O sucessor escrita por HinataSol


Capítulo 17
Emaranhado: a confusão de sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Estou de volta!!
Gente, 4 comentários no último capítulo! É um recorde aqui no nyah!!!
Além disso, eu ganhei 1 RECOMENDAÇÃO!! A primeira recomendação que eu ganho aqui em "O Sucessor" Nossa, eu fiquei muito feliz mesmo! Sem palavras para expressar minha felicidade com isso.
Obrigada pela recomendação, Capitú! ♥
E obrigada a todos que estão comentando, marcando como favorito e acompanhando! ♥

Boa leitura!



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Hinata levantou os olhos para Naruto.

Sendo sempre genuíno e sem qualquer disfarce, o príncipe japonês não continha suas conclusões para si mesmo. A face dele se contorcia conforme seguia seu raciocínio, deixando explícito seu estado de espírito. Primeiro a surpresa. Sobrancelhas arqueadas e a boca entreaberta; depois a confusão. Um sobrecenho, e os lábios e nariz franzidos; logo após, incredulidade. Olhos estreitos, lábios comprimidos.

O filho de Kushina desviou os olhos para a casa de Shikamaru. Considerando ser uma brincadeira, buscou vislumbrar os amigos rindo à porta ou escorados na soleira da janela, todavia não os avistou ali. Ele então voltou as vistas e perscrutou Hyūga Hinata com atenção. Os olhos levemente abertos além do normal, as finas e negras sobrancelhas arqueadas, a boca pequena com os lábios espremidos, as mãos cruzadas com força à frente do corpo, os ombros tensos.

Naruto repassou a fala dela em sua mente. Seu discurso nervoso, a aparente agitação, o momento em que ela parecia prestes a desmaiar de nervosismo. Aquelas palavras.

“Você é o próximo imperador do Japão”.

Ele? O imperador? Aquilo parecia tão absurdo!

Soava ridículo o que Hinata dissera. Ser o filho da imperatriz Uzumaki Kushina? Nem ao menos compartilhavam o mesmo sobrenome e Naruto não entendia dessas coisas de família imperial. Ele era uma pessoa mediana e comum. Talvez com um talento acima da média para as artes marciais e um nível de perseverança invejável. Mas um cidadão comum, como notas razoáveis no tempo de escola e que ainda não havia escolhido o que queria no futuro. Como ele poderia ser alguém assim? Um próximo imperador?

Era uma brincadeira. Tinha que ser. Precisava ser.

Naruto pensou que ela devia estar zombando dele. Mas então ele se lembrou do jeito de Hinata. Os gestos sempre muito educados e formalidade além da média nacional. A postura sempre perfeita e que nunca relaxava. Os belos e gentis sorrisos. O olhar doce e sincero que, em tão pouco tempo, já lhe enchia o peito de calor.

Naruto então se questionou. Hinata mentiria para ele?

Ele não conseguia aceitar uma resposta afirmativa para essa questão. Por que motivo ela diria algo como aquilo se não fosse verdade? E por que a imperatriz mandaria uma menina para encontrar alguém? Uma menina como ela ainda por cima e para encontrar o seu suposto herdeiro?

Se fosse uma mentira, seria uma muito mal contada e cheia de defeitos.

Ele passou a mão pelos cabelos dourados e os bagunçou, um tanto nervoso. Respirou fundo e tentou por seus devaneios de lado e os pensamentos em ordem.

— Isso não pode ser verdade... — ele resmungou a olhando de canto e, de certo modo, a testando.

Viu os olhos dela se arregalarem com medo. Como se a negativa dele fosse algo que ela previamente temia. Viu quando ela descruzou as mãos e os dedos brancos e pequenos foram inclinados em sua direção, mas recuados. Ele frustrou-se. Queria que ela o consolasse em meio aos seus sentimentos conflituosos e isso o assustou. Se tudo aquilo era verdade, por que então queria que ela estivesse ao lado dele? Por que não a repudiava por ter se aproximado dele com interesse externo? Por que não dizia à Hinata que estava decepcionando com ela? Por que se sentia decepcionado consigo mesmo?

Era irracional.

Ele devia rechaçá-la. Dizer a ela o quanto aquilo era horrível. O quanto ela foi cruel em ter se aproximado dele, ter entrado em sua vida e se alojado em seu mundo sem permissão para o golpear ao final e desiludi-lo.

No entanto, de um modo estranho, o que mais o incomodou não foi o que Hinata disse, mas ter sido Hinata a dizê-lo. O mais terrível foi ele se sentir tão apegado a ela e receber uma dura rejeição como aquela.

— Não, não é mentira. Naruto-kun, por favor, acredite no que eu digo. Você é o filho da Kushina-sama. Você é o sucessor dela. É o primeiro na linha de sucessão do trono japonês. Eu vim de Tóquio até aqui por sua causa, vim para... encontrar você.

Aquelas palavras foram pesadas demais para Naruto. Ela estava ali por causa dele? Não. Hinata não estava ali por ele, ela estava ali pelo príncipe herdeiro que ela dizia ser ele. E foi terrível constatar e admitir isso para si mesmo.

Ele a olhou com os olhos desfocados e Hinata sentiu o coração espremer. Naruto parecia sentir uma tristeza dolorida, como se houvesse sido acometido de uma ferida mortal e sem cura.

— É difícil acreditar em algo assim... — disse ele — mas... eu sei que você não é mentirosa. E, também, por que mentir sobre algo assim?

Hinata arquejou, esbaforida.

— Você... acredita mesmo em mim?

Ele concordou com a cabeça.

Hinata sentiu um peso invisível fugir de seus ombros. Ela sentiu seus músculos relaxarem e sua expressão facial, rígida até então, aliviou uma dor na têmpora que ela nem havia notado antes.

— Não consigo entender nada direito... Nada parece real e eu não diria que acredito no que você falou, mas porque foi você quem falou. Eu... É estranho, mas não consigo te enxergar mentindo, Hinata.

— Naruto-kun... eu não queria que fosse assim.

Naruto balançou a cabeça outra vez.

— Talvez você esteja tão perdida quanto eu nessa situação toda... ao menos, isso é o que me parece... Só que... eu preciso respirar um pouco. Estou com a minha cabeça explodindo. É muita coisa — ele confessou e aspirou o ar com força.

O filho de Kushina sentou-se no chão gramado da casa de Shikamaru sem se importar se sujaria suas roupas. Ele apoiou os cotovelos no joelho e apertou a cabeça entre as mãos, atordoado.

A Hyūga o observou por alguns momentos. Naruto era alguém o qual Hinata já havia tornado parte de sua vida. Seria estranho para ela imaginar sua vida voltando ao normal, sem os amigos que fez em Nara. Mas, mesmo que fosse continuar próxima de Naruto, Hinata sentiu um incômodo no peito por vê-lo tão desolado.

— Você... — Hinata iniciou e mordeu os lábios — Você...  eu sinto que te coloquei em uma situação complicada. Na verdade, eu sei disso. Acho que... por isso demorei tanto para dizer. Eu queria que fosse mais fácil. Queria que as coisas fossem diferentes.

— Hinata... não pense nisso dessa forma. Pelo menos, pelo menos somos amigos.

— Hai... — resmungou ela. Naruto tinha razão. Ela era uma boba. Ao invés de se manter calma, dirigir a situação e tentar aliviar a carga dele, o recém-sobrecarregado Naruto que a estava consolando. — Naruto-kun, você é tão gentil. Eu realmente gostaria que as coisas não fossem assim.

Ele meneou a cabeça sem querer dizer algo mais. Hinata o fitou por alguns instantes, reunindo coragem.

— Eu... eu devo voltar para Tóquio em breve... Eu vim até Nara para encontrar o filho da Kushina-sama e acabei passando tempo demais aqui — ela aspirou o ar com força, respirando fundo. Não queria dizer mais nada, mas precisava. — Você... vai para Tóquio comigo ou prefere ir em um momento diferente?

Naruto tirou as mãos da cabeça e a encarou, consternado.

— Tóquio? Eu não quero ir para Tóquio, Hinata.

Hinata arregalou os olhos.

— Mas você disse... disse que acredita em mim. E pensei que quisesse conhecer sua mãe.

Ele anuiu meio cansado

— É. Mas... Eu não quero ir... Na verdade, não é isso... Eu quero conhecer minha mãe, mas preciso pensar. Preciso entender a situação. Ainda não consigo enxergar isso direito. Eu tenho que entender isso, entender a minha situação ou tentar. Você dizer que eu sou o próximo imperador não era algo que eu esperava. Se eu for para Tóquio agora eu vou conhecer minha mãe ou a imperatriz? Que tipo de pessoa ela é? Será que vamos nos dar bem? Eu realmente preciso ir? Eu poderia apenas ver ela e voltar? Eu conseguiria ver você todo dia e não pensar que você veio atrás do filho da Kushina-sama? Conseguiria me adaptar a algo assim? Não. Eu acho que não daria certo. Não consigo colocar isso na minha cabeça. Não consigo digerir tudo isso.

— Eu...

Naruto a cortou. Ele viu tanta confusão em Hinata quanto parecia haver nele. Em meio àquela situação inusitada, ele quase se esqueceu de si mesmo por conta dela. Era estranho perceber que ela, mesmo sabendo de tudo, encontrava-se tão atônita quanto ele.

— Desculpe, Hinata — o tom de voz dele era baixo e sem ânimo. — Eu não posso ir com você. Na verdade, eu não quero isso. Sendo sincero, acho... acho que é melhor eu não ver mais você.

— O quê? — Ela chocou-se com a fala repentina dele.

Naruto sabia que estava afeiçoado à Hinata. Ele nunca havia reparado em alguém como reparava nela. Ele sentia seu coração apertar de um jeito estranho, mas não ruim ao lado dela. Ele sentia que queria estar perto. Hinata era uma jovem mulher e ele um jovem homem. Ele notou que era natural que se sentisse assim perto de alguém como ela, que o atraia com sua personalidade reservada e honesta, com seu jeito simples e belo. Hinata era como uma noite fresca no verão. Uma brisa que aliviava o calor e refrescava. Era reconfortante e aconchegante a presença dela. Era um sentimento que ele não se importava em nutrir e buscar evolução e retribuição, mas que subitamente se tornou desanimador continuar tentando cultivar. Ele queria estar próximo a ela, mas não achou que deveria manter esse pensamento agora. Toda a situação havia mudado bruscamente. Ele então decidiu, talvez rápida e precipitadamente, porém decidiu.

— Hinata, eu não quero mais ver você.

A fala não era condizente com sua real vontade. O que Naruto queria era pensar, e sabia que com Hinata perto dele suas decisões poderiam ser influenciadas. Seria cruel admitir isso, mas se Hinata pedisse ao Naruto para ir a Tóquio e não ao filho da imperatriz, ele tinha certeza de que cederia.

Por que as coisas andaram naquela direção?

Em frente a ele, Hinata sentiu uma sensação incômoda em seu peito. Era dilacerante. Algo doloroso e cruel. Parecia que seu interior era amassado. Como se a estivessem a arrancando algo que não conseguia entender. Seus olhos fitaram o rosto de Naruto. O jovem homem parecia ter envelhecido uns bons anos. Sua face estava deprimida e meio cabisbaixa. Parecia frustrado e até mesmo confuso. Por um momento, ela julgou que não estivesse muito diferente.

A Hyūga ainda tentou dizer algo, mas balbuciou palavras incompreensíveis e desconexas que nem mesmo foi capaz de entender. Ela quis se aproximar de Naruto e dizer que não se importava em lhe dar espaço, mas que não precisavam se afastar desse modo. Eram amigos e Hinata o tinha com grande esmero. Era dolorosa a ideia de não se verem mais. Parecia errado e ruim.

Eu não quero que você me rejeite, ela pensou. Lembrou-se de todo receio que teve ao pensar que ele a odiaria ou a julgaria mal. Mas agora achava que seria melhor que ele a odiasse do que a afastasse e se esquecesse dela.

Por que aquilo estava acontecendo? Por que ela se aproximou tanto de Naruto de maneira que parecia completamente ruim se distanciarem?

— Eu... — iniciou, mas ponderou — tudo bem. Podemos esperar algum tempo. Entendo que você precisa de um tempo para pensar — ela tentou contornar.

Ele negou.

— Não. Eu acho que não consigo. Sempre que eu olhar para você, vou pensar em tudo isso e... não acho que seja possível. Eu... — ele desviou o olhar do dela, suspirou pesarosamente, levantou-se e começou a andar, já a uns dois ou três metros dela, falou — estou indo embora... Você pode avisar ao meu pai e ao Konohamaru?

A Hyūga o seguiu com os olhos.

— Você mora longe... Vai a pé?

Ele deu de ombros. Ia já sair quando decidiu e resolveu perguntar:

— Hinata. Meu pai... ele sabia? Não sobre mim e minha mãe, mas sobre você.

Ela hesitou, o que já o respondia, porém respondeu:

— Hai...

— Entendo — Naruto apertou os punhos. Desconsolado, falou — Sayonara, Hinata!

Ela ainda o acompanhou com os olhos, até que ele sumisse de suas vistas. Ficou ali parada por uma quantidade de tempo que, aturdida, não foi capaz de precisar.

Por que aquele aperto e o sentimento de que algo lhe faltava? Por que tinha que ser daquele jeito?

Hinata ficou algum tempo ali ainda, repassando tudo em sua mente. De repente se sentiu só e sem chão, sua garganta ardeu, olhou para cima e respirou fundo para conter os olhos ardentes. Sentia-se culpada. Ajeitou o cachecol e caminhou em direção a casa de Shikamaru. Ela entrou ali sozinha e seu rosto pálido e abatido chamou a atenção em meio ao clima leve pós pedido de casamento.

Ficou parada próxima à porta durante algum tempo, sem saber como agir. Abraçou um braço e murmurou:

— Eto, Konohamaru-kun, o Naruto-kun pediu para eu avisar que ele já foi embora.

— Hm? — o rapaz estranhou — Por que ele não esperou?

Hinata tentou dizer algo, mas não encontrou as palavras. Envergonhou-se.

— Gomen ne — ela pediu desculpas e desviou o olhar — Hm... eu... vou indo também. Oyasuminasai!

Foi uma despedida esquisita. Depois de contar a Naruto e ter tido aquela conversa de tom inusitado com ele, ela se sentia estranha.

Em um misto de sensações, olhou para Minato pensando que talvez fosse aquilo que ele queria dizer quando falou que não seria fácil levar Naruto até Tóquio. Ela devia tê-lo levado mais em consideração. Namikaze Minato-san viveu durante vinte anos com o filho, era natural que ele o conhecesse melhor que qualquer um.

O olhar compreensivo de Minato apenas lhe deu certeza de que ele percebeu que ela havia dito a Naruto.

Antes de sair, ela ainda ouviu Lee resmungar em um tom solidário:

— Será que o Naruto-kun rejeitou ela?

E, de alguma maneira, Hinata estava desse modo, como se houvesse sido rejeitada por Naruto.

Quando chegou em casa, ela se jogou na poltrona marrom, afundando e fechando os olhos logo após enviar uma mensagem para Kushina.

“Eu contei para ele”.

Hinata não se atentou à passagem do tempo até o telefone começar a tocar de maneira contínua.

No entanto, não teve coragem de atender.


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Notas finais do capítulo

Estou super feliz mesmo com os comentários do capítulo anterior! Não sumam, hein! rsrs

Oyasuminasai - boa noite (quando estar indo embora/dormir)
Sayonara - adeus

Olha, a reação do Naruto foi meio inusitada, né? Bom, ela não foi uma reação instantânea, mas uma reação gradativa que ainda não se concretizou. Espero que apesar de, primariamente, "tranquila", a reação dele tenha surpreendido vocês. Mas não se esqueçam, que ainda tem mais do desenrolar, porque o Naruto disse que não quer mais ver a Hinata... Será que ela vai aceitar isso e chorar ou vai fazer alguma coisa???

Vejo vocês nos comentários! ♥
Não me abandonem! :v
Até o próximo! o/
:)



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