Um brinde de... banana fish escrita por Ana Flávia


Capítulo 1
Der Steppenwolf


Notas iniciais do capítulo

Bem vindos à primeira one shot, Yay!

Essa história, e algumas das próximas se passam por volta do tempo em que Ash e Eiji estão morando no apartamento luxuoso que Ash compra com o dinheiro do Dino

Sem mais enrolação, boa leitura



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Eiji adorava tardes como aquela. Tardes em que ele e Ash não precisavam fugir ou se esconder do mundo conturbado e violento em que vivam. Tardes em que podiam apenas relaxar na companhia um do outro e fingir que eram adolescentes normais.

Depois de comer um lanche providenciado pela gangue de Ash, os dois garotos se sentaram juntos na cama para conversarem sobre coisas banais, provocando-se e tirando sorrisos um do outro até acabarem deitados, com Eiji por cima de Ash. Uma de suas pernas entre as do americano e os braços ao redor de seu dorso. Ele enterrou seu rosto na curva do pescoço do outro, inalando seu cheiro como se fosse uma droga da qual necessitava desesperadamente para sobreviver.

O corpo debaixo do seu estava tão caloroso e confortável que Eiji poderia ter dormido ali naquele momento. Ao sentir os dedos de Ash passando por seu couro cabeludo, o japonês relaxou ainda mais, fechando os olhos e se entregando completamente à carícia.

Após alguns minutos desfrutando do afago delicado, Eiji se moveu para ajustar sua posição, colocando um pouco mais do seu corpo em cima de Ash, deixando seu rosto na altura certa para depositar um beijo afetuoso na garganta exposta do loiro, que reagiu com um leve suspiro de contentamento.

Continuaram nesse estado de singela e silenciosa troca de carinho até Eiji sentir mãos começarem a explorar as laterais de seu corpo de forma preguiçosa e suave. Ele então levantou o rosto, afastando-se apenas o suficiente para poder olhar para Ash, que estava sorrindo carinhosamente em sua direção. Seu olhar transbordava devoção e tranquilidade.

Eiji afundou o rosto mais uma vez na dobra do pescoço de Ash, envergonhado demais para dizer qualquer coisa à ele, e levou uma de suas mãos para a nuca do loiro, passando seu braço por debaixo dos dele. Isso inspirou Ash a dar uma risada de leve.

As mãos, antes nas laterais do corpo de Eiji, agora se aventuravam pelas costas e a cintura do japonês até chegarem à barra de sua calça, sem fazer nenhum sinal indicativo de que iriam além daquele ponto ou de que a carícia evoluiria para algo a mais. Eiji sabia que a relação deles não era desse tipo. Não havia tensão sexual entre eles, porém, para Eiji, o gesto fez algo se agitar dentro de si, fazendo-o sentir a temperatura de seu corpo aumentar enquanto um arrepio percorria sua espinha.

Eiji se moveu novamente, tentando afastar os pensamentos que começavam a povoar seu subconsciente, porém o gesto apenas serviu para provocar fricção entre as calças dos dois. O que provocou o início de uma ereção pelo lado do japonês, que engoliu em seco e fechou os olhos com força, ainda tentando controlar as respostas fisiológicas do seu corpo e se xingando mentalmente quando o oposto aconteceu.

Alarmado com as reações de seu corpo, Eiji apoiou seu peso em ambos os braços e se ergueu, afastando-se do americano, que continuava deitado, uma expressão de confusão estampada em seu rosto. Os olhos verde esmeralda percorriam cuidadosamente o semblante do mais velho, tentando decifrar o significado do repentino afastamento.

Eiji, sentindo-se incapaz de resistir àquele olhar, desviou o rosto e se sentou no canto da cama, colocando as pernas para fora do colchão.

— Eiji… - a voz do americano tinha uma pitada de preocupação e até mesmo certa aflição tingindo-a.

— Desculpa, eu preciso de um tempinho.

— Eiji… aconteceu alguma coisa? Você está machucado? A comida de mais cedo não lhe caiu bem? Se estiver se sentindo mal posso falar com Alex para ele providenciar alguma coisa, talvez um remédio ou uma bebida...

Eiji sentiu uma nova onda de afeição por Ash, o que só fez crescer seu instinto de protegê-lo contra todas as intenções depravadas dos outros. A última coisa que queria era que Ash não se sentisse seguro ao seu lado. Que ele perdesse a confiança em Eiji por achar que ele era como todas as outras pessoas em sua vida, que só buscavam prazer em usar o corpo de Ash de forma sexual e maliciosa.

Eiji nunca se perdoaria caso isso acontecesse então ele respirou fundo, tentando fazer com que a ereção fosse embora, sem sucesso.

— Eu estou bem, Ash. - o japonês virou -se para encarar o outro, esticando a mão para acariciar a bochecha do loiro com as costas dos dedos. Assegurando-o de que estava tudo bem. Ash se inclinou em direção ao carinho, fechando os olhos e sorrindo levemente, apenas uma tímida contração dos músculos nos cantos da boca.

— Algo está te perturbando. - Ash continuou, após abrir os olhos novamente. - Você é um livro em aberto pra mim. Sabe disso, não é? Não conseguiria esconder nada de mim nem que tentasse. Vai ter que se esforçar mais na próxima, velhote.

Mesmo que a preocupação não houvesse deixado os olhos de Ash, o humor em sua voz fez o peso no peito de Eiji aliviar um pouco e ele revirou os olhos, empurrando, de forma brincalhona, os ombros do outro.

— Eiji, olha pra mim. No que você está pensando? Eu posso te ajudar… - a entonação da última frase acabou fazendo com que soasse como algo entre uma pergunta e uma afirmação.

— Eu não era um livro aberto? Tente adivinhar então. - Eiji mordeu seu lábio inferior, arrependendo-se do que havia dito logo após as palavras deixarem sua boca.

Porém Ash apenas se afastou levemente, olhando Eiji de cima a baixo, sua expressão atenta e cheia de preocupação. Eiji viu, paralisado, quando os olhos do loiro se arregalaram ao notar o volume proeminente nas calças do japonês, antes de se derreterem em uma expressão de pura ternura e afeto:

— Eiji…

— Ash, não é o que você está pensando! Me desculpa, eu não quero fazer nada desse tipo com você. Quero dizer, não é que eu não goste ou não te ache incrivelmente atraente ou charmoso, mas eu nunca… Não é que eu… você sabe que eu não… eu sinto muito se isso te deixar desconfortável ou enojado…

Eiji se levantou e já começava a se dirigir para fora do quarto quando sentiu uma mão segurá-lo pelo punho. Antes que ele pudesse se virar pra dizer algo, a risada de Ash tomou conta do cômodo. Eiji olhou para trás, espantado com a reação. Era um som tão raro de ser ouvido. A suave risada de deleite que Eiji sabia que Ash reservava apenas para os momentos entre os dois. Era algo tão puro, tão inocente e ao mesmo tempo tão inexplicavelmente triste. E também era o som que Eiji desesperadamente tentava proteger.

— Eiji, não precisa ficar preocupado com isso. Eu confio em você como eu nunca confiei em ninguém. O simples fato de você ter se afastado ao invés de tentar se aproximar ainda mais em uma situação dessas, é mais do que prova de que eu posso confiar em você e isso me deixa extremamente feliz, tanto que nem consigo colocar em palavras, Eiji. - Ash acariciava a pele no interior do braço de Eiji com o dedão, fazendo leves movimentos circulares. - E eu já te disse, você foi a primeira pessoa a aparecer na minha vida e fazer algo por mim sem esperar nada de mim em troca. - ele se pôs de pé e envolveu o mais velho em um abraço.- Você também terá que se esforçar mais para fazer algo que me deixe desconfortável.

— Não pretendo trabalhar duro nisso. - disse enquanto correspondia ao abraço, repousando o rosto em seu peito e fechando os olhos, deixando a tensão anterior ir embora de seus músculos e se permitindo relaxar mais uma vez naqueles braços.

— Eu sei que não, Eiji. - havia tanta adoração e ternura naquelas poucas palavras, que fez um novo arrepio percorrer o corpo de Eiji como uma descarga elétrica, e ele de repente sentiu uma vontade incontrolável de sorrir. E de chorar.

Bem devagar, Ash foi conduzindo os dois de volta para a cama, sem nunca desfazer o abraço. Quando se deitaram novamente, Eiji hesitou:

— Ash, espera… Eu ainda… - Suas bochechas estavam ruborizadas e ele evitava manter contato visual.

— Eu já falei que não me importo. - Ash se esticou e depositou um beijo na testa do japonês. - a menos que você não queria estar aqui comigo, eu também entenderia isso. Mas se você quiser...

Ash então deitou-se completamente na cama, a barriga virada para cima, e os braços abertos em um convite. Quando Eiji hesitou novamente, o americano segurou-o pelo braço e o puxou levemente porém com insistência, apenas para incentivá-lo a chegar mais perto, e não para forçá-lo a fazê-lo. Eiji suspirou e se inclinou na direção do outro, deitando-se por cima dele na mesma posição que haviam estado antes.

Quando sua ereção encostou na coxa do Ash, Eiji levantou o olhar para o mais novo, em busca de qualquer sinal de desconforto, mas tudo o que encontrou foi uma expressão relaxada e contente.

— É só ignorar, Eiji. Eu confio em você. Se não confiasse, você já estaria com uma bala no meio da testa. - comentou com um sorriso afetado.

— Como você pode falar uma coisas dessas tão casualmente? - Eiji bufou e apoiou o rosto no peito do outro, sentido, mais do que ouvindo, a risada deste. - Eu só quero que você nunca mais precise passar por nada daquilo

— Aquilo? - Os dedos de Ash alcançaram os cabelos do japonês e começaram a vagar por entre eles, fazendo um cafuné tão bom que era difícil manter os olhos abertos ou formular qualquer pensamento lógico.

— Você sabe do que eu to falando. - Eiji estava começando a cair no sono, embalado pelas batidas do coração de Ash, e o subir e descer lento de sua respiração. - Eu quero que você seja feliz e não precise se preocupar com gente querendo te fazer mal ou te violar ou fazer qualquer coisa que te deixe desconfortável. E eu também não quero ser alguém que te cause dor, mas quero estar ao seu lado, sempre.

O movimento do peito de Ash parou e Eiji percebeu que o outro estava prendendo a respiração. Eiji o envolveu em seus braços com mais força, como se pudesse, de alguma forma, usar seu corpo para criar uma barreira física para proteger o Ash contra toda a perversidade do mundo.

— Eiji… - Foi tudo o que ele falou, antes de ambos caírem em um silêncio confortável enquanto aproveitavam a simples presença um do outro. Não muito tempo depois, o sono levou a melhor e os dois caíram no sono, cada um envolto nos braços da pessoa mais importante em suas vidas.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, fiquem a vontade para deixarem algum comentário e essas coisas que todos os autores adoram.

Provavelmente estarei postando um capítulo novo a cada semana ou conforme eu vá escrevendo mais.