Eyes On Fire escrita por Emma Patterson


Capítulo 3
Capítulo 2 - O Conselho


Notas iniciais do capítulo

Meus queridos leitores, finalmente voltei depois de longos 3 meses. Aproveitem a leitura e, como prometido, 2 capítulos de uma vez. Boa leitura, me desculpem a demora, e espero que gostem.

Agradeço as pessoas que colocaram minha história em "História que Acompanho" e, por favor, comentem, isso ajuda muito na moral do autor. Uma boa noite e divirtam-se.



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Rabo de cavalo. Isso, a coisa mais prática para um dia incrivelmente exaustivo que teria que enfrentar e, combinava com tudo. Ou seja, perfeito para uma calça jeans vermelha e uma camisa regata branca. E sim, os maravilhosos tênis It. Me olhei no espelho. Rosto e pele estavam O.K; Olhos nada irritados de sono. Sorri confiante, mas uma voz irritante insistia em declarar: não é uma entrevista para faculdade, mocinha, você vai ser chacinada. Bufei comigo mesma e sai do quarto e claro, me lembrando de soar irritada, muito irritada. Bater à porta como o Hulk foi bem convincente já que mamãe apareceu no pé da escada com uma xícara de café em mão e um olhar inquisidor.

 

— Preciso de um telefone novo – falei mal-humorada.

 

Passei por ela batendo o pé e seguindo para cozinha e me servindo de pão doce e suco de laranja. Cara, nada melhor. Amava o Café da Manhã, era a melhor refeição do dia. Na verdade, eu amava comer, considerava um dos maiores prazeres da vida.

 

— O que aconteceu com o seu? - perguntou me encarando enquanto estava escorada no batente da entrada da cozinha, não tinha porta, era apenas a passagem, livre.

 

— Derrubei na privada, não posso usar magia para consertá-lo, é proibido. - falei mastigando.

 

Katie ergueu sua linda sobrancelha dourada, seus cabelos ondulados estavam soltos e caiam pelos seus ombros.

 

— Sério? O que é consertar um celular antes de formada depois de toda a magia que você deve ter usado na rua – olhar acusador e frio. Ignorei.

 

— Achei que eu tivesse que seguir as regras, todas. É o certo, certo? - falei inocente.

 

Katie balançou a cabeça em negação e depositou a xícara vazia na pia e num feitiço simples ela se lavou sozinha e pousou no escorredor de louça. Mamãe me olhou por mais uns segundos.

 

— Era roubado? - questionou já com uma resposta idealizada e bem definida de uma filha delinquente.

 

— Ladrão que rouba de ladrão tem sete anos de perdão – resmunguei e terminei meu café da manhã.

 

A segui para fora de casa e me perguntei o porquê de ela não ter guardado o carro ontem já que não saiu mais. Nosso bairro era seguro, era um condomínio de luxo, qual é! Mas deixar o veículo fora da garagem era estranho, fora do hábito normal. Não ousei perguntar, apenas entrei no carro já destrancado e me ajeitei ansiosa. Olhei pelo espelho do protetor de luz do sol do carro e tirei quaisquer resquícios de remela dos olhos e coloquei no lugar qualquer fio de cabelo liso irritante fora do lugar; Nunca me conformei por ter herdado o alinhamento capilar do meu pai já que sempre preferi cabelos desalinhados – cachos tinham estilo.

 

— Mãe – chamei olhando pela janela enquanto uma música tranquila soava pelo rádio de uma das estações locais.

 

Katie me olhou pelo canto dos olhos, parecia distante.

 

— Eu... - suspirei – Como estão Alex e Matthew? - finalmente a olhei diretamente.

 

A música já começava a chegar ao seu fim e já estávamos entrando na autoestrada. Silêncio. Acho que já imaginava que as coisas não estavam tão boas...

 

— Matt foi para um acampamento no verão, para Caçadores de Primeira Elite – gelei – E Alex foi suspensa da classe de Bruxas Auxiliares.

 

Senti meus olhos queimarem. Alex rebaixada, sua família estava decaindo e Matt... Pobre Matt, levado para a base onde se treinava futuros Lobisomens... Eram poucos caçadores aptos para isso, a família deles era a que mais tinha qualificados, mas isolamento parental era a regra número 1, um ato de prevenção pelos riscos de criaturas criadas por Bruxas, como os Vampiros. A diferença é que os Lobisomens vieram depois numa forma de erradicar os vampiros, Força bruta com Força bruta, mas os lobisomens eram mais ligados a energia filtrada do que aquelas criaturas sedentas por sangue e tinham o prazer de nos proteger... Mas ainda sim... Era doloroso, era outra transformação irreversível... Não era segura... Por isso poucos eram selecionados.

 

— Você sabe que a linhagem deles é forte, como se tivessem nascido para serem aquilo. Matthew foi único que poderiam usar para salvar essa geração de um fracasso inicial. Liss, não foi qualquer coisa, sua fuga pôs nossa sociedade a um pé de uma depressão, novamente. Já Alex, ela é seu Elo. Ela sofreu mais, nunca permitiriam ela ser uma caçadora, ela é a primeira bruxa em 100 anos em sua linhagem. Era uma honra e você...

 

— Eu sei... Mas dispensarem dos seus sonhos? Eles são perfeitos como guardiões! – minha voz embargada, segurei com força aquelas lágrimas pesadas. - Eles.. Eles me odeiam, não é?

 

— Ficaram mais preocupados com a sua segurança. Só faltaram arrancar os cabelos – disse em cumplicidade. A encarei novamente em surpresa. - Lizzie, o que você fez teve sentido, eu te entendo, mas as consequência são tão pesadas quanto os motivos. Você sabe como nosso regime é duro com as linhagens não principais, por mais que ambos fossem aptos, estavam associados a sua delinquência. Sua popularidade foi abaixo, foram rejeitados pelas famílias principais, então ajudei os pais deles a conseguirem o mais próximo de dignidade que suas habilidades poderiam oferecer. Se quer se redimir de verdade, lute. Lute como se fosse o fim do mundo, querida.

 

Seus olhos azuis me encaravam enquanto o carro era guiado magicamente. Havia compaixão ali, uma força que compartilhávamos por laço sanguíneo.

 

— Eu vou. Isso é uma promessa. - disse firme. Eu iria mesmo.

 

— Então cumpra-a.

 

 

 

****

 

 

Chegamos a sede do Conselho em Seattle. A base principal ficava em Nova York, no Empire State Building (Sim! Majestoso!). A de Seattle era grande, por fora parecia um prédio comercial de três andares, nenhum vigia na frente, bruxas e caçadores entrando e saindo como executivos tranquilos e numa movimentação razoável. Por dentro... Era o nível da elegância pura. Um local expandido magicamente em cinco andares, o saguão da entrada era folhado a ouro e cheio de pinturas retratando a origem Bruxa. Sua luta de sobrevivência em atos nobres e grandiosos. O teto era abobadado e mosaicos de cristais coloridos iluminavam tudo com cores suaves e levemente variadas. Era lindo, encantador, isso eu nunca poderia negar. Tínhamos estilo. Mas isso também me fez lembrar a importância do meu papel e o quão grande tinha sido meu erro rebelde. Tinha sua certa razão, mas não era a hora certa. Pessoas estavam pagando o preço pelo meu ato. Isso mostrava que nem sempre estar certo fazia você pensar em uma atitude livre de erros.

 

Senti olhares sobre mim. Eu era conhecida, como uma realeza. O Próximo Receptáculo. Ninguém sabia o porquê da minha fuga, a maioria menos privilegiada achava que eu tinha sido enviada para um treino especial por eu ser jovem demais. Normalmente o Receptáculo recebia a Gema quando estava com a faixa etária de 25 anos. Na verdade, eu era uma missão suicida, mas ninguém precisava saber, como ninguém precisava saber a ação “sórdida” da minha tia Dianna. Ainda me intrigava sua atitude. Ela devia ter descoberto algo para ter se arriscado tanto. Deus, era um Vampiro! Como alguém é capaz de ter uma relação amorosa e até física com aquelas coisas? Tremi em agonia só de imaginar.

 

Entramos em um elevador cromado e reluzente. Apenas nós duas. Era o elevador para a sala de conferência com o Conselho – um grupo de cinco pessoas (cada uma representando figurativamente as cinco primeiras Bruxas) responsáveis por governar nossa sociedade, tomando as decisões para ordem, progresso e proteção. Essa última tinha dois setores, os Caçadores como os guardas e as Bruxas de Elite (ambas se juntavam para cuidar de um subsetor chamado The Wolf, que selecionava, treinava escolhidos ou escolhidas de linhagem caçadora e os aptos eram transformados em Lobisomens, nossos Assassinos alfas para destruir os vampiros). As bruxas de Elite comandadas por cinco representavam as Cinco. A cada geração, cinco Bruxas, mais comum com as linhagens principais – a minha sempre entrava por ser a linhagem da Gema, a bruxa primordial responsável por ser o receptáculo da Gema, representação do Núcleo da Terra e a fonte de toda a magia que nos era permitido acessar por pacto de sangue com o mundo -, formavam uma representação, tanto pelo nível das habilidades que representavam as antigas. Eu seria a Gema. Depois vinha o Fogo, a Água, ao Ar e na linha de frente como escudo, a Terra, o nosso casulo, representando o solo do nosso planeta envolvendo o grande Núcleo. Não era necessário que essas bruxas tivessem só afinidade com seus receptivos elementos, as bruxas tinham conexão com todos. Mas cada uma tinha uma ligação inexplicável, cada uma sentia o que o elemento sofria no mundo quando era finalmente iniciada para essas funções. E de fato, eram as mais poderosas com esse elemento e eu... Eu era a mais forte delas... Ou deveria ser.

 

O sino indicando que havíamos chegado tocou fazendo minhas mãos soarem. Comecei a respirar lentamente numa tentativa de me acalmar. Era uma técnica de concentração para execução de feitiços, eu não fazia há muito tempo por ser habilidosa, mas olha, era uma técnica muito boa para os nervos – acreditem.

 

A sala estava exatamente como me lembrava de quando era criança. Quando fui designada oficialmente para minha grande missão de vida (rolando os olhos mentalmente). A sala tinha um estilo empresarial, em tons de cinza e preto. Mesa longa oval de metal e vidro no meio. As cadeiras giratórias chiques somavam em sete. E uma grande tela onde devia ser a janela/parede. E nela estava a estampado a Sr.ª Cuts, como eu podia ver, em sua sala de Diretora da escola bruxa. Os cinco membros do conselho – três mulheres e dois homens (minha mãe já fizera parte por um tempo, mas abdicara por mim) já estavam me esperando, seus olhares frios e irritados – comigo, óbvio. Mas as pessoas que realmente me afetaram, do fundo da minha alma foram meus amigos. Minha ligação (caçadores ligados a bruxas da linhagem principal como mais uma camada de proteção, também chamado de Laço de Sangue) e irmã de coração e seu irmão, meu melhor amigo.

 

O Laço de Sangue era uma rara relação mágica, pois foi um feitiço usado para bruxas poderosas que precisam de uma linha de proteção a mais, no caso as linhagens principais, todas as Cinco escolhidas para representar as 5 primeiras bruxas tinham um. Nascemos no mesmo dia, mesma hora, nossos choros simultâneos e primeira respiração, nossos corações batiam como um só, o mesmo ritmo. Sentíamos uma a outra, mente, emoções e física, quando eu permitia. Era uma via de mão única, mas benéfica a mim, normalmente era assim com as bruxas, beneficiávamos a nós primeiramente. Quando éramos crianças não controlávamos e isso nos enlouquecia no começo. Mas aprendemos a dominar e foi assim que mantive em escuridão todo esse um ano. Matt, por ser gêmeo e ter compartilhado o mesmo útero com ela absorveu uma pequena porcentagem dessa ligação, e isso era raro, então eu me tornava um dos raros casos onde tinha a ligação para dois guardiões. Mas havia um porém. Alex não tinha a ligação comigo e sim com a Alex, mas por estar ligada a mim, ela não podia ter duas vias diferentes, então era só o Matt, sentindo o que a irmã sentia e a protegendo. De certa forma, foi ato da magia de proteger Alex. Eu era forte, ela estava em risco, eu seria a Gema, a Gema era alvo de ataques constante, ela poderia morrer por minha causa, Matt seria seu protetor. Por isso, um caso raro, pois Alex não era como eu, mas a magia escolheu protege-la também. Por isso ele e eu éramos muito unidos na tarefa de nossas vidas de mantê-la a salvo mesmo sob seus protestos constantes. Erámos perfeitos juntos, o Trio de Ouro, como costumávamos brincar. O Conselho e outros membros superiores não aprovavam eu proteger Alex, mas nunca tive uma ficha limpa em ouvi e seguir ordens.

 

E lá estavam eles, sérios, evitando me olhar diretamente e sentimentos conflitantes os envolviam, era visível. Alex estava tão diferente. Seus cabelos, antes longos até o meio das costas, estavam um pouco a baixo dos ombros e com uma leve tonalidade de bronze nas pontas (sol de mais?) e sua pele levemente bronzeada, seus olhos da cor azul elétrico estavam distantes. Matthew estava mais pálido, os olhos num tom de mel estavam ferozes e cheios de uma vida nada tranquila. Seus cabelos mais curtos, num corte mais prático do que elegante e também estava muito mais musculoso e intimidador; Tentei imaginar, por um breve momento como eles podiam estar me vendo agora, tanto física quanto emocionalmente. Totalmente diferentes, desiguais um do outros, nada em sintonia. O que foi que eu tinha feito? Apertei minhas mãos no bolso traseiro na calça para segurar a tremedeira que estava me consumindo.

 

— Sente-se, Senhorita Campbell. - falou Elena, um dos membros do Conselho. Devia ter por volta dos 50 anos e era a mais cara fechada de todos. Ela usar meu sobrenome paterno foi como um tapa na cara. Ela o fez numa forma de expressar sua rejeição sobre mim ao nosso mundo magico.

 

Acho que tínhamos achado uma versão da Sr.ª Cuts aqui, ding dong! A obedeci lentamente e olhando o tempo todo para aos dois. Vi quando Alex deu uma leve travada na mão – ansiosa, irritada, eu conhecia sua expressão corporal. Matt desviou os olhos para a tela e encarou sem ver nossa diretora. Raiva. Quis chorar. Será que os perdi para sempre? Eu merecia, era fato. Abaixei a cabeça e desejei ter vindo com os cabelos soltos e me esconder neles. Estavam mais longos do que um dia permiti e vi como eram úteis assim. Segurei a vontade de gemer em agonia e de me encolher na cadeira ou melhor, fugir usando-a como carro.

 

Eu estava sentada bem na cadeira da extremidade que ficava de frente para o telão. Em outras circunstâncias eu poderia me ver como a “chefe”. Mas agora, essa posição me deixava como um criminoso em plena corte de julgamento esperando sua sentença de morte, lenta e torturosa. Quis chorar e me odiei por isso. Estava a três cadeiras de distância deles para o lado esquerdo, olhei mais uma vez numa forma de poder demonstras, por olhar, o quanto eu senti muito. Eu não fazia ideia do que eles passaram, da dor e pressão que sofreram pela minha imprudência e o quanto deviam me odiar, isso me impedia fortemente de abrir o laço e ler Alex e enviar mensagens telepáticas, evitando um bombardeio de energias ruins pesadas. Um chamado me fez desviar a atenção e o olhar para os membros do conselho.

 

— Lizzie Campbell-Brown, você está aqui, perante o Conselho, para uma audiência de interrogatório e decisão de pena— gelei e encarei a conselheira Elena.

 

Pena? Ninguém mencionou pena sobre mim. Eu era a futura Gema, algo assim poderia ser jogado em mim sem eu ter matado alguém de fato ou traição explicita contra nossa sociedade e espécie? Olhei para minha mãe em desespero, mas ela se mantinha firme olhando Elena.

 

— A senhorita abandonou seu caminho de preparação para sua tarefa existencial, abdicando de sua sociedade mágica para o mundo à fora e seus perigos. Qual sua explicação para isso? – olhou para mim com olhos de abutre, prontos para devorar minha carne podre -, esperamos que tenha sido um motivo realmente bom. - ácida como me lembrava, mesmo tendo sido uma criança na época.

 

Respirei fundo, meu coração a milhão. Abri o laço pela primeira vez em meses e tentei acessar Alex, numa tentativa de me desculpar enquanto tinha tempo, antes de isso terminar e seja lá qual fosse minha desgraça ser decidida. Ela estava tão fechada quando uma muralha de gelo na Antártida. Alex... Chamei em vão, as lágrimas se acumulando por dentro. Sábia que ela me sentiu aberta, mas nenhuma expressão surgiu nela. Desde quando ela podia fazer isso? Fixei meu olhar na mesa impecável.

 

— Para vocês do conselho podem não ser, já que não vão carregar esse fardo nunca em suas vidas – falei firme, o olhar para o nada, os sentimentos fluindo. Minha voz estava tão fria quanto as águas do mais profundo oceano. - Descobri sobre minha tia Dianna – senti eles se remexerem desconfortável e meus amigos virarem a cabeça pela primeira vez e me olharem, mesmo não sendo recíproco.

 

— Srtª Campbell...

 

— Vocês não pensaram na minha vida, que eu nem tinha vivido direito, tomaram a decisão, passando por cima da minha mãe e do meu pai, vocês tomaram a minha vida como se fosse descartável. Diz que se foi por uma causa nobre, a proteção de milhares. Entendo esse argumento e concordo com sua validade. Mas até vocês sabem que a certeza de que eu vou morrer naquela cerimônia e talvez causar a morte de todos lá com a reação conflitante da Gema vai ser tão caótico quanto a possibilidade de nunca terem me escolhido. Uma bola de neve rolando desde o topo do Monte Everest e só aumentando, não? - olhei para cada membro em desafio, eles brancos como papeis – Uma pena que não vou estar viva para ver a queda incrivelmente bela de vocês, ao meu ver, claro.

 

Senti Elena tomar força novamente e seu rosto se tingir do vermelho mais vivo que já vi alguém adquirir.

 

— Você é uma insolente! - esbravejou quase se levantando.

 

A olhei tranquila para a ocasião. As certezas das minhas convicções me davam a força que precisava para me defender e enfrentar aquela ocasião.

 

— E vocês são o pior conselho mágico em gerações! Nossa sociedade está em declínio, os Vampiros estão voltando em número assombroso, os humanos se matando cada vez mais e o Mundo junto. Achei que nossa função fosse equilibrar a magia existencial e não virar um governo corrupto sedento de poder fingindo uma ordem que não creem mais e provavelmente riem como uma piada em seus coquetéis estúpidos! – Vi Ele pronta para abrir a boca junto com a Sr.ª Cuts quando mencionei os Vampiros – Como sei sobre a situação com essas criaturas? Estava no mundo, vi e investiguei o suficiente. Estamos mais próximo do nosso fim como só em um pesadelo poderia retratar antigamente.

 

O ar esfriou uns bons graus, expressões de pânico e ódio, pude ver até vergonha nos membros do Conselho. Olhei para minha mão e meus amigos que estavam atônicos. Voltei a olhar para o conselho, e até para a diretora que estava totalmente quieta nesse momento e com um olhar vazio.

 

— Querem me punir por fugir? Punam, não vai mudar que cedo ou tarde tudo pode ir penhasco a baixo. Essa é a lei principal, lembram? “Tudo tem o seu retorno, não importa quanto tempo isso leve para voltar”. - Olhei para cada membro do Conselho, decorando seus rostos, um por um. – Se querem me expulsar do mundo bruxo e da magia, vão em frente, isso não mudara os fatos e sim piorá-los. Sei que cometi um erro apesar de ter razão pela minha indignação. Mas saibam, que refleti sobre todas as circunstâncias e me importo com o nosso mundo e quero salvá-lo. Posso não vir a ser compatível o suficiente para manter a Gema como é necessário, mas quero continuar na posição de escolhida e, pelo menos, ganhar tempo para que possam achar uma nova solução e salvação para nós. Se a morte for meu fim ao final do processo, eu a aceito. Só não punam os Andrews.

 

Olhei para os meus amigos e finalmente senti a abertura por perderem o controle ao ouvirem minhas palavras. Me desculpem pelos danos que causei... Fui imatura de alguma forma e não pensei em como isso lhes prejudicaria também, vocês não têm culpa. Sinto muito, Alex. Sinto muito, Matt.

 

 

****

 

 

Dali dois dias iria voltar para a Academia de Bruxas. O ano letivo pelo que eu sabia já havia começado. Gemi internamente te ao imaginar todo o alvoroço que se instalaria com o maior bafo do século: o novo Receptáculo havia retornado após a fuga do século. Eu poderia lidar com isso, mas não significava que se tornava menos pior. Voltar para o antigo circulo de pessoas que eu vivia antigamente, suas ideologias, suas crenças e quem eram... A quantidade de pessoas e ideologias fúteis no mundo bruxo era tanta quanto o mundo mundano. O mundo por completo estava em decadência. Cocei meu pulso suavemente por cima do bracelete trançado de couro.

 

Depois daquela reunião minha mãe foi instruída em ser minha guarda costa, o que não era estranho para mim. Katie sempre fora mais focada no trabalho do que sua responsabilidade como mãe. Não que se tornasse menos incomodo, mas aprendi que não havia mais o que se mudar, que se meu desaparecimento não fez este lado finalmente aflorar, não conseguia esperar que um dia ela mudaria sua negligência da vida.

 

Não consegui falar com meus melhores amigos e os mesmos não dirigiram os olhares a mim, mas consegui ver que os atingi de alguma forma. Estavam instruídos de ficarem responsáveis por mim quando eu chegasse na academia. Não antes. E assim o fizeram, pois tentei mandar mensagens para eles ao pegar o celular escondido da minha mãe. O meu estava destruído no lixo do meu quarto. Mas nada de respostas, automaticamente que viram minhas mensagens eles me bloquearam e provavelmente importaram a informação da minha violação ao tentar entrar em contato. A prova disso foi o sermão na hora do jantar que minha mão prontamente se disponibilizou em esbravejar e o feitiço de bloqueio que lançou em seu celular na minha frente como demonstração de autoridade.

 

—Sabe, isso é ridículo. Eu só queria falar com eles, me aproximar e...

 

—Você teve sua chance hoje, e viu que não pode esperar muita coisa mais. Culpa sua. a Apenas aceite, e já que voltou para nosso mundo, é a consequência por seus erros. – Sua voz cortando como gelo. Serrei os punhos.

 

—Não fale ou aja como se parte disso não fosse sua culpa, mãe.

 

Me levantei sem terminar de comer e subi as escadas correndo. Tranquei meu quarto e abri meu closet num rompante. Olhei para cada peça ali presente, as tonalidades de cores e tipos de tecido. Roupas e estilos nunca me faltaram por conta dos mimos compensatórios de meu pai. Peguei minha mala que sempre usava desde o 6º ano na academia, e a joguei na cama com facilidade. A abri e comecei separar minhas roupas para o ano letivo, roupas que só usaria nos feriados, finais de semana e passeios fora da grade curricular da instituição. Olhei para o cabide atrás da porta do quarto e vi os uniformes (de verão, inverno e ginástica, dois pares de cada para caso de um sujar no meio da semana e precisar ter outro reserva) pendurados em sua capa protetora de plástico grosso e das cores da academia. Preto, vinho e dourado. Me lembrei de como fora uma garotinha fútil até descobrir tudo, até começar a me tornar uma pessoa frustrada pela negligencia presencial dos pais, ser atingida pelo turbilhão de sentimentos que se conhece ao crescer. De fato, a ignorância é de certa forma uma benção.

 

Suspirei coçando novamente o pulso esquerdo. Encaixei os fones de ouvido nos meus ouvidos, colocando a playlist no aleatório e repetição de sequencia infinita. Estralei os dedos ligando a música com um pouquinho de magia e coloquei as mãos na massa. Hora de arrumar as malas.


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