Protocolo - Bebê Aranha escrita por Pixel


Capítulo 13
O Primeiro Dia da Primavera


Notas iniciais do capítulo

Finalmente essa semana infernal chegou ao fim e eu finalmente trago essa capítulo para vocês. Ele é meio parado, mas estou apenas seguindo o roteiro. Tenham paciência comigo!

~~ Boa Leitura



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 Peter se inclinou sobre a bancada, lábios e cenho franzidos em apreensão.

 Ele tinha tomado um banho rápido, apenas tirando o suor e o cansaço do dia agitado do corpo, e agora a contusão em sua testa não passava de uma fina linha vermelha, arroxada nas bordas. Ele a cutucou, apenas um teste, mas nem sequer doía mais. Estava quase curada.

 De acordo com seus cálculos, logo pela manhã já teria desaparecido. É assim que sua cura acelerada age, e ele não podia estar mais agradecido; os problemas que ele provavelmente teria que lidar se, de repente, aparecesse com a testa sangrenta seriam enormes.

 Conhecendo Tony, ele provavelmente não o deixaria mais em paz.

 Ele soltou um suspiro, fechando os olhos por um segundo apenas para descansar as pálpebras antes de abri-las novamente. Não seria um grande problema esconder o machucado agora que não havia nenhuma gota de sangue envolvido, mas isso não impediria alguém de perguntar o que era aquilo.

 Sem muitas opções, Peter estendeu uma mão e ajeitou o cabelo, jogando algumas mexas sobre a testa em uma pequena tentativa de esconder o machucado. Ele estava mais curto e domado agora, mas ainda assim pareceu funcionar, pelo menos um pouco.

 Era o suficiente para enganar um bando de super-heróis.

 ...

 Peter descobriu tudo no dia seguinte.

 Não por ser enxerido ou ouvir alguma conversa com sua audição aprimorada — talvez uma conversa aleatória de algum dos Vingadores —, não, ele soube por Tony.

 Tinha sido um domingo como todos os outros; calmo, preguiçoso e entediante. Tony, surpreendentemente, não estava trancado em seu laboratório como de costume, bem pelo contrário, ele parecia cansado o suficiente para querer apenas passar algumas horas na frente da televisão. Era a primeira vez em quase um mês que eles se sentavam juntos.

 E era assim que ambos estavam sentados lado a lado no enorme sofá enquanto um telejornal qualquer tocava no fundo. Nenhum deles estava realmente prestando atenção nas notícias, parecia distantes demais, e a voz do âncora era quase abafada pela conversa que pai e filho estavam tendo.

 Peter não soube como reagir.

 Ele sabia quem era Thor — claro que ele sabia, impossível não saber —, mas ele não sabia como reagir a notícia de que não somente Thor, mas seu povo inteiro, estava vindo diretamente para a Terra, uma estadia que duraria para sempre. Ned provavelmente surtaria quando descobrisse isso.

 — Eu vou estar um pouco ocupado nos próximos dias — Tony anunciou, claramente desaminado com isso. Ele não parecia muito a fim de lidar com esse tipo de problema, e Peter o entende completamente.

 Era muita coisa para lidar, não somente com Thor e seu povo, mas também com Loki.

 Peter não se lembra com muita clareza do ataque Chitauri.

 Ele não tem certeza se isso é bom ou ruim, mas o que ele sabe é que 2012 foi um ano conturbado em sua vida, uma mistura de lembranças que, quando colocadas em ordem, eram nada mais que uns vislumbres de lagrimas e confusões. Ele estava frágil emocionalmente, confuso e perdido, chorando de noite com a saudade dolorosa de Mary e Richard em seu peito.

 Ele era apenas uma criança e seus pais tinham acabado de morrer quando a invasão aconteceu. Ele estava longe demais, se preparando para ir e encarar a sua nova vida longe de uma família, mas se lembra com clareza do pânico das pessoas ao seu redor. As notícias que rodaram eram apenas sobre isso durantes messes, e tudo que importava era o novo grupo de super-humanos que tinham simplesmente salvado a Terra.

 Agora que ele parou para pensar nisso, desejaria ter prestado mais atenção; deveria ter se agarrado mais a essas notícias e talvez aqueles messes — não, aquele ano inteiro — seria menos doloroso para ele; mas não foi assim. Peter estava em êxtase para o mundo, e nem se importava com as coisas.

 E não é como se alguém fosse simplesmente chegar e explicar com todas as palavras que o mundo que conhecemos quase acabou, justamente por causa de um deus nórdico e um exército de alienígenas.

 Então não, Peter não se lembra do ataque Chitauri com clareza, mas ele ainda assim sabe o que aconteceu e entende o porquê de Tony estar tão estressado assim. Não era de se esperar menos, afinal, foi ele quem arriscou a própria vida e enviou um míssil por um buraco de minhoca.

 — Só não force seus limites — Ele disse com um encolher de ombros, sabendo perfeitamente que seu pai costuma passar dos limites em diversas situações. É assim no laboratório, quando ele chaga a passar dias em claro com algum projeto. —Você costuma fazer isso...

 Tony riu, um som estrangulado que ecoou pela sala quase deserta, senão fosse por apenas os dois ali. O bilionário balançou a cabeça e lhe lançou um olhar lúdico, quase como se tivesse uma piada ali, mas que Peter não a entendeu.

 — Você está falando como Rhodey — Ele disse, quase como se essa perspectiva fosse inaceitável. — Ou Pepper

 Peter piscou, olhando para o mais velho com um pouco mais de atenção. A resposta veio sem um segundo pensamento.

 — Estou falando como alguém que se preocupa com você — Peter mordeu o lábio inferior, sentindo como se tivesse cruzado uma linha invisível, como se ele mesmo tivesse ultrapassado os limites, ido além demais. Mas não podia voltar atrás, ele nem ao menos queria voltar atrás.

 Por medo da reação do mais velho, ele desviou o olhar para a televisão mais uma vez.

 Ele tinha que deixar claro para Tony que sim, o bilionário era mais do que importante em sua vida, mesmo que não pareça, mesmo que Peter não deixe isso completamente exposto. Tony era seu pai, e agora ele o via dominando este posto.

 — Acho que isso faz sentido — Tony disse depois do que pareceu uma era, chamando a atenção do menor para ele.

 Havia um sorriso calmo — e provavelmente com um significado mais do que profundo por trás — em seu rosto. Ele parecia ter mergulhado em pensamentos, perdido por um momento, e então voltado a realidade. Peter retribuiu o sorriso da melhor maneira que pode e voltou a encara o telejornal.

 Na tela da televisão, J. Jonah Jameson — Peter tinha aprendido seu nome, porque aparentemente, esse era um dos maiores telejornais de Nova York e ele era o âncora; nenhum pouco carismático em sua opinião — deixava claro sua opinião sobre o-que-quer-que a notícia estava falando.

 Ele falava com tanta veemência que até mesmo Peter se sentiu assustado e levemente convencido dos seus ideais, mesmo que ele nem soubesse qual era o assunto.

 — Esse cara é um completo idiota — Tony disse de repente. Peter não soube dizer se ele estava ou não irritada, mas havia um certo desconforto em sua afirmação.

 — O senhor acha? — Peter perguntou, havia uma risada em sua voz que ele foi incapaz de segurar. De fato, J. Jonah Jameson parecia ser um completo idiota, mesmo para alguém como Peter.

 — Ele já falou mal do capitão — Tony disse, as sobrancelhas franzidas em uma careta que Peter não soube identificar o real significado. — Ninguém fala mal do capitão, ele é tipo, um ícone nacional.

 Peter riu, ele genuinamente riu, se sentindo leve e aproveitando cada momento. Ele não sabia quando teria um outro momento calmo assim com Tony, então nesse ponto nem ao menos importava se eles estavam ou não falando mal de um âncora de telejornal, pelo menos eles estavam juntos, e isso era o que importava.

 Se sentindo um pouco cansado, Peter permitiu se inclinar um pouco para o lado, apoiando a cabeça no ombro do mais velho. Não parecia ter nada errado com aquilo e ele fez um enorme esforço para realmente não ver nada de errado.

 — Já cansado? — Tony perguntou, um pouco incrédulo e mesmo assim o jovem aranha ainda podia identificar o sorriso em sua voz, mesmo sem olhar para cima. Peter respirou fundo e a única resposta que ele deu foi um pequeno e calmo aceno de cabeça. — Eu sei que você não tem dormido muito bem

 Peter piscou, tentando manter os olhos abertos um pouco mais, mas parecia uma luta em vão, a qual ele certamente perderia. Ele não soube se ficava ou não tenso com a afirmação de Tony, afinal, somente Sexta-Feira poderia dar essa informação ao bilionário.

 Mas Tony não estava surtando, não estava gritando ou o repreendendo por ser imprudente, não, ele estava quase que calmo, somente um pouco atento, e isso quer dizer que ele ainda não sabe.

 Ele não sabe sobre o traje, sobre sua estranha habilidade de escalar paredes, sobre o machucado ou até mesmo sobre Skip. A única informação que ele tem é a de que seu filho não tem dormido bem, somente isso.

 Peter decidiu que não havia problemas, afinal, não havia muita coisa que Tony pudesse fazer para ajudá-lo.

 — Sim, um pouco — Ele murmurou, fechando os olhos mais uma vez, ameaçando sucumbir ao sono. — É só, um pouco de ansiedade eu acho

 — E por que você está ansioso?

 — Não sei — Mentiu, abrindo os olhos novamente apenas para encarar as janelas da Torre. — Simplesmente estou

 Eles ficaram um pouco assim, até que a manchete na televisão mudou e agora falava sobre alguns bandidos que fugiram da prisão — de um jeito tão superficial que nem ao menos fazia sentido.

 Peter fechou os olhos quando sentiu a mão de Tony acariciar seus cabelos com puro e único afeto, um momento calmo em meio aos pensamentos pesados. Era como o paraíso, e ele não queria que acabasse.

 — Você deveria convidar seus amigos para passar a noite aqui. Ou talvez só uma visita, talvez isso ajude em alguma coisa — Tony murmurou, esperando que aquilo fosse capaz de animar um pouco o filho.

 Peter sorriu.

 — Não sei como fazer — Ele confessou, se lembrando de Ned e de todas as estranhas conversas que ambos tiveram ao longo desses últimos messes; em como o amigo era simplesmente apaixonado por tudo desse universo de super-heróis, sobre a tecnologia e sobre LEGOS. — Ned é meio que um fã seu. Bem.... de todos na verdade

 Tony riu.

 — Vou tentar não ser muito egocêntrico então

 Peter não sabia se acreditava ou não naquelas palavras, mas ele não pode ignorar o fato de que sim, eram uma boa ideia.

 ...

  O céu estava limpo, claro e azul, pela primeira vez em muito, muito tempo, e isso foi o suficiente para animar o dia dele. Parecia que o inverno demorou uma era inteira para passar, torturando-o a cada dia, mas finalmente, a primavera chegou brilhando pelo céu.

 O ar ainda estava gélido e os casacos ainda eram indispensáveis, mas pelo menos o sol estava brilhando com todo o vigor e não havia neve cobrindo a grama.

 Olhar para Midtown dessa perspectiva era até mesmo relaxante. Peter estava acostumado com o branco opaco da área de lazer ao redor da escola que ficou um pouco atônico quando o verde brotou do chão e nas arvores ao redor. Ele mal podia esperar para coloração magnifica da primavera.

 — Eu estava com saudades desse clima — Peter comentou em devaneio, ainda olhando ao redor.

 Pela primeira vez desde que ele começou a estudar em Midtown, ele e seus amigos estavam sentados nas mesas do lado de fora. Não eram muitos os alunos que se aventuravam nessa área, principalmente pelo fato de ainda estar meio gélido, mas os raios de sol esquentavam suas costas e tornavam o lugar bem mais gostoso e confortável.

 Aparentemente, Ned e MJ concordavam com ele.

 — Sim. Pelo menos agora não vai mais ter aquele frio enorme — Ned murmurou, enfiando o sanduíche de frango na boca, apenas para se sujar com o molho.

 — Daqui a pouco isso aqui vai estar bem mais colorido — MJ disse, olhando ao redor com campus, assim como Peter. Ambos tinham uma certa preferência pela primavera. — Deveria ser a melhor época do ano...

 Peter sorriu, concordando com um aceno. Ele mordeu seu próprio sanduíche, quando seus olhos pousaram em Betty, que se aproximava da mesa deles praticamente correndo. Ela não parecia incomodada ou sequer preocupada com a umidade do chão e o fato de que apenas um passo em falso poderia leva-la diretamente para baixo.

 — Oi gente! — Ele disse, um pouco ofegante. Então se sentou ao lado de Ned como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo, como se estivesse falando com amigos próximos.

 Querendo ou não, ela ainda fazia parte dos “Perdedores”, mesmo que de forma superficial.

 Peter notou a forma como Ned quase engasgou com a súbita presença ao seu lado, se encolhendo para o lado como se estivesse assustado. Ele precisou segurar uma risada, justamente porque essa era a reação mais normal de Ned quando ele estava ao redor de Betty.

  Era tão obvio que nem ao menos precisava ser confirmado com palavras.

 — E aí Betty — MJ a cumprimentou, brincando com o pudim, o remexendo de um lado para o outro no pequeno pote. — Aconteceu alguma coisa?

 — Na verdade eu estou aqui pra pedir a ajuda de um de vocês — Ela especificou, se ajeitando em seu assento provisório.

 Peter levantou uma sobrancelha, se pergunto o que Betty queria.

 — Lá vem — MJ murmurou.

 — O que você precisa...? — Ned perguntou, abaixando o sanduíche com relutância.

 — Um fotografo — Ela disse. — Eu esperava que o Pete pudesse me ajudar. MJ me disse que você é bom com as câmeras

Peter quase engasgou, mas ele conseguiu se recompor. Fazia anos que ele não tocava em uma câmera, desde que quebraram sua Polaroid no fundamental. Ele se perguntou se ainda sabe sequer tirar fotos.

 — Fotografo é uma palavra muito forte — Ele riu, se lembrando vagamente do seu passa tempo favorito quanto era criança, em como ele gostava de registrar tudo, tendo preenchido álbuns e mais álbuns com fotos de seus pais e ele mesmo. — Eu só gostava de tirar fotos

 — Espero que ainda goste! — Betty suspirou, se inclinado um pouco para frente na mesa. — O jornal da escola vai em um museu no mês que vem e precisamos fazer um trabalho sobre as exposições. Não tem ninguém pra tirar fotos. Poderia ajudar a gente?

 — Eu posso tentar. Não garanto que vai ser bom... — Ele disse, dando de ombros por um momento

 — Ótimo, contando que apareça isso já está ótimo!

...

 — Qual é o número atômico do elemento químico Ósmio?

 — 75

 — Correto. Qual o elemento químico é um metal e é solido em temperatura ambiente?

 — Mercúrio

 — Certo. Quais são os metais halogênios?

 — Flúor, cloro... iodo, astato e bromo

 — Ouro faz parte de qual grupo?

 — Metais de transição

 — Tá certo — Liz pareceu suspirar, revirando os olhos antes de desviar o olhar dos papeis e encarar Peter com um pequeno sorriso nos lábios. — Eu realmente queria ficar brava com você Parker, mas desse jeito é praticamente impossível

 — Vou levar isso como um elogio — Ele disse, retribuindo o sorriso do mesmo jeito.

 MJ não estava errada quando disse que Liz Iria lhe matar, porque se ela de fato tivesse qualquer tipo de arma, certamente o teria matado assim que entrou na sala do Decatlo.

 Ele gostava de Liz. Ela era uma boa — a até mesmo rigorosa — líder; queria apenas que as coisas dessem certo e isso era claro demais no jeito que ele guiava os treinos do Decatlo. Peter era um dos poucos — senão o único — que conseguia encarar seus desafios.

 — Acredite, é — Peter se levantou da mesa, sorrindo quando a luz do sol bateu em seu rosto gentilmente. — Continue assim — Ela lhe lançou uma piscadela, algo simples e de meio segundo.

 Nem ao menos passou pela sua cabeça de que aquilo poderia ou não ter um segundo significado.

 Ele se afastou da mesa, se despedindo com um leve aceno e um sorriso, e se voltou novamente para onde ambos os amigos estavam sentados.

 — Parece que você sobreviveu — Ned comentou, desviando o olhar do livro grosso de física que estava apoiado em seu colo, aberto em uma matéria provavelmente avançada demais para o oitavo ano.

 — Isso já era previsível — MJ respondeu. Ela estava sentada em uma cadeira, mas seus pés estavam apoiados em outra, Peter não esperou que ela liberasse o espaço e puxou uma quarta cadeira para se sentar com os amigos.

 — E vocês? Qual o “relatório”? — Ele brincou, fazendo aspas com os dedos. Ned gemeu ao seu lado, largando o livro em cima da mesa com um baque.

 —Termodinâmica... — Ele murmurou. — Isso me confunde um pouco

 — Trigonometria — MJ respondeu, também deixando de lado seu livro para encarar os amigos. — Mas eu duvido um pouco que isso vá cair na competição

 Peter não pode deixar de perceber que ela parecia um pouco mais cansada do que o normal. Não haviam olheira em baixo dos seus olhos, mas seus ombros estavam caídos e ela parecia um pouco desanimada.

 — Vocês têm uma lista? — Peter perguntou, apoiando o queixo na mão.

 Ele não estava tão cansado, mesmo que tivesse passado a noite inteira acordado - o sono ainda estava meio longe do seu sistema. Mas ele tinha certeza de que quando chegasse em casa, a partir do momento em que não tivesse nada para fazer, sentiria o sono rastejar para o seu cérebro, deixando-o lento.

 E talvez — apenas talvez — quando ele deitasse na cama seria capaz de adormecer.

 — Não. Mas todo ano é quase igual — Foi Ned quem respondeu. — Algumas meterias se repetem... você vai entender o que eu quero dizer

 — Espero que sim...  — Peter suspirou, e então levantou o olhar para Ned. — Meu pai disse que não teria nenhum problema em assistir aquele filme lá em casa qualquer dia desses

 — Sério? — Ned se animou em seu assento, se ajeitando apenas para poder em fim se inclinar um pouco mais sobre a mesa e encarar Peter mais de perto. — E quando você acha que a gente poderia se reunir?

 — Estava pensando na Sexta — Peter disse com um aceno firme de cabeça, já tendo planejado isso antes. —Os finas de semana são meio complicados

 — Eu só preciso falar com a minha mãe — Ned confirmou, um sorriso animado brotando em seu rosto. — Se tudo der certo a gente vai depois da aula!

 Peter riu e desviou o olhar para MJ, só então percebeu que ela estava completamente alheia a conversa.

 — Você gostaria de ir também MJ? — Ele perguntou, sorrindo amigavelmente para ela. Mesmo que não estivesse prestando atenção, MJ entendeu o que ele disse e riu, bem ciente da estranha irônica por trás disso. — A menos que não goste do Alien

 — Parece bom. Mas Sexta tem liquidação na livraria. Sorry Parker — Ela piscou, algo pequeno e que durou meio segundo, mas que fez o rosto de Peter esquentar.

 Ele não soube dizer o real motivo. Talvez tenha apenas sito o duplo sentido em sua frase — porque ela claramente estava se segurando para não chama-lo de “Stark” — ou se foi o jeito que ela piscou, se foi o pequeno sorriso, ou até mesmo o brilho em seus olhos.

 Seja o que for, fez ele mais consciente de toda a situação.

 ...

  Peter engoliu em seco, encarando com os olhos ampliados os papeis na sua frente.

 Ele estava cansado, esgotado, se sentindo completamente no limite, e ele sabia que assim que deitasse naquela cama, apagaria como uma vela, mas ele estava tentando criar coragem.

 Ele queria ver Connors, realmente, queria conversar com o homem, nem que fosse uma rápida troca de palavras. Ele queria apenas tirar esse peso dos ombros, mas não sabia como, parecia estar preso em seus próprios pensamentos, em suas próprias ideias.

 No momento ele estava apenas criando coragem, apenas criando forças para chegar amanhã de manhã e perdir a Tony a tão sonhada permissão para ir até o apartamento de Connors. Ele sabe que o bilionário não vai negar — e na verdade, ele nem ao menos precisa saber o motivo —, mas ele ainda se sente nervoso.

 Não de Tony — não, ele estava começando a perder isso —, mas de realmente encontrar com o ex-colega de seu pai. De falar cara a cara e perguntar o que aquela formula significava.

 Ele passou horas nos últimos meses, horas intermináveis apenas encarando os papeis, decorando cada parte de equação, tentando ao máximo decifrar o que significava. Ele leu o livro de Connors com atenção, e de alguma forma tentou encaixa-lo com a pesquisa.

 Mas ainda assim era avançado demais para ele. Peter não tinha o conhecimento necessário e isso era algo frustrante, era algo que o deixava inquieto, fazia ele desejar e ansiar por uma resposta. Ele precisava disso.

 Um rápido olhar para a foto ainda pendurada no quadro de avisos, destacada em relação aos outros lembretes, o fez se lembrar do porque ele queria tanto falar com Connors.

 Peter soltou um suspiro e abaixou os papeis novamente, se virando apenas para encarar, por um momento, sua cama, bem arrumada e apenas esperando por ele.

 Ele realmente queria ter uma boa noite de sono.


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Notas finais do capítulo

Me perdoe por qualquer erro! Eu meio que revisei rapidamente!

~~ See Ya Later



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