Magic Shop of Horrors escrita por yumesangai


Capítulo 1
Capítulo 1




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Algumas lojas são um sucesso em sua abertura, com balões e postagens em redes sociais, algumas têm decorações alegres e funcionários cativantes. Uma loja em particular, sem nenhuma dessas características, não era exatamente popular, mas conhecida por seu mistério.

 

E foi assim que o Min Yoongi se viu investigando as coisas estranhas que cercavam a pequena pet shop e seu dono misterioso, Conde V. Um rapaz de cabelo azul e olhos em duas cores.

 

A loja tinha uma porta estreita de madeira vermelha, com puxadores dourados bem detalhados, o interior era cheio de tecidos brocados e escuros, pequenas gaiolas com animais um tanto exóticos, o chão de madeira era coberto por várias tapeçarias, o vidro do fundo da loja era um vitral gótico.

 

Nada daquela loja tinha um aspecto coreano, e seu dono tinha o hábito de falar como se não fosse humano, embora seu verdadeiro nome fosse Kim Taehyung.

 

Quando o sineta da loja tocou, o Conde se virou para receber seu cliente, usava uma vestimenta em camadas que lembrava um kimono, mas não era exatamente um. Ele girou os olhos ao encontrar o olhar sério do policial.

 

“O que aconteceu agora?”

 

“Que bom que você sabe que aconteceu alguma coisa”.

 

“Eu já desisti de convidá-lo para tomar chá, então, o que você quer?”

 

“A Senhora Yoon veio aqui há um mês, não é? Eu quero o registro do que ela adotou”.

 

Taehyung puxou a manga comprida que tampava seus dedos, ele usava várias jóias e tinha as unhas num azul cintilante. Ele puxou um arquivo de uma gaveta.

 

“Madame Yoon queria uma companhia sincera.” Taehyung fez sinal que Yoongi o seguisse enquanto eles iam para a sala anexa onde havia poltronas e um sofá estampado.

 

“Você?”

 

Taehyung riu alto, enquanto empurrava o arquivo na direção do policial e se ocupava servindo um pouco de chá.

 

“Claro que não, isso é uma pet shop, eu não sou esse tipo de companhia”. Ele colocou duas colheres de açúcar e Yoongi estreitou os olhos, não se lembrando se alguma vez havia mencionado que preferia seu chá doce daquele jeito.

 

Mas Taehyung era estranho desse jeito.

 

“O que ela queria então?”

 

“Um pássaro”. Respondeu simplesmente.

 

“Um pássaro?” Yoongi repetiu incrédulo, mas não deveria estar surpreso, a primeira vez que entrou na loja, há um ano atrás, foi sobre o assassinato de uma jovem, a garota adotou um coelho.

 

Na mesma data da adoção, uma garota nova surgiu no colégio. A garota Kang Yeseo tinha um nova melhor amiga, as duas eram inseparáveis, até que a garota começou a ficar popular ao ponto de sua melhor amiga, Yeseo ficar excluída.

 

Yeseo matou a garota e em seguida se matou. O caso bizarro, levou Yoongi para conversar com o Conde V, que havia interagido com a garota para tentar entender sua personalidade, além do comentário dos familiares e professores.

 

Uma garota tímida e calma, nenhum relato de bullying, uma garota que só queria uma melhor amiga, saiu da loja no dia primeiro de novembro com um coelho e quase um mês depois assassinou a nova estudante e se matou.

 

“Sim, um pássaro”. Taehyung repetiu o encarando. Seus olhos brilhavam em azul e verde. “A Madame Yoon era uma mulher muito rica, todos seus filhos e netos faziam de tudo para agradá-la”.

 

“Eles só queriam o dinheiro dela, mas a Senhora Yoon era uma mulher forte, se matar agora não faz o menor sentido, ela aguentou a família por anos. Como o seu pássaro está envolvido nisso?”

 

“É um pássaro especial”.

 

“Como tudo nessa loja”. Foi a vez de Yoongi girar os olhos, ele já havia ouvido o discurso de Taehyung inúmeras vezes, de como seus animais eram especiais e ajudavam a curar as pessoas.

 

Que o problema não eram os animais, mas o coração dos humanos.

 

O coração corrompido dos humanos eram o catalisador das desgraças que subsequentemente aconteciam após as adoções. As regras do contrato eram claras e todas elas eram quebradas.

 

As pessoas eram egoístas e pagavam o preço.

 

E não havia nada que Yoongi pudesse fazer, ele se perguntava se Taehyung ficava triste com alguma dessas notícias, mas desde que nada acontecesse com seus animais, ele permanecia apático aos resultados.

 

Yoongi se perguntava se ele tinha algum interesse de fato que seus animais arranjassem   um novo lar.

 

“Ele diz a verdade. É um pássaro que não pode mentir”.

 

O policial tossiu metade do chá.

 

“O pássaro fala a verdade?”

 

“Como um pássaro de pirata, mas ele não repete as coisas, ele diz a verdade. Ele não pode mentir. A Madame Yoon buscava alguém sincero em sua vida, alguém que não precisasse dela por seu dinheiro”.

 

“Mas ela se matou”.

 

“Você aguentaria ouvir a verdade sem pausa? Eu disse a ela que o pássaro deveria ser um amigo, que ela o deixasse num cômodo separado e conversassem pelo menos 2 horas por dia”.

 

Yoongi estreitou os olhos, pensando no quarto da Senhora Yoon, de como a gaiola do pássaro estava ao lado da cama.

 

“A verdade não traz felicidade?” Yoongi não tinha certeza se estava citando alguém ou não, mas as palavras eram tão reais quanto seu peso.

 

“Na medida certa”.

 

“É isso que você faz?” Yoongi deixou a xícara de lado. “Conta a verdade na medida certa?”

 

Taehyung encarou seu reflexo na xícara.

 

“Todos que vêm até aqui estão buscando algum tipo de conforto, as regras são absolutas. Qual o problema que as pessoas têm em seguir as regras, Sr. policial?”

 

Yoongi abriu a boca, mas não tinha palavras. Fossem os casos da Pet Shop ou não, era sempre a mesma coisa. As leis existiam, mas as pessoas burlavam, ignoravam ou não

obedeciam.

 

“Taehyung, eu não quero vir aqui numa próxima vez por outro caso”.

 

“Talvez você tenha a impressão de que eu gosto do resultado, mas eu não gosto, isso não me traz felicidade”.

 

Yoongi o encarou, o barulho de trovões ao lado de fora faziam o vitral brilhar. Ao mesmo tempo que o Conde parecia assustador, ele parecia triste.

 

[...]

 

“Algum sucesso?” Namjoon perguntou quando Yoongi jogou o casaco molhado na cadeira de qualquer jeito.

 

Havia uma papelada sem fim em sua mesa para preencher.

 

“Não”.

 

“Às vezes eu acho que você vai até lá porque gosta dele”.

 

“De quem?”

 

“Do Conde”.

 

Yoongi suspirou alto. “Kim Taehyung, ele não tem título para ser Conde. Além do mais, o que tem pra gostar nele?”

 

Namjoon sorriu divertido, mas deu de ombros.

 

“Eu nunca vi alguém demorar tanto e voltar de mãos abanando, principalmente você”.

 

Yoongi o ignorou, já estava tarde e ele deveria ir para casa, mas a papelada não iria ser feita sozinha, acabou ficando ali digitando documentos e mais documentos.

 

Ao chegar em casa, tarde da noite, estava tudo escuro. Seu apartamento era pequeno e tinha apenas o necessário, sem excessos, ele se perguntou se era por isso que as pessoas iam até a Pet Shop.

 

Para preencher suas vidas.

 

[...]

 

“...Eu tenho medo de escuro, acha que vai funcionar?” O rapaz olhava em curiosidade para o vidro.

 

Ele tinha os cabelos castanhos e parecia ser da mesma idade ou mais velho que o Conde.

 

“Se não funcionar, você pode devolver. Eu mesmo vou recolher, mas o efeito irá te acalmar, acho que os sonhos ruins não vão chegar até você”.

 

Taehyung desligou o interruptor e o aquário daquele salão brilhava, a água cintilava e os pequenos peixes emanavam um tom de neon, não era o suficiente para clarear o ambiente, ainda não dava para enxergar os móveis, mas o sorriso do cliente que estava bem próximo do vidro, era visível.

 

“Conde, eu acredito em você!”

 

“É bom fazer negócios com você, Hoseok”.

 

O rapaz continuou sorrindo, mesmo com a luz da sala acessa, o brilho não era tão intenso, mas ele estava satisfeito com o resultado. Ele subiu as escadas rapidamente, quase esbarrando com o policial que estava por ali.

 

“Eu não vi você oferecendo nenhum contrato dessa vez, o que eu vou encontrar em um mês?”

 

Taehyung abafou a risada com a manga da roupa, dessa vez era uma veste em preto com brocados dourados de pequenas flores.

 

“Yoon-Gi, eu vendo animais, nem todos são exóticos. Além disso, é só um cliente querendo uma companhia silenciosa. Ele só precisa de uma distração”.

 

“Como um gato?”

 

“Como peixes”. O Conde apontou para o aquário no fundo da sala. Yoongi tinha certeza que nunca havia visto peixes naquela loja antes.

 

“Você é estranho, às vezes eu acho que se eu pedir por um unicórnio, você vai me dizer que é possível ter um”.

 

“Depende, você vai querer pagar o preço?”

 

Yoongi riu, mas não tinha certeza se era brincadeira ou não.

 

“Bom, no que posso ajudá-lo?”

 

“Um chá. Eu aceito dessa vez”.

 

Os lábios de Taehyung se curvaram num sorriso discreto, enquanto ele empurrava o tecido que dividia o outro cômodo reservado ao fim da loja.

 

“Sabe, mesmo você não aceitando, você toma chá todas às vezes em que vêm aqui”.

 

Yoongi encarou as xícaras já posicionadas na pequena mesa de mármore e percebeu que era verdade, toda vez em que sentava naquela sala particular, ele tomava chá e eles conversavam sobre o caso, sobre o destino, sobre a vida.

 

“Você é um terapeuta, por um acaso?”

 

“Talvez um não certificado”. O chá dessa vez era rosa, havia pétalas flutuando em sua xícara.

“Você conhece alguém que tenha obedecido às regras?”

 

“Sim, a maioria para dizer a verdade. Os mais desesperados e os mais gananciosos são os casos mais tristes, mas desde o começo eles já são assim, não pode ser mudado com um animal ou não”.

 

“Por que você não os convence do contrário?”

 

“Eu não sou um terapeuta. Além do mais, não tem como ter 100% de certeza que aquela pessoa vai te desapontar no final”.

 

[...]

 

“Eu sinto muito”. Yoongi colocou a mão no ombro do Conde.

 

Taehyung encarou o teto para controlar as lágrimas.

 

O gato estava morto. A garota também. O assassino? O marido da mulher. Ele confessou o crime naquela manhã.

 

“Dessa vez é a minha vez de perguntar, o que aconteceu?” A voz do Conde era fraca, ele encarava Yoongi com os olhos brilhando.

 

“Ele disse que ela se dedicava ao animal como se fosse humano, que ela parecia enfeitiçada, pois era a única coisa que ela enxergava. Que ela o priorizava acima deles.”

 

“Me diga, isso é um daqueles animais especiais? Ela o via como filho ou algo assim?”

 

“Era só um gato!” Taehyung bateu o pé no chão. “Ela o via como ela queria ver”.

 

Yoongi não entendia de relacionamentos ou animais, já que ele não tinha nenhum dos dois. Mas o homem havia confessado, eles adotaram o animal na loja do Conde, o gato deveria fazer companhia, mas aos poucos o animal foi se tornando parte da casa, a mulher desmontou o escritório do marido e fez um quarto para o animal, começou a falar com ele e se irritar com o marido por qualquer motivo.

 

O marido tentou se livrar do animal diversas vezes, mas ele sempre voltava. Ele não queria matar o animal, mas sua esposa enlouqueceu.

 

A esposa e o gato estavam mortos.

 

“Leve ele para casa”. Namjoon empurrou Yoongi para fora da linha de demarcação de segurança.

 

Taehyung entrou no carro sem questionar. A conversa foi em silêncio. Yoongi se viu voltando para a pequena loja.

 

“Você mora aqui?”

 

“Tem um andar de cima”.

 

O prédio em si deveria ter três andares, mas Yoongi nunca viu uma escada que subisse. Eles voltaram para a loja, a escada ficava escondida atrás de uma tapeçaria na parede. O andar de cima era bem mais claro, com menos cortinas e tapetes em tons fechados.

 

A casa rangia naquele andar, mas o ranger que chamou atenção do policial, veio de outro cômodo. Yoongi se viu encarando uma pessoa com uma máscara branca de coelho.

 

Ele sacou a arma na hora.

 

Mas os olhos que brilharam por trás da máscara eram vermelhos, definitivamente não eram humanos. Yoongi buscou Taehyung que estava no meio da sala.

 

“Jungkook”. O Conde balançou a cabeça negativamente, e a criatura recuou e desapareceu na escuridão do que deveria ser a cozinha.

 

“Ele não era humano… Ele não é humano”. Yoongi repetiu várias vezes. “Você é o garoto do noticiário. Seu pai foi morto e você descreveu exatamente aquela máscara, você descreveu o assassino e ele estava logo ali”. Yoongi não percebeu que estava aumentando o tom. “Quem é você?”

 

Não era um caso famoso, mas o assassino descrito por uma criança nunca foi capturado. Seu pai havia sido morto, nada no crime ligava o assassinato à criança. Yoongi não se lembrava de como o garoto deveria aparecer, mas a descrição do assassino era exatamente o que ele havia presenciado.

 

“Vante. Conde. Taehyung. Você pode me chamar do que quiser, mas eu não sou mais o garoto assustado de anos atrás. Jungkook me salvou. Eu o descrevi pois não sabia o que fazer, eu não matei meu pai, mas como iria dizer a verdade?”

 

“O que ele é?”

 

“Eu não sei exato, ele apareceu quando eu precisei e ofereceu seu serviço, eu aceitei”.

 

“O que ele estava fazendo aqui?”

 

“Ele guarda essa loja, e a minha vida”.

 

“Se eu tentar matar você?” Yoongi apontou a arma para o peito de Taehyung que não pareceu nem um pouco preocupado.

 

O som de uma arma sendo destravada podia ser ouvida, mas não havia nenhum sinal visível de Jungkook ou da arma.

 

“Ele vai matar você”.

 

Yoongi estendeu as mãos em rendição e em seguida devolveu a arma para o coldre.

 

“Isso está relacionado com a loja?”

 

“Em parte”. Taehyung suspirou, cruzou os braços a expressão em seu rosto era nostálgica. “Yoon-Gi”. Às vezes ele falava o nome do policial como se fosse especial. “Você pode ir embora”.

 

“E o que vai acontecer?” Taehyung não respondeu, mas seu sorriso saudoso dizia muito mais. “E se eu não for?”

 

[...]

 

O sino da loja tocou e um garoto entrou tropeçando quase derrubando umas caixas de mudança, a placa ainda dizia que o lugar estava fechado, apesar da porta estar aberta.

 

“Nós ainda não abrimos”. A voz soou atrás do balcão.

 

O garoto que entrou tinha cabelos loiros, ele usava pantufas e um jaleco médico. Yoongi se apoiou na bancada que estava organizando.

 

“E-eu, eu preciso de ajuda”. O garoto deu um puxão na pulseira médica que ainda estava usando. Ele tentou escondê-la dentro do bolso do jaleco, mas não percebeu que o papel acabou no chão.

 

“Do que você está fugindo?”

 

“Minha mãe…” Ele respondeu recuperando o fôlego.

 

“Por quê?” Yoongi estreitou os olhos.O policial nele não havia ido embora, talvez nunca fosse desaparecer.

 

“Suga, isso não é jeito de tratar um cliente”. O Conde surgiu de trás da cortina de contas. “Nós ainda não inauguramos, mas podemos fazer uma exceção. Qual o seu nome?”

 

“Park Jimin”.

 

“Meu nome é Conde V. O dele é Suga”. Apontou para o rapaz de cabelo cinza. “Você veio de um hospital, o que você tem?”.

 

“Eu não sei”. Respondeu com os ombros pesados. “Mas eu não posso ficar mais lá, minha mãe… minha mãe me internou lá e… e nem os médicos sabem o que eu tenho, eu não aguento mais aquele quarto, eu preciso sair, eu preciso… eu preciso da sua ajuda, Conde”.

 

Yoongi olhou surpreso na direção de Taehyung.

 

“Venha”. Taehyung abriu passagem na cortina de contas, o levando para a sala anexa.

 

A Pet Shop havia mudado de endereço, mas o desenho do prédio ainda era parecido. Yoongi se perguntou se todas as pessoas que entravam ali sabiam quem Taehyung era. Ele olhou para a escuridão e se perguntou se era obra de Jungkook.

 

Ele havia abandonado a identidade de Min Yoongi quando aceitou ficar com Taehyung e descobrir sobre a loja e seus mistérios.

 

Mas os mistérios e as pessoas só aumentavam.

 

“... Ele pode ficar no seu lugar”. Taehyung apontou para o lagarto em seu viveiro. “Mas você pode pagar o preço?”

 

“Sim. Por favor!”.

 

Yoongi arregalou os olhos quando viu Taehyung puxar um contrato. O Conde sinalizou que ele ficasse em silêncio.

 

Um barulho em uma das gaiolas o tirou dali para voltar a arrumar as coisas, quando retornou, Jimin já havia ido embora, o lagarto também.

 

“Ele vai ficar bem?”

 

“Ah, ele parece o tipo que vai cumprir o contrato”. Taehyung sorriu satisfeito.

 

“Como você sabe?”

 

“Por que ele quer viver, quando você solta um pássaro na natureza ele não voa em direção ao ventilador”.

 

Yoongi assentiu lentamente.

 

“Essa cor ficou boa em você”. Admirou o tom acinzentado contra o sol.

 

“Isso é como uma loja que realiza desejos, não é?” Yoongi perguntou encarando os olhos coloridos do Conde.

 

“Qual foi o seu Yoon-Gi?”

 

Yoongi sorriu sem precisar responder. Taehyung piscou para ele e voltou para a sala anexa. Ele olhou em volta, ainda havia tanto o que arrumar. Taehyung tinha tantos tapetes que não havia piso o bastante.

 

“Jungkook não ajuda com o trabalho pesado?”

 

Taehyung riu.

 

“Faça o seu desejo, Yoon-Gi”.

 

“Eu já fiz, não me faça dizer em voz alta”. Yoongi se apoiou no portal.

 

Taehyung estendeu o bule dourado.

 

“Chá?” O Conde perguntou com um sorriso.

 

Yoongi apenas sorriu de volta.

 

As pessoas iriam aparecer quando precisassem, ele ainda não entendia como, ou o que as moviam ao ponto do desespero. Também não entendia, como algumas pessoas não eram afetadas pelo misticismo e entravam na loja e saiam com seus peixes ou gatos.

 

Taehyung atraía as pessoas. Yoongi foi atraído por ele desde a primeira vez que o viu na loja.

 

Se tinha um preço a pagar para estar ali, ele pagaria de bom grado. Isso ele entendia, a certeza de querer algo.

 

Ou alguém.

 

[...]

 

“Bem vindo. Temos todos os tipos de animais, como posso ajudá-lo?” Yoongi perguntou saindo de trás do balcão, ele usava um casaco comprido, menos elaborado do que os do Conde.

 

“Yah”. Yoongi conseguia ver aquela atitude e o olhar desconfiado. “Essa loja é alguma lavagem de dinheiro? Possivelmente ligada com a máfia?” Ele saiu mexendo nas coisas e as bagunçando.

 

“Claro que não, como posso ajudá-lo oficial?”

 

“Kim Seokjin”. O rapaz mostrou o distintivo que estava escondido, ele estava a paisana.

 

“Agust D”. Se apresentou com um sorriso. “Você precisa de um mandato se quiser entrar, a não ser que esteja interessado em comprar um animal”.

 

“Nós vamos nos ver ainda”. Seokjin saiu apressado.

 

Taehyung bateu palmas de onde estava. Yoongi foi pego de surpresa, não se lembrava do Conde ter retornado para a loja depois de ter dito que ia ao mercado.

 

“Agust D? Você está pronto Yoon-Gi”. Ele seguiu com a sacola do mercado para a pequena cozinha. “Você descobriu?” Perguntou com seu ar misterioso.

 

“É como Serendipity, não?” Yoongi rebateu indo atrás dele.

 

“Encontrar uma coisa boa sem estar procurando? Você cresceu tanto Yoon-Gi, nunca me diria isso há um ano atrás”.

 

“Mas eu estava te procurando”.

 

Taehyung fechou os olhos e inclinou o rosto na direção de Yoongi, as unhas agora escuras se esconderam no cabelo azulado de Taehyung, havia um aroma de incenso de canela. E os lábios do Conde tinham gosto de chá de amora.

 

Quando a sineta da loja tocou, não havia ninguém dentro, mas havia uma pessoa sentada nos degraus de entrada, se protegendo da chuva que caía.

 

“Jimin?” Taehyung perguntou surpreso ao vê-lo ali.

 

“Eu não consigo ir embora”. O garoto respondeu tremendo, pelo frio, por estar molhado ou por sua atual situação.

 

“Você não precisa ir, por que não me diz o que houve?”.

 

Taehyung o fez se enrolar em algumas mantas do sofá, enquanto servia uma xícara de café quente. Mesmo na xícara de café havia folhas de alguma flor do jardim da entrada.

 

“Eu posso trabalhar aqui?”

 

Taehyung engasgou com o chá. “Como é?”

 

“Eu não quero deixá-lo”. Jimin parecia preocupado, ele agarrou a barra da veste do Conde.

 

“Yoon-Gi?” Taehyung não era ciumento, mas essa criança não tinha como ter qualquer relação com o ex-policial, seus destinos estavam ligados.

 

“Não, Kookie”.

 

“Jungkook, você conhece o Jungkook?”

 

“Conde, Hyung, por favor”. Ele se colocou de joelhos no chão. “Eu posso ajudar na limpeza, eu prometo não fazer barulho, apenas… Kookie me visitava todos os dias, eu não consigo pensar em ir embora, ele é o meu melhor amigo”.

 

“Você sabe o que ele é?”

 

“Eu não me importo”. Jimin o encarou e havia uma tempestade em seus olhos.

 

Taehyung parecia satisfeito. A primeira vez que viu Jungkook, ele precisava desesperadamente de ajuda, com sete anos de idade. Jimin deveria ter uns dezessete anos, ele não era uma criança com medo.

 

Jungkook apareceu na entrada da sala, sem a máscara, seus olhos redondos brilhavam num tom avermelhado, a única coisa que não era possível esconder, eram os chifres brancos que se destacavam no cabelo castanho.

 

“Jimin-ssi”.

 

Jimin sorriu completamente satisfeito. Taehyung olhou de um para o outro, alguns destinos eram inexplicáveis, mas se as linhas estavam unidas, ele não iria interferir.

 

[...]

 

A mesa de jantar foi substituída por uma de seis lugares, Yoongi não questionou a mudança inexplicável, nem quando isso aconteceu na janela de três horas em que ficou fora. Taehyung decidiu cozinhar o que era sempre agradável.

 

“O que nós estamos comemorando?” Perguntou olhando para a organização cuidadosa de pratos e entradas.

 

“O nosso filho”.

 

Yoongi cuspiu o vinho.

 

“Você pode ter filhos!?”

 

“Yah!” Foi a primeira vez que Yoongi viu Taehyung com o rosto corado, mas ele se recuperou em um segundo. “Por quê, você quer?”

 

“Yah!” Yoongi devolveu.

 

“Brincando, brincando”. Taehyung se sentou. “Jimin está de volta, ele e Jungkook são… alguma coisa”.

 

“Eu devo me preocupar?”

 

“Não, ele não está usando a máscara”. Taehyung serviu mais vinho para eles.

 

Jungkook ainda era um mistério para Yoongi, mas se Jimin iria estar por perto, ele iria entender com o tempo.

 

[...]



Eram uma pet shop estranha, com animais exóticos, mas Taehyung vendia amor, ele comprava o desespero de seus clientes e oferecia o melhor benefício, desde que as regras especiais fossem cumpridas.

 

Yoongi entendeu, sobre as pessoas que iriam decepcioná-los e as que não iriam.

 

“É o amor próprio, não é?” Yoongi perguntou enquanto Taehyung terminava um bordado na jaqueta nova de Jimin.

 

“Ah, você entendeu então”. O Conde sorriu abertamente.

 

Jimin sorriu satisfeito para o desenho floral nas mangas.

 

“O que tem amor próprio?”

 

“Você não precisa de magia se você se amar primeiro”. Jungkook respondeu de onde estava, bem ao lado de Jimin.

 

Jimin assentiu lentamente.

 

“Nem sempre é ruim, eu amo o JK, o Conde Hyung e o Agust D”.

 

Yoongi ergueu a sobrancelha, indicando que esse era o ponto. Jimin deu de ombros.

 

“Todos aqueles que entram aqui precisam de amor, não importa se você se ama ou não. A busca é a mesma”.

 

A sineta da loja tocou e Jimin saiu correndo.

 

“Minha vez!”

 

Jungkook balançou a cabeça negativamente e voltou ao livro que estava largado. Taehyung encarou Yoongi.

 

“Vá ajudá-lo, da última vez ele confundiu uma iguana com um dragão de komodo”.

 

Yoongi saiu rindo.

 

“Era isso que você estava procurando?” Taehyung perguntou quando eles ficaram a sós.

 

“Eu não sou diferente do conteúdo dessa loja, eu estava procurando uma família quando encontrei você”.

 

Taehyung assentiu lentamente. “Jimin é uma criança, se você fizer qualquer coisa que vá machucá-lo, você vai se arrepender”.

 

Jungkook arregalou os olhos pego de surpresa pelo tom verdadeiramente ameaçador do Conde. Por fim sorriu.

 

“Eu aceito”.

 

 

Min Yoongi entrou na loja pela primeira vez para investigar uma série de mortes que o levaram ao Conde V. Ele se viu fascinado por Taehyung, como destino. Lá ele descobriu muito mais sobre as pessoas e o que as motivava.

 

Era como ver o mundo com novos olhos. E por isso, ele decidiu sair da polícia. Ali ele encontrou conforto e sua nova família.

 

Conde V., Park Jimin, JK.

 

A pequena pet shop e seu dono misterioso, continuam abertos para atender àqueles que buscam amor.
































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