele contasse a onde estava —, mas uma pequena promessa confirmou que essa não era a última vez dele na Torre.

 Peter estava sorridente. Tinha sido um ótimo dia em todos os sentidos da palavra. Aquele medo inicial estava longe da sua mente e o fato de ele poder ver seu amigo tão feliz era um grande conforto.

 Além do mais, os Vingadores pareceram gostar de Ned, o que por si só já garantia uma segunda visita.

 Ned podia até estar triste em ter que sair, mas parecia animado o suficiente para falar sem parar. Ele provavelmente vai falar sobre hoje durante um bom, bom tempo; e Peter ficara mais do que feliz em ouvir.

 — Desculpa acabar com qualquer uma das suas fantasias, mas todos são — Peter disse, enfiando as mãos no bolso da calça.  — Tem certeza que não quer que Happy te leve até em casa. Você sabe, acho que se eu pedir ele leva

 A sugestão era boa. Já estava de noite e mesmo que Ned conhecesse o caminho, ainda era perigoso. Peter não pode deixar esse pensamento de lado. Claro, Happy poderia ficar emburrado como sempre, mas ele levaria de bom grado.

 Para seu desespero, Ned balançou a cabeça negativamente.

 — Não precisa, sei o caminho — Ned garantiu, o sorriso ainda gravado em seu rosto. Ele já estava abrindo a boca para voltar a divagar em voz alta. — Você acha que Wanda é boa no Fortnite? Ela é boa no Mario Kart então não deve ser muito difícil. Pera aí... vocês têm PS4 né? A gente podia jogar da próxima vez

 Peter suspirou, tentando fazer seus ombros relaxaram e assim pudesse confiar um pouco mais em Ned. Naquele ponto, ele estava quase ignorando o amigo que sem dúvidas continuaria falando sobre isso por um tempo.

 — Sim, temos PS4, mas não sei se Clint vai gostar muito disso. Seus gostos são meio peculiares — Peter disse, sorrindo. Ele se lembrou de uma vez em que Scott queria jogar God of War e Clint protestou na mesma hora.

 — Cookies queimados estão entre eles?

 Peter então riu, trazendo Ned consigo. Eles ficaram ali, gargalhando como dois idiotas quando as portas do elevador se abriram e agora eles estavam dando de cara com o estacionamento. Demorou um pouco para algum deles fazer um movimento, e acabou sendo Ned. Peter o seguiu apenas por capricho.

 — Hoje foi o melhor dia da minha vida! — Ele disse de forma dramática, abrindo os braços enquanto havia dava algumas risadas.

 — Que bom então — Peter respirou fundo por um momento, se sentindo um pouco sem ar depois do ataque de risos. — Sexta-Feira já tem você no sistema. Se quiser pode vir aqui a hora que quiser

 Ned pareceu ter ganhado na loteria com isso, seu rosto se iluminou por completo. Seus olhos estavam brilhando e o sorriso que dominou suas feições era radiante, tanto que fez o próprio Peter sorrir em resposta.

 — Você tá falando sério?! — Ele perguntou, parecendo a apenas um passo de simplesmente surtar ali.  Peter acenou. — Cara, essa é literalmente a coisa mais incrível que já me aconteceu — Por um momento Ned cambaleou para trás, como se estivesse prestes a cair, mas então balançou a cabeça e pareceu se recuperar.

— Manda mensagem quando chegar então — Foi a única coisa que veio a sua mente, e o pedido pareceu ser bom o suficiente para lhe mandar uma pequena onda de alivio, mesmo que sua voz tivesse soado um pouco desesperada demais.

 — Pode deixar! —Seu sorriso então pareceu se ampliar mais ainda, de um jeito lúdico. — Quero estar vivo até segunda!

 — Por favor esteja — Peter disse, soando um pouco dramático demais até mesmo para seus ouvidos. — Você precisa dar um “oi” para Steve também

 Ned arfou, agarrando Peter pelos ombros apenas para chacoalha-lo por um momento de puro êxtase.

 — Isso ainda pode ficar melhor? — Ele perguntou, uma pergunta retorica que não precisou ser respondida em voz alta. — Ahhhh você acha que o Capitão América vai querer me conhecer?

 — Depois de hoje? — Peter deu de ombros, como se isso não fosse importante. — Tenho certeza que sim. Ele vai ouvir muitas coisas sobre você

 — Oh meu Deus! — Ele disse, mergulhado em um entusiasmo próprio e só então se afastou de Peter, o libertando do aperto mortal. — Eu vou explodir se não contar isso pra alguém

 Peter suspirou, sabendo perfeitamente o que Ned queria dizer. Por um momento, ele desejou que as coisas fossem um pouco diferentes, mas isso não era algo que ele poderia mudar. Era para ser um segredo, e Peter estava confiando nele para guarda-lo.

 — Você pode falar sobre isso com MJ — Ele sugeriu, sendo MJ a única pessoa que veio na sua mente que sabia perfeitamente o que estava acontecendo. Ele esperava soar um pouco esperançoso. — Mas eu não acho que ela vai se importar

 — Eu sei disso — Ele resmungou.

 Peter olhou ao redor do estacionamento vazio, sem nenhum outro ser humano além deles, apenas os carros estilosos de Tony por toda a extensão.

 — Eu preciso ir — Ned resmungou novamente, não escondendo o desamino claro em sua postura. — Te vejo segunda! Vou tentar estar vivo até lá

— Te vejo segunda! — Peter estendeu sua mão, deixando claro o que ele queria. Ned foi rápido em agarrar suas mãos, fazendo aquele toque estranho que somente os dois conheciam. — E cuidado

...

 Peter percebeu pela primeira vez como a cobertura era vazia sem Tony por perto. Era fácil se acostumar com o bilionário em algum lugar, mas agora ele não estava nem mesmo trancado no laboratório, e isso tornou tudo bem mais solitário. Antes, pelo menos Peter tinha uma ideia de onde encontrar seu pai, mas agora ele estava fora de alcance.

 Era... estranho. Peter desejou que houvesse alguém em casa além dele.

 Depois que Ned saiu, ele resolveu apenas tomar um bom banho e esperar por Tony. A televisão estava apenas ligada, o único som em todo o andar, mas ele não estava na sala ouvindo. Se tornou sufocante depois dos primeiros minutos, por isso Peter estava curtindo a pequena brisa que entrava pela janela aberta.

 Se Peter fosse honesto consigo menos, ele iria admitir que não gostava de ficar muito ali. Era alto, o vento gelado batia em seu rosto e a cidade logo a baixo se demonstrava mais magnifica que o normal; isso lhe trazia memórias de quando era o Homem-Aranha, coisa que no momento ele não pode ser. Era apenas um lembrete de onde ele poderia estar agora.

 Entretanto, isso não torna a vista menos espetacular.

 Com a sua adição aprimorada, Peter pode ouvir a conversa no andar de baixo, onde todos os Vingadores estavam. Ele ouviu quando Steve, Sam e Bucky chegaram — não era muito sútil, porque logo em seguida as vozes aumentaram e tudo parecia uma cacofonia de sons — e também ouviu quando Clint, todo entusiasmado, contou sobre Ned. Isso fez um sorriso rastejar pelo seu rosto.

 — Peter — A voz de Sexta-Feira veio de não muito longe, parecendo apreensiva. Isso fez Peter piscar ao mesmo tempo que lutava contra um bocejo. — Eu não recomendaria que você ficasse aí... uma queda dessa altura seria fatal. Você não precisa se pendurar na janela se quiser ver um pouco da cidade, é por isso que elas são feitas de vidro

 A voz apreensiva de uma I.A que supostamente era pra ser sem sentimentos fez Peter sorrir mais amplamente. A preocupação e cautela em sua voz era mais do que clara, demonstrando que Sexta-Feira estava incomodada com o fato de Peter estar sentado na pequena abertura da janela — grudado ao vidro, a única coisa que o impedia de cair.

 Sem dúvidas, se ele escorregasse, seria fatal, mas isso parecia bem melhor do que apenas ficar de pé. Era apenas a parte aranha dele agindo, e Peter não gostava de reprimir isso.

 — Não se preocupe Sexta-Feira — Ele disse, sua voz soando distante por causa do vento que insistia em bagunçar seus cabelos. Estava frio, mas Peter estava perfeitamente protegido. — Eu não vou cair

 Durante um tempo, Peter apenas ficou lá sentado, encarando a cidade de Nova York de cima, enquanto um vento gelado batia em seu rosto. Nessa altura, seu nariz e orelhas estavam congelando, mas valia a pena se ele considerasse essa visão.

 Peter estava com o celular na mão, esquecido, apenas esperando pacientemente o momento em que Ned lhe mandaria uma mensagem e assim ele poderia relaxar um pouco. Porém, a espera parecia interminável. Foram longos minutos até que o celular finalmente tremeu com o anuncio de uma mensagem; Peter então soltou um suspiro aliviado e se virou, finalmente saindo do seu pequeno lugar na janela e voltando para dentro do quarto.

 “Seguro em casa

 Ainda não acredito que o dia de hoje realmente aconteceu”

 A mensagem fez um sorriso bobo brotar em seu rosto enquanto caminhava em direção ao corredor, o som da televisão ficando cada vez mais alto em seus ouvidos.

 “Eu tenho um sentimento de que vc se divertiu”

  Peter simplesmente se jogou no sofá, odiando a forma como a luz ofuscante da sala de estar machucava seus olhos.

 Ignorando completamente o filme dos anos 70 que ainda tocava na tela, Peter resolveu apenas conversar um pouco com Ned. As mensagens eram em sua maioria bobas, com Ned fazendo todos os tipos de perguntas sobre a vida casual do Vingadores. Era engraçado a forma como ele estava animado com tudo isso.

 Peter realmente não sabe quanto tempo ele ficou ali, se foram uma hora ou apenas 20 minutos, mas logo Ned precisou se despedir novamente — o jantar estava servido pelo visto — e o deixou novamente sozinho.

 Havia um sorriso em seu rosto, um sorriso bobo que estava ali apenas como um lembrete do dia magnifico que foi hoje. Os eventos se passaram como uma espécie de vídeo, completamente em ordem. Peter estava se sentindo leve, calmo, e por um momento imaginou que seria capaz de adormecer ali no sofá.

 Mas ele queria estar acordado quando Tony e Pepper chegassem.

 Até que algo veio em sua mente.

 O pensamento fez seus olhos se abrirem, fazendo Peter soltar um suspiro estrangulado. Ele pode sentir uma estranha ansiedade rastejar pelo seu corpo e não pode conter um gemido. O que Ned disse sobre Tony, aquilo que até então Peter nunca se quer pensou em procurar porque estava sendo muito egoísta.

 Sobre como o bilionário lidou com seu desaparecimento. Tudo gravado em entrevistas e vídeos que sem dúvidas estavam em algum lugar da internet.

 Ele estava tentando decidir se isso era uma boa ideia, se realmente valia a pena dar uma bisbilhotada no passado desse jeito. Ele poderia se arrepender depois, mas também poderia entender melhor Tony e todo esse medo que ele tem; essa proteção.

 Peter molhou os lábios, sentindo uma pitada de nervosismo dançar na boca do estômago. Ele poderia fazer isso, poderia encarar esse passado desconhecido sem grandes problemas. Era apenas um vídeo, nada demais, ele poderia deixar os outros de lado e encarar apenas um.

 Ele girou o celular em suas mãos, tentando decidir o que fazer. Completamente perdido em pensamentos, Peter se viu surpreso quando levantou o olhar e percebeu que os créditos estavam rolando na tela. Ele suspirou com isso e ficou de pé, indo até a mochila abandonada ao lado do sofá, ele se agachou e recuperou seus fones de ouvidos, apenas para voltar para o sofá logo em seguida.

 Ele encarou a interface de Karen por alguns segundos, pensando se seria melhor pedir a sua ajuda ou simplesmente vagar pela internet até encontrar alguma coisa. Não foi preciso muito esforço para chegar à conclusão de que Karen era sua melhor alternativa.

 — Ei Karen — Chamou por sua I.A, conectando o fone de ouvido no celular com um suspiro. Seu peito estava apertado e Peter se viu fazendo um enorme esforço para não voltar a trás e deixar isso de lado.

 Ele não queria esquecer isso, queria pelo menos ver Tony nessa época. Queria entender um pouco o que aconteceu, e isso não iria acontecer se ele ficasse ali sentado encarando os créditos intermináveis de um filme antigo.

 — Oi Peter —Ela o cumprimentou amigavelmente, sua voz preenchendo agora o silêncio deixado pelos filmes. Era amigável, compreensível, e Peter agradeceu essa parte da sua programação.  — Como foi a escola hoje? Não tem tido muita dificuldade em inglês não é mesmo?

 Peter riu, uma risada fraca e sem ânimo. Essa parte da programação de Karen foi inserida por Tony, porque ele queria que a I.A fosse compreensível; boa com crianças. E ela realmente era.

 — Não, está tudo indo bem por enquanto — Ele garantiu, balançando a cabeça de um lado para o outro. Mesmo que isso o deixasse levemente tonto. — Até que não está tão ruim quanto eu imaginei — Ele suspirou. — Preciso que me faça um favor

 Peter nem precisava pedir, ele sabia perfeitamente que Karen faria tudo que ele ordenasse, mas a sua mente se negava a acreditar que ela era apenas um monte de programações.

 — Claro, tudo por você


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Notas finais do capítulo

Esse capitulo realmente demorou mais do que eu imaginava para ser revisado, parecia que eu sempre tinha algo a mais para adicionar e se eu não botasse um fim logo ficaríamos assim para sempre kkkkkkkk

Me perdoe por qualquer erro! Se você viu algum me diga e assim eu posso arrumar (é muito mais fácil do que reler tudo hehehehe)

Até a proxima!

~~ See Ya Later



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