Era o último dia do verão, em menos de vinte e quatro horas as aulas voltariam, era o meu último ano no colégio.

Ajeitei meu cabelo uma última vez olhando-me no espelho, desci meus olhos pelo resto do reflexo no espelho. – Um suspiro de insatisfação saiu pelos meus lábios, mas decidi que não me preocuparia com isso hoje.

Sai daquele banheiro e caminhei até a mesa na lanchonete em que eu e Izzie estávamos. – Izzie é a minha melhor amiga, e eu estava aqui hoje só por que ela me convenceu.

— Como você está se sentindo nesse último dia no paraíso? – Ela indagou olhando-me com um sorriso divertido.

— Está se referindo ao último dia de aula? – devolvi a pergunta, recebendo um aceno de cabeça. – Eu agradeço ao universo por ser meu último ano!

— Sorte a sua, May! Não sei como vou sobreviver ao ano que vem sem você!

— Você vai se virar bem, Izzie!

Nossa diferença de idade era de apenas um ano. – Enquanto eu estava prestes a me formar, Izzie ainda enfrentaria dois anos pela frente.

Izzie desviou o olhar por um momento. Ela parecia olhar para a porta da lanchonete – Eu não sabia o que havia chamado a atenção dela, pois me sentei de costas para a entrada.

— Ah não... – Ela sorriu antes de olhar em meus olhos. – Ele está aqui... – Izzie revirou os olhos antes de sugar um pouco mais do milkshaker dela pelo canudo.

— Quem...? – indaguei antes de virar meu rosto na direção onde ela olhava.

Guss Miles. – Capitão do time de futebol, popular, gentil, bonito e meu melhor amigo. – Apesar de sermos o oposto um do outro, Guss e eu eramos grandes amigos, desde a infância. Nossa amizade começou por nossas mães já serem amigas.

Mesmo tendo um forte laço de amizade, as coisas estavam mudando de um tempo pra cá. – Talvez por ele ser “popular" e eu aquela garota que passa despercebida pelos corredores, que ninguém nota – não que eu quisesse ser notada. – Enfim, Guss e eu estávamos mais distantes.

Ele caminhou acompanhado de mais dois amigos – pelo que pude ver, eram dois garotos que também faziam parte do time de futebol americano. – Os outros dois passaram direto pela nossa mesa, mas Guss parou.

Ele olhou em meus olhos e sorriu. – Foi inevitável não sorrir de volta pra ele.

— Você sumiu no verão, May... – Ele falou ainda sorrindo. – Não acredito que esteja colocando a minha irmã no meu lugar na sua vida! – brincou.

— Você é substituível, Guss! – Izzie retorquiou.

Mais um detalhe que esqueci de mencionar; Izzie e Guss são irmãos.

— Concordo plenamente! – falei olhando desafiadora pra ele.

— Eu sei que não sou substituível pra você, May! – Gus se inclinou sobre a mesa e aproximou seu rosto do meu. Senti minhas bochechas esquentaram, pedi mentalmente para que ele não percebesse a vermelhidão de vergonha em meu rosto.

— Convencido! – falei baixo, mas audível.

Ele sorriu. – De um jeito que eu sentia meu estômago se remexer em minha barriga. – Guss puxou o canudo do meu milkshaker e bebeu.

— Vocês vão querer uma carona pra voltar pra casa? – Ele indagou sentando-se ao meu lado.

— Não! – respondi com insatisfação. – Nós sabemos muito bem que quando você está com seus amigos, você esquece da nossa carona!

— Ela tem razão! – Izzie concordou olhando pra ele.

— Não tenho nem direito de defesa?! – Ele me olhou antes de rir.

— Guss?! – a algumas mesas de distância um dos garotos chamou por ele.

— Preciso ir... – Ele se levantou. – Até amanhã, May. – Gus apertou de leve uma das minhas bochechas, me fazendo revirar os olhos. – Não chegue tarde em casa, Izzie! – Ele tentou fazer o mesmo com ela, mas Izzie foi mais rápida e deu um tapa na mão dele.

— Você não manda em mim! – Ela rebateu quando ele já estava de costas.

Mas Guss respondeu.

— Ainda sou o mais velho, Izzie! – Ele riu convencido.

Ficamos só por mais alguns minutos até decidirmos ir embora. – Assim que abri a porta da lanchonete pra sair esbarrei com força em alguém.

— Desculpe... – falei me recuperando do baque.

Meu olhar pairou sobre os olhos do garoto desconhecido na minha frente. – Por três segundos sustentei o olhar dele.

— Você não presta atenção, garota? – Ele indagou arrogante e impaciente.

Mal consegui acreditar que ele estava falando comigo naquele tom de arrogância.

— Eu? Você é que esbarrou em mim, idiota! – devolvi no mesmo tom.

Ele me olhou antes de dar as costas e entrar na lanchonete.

— Que babaca! – reclamei audível enquanto andava na direção oposta.

Izzie que estava logo atrás de mim, alcançou o meu lado.

— O que foi isso? – Ela perguntou segurando o riso.

— Esbarrei em um idiota!

— Eu vi! Mas ele era um idiota bem bonito... você reparou? – Ela deixou de segurar o riso.

— Ah Izzie me poupe! – falei irritada.

— Meu irmão é um idiota, e você acha ele bem bonito! Na verdade você gosta dele... – Izzie me provocou.

Eu nunca havia dito com todas as letras que gostava do Guss, mas a Izzie não era besta, ela sabia do meu amor platônico por ele.

— Izzie, cala boca!

Fomos caminhando pra casa, amanhã seria um longo dia.