Protocolo - Bebê Aranha escrita por Pixel


Capítulo 11
Homem-Aranha


Notas iniciais do capítulo

~~Boa Leitura



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Peter não conseguiu dormir naquela noite.

 Todas as vezes que ele fechava os olhos, o pânico retornava, e ele os abria de novo apenas para encarar a parte de baixo do beliche de cima. Ele podia jurar que passou horas assim, abrindo e fechando os olhos, depois se revirando na cama, reposicionando o travesseiro de um lado para o outro. O sono estava bem longe da sua mente.

 Até que se tornou impossível ficar deitado.

 Ele forçou seu corpo para cima e piscou para a escuridão do seu quarto. Era um breu completo. Mais uma vez ele sentiu falta dos piscas-piscas.

 Peter decidiu que poderia começar a trabalhar, que nada o impedia de se levantar e, finalmente, progredir com seu traje. Ele estava inquieto demais para dormir agora. Então foi isso que ele fez, e no mesmo instante em que se levantou, as luzes se acenderam e a voz de Sexta-Feira ecoou pelo quarto.

 — Problemas para dormir Peter? — A voz perguntou, amistosa como sempre. Peter suspirou.

 — Sim, mas eu não tenho aula amanhã então você não pode brigar comigo — Ele argumentou, sentindo uma pontada de orgulho em seu peito que logo foi deixada de lado.

 Ele se levantou, espreguiçando os músculos tensos de forma preguiçosa.

 — Minha programação não permite que eu brigue com você. O máximo que fosso fazer é adverti-lo — Ela disse, e mesmo sendo apenas uma I.A, o sorriso era claro em sua voz.

 Peter encolheu os ombros para isso, sentindo seu rosto esquentar um pouco. Não era novidade que Tony tinha, de fato, criado uma espécie de atualização para Sexta-Feira desde que ele chegou, mas esse era o tipo de coisa que deixava mais óbvio ainda o quanto o homem se preocupava com ele. Detalhes assim estavam espalhados por toda a Torre e até mesmo por pequenos atos. E por algum motivo ele se sentiu envergonhado.

 Tony estava fazendo isso por ele, querendo ou não, e era difícil aceitar o fato de que ainda tinha alguém para se preocupar com ele.

 — Eu... vou dormir depois... — Peter disse, andando até sua mochila abandonada ao lado da escrivaninha.

 Ele a abriu, tirando a sacola de dentro.

 — O que pretende fazer? — Sexta-Feira perguntou.

 Peter não soube dizer se isso fazia ou não parte da programação de Sexta-Feira, ou se era uma coisa exclusiva para ele. O que interessa é que a I.A parece sempre curiosa e atenta ao que ele tem a dizer, muitas vezes fazendo perguntas, como se estivesse tentando iniciar uma conversa.

 — Eu vou tentar usar aquelas dicas de costura que você me deu Sexta. Nada que envolva explodir a Torre — Ele disse, se sentando na cadeira. Foi necessário afastar algumas coisas que estavam amontoadas ao redor para abrir espaço.

 — Você pretende criar alguma coisa? Uma roupa? — Perguntou, o tom de curiosidade claro como água em sua voz. Peter acenou.

 — Sim... mais ou menos isso

 O jovem aranha tirou cada item de dentro da sacola, colocando-os em cima da mesa. Sua mente já estava começando a pensar no trabalho enorme que ele teria em fazer isso sem uma máquina de costura ou algo parecido. Ele estava realmente esperando que dali saísse algo, no mínimo, usável.

 — Peter — Sexta-Feira o chamou. — Você sabe que o chefe possui ferramentas que poderia tornar a criação de uma roupa bem mais fácil

  Isso despertou seu interesse. Peter olhou para o teto, olhos arregalados em pura surpresa. Ele não sabia que Tony tinha algo assim, mas fazia total sentido se ele olhasse por outro lado.

 — Ele tem? — Perguntou, sua voz ecoando pelo quarto. — Eu posso usar? O que é preciso para usar? — Ele começou a divagar, e então percebeu que era inútil, considerando que Tony provavelmente ainda estava no laboratório a essa hora.

 Ele deixou sua postura cair, o leve entusiasmo indo embora tão rápido quanto veio.

 — Deixa pra lá. Ele provavelmente está no laboratório agora... — Suspirou. — Melhor não perturbar

 — O chefe foi para a cama há meia hora, junto com a Srta. Potts. Ela o ameaçou — Sexta-Feira disse, quase como se estivesse rindo da situação. Peter também pode imaginar a cena com clareza. Isso fez ele se animar novamente. — Se quiser usar, não acho que tenha algum problema

 Ele considerou a proposta, tentadora demais. De fato, tudo se tornaria mais simples se ele simplesmente cedesse. Mas ainda assim ele não sabe exatamente como o laboratório de Tony funciona, todos os mecanismos parecem avançados demais e até mesmo confuso. É impossível que ele faça alguma coisa sozinho.

 — Mas... eu não sei como.  Talvez eu pudesse tentar, mas não sei se valeria a pena— Peter perguntou com o receio claro em sua voz. — Além do mais, o Tony não iria ficar chateado se eu mexesse em suas coisas...? — A última coisa que ele queria fazer era chatear o seu pai de alguma forma.

  — Não acho que ele vá se importar — Sexta-Feira disse, nesse ponto ela nem parecia uma I.A, estava mais para uma pessoa de verdade. — Ele te deu acesso livre a Torre, ent-

 — Eu tenho acesso total a Torre? — Perguntou exasperado por um momento.

 Ele não tinha parado pra pensar nisso até agora. Peter sempre se restringiu a tudo, como se a qualquer momento ele fosse fazer algo errado; no final das contas, ele tinha acesso a tudo desde o princípio.

 — Sim você tem. Desde que chegou — Ela o informou.

 — E-Eu... posso acessar qualquer coisa? — Perguntou, agora se levantando se sua cadeira. — Tipo... qualquer coisa...?

 — Sim. No momento o chefe não implantou nenhum limite — Peter arfou, mal contento o tremor em seu peito.

 — Até sobre as missões dos Vingadores? — De repente a pergunta que mais rondou a sua mente além daquela bendita pasta retornou.

 Peter não sabia o que Clint e Natasha estavam fazendo.

 — Não existe nenhum protocolo impedindo que você saiba sobre as missões. Mas acho que não é recomendável — Havia uma certa apreensão em sua voz, mas Peter não conseguiu se importar.

 Todos estavam ignorando suas perguntas a quase dois meses, ele tinha o direito de ser curioso e de buscar resposta, nem que ele as consiga por uma brecha aberta que seu pai esqueceu.

 — O que eles estão fazendo? — Perguntou, agora andando em voltas pelo quarto, controlado demais pela euforia.

 — Agente Barton e agente Romanoff estão investigando uma série de assassinatos e desaparecimentos em São Francisco — Sexta-Feira disse, de repente um pouco mais robotizada do que o normal. Peter parou de andar por causa disso.

 Talvez ele tivesse cruzado uma linha, apenas pelo tom de Sexta-Feira. A culpa foi imediata.

 — Quando eles voltam? — Perguntou com um encolher de ombros.

 — A missão não teve um progresso significativo. Eles têm planos para retornar a Nova York daqui a duas semanas — Peter soltou o ar, ainda sentindo a culpa de usar Sexta-Feira desse jeito.

 — Sexta-Feira... posso te pedir uma coisa...?

 — Claro, Peter, o que é?

 — Se por acaso eu perguntar alguma outra coisa sobre uma missão ou algo que eu não deveria saber, por favor, negue —Ele murmurou, se sentando novamente na cadeira. — Não posso usar você assim

 — Não tem problema em ser curioso — Ela, surpreendentemente, tentou confortá-lo, e isso fez Peter piscar em pura confusão por um segundo.  Ele então bufou, revirando os olhos.

 — Não tente me fazer me sentir melhor

 — Está na minha programação ajuda-lo quando estiver triste ou desanimado — Ela disse, quase que rindo dele. Peter engasgou com isso e um rubor ardente subiu as suas bochechas. — Mas, então, pensou melhor sobre o laboratório?

 — Você acha que seria uma boa ideia?

 — Chefe não me disse especificamente quais os materiais que você não tem acesso Peter, mas devo avisar que certas coisas são perigosas e você deve ter bastante cuidado — Ela o informou, quase como um aviso.

 Peter fechou os olhos, levando o tempo necessário para pensar e analisar suas opções. É claro que um traje feito diretamente com tecnologia Stark seria bem melhor do que algo feito por ele, a mão. Então sim, tinha uma certa vantagem aqui.

 — Eu irie te ajudar em tudo que precisa — Sexta-Feira disse depois de um tempo, claramente encorajando Peter a invadir o laboratório do seu pai no meio da noite. Peter riu desse pensamento. — Apenas traga tudo que foi usar

 — Certo. Estou confiando em você Sexta-Feira

 Peter voltou a guardar todas as coisas de volta na sacola, se dando ao trabalho de ajeita-las com uma certa ordem em vez de simplesmente jogar tudo de qualquer jeito. Ele estava se sentindo nervoso; uma sensação que não tinha fundamentos, mas que ainda assim estava ali, perturbando-o.

 Ele respirou fundo, mais para acalmar seu coração, e então olhou para pasta esquecida em cima da sua escrivaninha. Ali estavam todos os seus projetos até hoje, incluindo o traje. Peter piscou, tentando voltar a realidade e decidir o que iria fazer agora.

 Ele respirou fundo mais uma vez e alcançou a pasta.

 ...

 Era estranho estar no laboratório à noite.

 Assim que as portas do elevador se abriram, as luzes se acenderam, iluminando todo o espaço. Peter já estava familiarizado com aquilo, com aquele ambiente e com aquela bagunça. Dum-E e U estavam ao redor.

 Particularmente, ele achava muito engraçado a forma como os robôs assistentes agiam ao seu redor, quase como se estivessem animados em vê-lo de verdade, algo que um cachorro real faria ao ver o dono.

 Uma pequena risada borbulhou em seu peito com esse pensamento.

 — Okey Sexta-Feira, você vai me guiar — Peter disse para a I.A, se aventurando um pouco mais adentro do laboratório.

 Ele passou a mão pela garra de Dum-E quando passou pelo robô em seu caminho até o monitor — que estava escondido atrás de mais um monte de projetos do seu pai —, isso fez com que o robô o seguisse animadamente. Ao contrário do que se pode pensar, Peter não se sentiu incomodado com isso.

 As luzes piscaram, deixando os arredores mais iluminados do que antes. Ele se encolheu com a súbita luz que machucou um pouco seus olhos. Peter olhou ao redor, analisando o laboratório que agora parecia mais um cômodo normal para ele.

 Peter esteve aqui com seu pai incontáveis vezes desde que chegou na Torre, mas ele ainda se sente receoso em mexer nas coisas sem a permissão do mais velho, quase como se no menor movimento ele vai, sem querer, quebrar alguma coisa de extrema importância.

 Era esse tipo de bobagem que as vezes ele fazia.

— Vou precisar do modelo Peter. Exatamente o que você quer que seja feito — Sexta-Feira o instruiu. — Você possui algum desenho?

 Peter se aproximou da cadeira livre com passos pequenos, hesitando um pouco antes de se sentar. O jovem aranha optou apenas por limpar a garganta e continuar com o ele veio fazer.

 Peter encarou sua pasta, perdido em pensamentos por um momento. Ele a abriu rapidamente, vasculhando entre as dúzias de papeis o único que contia o designer do traje. Quando o encontrou, o agarrou com ansiedade.

 — Tenho — Disse quase como se estivesse sem folego. Em parte, ele estava, já que seu coração estava martelando contra o peito em ansiedade.

 Uma serie de hologramas se acendeu ao seu redor, fazendo Peter dar um solavanco em sua cadeira. Era como se fosse uma dúzia de informações ao seu redor. Ele já viu Tony várias e várias vezes lidar com isso, mas ainda era estranho, considerando que ele não os entendia por completo.

 — Precisarei analisa-los

 Peter entendeu o que ela disse e levantou o desenho, deixando que Sexta-Feira fizesse o resto. Ele arfou quando uma representação perfeita e até mesmo mais renderizada e suave do seu desenho apareceu em forma de holograma logo ao seu lado.

 — Wow! — Exclamou admirado. A tecnologia era estranha.

 Era incrível olhar para o que seria o seu traje desse jeito, tão perfeito. Ele se sentiu ansioso apenas em se imaginar usando isso.

 — Quais são as partes que você gostaria de colorir? — Sexta-Feira perguntou, instruindo-o. — Basta tocar e escolher a cor

 Peter acenou, um pouco ansioso demais. Ele fez o que Sexta-Feira disse, lentamente, tomando o seu tempo para deixar as coisas do jeito que ele imaginou. Não foi preciso muito trabalho e logo o traje estava colorido nas cores vermelho e azul. Ele fez questão de deixar os detalhes em teias destacados de preto.

 — Alguma sugestão? — Ele perguntou depois que terminou, esperando que a I.A pudesse ajuda-lo.

 Talvez ele tivesse esquecido alguma coisa que poderia ser útil, e já que ele era a única mente real aqui, o que resta era pedir instruções a Sexta-Feira. Ela poderia sim ajuda-lo com tudo.

 — Você poderia colocar solas de sapatos nos pés, seria mais confortável andar — Ela sugeriu. — Também sugiro que não seja uma única peça. Você pode dividi-la em mais, assim ficara mais fácil na hora de vestir

 Peter piscou, percebendo em fim que ele estaria completamente perdido senão fosse por Sexta-Feira. Ele nem ao menos considerou isso antes, talvez estivesse empolgado demais com a simples ideia de ter um traje de super-herói só pra ele.

 — Verdade, eu nem considerei isso — Peter concordou com um aceno lento.

 Ele estendeu ambas as mãos, se lembrando que Tony as usava para mover os hologramas de um lado para o outro. A primeira coisa que ele fez foi separar o tronco das pernas, criando duas peças de roupa.

 Parou por um segundo, tentando decidir se era uma boa ideia criar separar as mãos e os pés do resto. Poderia ser mais simples na hora de usar, assim ele não teria que se preocupar com as pessoas encarando as “luvas” estranhas em suas mãos.

 Por fim, decidiu que era ideal, e depois de mais uma série de movimentos com as mãos, Peter separou também a máscara.

 — Mais alguma sugestão? — Perguntou, esperando para ver o que Sexta-Feira iria dizer.

— Vou precisar das medidas exatas — Ela informou. — Você as tem?

 Peter parou por um segundo, esse era outro detalhe que ele tinha deixado escapar. Por um momento, se questionou em como resolveria isso, mas então percebeu que tinha uma fita métrica guardada dentro da sacola.

 — Na verdade não... — Ele então olhou para a fita métrica. — Mas já posso resolver isso...

 — A roupa é para você? — Sexta-Feira perguntou, fazendo Peter parar em meio caminho para pegar a fita métrica.

 Peter hesitou antes de responder.

 — Err... sim. Tem algum problema...? — Perguntou meio recesso, se remexendo em seu lugar na cadeira.

 — Pode se levantar por um instante Peter? — Sexta-Feira pediu e Peter era incapaz de negar.

 Peter o fez e então uma serie de luzes passaram pelo seu corpo da cabeça aos pés, fazendo-o dar um passo para trás no susto. Por um momento ele não entendeu o que diabos tinha acabado de acontecer, mas então viu as suas medidas aparecerem em um holograma bem na sua frente.

 O sorriso que dominou seu rosto era contagiante.

 — Dê os tecidos a Dum-E e deixe o resto comigo

...

 Horas depois, pouco antes das nove horas da manhã, Peter já estava de volta em seu quarto. Ele não estava cansado, com sono ou até mesmo lento, ele estava borbulhando por dentro.

 Talvez isso tenha a ver com o fato de ele estar encarando um traje real, do jeitinho que ele imaginou.

 Ele ficou todo o resto da madrugada e parte da manhã no laboratório, em grande parte, observando enquanto seu traje lentamente surgia. Era incrível pensar que até mesmo isso tinha se tornado tão simples.

 Peter estava olhando para uma máscara vermelha com grandes olhos brancos exatamente do mesmo jeito que ele imaginou. Listras pretas que imitavam teias estavam por todos os lados, e céus! Ele realmente estava se sentindo orgulhoso de si mesmo agora. Por mais que Sexta-Feira tivesse feito todo o trabalho duro.

 Era empolgante demais! Ele não estava conseguindo conter um sorriso, um dos seus maiores e mais brilhantes. Peter realmente fez isso! Ele realmente criou um traje apresentável, sozinho — tá, com a ajuda de uma I.A, mas ele ainda merecia parte do crédito. Pela primeira vez em um bom tempo ele sentiu como se tivesse feito algo bom, algo que merecia pelo menos um elogio.

 Mas ele estava contente em apenas admirar de longe.

 Peter não hesitou e colocou a máscara, se sentindo mais brilhante ainda agora que ele percebeu que realmente acertou nas medidas — ela não era nem larga e nem apertada, simplesmente do tamanho certo.

 Olhar o mundo através das suas novas lentes foi estranho, em parte porque era a primeira vez em quase 4 messes que ele tinha seus sentidos controlados, assim como deveria ser. Peter podia dizer a diferença clara que era olhar o mundo atrás de uma lente como essa, quase como se o mundo estivesse ampliado e ao mesmo tempo estivesse mais controlado.

 Ele não teria problemas para focar com isso.

 Peter gostou.

 O jovem aranha correu para o banheiro e olhou para o espelho que ficava logo a cima da bancada. Peter não se conteve e soltou uma risada cheia de sentimentos — algo que pairava entre o orgulho e a empolgação —, foi tão borbulhante que fez seus ombros tremerem.

 Peter passou os dedos nos detalhes das teias sobressalentes e nas bordas pretas das lentes. Peter resolveu testa-las e cerrou os olhos, se admirando quando as próprias lentes seguiram seus movimentos.

 Essa tecnologia era simplesmente incrível em todos os sentidos, Peter sentiu como se a qualquer momento pudesse soltar fogos de artifícios.

 Peter pulou em puro entusiasmo, erguendo um punho vitorioso sobre a cabeça, borbulhando por dentro. Ele girou ao redor, quase como uma criança faria ao ganhar um presente no natal.

 — Isso! — Ele exclamou.

 — Peter? — A voz abrupta do sr. Stark o pegou de surpresa. Seu coração tremeu no peito e ele foi rápido em agarrar sua máscara e puxa-la para fora do seu rosto, deixando seu cabelo bagunçando em todas as direções.

 Ele olhou ao redor, procurando um lugar para esconder a sua mais nova máscara. Por fim, seus olhos pousaram na bancada e foi o único lugar que ele conseguiu pensar. Peter abriu e jogou a máscara para dentro, deixando-a junto das toalhas.

 Ele se virou e saiu do banheiro, quase que apressadamente.

 — Tony? — Ele ofereceu um sorriso quando viu a figura de seu pai, mas quase na mesma hora ele se tornou tenso.

 Peter se sentiu confuso quando viu que o homem mais velho estava vestindo um terno preto, algo tão incomum para Peter em contrates com a forma casual que eles estavam acostumados. Por isso ele levantou uma sobrancelha.

 — Você vai sair...? — Peter perguntou, um pouco receoso, quase como se estivesse tocando em um assunto sensível.

 Tony ofereceu um sorriso, algo reconfortante e que Peter tinha certeza que era reservado apenas para ele. Isso enviou um calor para o seu peito.

 — Tenho uma reunião com os Vingadores — O bilionário explicou. — Todos têm na verdade. Você pode ficar sozinho por algumas horas? Eu não queria te deixar, mas a Pepper tem uma reunião e Happy está com ela e eu particularmente não quero chamar uma babá

 Peter riu, ele nunca tinha visto Tony divagando como se estivesse nervoso e isso foi algo divertido de ver.

 — Tudo bem sr. Stark, eu posso me cuidar — Ele garantiu com um aceno firme. — Vou ficar bem

 Tony deixou seus ombros caírem, soltando um suspirou tenso. Ele olhou para Peter com um brilho dos olhos, chegando a quase ser doloroso. O jovem aranha queria realmente entender esse olhar por completo.

 — Estou confiando em você garoto — Ele disse, num tom tão sério que deixou Peter pensativo sobre o quão grande era essa frase para Tony.

 Ele claramente se importava com Peter, e isso era um pouco estranho. Ele ainda estava tentando se acostumar com toda essa atenção.

 Tony se virou, se voltando para a porta. Peter franziu o cenho, decidindo-se deveria ou não prolongar um pouco mais essa despedida. Ele não sabia se deveria quebrar esse pequeno tabu entre eles, mas decidiu que tanto ele quanto Tony se sentiriam melhor com isso.

 Peter avançou, parando Tony em seu caminho apenas para enrolar seus braços ao redor da cintura do maior em um abraço desajeitado. O bilionário congelou com isso, talvez pelo fato de ter sido um pouco abrupto.

 Peter podia ouvir o coração do bilionário batendo.

 — Que horas você vai voltar? — Ele perguntou, voz abafada pelo terno do mais velho.

 Foi apenas quando Tony retribuiu o abraço que Peter percebeu o quão caloroso aquele contato era e o quão cansado ele estava. Seus olhos começaram a pesar, mas no mesmo instante ele os abriu — sem realmente se lembrar quando os fechou — forçando-se a ficar acordado por mais tempo.

 — Isso vai depender bastante — O bilionário disse e Peter precisou conter um suspiro quando as mãos do maior começaram a brincar com seu cabelo, algo que era simples, mas ao mesmo tempo tão bom. — Provavelmente de noite

 Peter gemeu internamente, mas ele sabia que reclamar só iria dificultas as coisas. Tony não era apenas seu pai, ele era um Vingador e um homem ocupado, era de se esperar que em algum momento ele teria que sair para tratar de assuntos mais complexos.

 Em vez disso ele apertou um pouco mais o abraço antes de soltar, dando um passo para trás.

 — Eu posso dar uma volta enquanto estiverem fora? Prometo que não vou a nenhum lugar perigoso — Ele disse, falando um pouco rápido demais.

 Peter não podia se culpar por se sentir um pouco mais esperançoso com isso, já que nada impedia Tony de deixar ele sair.

 Mas também nada impedia que ele o proibisse.

 Por um momento ele sentiu uma parte da sua esperança ir embora quando Tony franziu os lábios para a ideia, como se estivesse realmente considerando suas opções. Ele ficou um tempo com aquela careta no rosto, tempo suficiente para deixar Peter desconfortável.

 O jovem aranha abriu a boca para dizer que estava tudo bem e que ele poderia ficar na Torre quando Tony finalmente resolveu responder.

 — Só não volte pra casa muito tarde — Ele disse, assumindo um tom sério, aquele que Peter sabia identificar quando Tony estava falando sério. Ainda era um pouco estranho ser repreendido dessa maneira, mas ele resolveu apenas lidar com isso internamente.

 — Certo — Peter respondeu com um aceno firme, começando a borbulhar de entusiasmo por dentro.

 — Tem comida congelada no congelador, mas você pode pedir alguma coisa também. Só não fique o dia inteiro sem comer — Tony o advertiu, mas isso apenas causou um sorriso no menor. — E não toque em nada perigoso

 Isso fez Peter franzir o cenho, mas mesmo assim o jovem ofereceu um sorriso.

 — Como o que por exemplo? — Ele perguntou, cético.

 — As novas flechas do Clint — Tony deu de ombros. Foi a vez de Peter franzir os lábios ao se lembrar das flechas de choque. — Falando sério aqui. Sexta-Feira vai estar te monitorando e eu vou pedir um relatório quando voltar

 — Céus! Isso aqui é o Big Brother? — Ele brincou, mas não pareceu ser interpretado como uma piada por Tony, que fez uma careta.

 — Sim

 Foi a única resposta que o homem deu antes de se virar e sair pela porta.

 — Até mais sr. Stark — Peter se despediu, sentindo que era necessário. O homem então se virou mais uma vez e apontou de forma acusativa para Peter.

 — Não se machuque — Ele avisou antes de desaparecer, fechando a porta no caminho.

 Peter apenas assumiu isso como um “tchau” meio tsundere.

 O jovem aranha se virou para a sua escrivaninha, onde dentro de uma sacola tinha o traje. Tony o deixou sair, ele realmente deixou Peter livre para sair da Torre e dar uma volta, sem ter a necessidade de usar Ned como uma desculpa esfarrapada.

 O sorriso que se formou em seu rosto era radiante. Peter considerou apenas avançar e vestir o traje e então partir para o seu primeiro dia como Homem-Aranha em meses.

 Mas então seu estomago roncou de fome.

 Ele balançou a cabeça de um lado para o outro, espantando o sono dos seus sistemas, ele precisava tomar café e talvez um banho. Depois ele pensaria no cabeça de teia.

 ...

 — Peter, eu tenho que te avisar que você está a 26 horas sem dormir — A voz de Sexta-Feira invadiu toda a cozinha, justamente quando Peter comia sua quarta tigela de cereais e encarava a televisão. Um filme estava tocando em um canal qualquer, era interessante então Peter apenas aproveitou a oportunidade de se distrair um pouco.

  Ele piscou atordoado, sentindo seus olhos arderem por trás das pálpebras. Ele não estava exatamente cansado, parecia apenas que seu corpo estava se esforçando para se manter desperto.

 Ainda assim ele sabia que se encostaste a cabeça no travesseiro, apagaria feito vela.

 — Eu realmente recomendo que você descanse um pouco, ou serei obrigada a alertar o chefe sobre a sua saúde agora mesmo — Tinha um aviso claro na voz de Sexta-Feira, algo que fez Peter arregalar os olhos e se endireitar na cadeira quase que instantaneamente. A colher caiu na tigela com um tilintar que ecoou pela cozinha.

 De repente havia uma onda de desespero espalhada por todo o seu corpo, algo que fez Peter estremecer. A última coisa que ele queria agora era incomodar o sr. Stark com algo tão fútil quanto isso. O homem deveria estar ocupado demais na reunião, provavelmente algo sobre aquela história de assassinatos e desaparecimentos. Ele não precisava se preocupar com o sono de Peter.

 O jovem engoliu em seco, abrindo e fechando a boca enquanto lutava para encontrar as palavras certas.

 — Mas... ele não está em uma reunião...? — Peter perguntou, sua voz saindo rouca e cansada, algo que o surpreendeu.

 Talvez ele estivesse mais acabado do que realmente parecia.

 — Eu tenho ordens para avisa-lo caso sua saúde esteja abalada — Ela disse, como se isso fosse algo normal. — Privação de sono pode deixar seu organismo e funcionalidade abalados, por isso eu vou te pedir mais uma vez para descansar um pouco Peter

 Peter fechou os olhos mais uma vez, se curvando um pouco sobre a bancada, foi preciso afastar a tigela meio acabada de cereais. Ele podia sentir a tensão em seus membros, o peso extra em seus olhos.

 Os segundos acabaram se prolongando e Peter sentiu que era capaz de adormecer ali mesmo — e a ideia era até mesmo tentadora —, mas Sexta-Feira voltou a repreende-lo.

 — De preferência, eu recomendo que você durma na cama Peter — Existia um sarcasmo em sua voz, algo que fez Peter resmungar, tanto de desagrado quanto de teimosia.

 Ainda com os olhos fechados ele se levantou da banqueta e se espreguiçou.

 — Tudo bem... só não conte nada ao sr. Stark — Peter resmungou, dando um longo bocejo logo em seguida. Seus olhos lacrimejaram no processo.

 — Você sabe que eu terei que dar um relatório ao chefe — Sexta-Feira informou. — E isso está incluído

 Peter resmungou uma maldição, odiando toda essa proteção que o homem mais velho tinha sobre ele. Algo que se aproximava muito de uma invasão de privacidade, mas ele tentou se convencer que era apenas a forma como o sr. Stark lidava com tudo isso; como ele lidava com a volta do seu filho.

 Peter realmente considerou se virar e caminhar até o sofá e adormecer ali mesmo, com o filme tocando de fundo. A ideia pareceu agradável, mas ele tinha certeza que a cama seria mil vezes mais confortável.

 — Eu vou apenas tirar uma soneca... — Ele resmungou, deixando a tigela de cerais de lado, ele desligou a televisão e tomou seu caminho de volta para o quarto.

 Peter estava se arrastando até a cama e acabou se deitando com baque. Ele puxou os lençóis para cima e se cobriu até o queixo, sentindo em fim um conforto bom e foi fácil — muito fácil — fechar os olhos e se deixar ir para o mundo dos sonhos.

 Ele realmente desejava que fosse assim para sempre.  

 ...

 O ar estava gelado, frio e tenso, igual a uma noite chuvosa. Peter sentiu um arrepio subir pela sua espinha e ele se encolheu em uma bola na cama, procurando às cegas pelo cobertor ou lençol, qualquer coisa que o ajudasse agora.

 Mas não tinha nada.

 Ele sabia que não estava seguro, justamente porque seu sentido aranha estava praticamente pirando, deixando-o consciente de tudo, mas Peter não teve forças para abrir os olhos e focar no mundo ao seu redor.

 Porque estava frio demais. Ele estava tremendo contra o colchão, sem ter nada para lhe proteger além da fina camada de roupa.

 Peter tentou respirar, mas era como se o ar congelasse em seus pulmões. Parecia que ele estava lentamente entrando em desespero, e foi exatamente assim que ele se sentiu quando ouviu o rangido da porta de abrindo.

 — Eu sei que você está acordado Petey — A voz rouca veio de repente, mas assim que alcançou seus ouvidos Peter entrou em desespero.

 Ele arregalou os olhos e olhou ao redor, incapaz de se virar na cama ou de se quer levantar um braço. Era como se seu corpo estivesse preso na cama, incapacitando ele de se mexer.

 Isso só aumentou seu desespero.

 Ele queria abrir a boca, queria gritar, se debater, fazer alguma coisa, mas seu corpo estava congelado. Peter não tinha o que fazer, ele apenas ficou lá parado enquanto os passos se aproximavam da cama.

 Decidido não encarar essa realidade, ele fechou os olhos com força e engoliu em seco, cada fibra do seu corpo tremendo, talvez não de frio, mas de medo.

 ...

 Peter acordou com um solavanco, com o coração tão apertado que chegava a ser dolorosa, o que estava dificultando sua respiração. Ele se sentou na cama, lagrimas involuntárias começaram a descer pelo seu rosto imediatamente.

 É claro que isso iria acontecer.

 Peter fechou os olhos, sentindo seu coração martelar duramente contra sua caixa torácica, e aproveitou para se concentrar nisso até se acalmar; até que sua respiração não fosse tão dolorosa. Era a única coisa que ele tinha para se agarrar nesse momento, já que os piscas-piscas estavam bem longe.

 — Peter? Você está bem? — A voz de Sexta-Feira soou pelo quarto, num tom claramente preocupado.

 Ele não conseguiu se importar com isso. Havia um enorme peso sobre seus ombros e tudo que Peter queria nesse momento era alivia-lo.

 Mas existia apenas uma maneira para fazer isso. Era o único jeito para ele conseguir deixar os pensamentos sobre Skip de lado e encontrar pelo menos um pouco de paz.

 — Que horas são...? — Ele perguntou, se surpreendendo com o quão rouca sua voz soou. Peter pigarreou e se levantou da cama, deixando os lençóis de lado.

 A primeira coisa que ele fez foi tirar o traje da sacola, não pensando com total clareza ainda. Era como se ele estivesse no automático. A única coisa que ele sabia era que estava se sufocando e que o Homem-Aranha era a única saída para algo assim.

— São uma e vinte da tarde — Com o traje em mãos, Peter finalmente sentiu seu corpo relaxar e aos poucos ele retornou à consciência.

 Só então ele percebeu que estava tremendo loucamente.

 Nada de ruim iria acontecer se ele saísse um pouquinho, além do mais, Tony deixou claro que sua única limitação era que ele não voltasse de noite. Talvez essa fosse sua chance e esse pensamento foi o suficiente para afastar a sua mente do pesadelo e, consequentemente, de Skip.

 Peter espalhou as peças pela cama enquanto ele mesmo se apressava para tirar suas roupas.

 — Peter, você teve um pesadelo? Gostaria de falar sobre isso? — Sexta-Feira sugeriu, parecendo bem mais calma e até mesmo um pouco atenciosa. Peter apenas balançou a cabeça firmemente enquanto se preocupava em vestir seu traje aranha.

 — Estou bem, não precisa se preocupar — Ele disse, lutando agora contra as calças.

 — Você quer que eu alerte o chefe, ele pode ajudá-lo com isso. As vezes os pesadelos podem ser duros demais para alguém lidar com eles sozinho — Nesse ponto a única coisa que Peter queria era que Sexta-Feira calasse a boca, mas ele guardou esse pensamento para si.

 — Não precisa chamar o sr. Stark, eu estou bem já — Ele disse com um pouco mais de convicção. Ele colocou as luvas, flexionando os dedos apenas para fazer um teste.

 Peter tomou um segundo para respirar profundamente. Ele passou a mão pelo rosto, sentindo todo o cansaço em seus olhos. Ele caminhou no automático até o banheiro.

 Quando abaixou as mãos, Peter encontrou com sua figura refletida no espelho, e precisou para por um momento.

 O traje era perfeito, cada mínimo detalhes estava em ordem.

 Ele traçou algumas linhas com o dedo, silenciosamente se sentindo orgulhoso do seu trabalho. Peter não pode conter a pequena onda de euforia que passou pelo seu corpo. Ele riu, mesmo que as lágrimas ainda manchassem suas bochechas, ele riu por estar finalmente trazendo essa parte escondida de si para fora.

 Foi o suficiente para distrai-lo.

 Peter alcançou a máscara, que ainda estava jogada dentro da bancada. Ele não hesitou em coloca-la.

 No instante em que o tecido vermelho deslizou sobre o seu rosto, Peter sabia que isso não tinha mais volta. Ele sabia que não podia deixar o Homem-Aranha de lado, nem mesmo se ele tentasse. Fazia parte do seu ser e era quem ele realmente era.

 Voltar as antigas raízes deixou ele eufórico.

 Peter voltou para o quarto, vestindo uma jaqueta qualquer e o primeiro par de calças decente que apareceram na sua frente. Ele suspeitava que Sexta-Feira fosse simplesmente pirar se ele pulasse da janela — e isso provavelmente estaria incluso no tal relatório — por isso Peter escondeu o traje e novamente tirou a máscara, colocando ela dentro do bolso.

 — Você vai sair? — Sexta-Feira perguntou em tom de alarme, quase como se estivesse preocupada. E talvez estivesse, se fosse uma pessoa real. — Tem certeza que está se sentindo bem com isso? Você dormiu apenas por 4 horas, eu recomendo que tente descansar mais um pouco

 Peter vasculhou a gaveta da escrivaninha, buscando pelos seus novos atiradores de teias. Ele os encontrou com um sorriso e não perdeu tempo em encaixar a pulseira no pulso, logo por cima do traje.

 — Eu vou só dar uma volta e comer um cachorro quente, me distrair um pouco — Ele disse, girando o pulso para ver como estavam os atiradores e se tinha alguma falha. Ele tinha feito isso milhares de vezes antes, mas pareceu sempre ser necessário.

 Peter estendeu o braço pra parede e hesitou um pouco antes de atirar uma teia que pegou em cheio a janela, ostentando um pequeno “thif”. O jovem não pode evitar, ele girou ao redor, contraindo um grito de felicidade.

— Eu volto em três horas no máximo! — Peter praticamente gritou e com isso ele saiu do seu quarto como se o lugar estivesse pegando fogo.

 ...

 Nova York sempre foi bela de cima, uma visão tão magnifica que chegava a tirar o ar de seus pulmões. Peter havia se esquecido de como era ter o privilégio de olhar a cidade desse outro ângulo, mas agora ele estava mais do que feliz em apenas observar tudo.

 O prédio em que ele estava era alto, não tal alto quanto a Torre dos Vingadores, mas ainda assim proporcionava uma visão linda da cidade. Ele estava apenas curtindo o momento, guardando-o para si.

 Era justamente isso que dava a ele a paz necessária, um momento de calmaria onde a sua mente não estaria a todo o vapor. Peter podia simplesmente relaxar aqui em cima.

 Essa era uma das melhores partes de ser o Homem-Aranha.

 O vento estava soprando para todos os lados, ele podia sentir isso, mas não estava com frio nem estremecendo. Peter sabia que o elastano não iria lhe proteger muito, mas talvez não fosse isso que o estava aquecendo.

 Talvez fosse a adrenalina de estar à beira de um prédio de quase 70 andares.

 — Certo, vamos fazer isso... — Ele murmurou, apenas uma confirmação verbal do que passava pela sua mente.

 Peter ajeitou os atiradores mais uma vez, como se para ter certeza de que tudo estava em ordem com o aparelho — ele realmente esperava que sua criação não fosse falhar e deixa-lo cair para a morte certa — e por fim olhou novamente para a beirada do prédio.

 Era uma longa queda, e talvez fosse isso que estava fazendo seu coração disparar.

 Peter respirou fundo, tentando futilmente relaxar os ombros antes de subir no parapeito do prédio, ainda encarando as ruas em baixo. Por um momento houve hesitação — uma pequena pontada de medo na boca do estômago —, por isso ele decidiu que não valia a pena pensar por muito tempo e simplesmente fechou os olhos, deixando seu corpo cair para a frente.

 Peter não podia conter o grito de euforia, nem mesmo se tentasse. A sensação do vento e da queda livre era algo que ele tinha simplesmente se esquecido, mas que agora estava de volta tão forte quanto antes.

 Era... algo que se aproximava da sensação de liberdade, da sensação de que o mundo estava em suas mãos e ele podia fazer o que quisesse. Por um momento Peter se concentrou apenas nisso, antes de estender a mão e soltar uma teia diretamente para o prédio vizinho.

 Sim, ele estava de volta, e não tinha coisa melhor do que ser o Homem-Aranha.

 Peter se permitiu a ficar apenas se balançando de prédio em prédio durante alguns minutos — sem dúvidas a melhor forma de se mover na cidade, melhor que carro ou moto —, rodopiando nos céus e ao mesmo tempo ameaçando cair em cima dos carros na rua.

 Ele ignorou completamente os gritos assustado quando alguém em particular o via caindo do céu.

 Peter precisou parar em cima de outro prédio e tomar um momento para respirar e acalmar as batidas aceleradas do seu coração. Ele precisou levantar um pouco a máscara e respirar pelo nariz algumas vezes, antes de finalmente começar a se acalmar.

 Mas não durou muito tempo.

 Seu sentido aranha começou a formigar apenas alguns minutos depois, e Peter se deixou guiar por ele. Não existia melhor forma de chegar até o perigo.

 Logo no prédio ao lado estava havendo uma estranha movimentação, e não levou muito tempo até ele notar o que era. Três caras armados, vestindo uma roupa completamente preta e com máscaras brancas.

 Peter respirou fundo enquanto observava os homens arrombarem a porta. Ele esteve fora de circulação por um tempo, mas com sorte suas habilidades de lutas estão tão boas quanto antes.

 Ele se levantou e pulou, apontando uma das suas teias diretamente para a arma do primeiro assaltante que já estava invadindo um pequeno banco. Peter a puxou com uma extrema facilidade para longe do alcance do homem, ganhando um grito de surpresa em troca.

 — Algo me diz que vocês não têm a chave


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Notas finais do capítulo

Bem... eu deveria estar estudando pra duas provas que vou ter amanhã, mas quer saber, vou na pura sorte mesmo (putz kkkkkk)

Chegamos finalmente aqui! Confesso que estou entusiasmado com o rumo desta história. Vamos apenas sentar e ver o que rola ♥

Desculpa qualquer erro hehehe ♥

~~ See Ya Later



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