O sucessor escrita por HinataSol


Capítulo 19
Concepções símiles sobre seu branco olhar


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, eu me perdi andando pelos caminhos da Vila da Folha...

Brincadeiras à parte, desculpem-me pela demora. Algumas pessoas vieram me cobrar o capítulo (mais de uma vez até (o que me deixa feliz pelo interesse e chateada pela minha demora)). Além dos contratempos, gastei meu tempo lendo mangás e assistindo animês, então culpem os japoneses... De toda forma, isso é até bom para a fic... kkk
Ah! E antes que eu esqueça de novo (esqueci de falar no capítulo passado), a filha do imperador Naruhito (o imperador do Japão de verdade) passou no mesmo curso que a Hinata da fic disse no capítulo 13 que queria fazer ;-; Foi coincidência, eu não sabia de nada, só foi anunciado esse ano. '-'

Boa leitura! :)



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Hinata sentiu uma leve brisa soprar contra seu rosto.

Fechou os olhos por um instante e inspirou com lentidão, enquanto sentia o ar tocar em sua face com suavidade.

Aquela era uma boa sensação.

E, antes de voltar a abrir os olhos, ela pensou em como gostaria que aquele vento levasse embora todas as suas preocupações; que as questões em sua mente se tornassem leves como um sopro e voassem para longe.

Ali, em frente à entrada da casa de Minato-san, ela pensou em recuar e deixar o jovem príncipe à vontade para pensar.

A situação como um todo era grandiosa. Não era apenas sobre Naruto e Hinata, não era apenas sobre Naruto e Kushina, não era apenas sobre Naruto e a família. Era sobre aspectos muito maiores. Dizia respeito ao próprio Japão e sua história. Considerava todo um país e seu governo. Todo um povo. E ela acreditava que o herdeiro do trono já devia ter chegado a esse ponto em suas próprias considerações.

Não era algo fácil. Não mesmo.

Ela mordeu o lábio inferior e baixou os olhos, ainda indecisa sobre sua decisão; sobre como e quando agir em relação a Naruto.

Incerta, virou as costas, prestes a ir embora.

Mas alguém a chamou.

Hinata não havia prestado atenção no som dos passos, levemente ruidosos contra o chão coberto de pedrinhas da entrada do terreno. Todavia reagiu ao chamamento. Tornou suas vistas para a propriedade, deparando-se com Aburame-san vindo em direção à entrada/saída.

Ela surpreendeu-se por encontrá-lo.

— Shino-kun, ohayou! — com as sobrancelhas meio arqueadas e olhos levemente arregalados, ela o cumprimentou. Sua resposta à saudação soou baixa e pouco animada, ainda assim educada. Logo completou, ao indagar — Como você está?

Shino arqueou as sobrancelhas.

— Hum! Eu estou bem. Arigatô. Mas e você? O que faz aqui?

Ela encolheu os ombros.

— Ah, bem... Ettoo... — murmurou, e, ao notar que ele não usava o quimono, desviou do assunto. — Está de saída?

— Hum! — ele replicou com neutralidade, em seu comum. Shino fez menção de que iria sair, mas, antes de passar por ela, acrescentou. — Acho que você devia entrar e conversar com ele... o Naruto... você veio aqui por isso, não é?

As bochechas dela coraram.

— Ettoo... eu não sei ao certo... Talvez eu devesse deixá-lo sozinho um pouco mais.

Shino fechou os olhos com a feição suave. Ele poderia facilmente dizer a Hinata o quanto ela era transparente; assim como o próprio Naruto também o era. As reações sempre claras, sinceras. Mesmo que não quisesse transparecer, era visível a qualquer um que ela queria ver Naruto.

Já a jovem Hyūga apenas pensou que não o viu muitas vezes, mas em todos seus encontros, Shino sustentava um semblante firme e pouco expressivo.

O Aburame era alguém reservado.

Ela lembrava-se de ter chegado a essa conclusão logo que o conheceu e permanecia acreditando nisso. Mas, naquele momento, acima de tudo, Hinata enxergou Shino como alguém perceptivo e compreensivo.

— Acredito que apenas você pode decidir isso — disse com a simplicidade de observador, alguém que não está diretamente envolvido em uma situação complicada. — Hum, eu vou indo agora — e então acenou.

— Acho que vou fazer isso — disse ela, em um murmuro. De certo modo, sentiu-se encorajada e sorriu. — Shino-kun, arigatô.

Ele apenas anuiu e foi-se.

Hinata observou-o ainda um pouco, e então voltou sua vista para a casa e adentrou um pouco mais na propriedade.

Apesar de ter estado ali várias vezes antes, sentiu-se estranhamente intrusa naquele momento.

Ela pensou em o que e como falar, decidindo ser objetiva. Apenas chamaria por Naruto e tentaria conversar com ele.

Respirou fundo enquanto seguia, mas antes de se aproximar da metade do terreno, ela avistou Minato-san.

Ele parecia ocupado com um fusuma, comparando-o atentamente com o que já estava na entrada.

O senhor de sobrenome Namikaze logo pareceu notar que alguém mais estava ali, pois virou-se e a avistou.

A jovem desviou o olhar embaraçada e sem saber como agir.

— Hinata-san... — Minato chamou o nome dela num tom ameno, com uma leve nota de surpresa e indagação.

Após apoiar a tela contra a viga de madeira da varanda e bater as mãos, como se as estivesse limpando, ele respirou fundo e entrou.

Hinata ficou do lado de fora, sem sair do lugar. Surpresa por ele a ter deixado ali sem dizer mais nada.

O pai de Naruto retornou depois de algum tempo, com uma bandeja e duas xícaras de chá. Sentou-se na escada da varanda, colocou a badeja ao lado e apontou, indicando que ela se aproximasse e se assentasse também.

Ele sorriu fracamente, oferecendo a bebida.

Hinata assim o fez. Aproximou-se e assentou-se do outro lado da bandeja, e aceitou a xícara de chá.

Ela ficou em silêncio, assim como ele.

Minato era uma pessoa agradável e gentil, mas que a deixava desconfortável em vários momentos. Sempre que parava para considerar, concluía que seus interesses eram completamente opostos, totalmente conflitantes. Ela queria levar Naruto até Tóquio, Minato gostaria de mantê-lo em Nara.

Isso a transmitia a ideia de que eram adversários, embora não exatamente inimigos. Os dois eram como rivais.

Ela assoprou o chá e fitou o líquido claro ao sentir o aroma fraco e bom que subia com o vapor. Entretanto, não havia vontade de beber.

— Você está aqui por causa do Naruto — Minato citou e sorriu com pequenez. Ele olhou em direção ao dojô e depois fitou o alto, como se contemplasse no horizonte um cenário que apenas ele era capaz de enxergar. — Palavras são algo curioso. Não é incrível que eu tenha dito isso antes e agora e, mesmo apontando para a mesma conclusão, elas signifiquem algo diferente? Que representem situações diferentes?

Hinata não respondeu. Apenas franziu as sobrancelhas e apertou os dedos em volta do kobati, ainda em silêncio e disposta a continuar ouvindo-o.

Namikaze-san voltou os olhos para o próprio chá e suspirou.

— Os sentimentos de uma pessoa também são curiosos. Podemos ouvir as mesmas palavras e nos sentirmos diferentes, reagir de modo diferente dependendo do tom e da situação — ele continuou. — Quando você chegou aqui com o Konohamaru, foi fácil reconhecer você e entender seu objetivo... Sua reação quando expus isso foi de surpresa e desespero. Você pareceu ter se assustado naquela hora.

Houve um breve silêncio outra vez, enquanto eles relembravam a ocasião. Naquele dia, Hinata havia acompanhado Konohamaru e Mirai até a casa de Minato, logo após ela ouvir o nome “Naruto” ser citado por alguém em Nara pela primeira vez.

— Eu senti medo... — sussurrou ela, tão baixo que Minato quase não foi capaz de escutar. — Na verdade, acho que já vim até Nara com esse sentimento covarde. Tinha medo de que as coisas chegassem aonde chegaram. Eu... apenas queria...

Ela não concluiu, mas Minato compreendeu e voltou a falar.

— Admito que gostaria de olhar para você com desprezo — disse de repente, surpreendendo-a. — Isso não deveria ser uma surpresa — ele a advertiu. — Você estava aqui para tirar algo precioso de mim, é natural que eu me sentisse assim.

Ela encabulou-se. Porém se lembrou que pensava o mesmo, que ele não a tratava mal, apesar de tudo e isso lhe era estranho.

— Acho que tem razão...

Ele meneou a cabeça.

— No momento em que vi seus olhos, eu senti que estava prestes a reviver algo ruim. Lembro que a primeira vez que vi os olhos brancos da família Hyūga pessoalmente foi quando conheci seu pai. Foi ele quem levou Kushina embora naquela época, afinal.

— Otou-sama? — ela indagou, atordoada e o interrompendo.

Nunca havia escutado algo semelhante, muito menos cogitado. Ouvir Namikaze-san afirmar aquilo a pegou de surpresa.

— Hai. Hai. E eu estou surpreso por você aparentar não saber, mas... isso não vem ao caso agora — desconversou de modo displicente. Seu tom se tornou mais emotivo e presente. — O que quero que saiba é que pensei que olharia para você e me sentiria mal. Pensei que remoeria algo e teria alguma antipatia por você, mas... seus olhos são diferentes dos olhos do seu pai.

“Os de Hiashi são distantes e turvos, difíceis de decifrar; os seus são transparentes e de fácil interpretação. Eles me lembram os olhos dos meus filhos. Eles me lembram os olhos do Naruto. É visível quando você está confusa ou receando algo, se está feliz ou distraída. Senti que estava sendo observado por alguém que precisava do meu apoio e da minha ajuda. Senti que estava olhando para um filho.”

“É algo estranho, já que nos conhecemos sob circunstâncias não muito boas, mas... é como se fosse certo considerar que você poderia ser parte da família, que precisasse da minha ajuda em algum momento. Mesmo que uma outra parte de mim repudiasse isso, não era difícil enxergar você como uma filha... Bom, ainda não é. Na verdade, é até mais fácil agora.”

Ela se manteve em silêncio, com os olhos arregalados e baixos, ouvindo-o.

— Ver o quanto Naruto e Konohamaru gostam de você é algo que me deixa atordoado. Principalmente o Naruto. Ele está diferente. Parece mais determinado e esforçado. Acho que você não vê isso já que não se conhecem há tanto tempo assim, mas... ele está amadurecendo mais e mais a cada dia. Ele sempre foi muito alegre, mas tem sorrido mais ultimamente. Meu filho realmente gosta de você e acho que se sentir assim fez ele querer melhorar e ser alguém melhor, melhor do que já é — Minato tentava explicar seu ponto. — Mas também acho que, por gostar de você dessa maneira, ele ficou decepcionado. Não só com você, mas com ele.

Ela deixou a xícara de chá, ainda cheia, de lado. Apoiou os cotovelos sobre as pernas e o rosto sobre as palmas, escondendo-se em suas mãos. Seus olhos estavam marejados.

Inspirou o ar, audivelmente.

— Isso era tudo que eu não queria que acontecesse. O que mais me deu medo quando prometi à Kushina-sama que encontraria o filho dela — ela lamentou. — Sou uma pessoa horrível. Não queria enganar ninguém, mas sinto que foi isso que eu fiz. Mas, mesmo assim, não quero que o Naruto-kun me odeie.

— Então você deveria dizer isso a ele — Minato retrucou.

— Mesmo que isso signifique convencer ele a deixar Nara e ir até Tóquio? — ela não o olhou quando perguntou.

— Hai — ele respondeu, ao fechar os olhos por um momento, perdendo-se em seus pensamentos — E acho que me enganei antes. As coisas andaram numa direção diferente de tudo que eu imaginei. Talvez não seja tão difícil convencê-lo a ir embora daqui — ele riu. — Mas, se essa for a decisão dele, eu não vou impedir. É como você bem disse antes, Naruto tem o direito de conhecer a mãe.

Ela balançou a cabeça.

— Eu disse isso antes, mas não sei se ele aceitaria isso, nem se vai querer me ver agora...

Namikaze-san ignorou a fraca argumentação dela, e interpôs:

— Você quer vê-lo?

A Hyūga enrubesceu, seus olhos úmidos desviaram-se.

— Hm, hai...

— Então, não se preocupe com isso. Mesmo que ele diga que não, a verdade é que ele quer sim te ver. Agora, mais do que a mim, com certeza — o pai do jovem príncipe suspirou.

Hinata notou o leve tom de desapontamento na voz dele e voltou a baixar os olhos.

— Gomen ne, Minato-san. Tudo isso é culpa minha. Tenho pensado tanto em mim, e que não quero que ninguém me odeie, que ignorei que o Naruto-kun poderia se chatear ainda mais com o senhor por não ter contado a ele sobre a Kushina-sama.

Namikaze-san respirou fundo e olhou adiante.

— É. Realmente é culpa sua. Se você não houvesse aparecido em Nara, nada disso teria acontecido — fez questão de retrucar, mesmo que o tom não fosse acusatório. — Por isso mesmo, você deveria ir lá e consertar tudo, não acha?

Ela sorriu fracamente diante da fala dele.

— É. Acho que sim... Acho que não tenho escolha. — Ela se levantou e se curvou, agradecendo-o. — Arigatô gozaimasu!

Estava agora decidida a ir até Naruto.

Conversar com o pai do jovem rapaz fê-la perceber que se acovardar tornaria tudo ainda mais penoso. Ela devia ter coragem e assumir a responsabilidade a qual se dispôs quando aceitou ir até Nara. Ela devia ser sincera com Naruto e encará-lo sem medo.

— Hinata — ele chamou, antes de ela sair. Namikaze-san parecia ter entrado num estado realmente pensante quando completou —, a culpa não é realmente sua. Você só acabou em uma posição complicada dentro de uma situação ainda mais complicada. Não se culpe por isso. Pode ser que algo bom acabe por sair disso tudo.

A Hyūga hesitou um instante, mas logo compreendeu.

— Hai. Arigatô.

Minato-san anuiu.

 

NH

 

 

Hinata deslizou a porta do dojô com cuidado e fechou-a atrás de si.

Seus olhos passearam pelo ambiente já conhecido. A estrutura bem preservada com os quadros na parede, o leque branco com o círculo vermelho, o tatame sobre o chão bem limpo, as espadas dispostas organizadas no suporte ao canto.

Naruto estava na região central do tatame, assentado na posição de lótus e com os olhos fechados. Embora quisesse parecer meditar, a tensão se manifestava em seu semblante vincado acima do nariz, entre as sobrancelhas, deixando claro seu estado pensante e aturdido.

Mesmo assim, Hinata se aproximou. Colocou-se em seiza, de frente para ele e em silêncio.

Vendo-o dessa maneira, ela então aproveitou para inspecionar o jovem homem. Os cabelos dourados que despontavam em diversas direções, os ombros tensos, os olhos fechados, o nariz, o queixo, os lábios.

Naruto-kun é bonito.

Não era primeira vez que Hinata pensava sobre isso. Ela já havia percebido antes. Mas corou ao constatar isso agora. Era estranho pensar algo do tipo sobre Naruto após tantos comentários sobre supostos sentimentos dele por ela. Aliás, seriam verdade ou apenas devaneios? Naruto realmente a enxergava dessa forma?

A Hyūga balançou a cabeça, tentando expulsar esses pensamentos.

— Eu não consigo me concentrar com você me olhando dessa forma.

Ela sobressaltou-se.

— Pensei que estivesse de olhos fechados — retrucou de modo bobo.

— Eu estou — ele disse, mas abriu os olhos, sem olhar diretamente para ela —, ou estava. Mas senti meu rosto queimando...

— Como sabia que era eu?

— Eu... apenas sabia.

O rapaz suspirou e espalmou as mãos sobre os joelhos.

Ele emudeceu um instante. Ela também.

— Sumimasen! — Hinata pediu quando curvou o corpo, encostando a testa no chão.

Naruto incomodou-se com aquele gesto.

Repentinamente, as situações e atitudes de Hinata, que pareciam simplesmente encantadoras antes, agora eram confusas.

Ela estava se curvando em virtude do pedido de desculpas ou por ele ser filho de Kushina-sama?

— Hinata, por favor, não faça isso.

— Gomen ne.

Ele anuiu, ainda incomodado e cruzou os braços.

— Por que veio aqui? — o tom da voz dele soou baixo, sem muito ânimo. Desviou as vistas dela, vagueando o olhar pelo dojô outra vez, evitando-a. — Eu disse que não queria mais ver você.

— Mas... não é verdade.

— Está dizendo que eu menti? — resmungou em questionamento, desacreditado.

— Não. — Ela balançou a cabeça com lentidão. — Eu apenas acho que você não queria isso, mas disse por que acreditava que dizer algo assim faria tudo mudar... Sua intenção era verdadeira, mas não expressava sua real vontade.

— Como pode afirmar isso assim, com tanta certeza?

— Porque eu acho que, no seu lugar, eu pensaria que seria mais fácil e simples se fosse assim — respondeu. Depois acrescentou em um tom mais suave — E porque eu também queria ver você.

Naruto arqueou as sobrancelhas e depois fechou os olhos. Suspirou e sorriu fracamente.

— Você está sendo cruel comigo, dizendo essas coisas assim sem pensar. Não é justo.

— Gomen ne, mas eu não disse sem pensar — ela retrucou. — Eu realmente queria ver você.

— Queria me ver ou ver o filho da Kushina-sama?

Hinata não o culpava pelo tom ressentido. Embora isso a magoasse, ela sabia que o havia magoado ainda mais com toda a situação em que o colocou.

— Eu queria... Não. — Ela se interrompeu e recomeçou. — Eu quero. Quero ver o Naruto-kun e conversar com ele. Não como Hyūga Hinata e o herdeiro do trono, mas como Naruto e Hinata — falou. — Quero dizer que não queria que as coisas andassem nessa direção e que sinto muito por ter te magoado...

“Você disse que não queria me ver e eu senti meu coração doer por isso, mas eu o entendo. Deve ser difícil se sentir enganado, porque foi o que eu fiz, mesmo que não tenha sido essa a minha intenção... Gostaria que mantivéssemos uma boa relação, mas não sei se isso seria possível, ao menos não agora... Gostaria que tudo estivesse em seu devido lugar — ela disse e aditou — Mas, se não quiser me ver mais como a Hinata, então, por favor, me aceite como aprendiz no dojô. Não quero deixar de ser sua amiga.”

— Hinata... você realmente... — murmurou ele e, em seguida, resmungou com pesar — não é tão fácil assim.

— Hai — disse ela, com um sorriso fraco. — Sinto muito por tudo.

Naruto balançou a cabeça.

— Queria que isso fosse apenas um sonho confuso e que eu estivesse prestes a acordar.

— Gomen ne. Eu coloquei um fardo pesado em suas costas quando você menos esperava. Não foi justo. Eu simplesmente devia te chegado em Nara, procurado por você e dito tudo, mas eu não consegui. Cada vez mais eu ia me aproximando de todos vocês e adiando tudo. E isso se tornava sempre pior porque estávamos mais próximos... Chegou um momento em que perdi a coragem. Mas eu precisava fazer isso. Eu prometi à Kushina-sama que faria.

Um sorriso melancólico estampou-se na boca dela.

— Kushina-sama... — o nome da imperatriz saiu fraco por entre os lábios do jovem. — Acho que é a única coisa que liga você a mim, não é?

Hinata arregalou os olhos, buscando o olhar de Naruto, que insistia em desviar-se.

— Não é isso! — rebateu depressa. Hinata respirou fundo, decidindo tornar o tom da conversa mais íntimo e sincero. — Sua mãe e eu somos muito próximas. Ela é como uma mãe para mim também. É verdade que, em consideração a ela, eu tentaria ter uma boa relação com você não importasse o quanto sua personalidade fosse ruim. Mas também é verdade quando digo que não esperava que fossemos nos dar tão bem, pelo menos até aqui.

“Quando Kushina-sama me contou sobre o filho e pediu para eu buscá-lo, eu não pude recusar. Mesmo que tivesse medo de ser mal interpretada, eu apenas queria que alguém que é importante para mim fosse feliz. Mas, agora, eu penso que também quero que você a conheça, porque mais que “kushina-sama”, ela é a sua mãe.”

Ele absorveu as palavras dela com atenção.

Naruto se repreendia por confiar tanto no que Hinata dizia, mas era impossível para ele negar o quanto acreditava no que ela contava. A sinceridade estava presente não só nas palavras, mas em toda a sua forma de se expressar. A insegurança e o medo de ele não aceitar o que ela dizia era visível, pois ela não tentava mascarar. Nem mesmo tentava persuadi-lo, mostrando as vantagens da situação. Suas emoções eram tão transparentes que se tornava impossível duvidar dela. Mas o que mais lhe surpreendia era o quanto conseguia captar em seu olhar, e era por isso que o estava evitando. Vislumbrar os olhos de Hinata era enxergar seus sentimentos. Aqueles olhos brancos não lhe mentiam.

Suspirou.

— Que tipo de pessoa ela é? Não como imperatriz, mas... — Ele não precisava dizer algo mais. Ela compreendia o que Naruto queria saber.

A Hyūga fitou os olhos azuis e fechou os seus com leveza, mentalizando a imagem de Kushina, antes de voltar a focar a sua visão em Naruto.

— Olhar para você me faz lembrar dela. O sorriso bonito e gentil. O jeito de falar... Kushina-sama é sempre muito atenciosa, embora seja um pouco teimosa. Ela pensa bastante nas pessoas e tenta sempre tomar as melhores decisões. Está sempre tentando acertar, mas também erra e isso é especialmente difícil para ela, devido a sua posição. Descobri que Kushina-sama também pode ser impulsiva ao decidir sobre assuntos que se refletem em sua vida pessoal e se culpa muito por isso, mesmo que esses assuntos não digam respeito somente a ela. Mas acho que a entendo bem nesse ponto. A gente quer sempre que as coisas deem certo, ninguém faz nada esperando que dê errado, embora seja algo a que todos nós estamos sujeitos.

“Kushina-sama demonstra uma força que me faz admirá-la. Muitas vezes penso que ela não queria estar onde está e não a culpo por isso. Acredito que exista muita responsabilidade sobre ela. Mesmo assim está sempre trabalhando e dando o melhor que pode em tudo. Acho que posso defini-la como uma pessoa esforçada e gentil.”

A Hyūga terminou sua breve narrativa, deixando que Naruto pensasse o quanto quisesse.

Ele tentou pesar bem as palavras que Hinata o disse, tanto as de antes quanto as de agora. Mas a verdade é que ainda estava perdido em meio a tudo aquilo. Queria pensar bem antes de decidir qualquer coisa, mas receava não conseguir decidir com o passar do tempo ou se precipitar se tomasse logo alguma atitude.

Hinata parecia realmente admirar e amar Kushina, a mulher que ela o disse ser sua mãe. O sentimento era claro e presente em como se referia à imperatriz.

No entanto, havia algo que ele não entendia por mais que pensasse. E aquela era a questão que mais o atormentava.

— Por que só agora? — questionou, depois de considerar se perguntaria ou não. — Por que ela não me procurou antes? Se você sabia que eu estaria em Nara, ela também sabia. Então por que ela nunca veio me ver e falar comigo?

A jovem moça não esperava por um questionamento daquele, então franziu o sobrecenho ao ponderar.

— Na verdade, Kushina-sama apenas acreditava que vocês ainda viviam aqui, mas não tinha certeza disso. E eu demorei um tempo para te encontrar... — explicou. — Sobre porque ela não veio procurar você antes, eu também não sei. Sendo sincera, só soube que ela tinha um filho dois dias antes de vir até Nara-shi... Kushina-sama disse que me contaria tudo quando eu voltasse para Tóquio com você.

Naruto franziu o sobrecenho.

— E se eu não for até Tóquio?

— Eu não sei. Acho que ela não me contaria. Não haveria motivos para isso e não seria justo eu exigir algo dela.

Ele arregalou os olhos, sem acreditar na simplicidade que Hinata demonstrava ter em aceitar a situação.

— Hinata... você confia tanto assim nela?

— Hai.

Naruto fitou os olhos de Hinata de forma direta, buscando entender o que se passava em sua mente.

— Eu... não entendo.

— Acho que sei como se sente... — ela sorriu pequeno. — Dois dias atrás você disse que acreditava no que eu disse. Falou que era porque não conseguia me enxergar mentindo... acho que eu me sinto de maneira parecida — disse. — Se ela não me contou antes sobre o filho dela, é porque havia um bom motivo. É nisso que eu acredito.

— Um bom motivo... — ele sussurrou, quase inaudível. Levou a mão direita até o queixo, enquanto considerava. — Então, eu acho que a única forma de entender o que aconteceu é perguntando diretamente para ela, não é?

— Naruto-kun... você por acaso...

— Hai — ele a interrompeu brandamente, e se levantou. — Eu já decidi. Eu vou ir até Tóquio para conhecer a imperatriz Kushina.

Hinata admirou a rapidez com que ele se decidiu, porém sorriu fracamente.

— Você não a chamou de mãe nem uma vez. — Hinata apontou e ele chocou-se com isso. — Desde que eu contei que você era o filho da Kushina-sama você falou sobre ela dessa forma, como se a imperatriz Kushina e a sua mãe fossem pessoas diferentes... — ela inspirou com o humor mais leve. — De qualquer forma, tem certeza disso? Quero que você vá conhecê-la o mais depressa possível, mas não quero que se precipite ou aja por impulso.

Ele sorriu para ela de maneira fraca e se levantou.

— Hinata, eu estive esperando o momento de saber mais sobre isso durante vinte anos. Eu posso me decepcionar, mas não acho que vou me arrepender.

Naruto estendeu a mão para ela.

— Então vou avisá-la e pedir para providenciarem tudo. Vai ser preciso ajeitar as coisas em Tóquio para sua chegada também.

Hinata aceitou a ajuda e levantou-se, sorrindo pequeno em direção a ele.

Naruto piscou os olhos de modo demorado.

— Hinata, eu disse que vou, mas... eu tenho algumas condições.


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Notas finais do capítulo

Fusuma = painel deslizante (porta de papel)
Sumimasen = desculpe-me
Gomen ne = desculpe (geralmente usado por mulheres e de maneira não tão formal).

Obrigada ao pessoal que está sempre comentando, que marcou o favorito e me deixou saber que está acompanhando a FIC. Fico sem saber o que dizer. Simplesmente, e apenas, posso agradecê-los! ^^

O Shino apareceu... lembro mais dele que o Kishimoto...

Aí a conversa que vocês tanto queriam. Achei difícil escrever. Queria mostrar que o Minato realmente não gostava da ideia de ter ela ali, mas que se compadeceu dela e passou a enxerga-la como os pais enxergam os filhos (como uma eterna criança precisando de auxílio ;-;).

A primeira fase da fanfic está quaaase se encerrando, mas antes disso, o Minato já soltou uma informação importante sobre a Kushina...

Enquanto a Hinata demorou uma eternidade para contar tudo para o Naruto, ele tomou a decisão mais importante até aqui em um instante (dois dias). Não se preocupem, isso faz parte da história. Tanto a demora dela, quanto a rapidez dele.

E não fiquem muito preocupados com as condições do Naruto, isso é o de menos agora.
Talvez eu venha aqui editar as notas. Tenho a impressão que esqueci de alguma coisa...



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