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Os dois anos pós-guerra foram os mais difíceis para todos. Tantas pessoas se foram com a guerra... pais, filhos, irmãos, amigos, familiares, conhecidos, maridos, avós... Quase todo bruxo perdera pelo menos algum conhecido na guerra, e isso era terrível mas a vida continua e aos poucos os bruxos foram percebendo isso e retornando aos seus empregos e seus afazeres, sem nunca realmente se esquecer do que a guerra lhes tirou.

Hermione era uma dessas bruxas. A guerra lhe tirara seus amados pais, mortos por Comensais da Morte antes que ela pudesse apagar-lhes a memória, como era seu plano inicial; perdera grandes amigos como Fred Weasley, Tonks, Lupin... Todos pessoas queridas que deixaram algo para trás. Desde o fim da guerra, Hermione passara a morar n'A Toca, porém, mantinha a casa dos pais, para onde ia as vezes, sozinha, para pensar no que o futuro lhe reservava. Foi num desses dias, que Hermione recebera uma carta de Hogwarts.

A carta lhe dizia que a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts estava finalmente reformada e pronta para abrir seus portões para todos aqueles que desejassem regressar. Hermione, que jamais completara seu último ano, sentiu seu coração se encher de uma alegria sem tamanho ao ler aquela carta, um sentimento que não tinha há muito tempo e era muito bom… Voltar a Hogwarts significava voltar ao lar! Sentia-se como parte daquele castelo, e amava cada canto escondido em que já se embrenhara por aqueles corredores. Seria incrível voltar e poder finalizar os estudos que estavam incompletos. Mesmo que uma guerra pudesse tê-la classificado para qualquer coisa, Hermione ainda era Hermione, e achava extremamente importante concluir os estudos com professores qualificados para ensiná-la seja lá o que não tenha aprendido sozinha.

Com um sorriso no rosto, Hermione respondeu a carta da, agora, diretora de Hogwarts, Minerva McGonagall, confirmando sua presença para o último ano então, com a lista de materiais em mãos, a castanha aparatou no Beco Diagonal, sentindo novamente a euforia de comprar materiais escolares naquele lugar mágico. Teve que comprar bastante coisa, já que não achava que seus materiais antigos serviriam para algo, depois de três anos sem uso. E enquanto a castanha vasculhava as lojas e riscava com uma pena os materiais já comprados, acabou esbarrando em uma loira que andava pelas ruas saltitando, os cabelos compridos chegando a cintura e os mesmos olhos sonhadores de que Hermione se lembrava.

ー Luna?

ー Ah, olá Hermione! ー a loira disse com um sorriso delicado nos lábios e deu um abraço forte e rápido na amiga ー Como está? Estou comprando meus materiais para Hogwarts. Você recebeu a carta da nova diretora?

ー Sim, eu recebi. Também estou comprando meus materiais ー a castanha respondeu, apontando para as sacolas ao seu lado.

ー Legal! Pensei que acabaria sendo a única a aceitar voltar ao colégio. Bom, eu e Neville, que me escreveu ontem dizendo que aceitaria voltar. Nosso último ano em Hogwarts foi meio conturbado, sabe... Não aprendemos nada ー a loira disse, dando de ombros.

ー Entendo você, Luna... entendo você.

As duas acabaram sentando na Florean Fortescue para tomarem um sorvete e colocar o papo em dia, já que tinha um ano que não se viam.

ー Hermione, como estão os julgamentos? Sei que você, Harry e Ron tem participado ativamente dos julgamentos de comensais.

ー Ah, bem, por enquanto está tudo certo ー a castanha respondeu, mexendo em seu sorvete com a colher. ー Conseguimos inocentar Draco Malfoy e sua mãe. E estamos perto de conseguir inocentar também o professor Snape!

ー Oh, fiquei sabendo que ele está bem melhor desde que saiu do coma.

ー Sim. Continua o mesmo morcegão das masmorras ー Hermione confessou para a amiga, que lhe sorriu ー, mas parece realmente disposto a provar sua inocência, cedendo suas lembranças e qualquer informação que o Ministério precisar. Logo o julgamento dele será finalizado e então, ele será considerado um Herói de Guerra, como deve ser.

ー É tão bom saber que estão ajudando-o.

ー Porque? ー Hermione ergueu uma sobrancelha.

ー O professor Snape sempre foi muito fechado, mas agora sabemos o motivo dele ser assim. Ele merece finalmente ter uma vida livre, onde ele não precisa ser um espião, e correr risco de vida há cada passo que dá.

ー Sabe, Luna... você está certa! Acho que nunca havia parado para pensar dessa forma. Simplesmente queremos que ele seja reconhecido pelo esforço que teve, mas nunca pensamos que ele merece mais que tudo sair livre deste julgamento.

Depois de mais um tempo de conversa, Hermione despediu-se da loira, depois de chamá-la para passar o fim de semana n'A Toca e então, a castanha dirigiu-se a Gemialidades Weasley, mas não entrou. Simplesmente olhou pelo vidro e viu Lino, junto a George, os dois trabalhando como nunca para atender todos aqueles clientes, junto com Angelina. Desde sua inauguração, a loja Gemialidades Weasley tem sido a mais movimentada do Beco Diagonal e Hermione estava terrivelmente orgulhosa de George, assim como sabe que Fred também estava, independente de onde estivesse. Com um sorriso nos lábios, e sacolas nas mãos, Hermione aparatou para a casa de seus pais, onde seu malão de Hogwarts estava guardado.

Puxou-o debaixo da cama e abriu-o, um sorriso enorme em seus lábios, a emoção de organizar o malão para as aulas a tomando por inteiro. Hermione estava prestes a completar dezenove anos, mas se sentia como se estivesse novamente com onze enquanto arrumava seu malão alegremente. Voltar a estudar era tudo o que Hermione precisava para poder livrar sua cabeça dos pesadelos que ultimamente a assombravam.

Quando finalmente terminou de arrumar tudo, Hermione pegou o malão e sua bolsa de contas e aparatou perto d'A Toca. Ao chegar e entrar pela cozinha, encontrou Harry e Rony sentados à mesa, em suas mãos, cartas semelhantes a que Hermione recebera e ela não pôde deixar de sorrir.

ー Olá meninos! Vejo que também receberam a carta da nova diretora de Hogwarts.

ー Olá Hermione ー Rony respondeu, olhando para o malão da amiga. ー E vejo que você vai voltar para o colégio.

ー Por Merlin, claro que vou. Preciso terminar os estudos, concluir o ano que perdi!

ー Hermione, não há mais nada que Hogwarts possa nos ensinar, que já não tenhamos aprendido por conta própria durante a guerra.

ー Isso significa que vocês não vão? ー Hermione perguntou, sua voz ligeiramente embargada ao ter sido pega de surpresa pela constatação.

Jamais imaginou que eles não fossem voltar com ela afinal, nunca tinham passado tanto tempo longe uns dos outros. Como poderia ficar em Hogwarts sem aqueles dois? E pior... como eles poderiam ficar fora de Hogwarts, sem Hermione?

ー Mi, realmente não teríamos o que fazer por lá ー Harry disse, os ombros encolhidos.

ー Mas... não podemos nos separar, Harry! Vocês tem que vir!

ー Ou você não deve ir ー Rony disse, seu olhar encontrando o da castanha. ー Olha Mione, nós te amamos, e sabemos que é importante pra você, mas não é para nós.

ー Recebemos uma oferta ー Harry disse, suas bochechas levemente coradas.

ー Oferta? ー Hermione perguntou, curiosidade em sua voz e ela se aproximou, largando o malão no chão.

—Para participarmos de um treinamento de Aurores do Ministério.

ー Aurores? ー Hermione estava impressionada.

ー Sim. É o que sempre quisemos, não Rony? ー Harry disse, um sorriso tímido em seus lábios.

ー Isso é incrível! ー Hermione disse, deixando de lado sua própria tristeza, jogando-se nos braços do melhor amigo, sorridente. ー Parabéns!

Depois das parabenizações e explicações, Hermione finalmente aceitou que não teria os melhores amigos ao seu lado no último ano, o que deixava seu coração apertado. Amava Harry e Ron com todas as forças e não sabia muito bem como agir sem tê-los por perto, mas sabia que teria que aprender, porque assim como eles estavam realizando o sonho deles, ela gostaria de realizar o seu... mesmo que ainda não soubesse exatamente qual era.