The Death Couple escrita por Thaís Romes


Capítulo 7
Causa e Efeito


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas, PARA TUDO AGORA!
Primeiro e antes de qualquer coisa, quero agradecer a uma leitora que eu gosto tanto que nem consigo contar para vocês o tantão que é, a minha amiguinha Adormecida, fez uma recomendação tão fofa para essa fic que me deixou sem palavras.
Adormecida, muito obrigada por seu carinho de sempre, é uma honra te ter como leitora. Obrigada mesmo.
Agora eu aqui me recompondo, bom, esse capítulo está bem maior do que costuma ser, mas como é minha forma de agradecer pela recomendação, acho que é válido.
Espero que goste.
Bjnhos!



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BARRY ALLEN

Oi, meu nome é Barry Allen e eu tenho algumas perguntas relevantes a fazer:

Quem entre nós é 100% fiel a uma causa?

Quem seguiria um ideal até o fim, independente das baixas inevitáveis no percurso?

E se essas baixas forem de sua própria família?

Alguém que pende de um lado a outro segundo os resultados que ambos apresentam, pode ser julgado como traidor ou dono de um caráter duvidoso?

Se consistência é a forma de medir a integridade de alguém, então pode-se dizer que a minha não existe. Vou proteger quem merece até meu ultimo suspiro. E se no fim um sacrifício for exigido, prefiro que seja o meu, não deles. Depois de tudo, acredito que posso lidar com isso.

Antes...

Minha mãe foi assassinada quando tinha oito anos. Uma morte por si só basta para destruir o emocional de qualquer marmanjo barbado, mas eu era apenas um garoto, completamente dependente da mulher sem vida estirada no chão ensanguentado da cozinha. Aquele momento mudou minha vida por completo.

 Me lembro dos meus passos incertos ao descer as escadas da nossa antiga casa. Se fechar meus olhos posso sentir o cheiro de ferrugem, vinagre e enxofre, um tanto fétido que tomava o ar. O rastro de sangue percorreu toda a cozinha e manchou o carpete creme da sala. Segui o rastro até então sem saber do que se tratava, até ver o corpo dela em uma posição estranha, com os braços virados de formas impossíveis, os olhos ainda abertos, mas tomados por uma camada acinzentada, com sangue por todos os lados. E um bisturi, que mais tarde disseram que pertencia ao meu pai.

“Barry?” meu pai se assusta o me ver parado no meio da sala, tão tarde da noite. Ele havia acabado de entrar, com sua maleta em mãos e o rosto exausto que sempre estampava ao fim de um plantão no hospital. “Filho, não deveria estar fora da cama.” Não me lembrava como me mover, não sabia como usar minha voz, permaneci travado com meus olhos arregalados e a garganta doendo com o choro que havia travado por ali. “Barry, está me ouvindo? Que cheiro é esse?” a voz dele se torna preocupada, e sinto as lágrimas começarem a escorrer por minha face. Foi quando ele seguiu a direção do meu olhar e viu o que me mantinha imóvel.

Agora...

Por mais que doa admitir, eu sempre soube que meu pai morreria na cadeia, desde o dia que o levaram de nossa casa. Mas dediquei muito tempo e esforço tentando mudar isso, dar a ele a mínima chance de justiça. Foi o que me levou a desejar ser um forense, meu primeiro instinto foi fazer tudo segundo a lei, a mesma lei que não foi justa com meu pai. Tudo o que queria era minha família de volta, e por mais que os West se esforçassem em me fazer sentir como um deles, no fundo não era a mesa coisa, não quando meu pai estava pagando por algo que não deveria, e pior, quando o verdadeiro assassino se mantinha impune.

Então a ARGUS me encontrou, fui chamado para servir e em troca me dariam os meios para encontrar o verdadeiro assassino da minha mãe. Mas a esse ponto, isso não era mais sobre libertar meu pai, ele foi morto na cadeia um ano antes da ARGUS me recrutar. Tudo o que passei a buscar desde então foi a verdade, pois ele não merecia ser lembrado como o cirurgião brilhante que enlouqueceu e assassinou a esposa. Não quando Henry Allen foi o homem mais honrado que já existiu, e provou isso mesmo em sua morte.

Me dediquei a meu treinamento e não me contentava em ser menos do que o melhor. Em pouco tempo o garoto atrapalhado que iniciou como o agente que poucos colocavam fé, passou a ser o mais rápido, furtivo e habilidoso. Quando completei dois anos na ARGUS consegui o nome de quem havia assassinado minha mãe. Ebord Thawne, outro cirurgião que desejava uma promoção idiota. Então passei meses com sangue nos olhos revirando tudo a procura desse cara, mas nada era encontrado, era como se ele nem mesmo tivesse nascido ainda. Estava prestes a desisti quando me designaram para o caso de Felicity.

Os primeiros dias foram complicados, não que não tenha gostado dela de cara, ainda é Felicity Smoak e não sou capaz de entender quem consegue ser imune a ela. Mas com um pouco de esforço logo descobri por que todos queria proteger aquela garota. O motivo possuía um nome e sobrenome que me eram extremamente familiares. Noah Kuttler, o homem que meu pai salvou na prisão.

Noah foi um agente da ARGUS por muitos anos, e ainda hoje é conhecido como o melhor hacker vivo, por mais que não tenha nenhum tipo de linha separando bem e mal aos seus olhos, para Kuttler um trabalho é só isso, trabalho. Mas tudo munda quando sua família está envolvida. Ele mesmo cuidou para que o FBI encontrasse sua filha, quando o desgraçado do Cooper usou um programa que Felicity estava criando para roubar cadernetas de poupanças e alterar empréstimos estudantis. Noah foi mais rápido e fez com que aquilo se tornasse atrativo para o governo, garantindo assim certa proteção para a filha, mesmo que ela nunca chegasse a saber disso.

Ele foi preso ao se infiltrar na mesma ameaça que estava caçando Felicity, e foi ele quem criou a tal lista com o nome de cada agente secreto infiltrado ou não, que ainda respirasse. Agora vem toda a ironia da questão, algo que vou contar mais tarde. Só o que precisa saber é que Noah queria Ebord tanto quanto eu, mas ao contrário de um agente com acesso restrito, ele possuía os meios e informações com as quais jamais sonhei. Invadiu cada organização existente, e coletou os dados de cada um dos agentes que passaram por ela, deteve todos os perfis e criou a lista.

Mas com isso o boato de que alguém havia coletado dados secretos de agencias das quais ninguém sabia da real existência, começou a rolar. Com o boato ganhando público, não demorou a começarem a especular quem poderia fazer algo desse calibre. Três nomes estavam no topo da lista de prováveis alvos. Uma garota de Gotham que tinha ligações com Bruce Wayne e havia ficado paraplégica a pouco tempo, o próprio Noah que foi realmente quem a fez, mas é bom o suficiente para não conseguirem nada mais do que especulações. E por fim a filha dele, que diziam ter herdado o talento nato do pai.

Cinco anos antes...

Estava sendo treinado desde que ingressei na agencia por Steve Trevor, considerado o melhor em tudo dentro da ARGUS. Ele nunca foi de pegar leve e quando chegava em casa, Iris acabava me encobrindo para que Joe não me visse de olho roxo ou com hematomas espalhados pelo meu corpo. O que na cabeça dela se tratava de uma fase em que eu não sabia mais lidar com minha própria raiva e havia passado a procurar brigas sem motivos pelas ruas. Nunca contei a verdade, mas odiava mais do que tudo mentir para Iris.

Com o tempo o treino passou a ser de igual para igual, até que eu o superei. Steve me deu tapinhas orgulhosos em minhas costas e elogiou o avanço de minha técnica, e no dia seguinte apareceu com um cara gigante, que possuía uma cicatriz discreta no supercílio e me apresentou como meu novo treinador. Seu nome era David Cain, e assim todo o ciclo de hematomas e mentiras recomeçou.

Certo dia, quando finalmente havia parado de levar surras intermináveis do agente Cain, Steve e Chase entraram na sala de treinamento. Seus rostos estavam sérios e inexpressivos. Chase me lançou uma chave, com um endereço gravado, mais um trabalho a vista.

Fui para o endereço, menti para Joe que estaria cuidando de assuntos da minha pós-graduação, com um grupo de alunos no fim de semana. Peguei o primeiro trem para Star City, segui o endereço e encontrei um antigo prédio nos Glades. O lugar era a base da cadeia alimentar, as paredes de concreto esfarelavam e o cheiro de mofo, poeira e suor corporal me atingiram no instante em que girei a chave na maçaneta de uma porta de madeira velha.

Um homem de cabelos grisalhos e aparência jovial, parecia me estudar quando entro no apartamento sujo. Me aproximo com cuidado e como que querendo me provar que era amigável, ergue as mãos e se levanta, mostrando duas coisas, a primeira é que o cara era bem alto e a segunda, através dele eu teria meu trabalho.

“Confesso que é mais jovem do que imaginava, Sr. Allen. Minhas informações constam que já está na sua segunda formação, é impressionante.” Diz me observando como se conhecesse um parente distante do qual escutava histórias exageradas através de seus pais.

“Pulei muitas séries.” Responso o mais vago possível, especulando se precisava mesmo conversar tanto com o contato.

“Você tem a mesma idade dela, são até mesmo parecidos.” O homem parece pensar alto, solta um riso triste e lança um pacote pardo sobre a mesa empoeirada a sua frente. Pego o pacote e vejo uma espécie de currículo de uma bela garota de cabelos bem escuros, meio gótica, mas com uma leveza estranha e inocência genuína que parecia tentar esconder por traz das roupas sombrias.

“O que tenho que fazer?” me obrigo a perguntar, temendo mais do que tudo que ele me ordenasse a matar aquela garota.

“Estou te dando arquivos detalhados.” Informa indicando os arquivos em minha mão, e posso notar o distanciamento forçado que passa. “Sua missão é mantê-la a salvo dessa ameaça.” Ele dá a volta na mesa e para a minha frente, somos quase do mesmo tamanho, ambos exalando a aura nerd que nos segue como cheiro de pum em uma sala lotada. “Se for tão honrado quanto seu pai, vai ter êxito na missão.”

“Conheceu meu pai?” tiro os olhos dos papeis, onde tentava desvendar os olhos azuis infantis, por trás daquelas roupas estranhas e é quando percebo o mesmo olhar no homem a minha frente.

“Seu pai salvou a minha vida e isso acabou custando a dele.” Noah coça a cabeça e começa a andar de um lado a outro, depois narra como foi que Henry o encontrou sangrando em um armário velho nos fundos da cozinha do presidio, e como fora gentil com ele antes disso. “Precisava pagar minha dívida.” Informa me dando um pendrive em forma de raio. “Aqui estão todas as provas que vão inocentá-lo, só sinto muito por não ter como voltar no tempo e conseguir tudo isso antes que ele fosse assassinado.” Fico em choque como no dia em que todo meu inferno tomou cor, mas agora me sentindo subitamente vazio.

“Obrigado.” Me surpreendo com quanta emoção retenho nessa simples palavra. “Noah.” Digo seu nome e ele não parece surpreso por eu ter esse conhecimento, afinal estava ligado diretamente a morte de meu pai, e eu sou um forense conceituado na ARGUS.

“Entenda, Barry. Não estou te pedindo um pagamento, não se trata disso. Mas Felicity Smoak vai correr sérios perigos e só posso agir até certo ponto, deve se tornar a sombra dela, pelos meios que julgar mais eficientes.” Desvia os olhos dos meus, dizendo a última parte com dificuldade. “Não vai ser dificil, vocês possuem muitas coisas em comum, e Felicity não costuma erguer muros para as pessoas.”

“Vou protege-la com minha vida.” Garanti.

“Sei que vai.”

Agora...

Ebord Thawne morreu enquanto tentávamos pegá-lo. Foi por um milésimo de segundos, ele se desesperou na perseguição e seu carro foi em direção ao penhasco. Liderei a equipe de busca pessoalmente, não acreditaria em sua morte até que pudéssemos recuperar seus restos mortais. E sinceramente, foi um pouco decepcionante quando os encontrei. Era como se estivesse vazio agora, sem pais, sem vingança, justiça ou propósito para correr atrás.

Com isso encerrado, Felicity passou a ser meu único trabalho. Talvez nossas famílias tenham nos colocado em um looping eterno de dívida e gratidão uns com os outros. Me assustei quando encontrei uma versão cor de rosa e loura da garota que tentava se esconder em roupas escuras e poucos sorrisos, mas todas aquelas cores não soavam falso como era sua imagem antes, Felicity havia encontrado uma forma de externar o que era por dentro. Parecia certo.

Ingressamos no departamento de Policia de Central City no mesmo dia, e frustrávamos igualmente nossos superiores ao nos mostrar mais eficiente do que eles. Por vezes estava seguindo meu chefe, enquanto levava um esporro aos berros por algum trabalho que era obrigação dele, e que por sua incapacidade o detetive do caso me procurou pedindo ajuda e ao mesmo tempo a nerd agora lourinha vinha da direção oposta com seu supervisor que parecia a Pepa Pig aos berros com ela. Nunca nós falávamos, mas sempre sorriamos um para o outro com cumplicidade nesse tipo de situação.

A primeira vez que falamos, ela estava emburrada na escada de incêndio. Com um cigarro suspeito na mão, para o qual ela olhava como se ele escondesse os maiores segredos do mundo. Tropecei ao passar, e por impulso ergueu as mãos, deixando o cigarro cair ao me amparar. Por ‘acidente’ acabei o pisoteando, mas o estranho foi que ela não deu a mínima, só parecia feliz por eu não ter protagonizado uma cena digna de telenovelas.

“Pareço uma donzela.” Praguejo desejando mais que tudo um buraco fundo e escuro para me enterrar nele. Merda de começo, Allen.

“Isso me torna um príncipe, ou um herói?” seu tom divertido me surpreende, me viro em sua direção com um sorriso cheio de alívio.

“Qual prefere?” devolvo a pergunta, ela se senta com a expressão pensativa e me sento ao seu lado no degrau, como se já fossemos íntimos a muitos anos.

“Príncipes sempre me pareceram supervalorizados e desinteressantes.” Decide. “Não consigo gostar deles.” Dou risada da seriedade em seu rosto ao confessar.

“Então, quero que saiba que como sua donzela estou eternamente grato ao meu herói.” Brinco com o rosto solene.

“Não fiz mais do que meu dever.” Rebate e quem nos observasse de fora pensaria que estávamos tendo uma conversa intelectual das mais sérias. Naquele momento toda a tensão do meu corpo se esvai, o medo de me sentir preso ou entediado em uma missão a longo prazo como essa, agora não passam de lembranças.

“Por que você tem um baseado?” sussurro, juntando os restos mortais do cigarrinho do demo, como diria a vovó West.

“Martim, meu supervisor deixou isso cair de seu bolso.” Ela se inclina em minha direção, e olha para os lados ao me confidenciar baixinho. “Eu só peguei e sai correndo para entregar, mas me dei conta do que era quando cheguei aqui e não sabia mais o que fazer.” A indecisão parece tortura-la e não consigo evitar o riso crescente que solto.

A muito tempo só fingia esse tipo de reação, mas agora elas aconteciam naturalmente. Foi nesse instante que descobri que o vazio que a conclusão do caso do meu pai trouxe, poderia ser preenchido com pessoas, afinal, essa é uma missão sem prazo de validade. Nada me impede de descobrir quem é Barry Allen sem os antigos fantasmas para me assombrar.

“Acho que você acaba de fazer esse ser o trabalho mais fácil da minha vida...” finjo não saber seu nome.

“Felicity. Smoak.” Me estende a mão pequena, rápido demais e se arrepende de imediato pelo gesto, então retribuo na mesma intensidade.

“Allen.” Me atrapalho com a animação que me toma. “Barry. Allen.”

Agora...

Noah me deu o mesmo apartamento que usava para juntar as peças iniciais dos Hackers que caçariam sua filha, o lugar que usou para encontrar o assassino da minha mãe. Eu o mantive desde então, como contingência. Caso um dia só eu não pudesse mais manter Felicity segura.

É um quarto sala com paredes em concreto e piso de madeira, nada de mais, mantenho uma geladeira e um micro-ondas em um canto da sala razoavelmente espaçosa. Do outro lado tem minha mesa com computadores e ao lado duas bancadas de metal, com meus materiais de laboratório. Um sofá grande no centro onde durmo quando perco a hora trabalhando e duas poltronas que Chase trouxe em uma noite em que estava meio drogado, após um caso estranho onde fingia assassinar a própria esposa para entrar em uma gangue. Longa história.

A verdade é que mal consigo me manter parado, enquanto olho para porta obsessivamente, na esperança que ela se abra. Da mesma forma que Noah me deu uma simples chave com endereço gravado, eu percebi que precisava de outra dessas. Talvez seja minha única chance de não perder tudo.

Em algum momento não consigo mais manter meus olhos abertos, toda a noite anterior, o inicio do dia no hospital, os dias antes disso enquanto o cerco se fechava ao redor de Felicity, eu mal dormi três horas a cada duas noites. Luto com esforço contra a exaustão. Me levanto e vou andando com passadas pesadas e lentas para a pia, onde jogo água em meu rosto por vezes, molhando parte de minha blusa de algodão. Fico ponderando se devo ou não a tirar e colocar para secar, já que parece que não terei companhia, quando escuto a porta se abrir.

Me viro no instante em que a mulher mais gata que já vi na vida entra nesse muquifo de apartamento. Me dou conta que ela é linda demais para pisar em um lugar assim. Patty Spivot, uma dos cinco da CIA, conhecida por ser a encarnação da inocência no dia a dia e completamente mortal em uma guerra. Talvez eu morra, percebo com uma satisfação preocupante.

Ela entra com passos incertos, e se escora na porta, seus olhos são completamente errados para uma agente de seu calibre. Consigo ler cada emoção que passava por eles, vejo o conflito e não me movo, ela tem o direito de estar irritada. Tudo o que posso fazer, o que está a meu alcance, é dar a ela o tempo que precisa.

—Eu vim todo o caminho pensando se deveria mesmo vir. -diz com a voz fraquinha, contendo com muito esforço as lágrimas em seus olhos. -Sabia desde o inicio quem eu era? -balanço a cabeça concordando e dou um passo contido em sua direção. -Fui seu alvo em algum momento? -sua voz falha, mas ela permanece firme. Nego e dou mais um passo.

—Eu precisava proteger Felicity, essa era minha missão. -dou de ombros. -Mas então fui chamado pela ARGUS e me disseram que estavam abortando a operação toda. -explico, vendo as suas feições mudarem. -O único aliado que possuía está fora de radar, talvez ocupado com o mesmo problema, talvez a própria ARGUS tenha o contido, considerando seu envolvimento com o caso. -me dou conta da situação de Noah enquanto falo, merda, o que será que Amanda Waller fez com ele?

—Barry? -ela me chama e percebo que acabou por dar fim a distância sozinha ao ver a expressão em meu rosto. -Seu aliado, acha que sua agencia o matou? -faz careta, enquanto estuda meu rosto.

—Não, ele é muito valioso. -esfrego meus olhos cansados, que pesam demais. -Foi quem fez aquela lista. -conto e vejo a surpresa em seus olhos. -Não queria te esconder nada Patty, aliás, eu não quero.

—Mas no ramo em que trabalhamos, não tem como ser diferente. -dá de ombros com um pequeno sorriso fazendo sombra em seus lábios, estudo seu rosto por um instante, tentando processar se aquilo significava o que vem em minha mente. -Ollie é um saco sabe. -ela pega uma mão minha e depois a outra, observo nossas mãos juntas e seguro a dela com um pouco mais de firmeza, com medo que me solte e saia batendo a porta. -Ele é super protetor, por que morre de medo que eu me machuque. Não sei ter reservas, e me entrego de vez. -Patty dá de ombros com o olhar triste. Mas até Oliver Queen chegou a conclusão que eu estaria agindo errado ao pensar que você...

—Eu nunca faria isso. -interrompo e a encaro sério, nossos narizes a centímetros de distância um do outro. -Não quis te usar, mas fingir trair vocês com o pendrive foi um caminho rápido que poderia salvar muitas vidas inocentes. Nossas famílias teriam alvos em neon assim que essa lista caísse nas mãos de um grupo de hackers terroristas.

—Eu sei. -murmura baixinho, acaricio suas mãos com meus polegares.

—Estou saindo da ARGUS. -conto a ela. -Esse é meu último caso. Acabei encontrando um lar nele, não vou abrir mão. -intensifico meu olhar em seu rosto lindo, Patty parece zonza. Solto nossas mãos e seguro em sua cintura, ela parece mole. -Você está bem? -pergunto preocupado.

—EugostodevocêAllen. -diz rápido e embolado demais para que consiga entender, franzo o nariz confuso e levo uma mão a sua testa, e me sinto grato por sua temperatura estar normal.

—Eu não entendi nenhuma palavra. -afasto seus cabelos do rosto, Patty faz cara de dor e não posso interpretar suas feições com clareza, então desisto e resolvo tomar a frente. -Mas espero de verdade que não desista de descobrir o que nós podemos ser juntos. -falo lentamente, me certificando de não apavorar a garota. -CIA, ARGUS ou qualquer coisa que seja, precisamos estabelecer que esse é nosso trabalho, bom, no meu caso ainda é. -pondero. -Um campo neutro, onde vamos ter segredos que estão fora do alcance do outro, mas Patty, sempre serei sincero quando a nós, nosso relacionamento. -ela assente com um sorriso leve. -Procurei alguém que fosse tão bom quanto eu para proteger Felicity. -faço careta. -Não era para soar tão prepotente.

—Eu entendi. -ela sorri um pouco.

—O que quero dizer...

—É que nunca seria capaz de ver algo acontecer a sua melhor amiga e ficar de braços cruzados. E não confiaria em qualquer um, então escutou sobre Os Cinco e percebeu que nós poderíamos ser a saída. -conclui.

—Parece que entendeu tudo. -suspiro, me permitindo ser feliz por um segundo.

—Somos muito parecidos, Barry. -estende a mão e toca meu rosto de leve, fecho meus olhos e aprecio seu toque.

—Acho que me apaixonei por você, Patty. -confesso abrindo meus olhos no momento em que seu rosto congela. -Pode pensar que é muito cedo, e que talvez esteja indo rápido demais. -tagarelo ao não ver nenhuma reação dela, que permanece imóvel. -Não quero te pressionar nem nada disso, só queria...

—Você é inacreditável, Barry. -diz séria e sou eu quem congelo agora. -Eu falei primeiro e você disse que não entendeu...

—Falou o que? -interrompo com meu coração tentando traçar o caminho para minha boca. Patty solta uma risada e dá de ombros.

—Não entendeu mesmo, não é? -ergo a sobrancelha, esperando uma explicação melhor. -Eu gosto de você... -talvez ela tivesse um longo discurso caloroso, mas sou incapaz de me controlar, pressiono minha boca contra a ela e a levanto em meus braços, a prendendo neles enquanto tento entender que nesse instante tenho quase tudo que me faz feliz.

FELICITY

Tudo em minha mente é confuso, me lembro de estar desconfortável, depois de flashes desse hospital durante o encontro... okay, agora faz mais sentido. Ah Oliver, você é definitivamente o pacotinho de biscoito mais gostoso que nunca vou chegar a ingerir na vida, ao menos não se quiser continuar tendo uma vida de fato. Mas outras coisas me veem a mente, lembranças turvas. Como ter escutado a voz nojenta do Cooper, e Barry me pedindo perdão, me dizendo que só queria me proteger, que sempre só quis me proteger. Implorando para que não o odeie e o tire da minha vida.

—Por que ele pensa que existe algum motivo no mundo capaz de me afastar?

—Oi. -Oliver passa pela porta com o rosto cansado e um arranjo de tulipas nas mãos, usando blusa de algodão e jeans, olho para minhas roupas da noite anterior sujas e amarrotadas, parecendo inadequada para estar perto dele. -Para você. -me entrega as flores.

—São lindas. -agradeço com um sorriso sincero, sentindo meu peito se encher de uma alegria masoquista e sem amor a vida que sempre surge com ele por perto. -Obrigada por me salvar, de novo. -reviro os olhos. -Quase acreditei que é mesmo um agente secreto quando saiu comigo nos braços daquele jeito do restaurante! -dou risada do absurdo e Oliver parece engolir em seco.

—Sobre isso, eu sinto muito que esteja mais uma vez sendo medicada. -se senta na cadeira ao meu lado e pega as flores que estavam em minhas mãos, as deixando sobre a mesa de canto.

—Dessa vez parece que o culpado é minha gula e um burrito estragado. -faço careta e o vejo dar um lindo sorriso, um que não tinha visto ainda.

—Não se lembra de nada depois daquilo? -me olha com divertimento, como se tivesse uma piada muito engraçada por trás de tudo.

—Oliver, me doparam por que minhas tripas pareciam queimar. -conto franzindo o nariz. -Só me lembro do seu nome, por ter te conhecido antes do meu envenenamento por comida mexicana deliciosa. -exagero e mais uma vez o sorriso está lá. -Sinto não poder te ajudar mais com sua ex namorada.

—Ajudou bastante. -responde com ar profundo. -Mais do que se lembra. -pisca com cara de cafajeste que me faz engolir em seco. Rota perigosa! 

—A propósito, escutei as enfermeiras dizendo que invadiram o hospital e mataram o seu concorrente. King está queimando no inferno como merece, o que me deixa aliviada, pois depois do Trump, qualquer idiota misógino e preconceituoso vem sendo posto no poder ultimamente. -mudo de assunto, só me dando conta depois que foi para o pior possível. -Sem anestesias, desculpe. -murmuro envergonhada e sinto Oliver tomando minha mão, as suas são grossas, ásperas e calejadas. Enormes, fazendo com que a minha desapareça entre elas, mas o toque é maravilhoso e mesmo sabendo do perigo, estar com ele parece ser tão certo.

—Você é como um sol particular, às vezes. -fala, mas é como se conversasse com ele mesmo. -Nunca faz o que espero.

—Esse é o comentário mais aleatório que já escutei na vida. E não sei se percebeu, mas o sol é o que temos de mais previsível no mundo. -tagarelo sem poder me parar. Oliver me encara, e sem dizer nada se inclina e beija o alto da minha cabeça, por uns três segundos em que precisei lidar com a corrente elétrica passando de seu corpo para o meu.

—Tenho que ir agora. -diz antes de se afastar, seus polegares acariciam minha mão e então me solta. -Adeus, Felicity. -seus olhos ficam tristes por um instante, mas ele abre um dos novos sorrisos, esse que não conheci até hoje. Abro a boca para perguntar por que o tom solene, ou fazer alguma piada para cortar a tensão estranha que se instalou, mas Barry passa pela porta, e depois de me ver, seu rosto se transforma no de alguém que está se mantendo firme, mas poderia estar berrando.

—Ah, Oliver. -soa surpreso, mas os dois se cumprimentam apertando as mãos e trocando olhares cumplices, como se fossem amigos íntimos a muito tempo, o que me deixa muito confusa. -Obrigado, por tudo.

—Não tem que agradecer, foi você quem fez a maior parte. -sorri com tristeza para o outro e se afasta em direção a porta, enquanto Barry vem e se senta ao meu lado. -Se cuidem, nerds. -Oliver diz antes de sair e fico vendo a gratidão estranha no rosto de Bear.

—Isso foi bizarro. -comento quando estamos sozinhos, e lá está o olhar de enterro em seu rosto novamente. -Quem comeu sua rosquinha? -questiono e ele me encara segurando o riso.

—Espero sinceramente que ninguém! -responde e só então me dou conta do duplo sentido.

—Idiota. -bato em seu braço e ele esfrega o local ainda com o sorriso debochado. -Onde está a Patty?

—Ela está ajudando na delegacia, não temos muito pessoal e fizeram uma prisão das grandes. -seus olhos ficam pensativos. -Mas te mandou um beijo. -Barry me olha com muita tristeza, e fico tentando entender o motivo daquilo. Ele me encara como se quisesse memorizar meu rosto, o que é bem estranho.

—Sabe que infecção alimentar não é o mesmo que câncer terminal, não é? -estendo minha mão, pedindo que me dê a dele.

—Eu odeio essa sua perda de memória pós qualquer tipo de substância química. -murmura as palavras amargas com um falso sorriso que vale o mesmo que uma nota de três em seu rosto.

—E eu que você não faça sentido. -dou de ombros, decidindo não me importar mais com seu estado bizarro de humor. -Já te contei o quanto eu adoro a Patty? -mudo de assunto, mas isso faz um largo sorriso aparecer em seu rosto que emanava cansaço.

—Claro que adora, ela é perfeita. -declara sem modéstia.

—Claro, claro. -reviro os olhos. -Mas o que me faz amar ainda mais a sua garota, é o grande favor que ela nos fez. -sorrio de lado e Barry ergue a sobrancelha sem entender. -Patty te livrou de seu bizarro desejo incestuoso. -debocho o fazendo gargalhar por minha implicância sem fim por seu antigo amor pela irmã. -É sério Bear, não queria ver de perto um caso Lannister. -faço cara de nojo.

—Não temos o mesmo sangue, Felicity! -reclama em meio ao riso, e dou de ombros, se foi criado junto e se chamam e tratam como irmãos por todos ao redor e até mesmo um dos dois, não posso os ver de outra forma.

—Desiste Barry, nunca vou entender! -dou espaço para ele em minha cama hospitalar, e Barry se deita ao meu lado com os braços esticados sobre o corpo como os meus, ficamos olhando o teto por muito tempo até que ele quebrar o silencio.

—Odeio mais do que tudo, que sua memória seja tão ruim. -repete novamente, me deixando confusa. -Não quero te perder Felicity, vai ser muito estranho recomeçar sem minha melhor amiga ao meu lado.  -quando o olho assustada, tem um lágrima escorrendo por seus olhos, me viro de lado ficando de frente para ele.

—Ficar sem você, seria como perder um pé. -levanto meus pés e o balanço para ele, mas só consigo um sorriso triste em resposta. -Ainda temos nosso trato. – o lembro, na esperança de que isso venha a ser um conforto melhor.

—Qualquer erro deve ser perdoado depois de uma declaração brega. -seu rosto vai se contorcendo em uma careta de desgosto aos pouquinhos.

—Qualquer uma. -garanto. -Mas Bear, quando vou poder ir para a nossa casa?

 -Vai passar mais uma noite em observação. Encontraram traços de uma nova droga em seu organismo, e só hoje conseguiram pegar o traficante que a desenvolveu. Por isso estava inconsciente por tanto tempo. -conta. -O seu traficante a batizou como Vertigo, foi o que deixou seu burrito tão delicioso! -afina a voz no fim, em uma tentativa idiota de me imitar.

—Não pode dizer se não comeu. -respondo emburrada, mas outra questão me vem à mente. -Como fizeram isso com a maioria dos policiais aqui?

—Seu namorado mexeu os pauzinhos e colocou uma agencia federal no caso. -dá de ombros. -Depois dessa, tem o me voto!

—O concorrente dele era John King, Oliver sempre teve o meu voto!

—Então confessa que estão namorando? -implica e cogito o jogar para fora da maca.

—Por que não gasta seu tempo dormindo. -fecho a cara para ele, que sorri largo, fechando seus olhos e cruzando os braços sobre o peito.

—Viu, não sobreviveria sem você. -murmura em meio a um bocejo longo e fecha os olhos sem protestos.

A noite tenho sonhos estranhos, novamente a voz de Cooper, é como se ele sussurrasse em meu ouvido. Barry gritava para que ele ficasse longe, jurava que o mataria se me tocasse mais uma vez. Então consigo abrir os olhos, estou em uma espécie de servidor, com muitos computadores e grandes maquinas que processavam seus programas. A minha frente, também inconsciente em uma cadeira, Oliver está amarrado, olho para o lado e Barry que era amarrado a outra cadeira me olha com pavor.

“Vou nos tirar daqui Felicity, pode confiar. Você vai ficar bem.” Me disse cheio de convicção. Não consigo mais manter meus olhos abertos. “Fica longe dela!” sua voz é assustadora, a ameaça é tão real que sinto vontade de me encolher.

“Então esse é o famoso agente dois?” Cooper diz com sua voz anasalada, mas não tenho forças para me manter alerta. “Oliver Queen. Pensei que fosse mais alto.”

“O cara tem 1,86. Quão alto deveria ser para que percebesse onde se meteu?” Barry rebate com escárnio. “Não que eu vá dar tempo para ele ter o prazer de chegar até você, Cooper.”

“É um triangulo estranho, esse em que minha garota se envolveu.” Escuto o som de coisas se colidindo e um gemido de dor, consigo abrir os olhos e vejo Barry sorrindo com satisfação, ainda amarrado, enquanto via Cooper esfregar a testa. “Desgraçado!”

“Não sou obrigado a sentir seu bafo fedorento, não deveria chegar tão perto se não queria nada assim.”

“ARGUS?” parece ser a voz de Oliver.

“A CIA foi bem prepotente...” Barry fala em seguida.

“Somos bem impressionantes...”

Volto para o escuro, e sinto alguém desamarrando minhas mãos. Os olhos azuis de Oliver são as primeiras coisas que consigo ver, quando ele me pega nos braços como se eu fosse uma criança de colo. “Oi.” Diz com um lindo sorriso ao me ver de olhos abertos. “Obrigado por não morrer.” Murmura cheio de alívio no rosto, encostando sua testa na minha.

“Disse que nós éramos o apocalipse.” Sorrio enterrando meu rosto em seu pescoço, enquanto ele parece correr comigo no colo, alguém se lança em sua direção e ao me tirar do caminho enquanto revidava os golpes, bato meu ombro em uma parede, Oliver me pega novamente e voltamos a correr. Entra para o que me parece ser uma espécie de van, mas não tenho certeza. Ele me mantém sentada em seu colo, acariciando minhas costas e parecendo me acalmar, ou se acalmar, já que podia sentir seu coração acelerado enquanto me abraçava.

“Acabou agora.” Fala com carinho, dano um beijo entre meus olhos. “Está segura.”

“Você se apaixonou.” Uma voz masculina distante comenta.

“Acontece cedo ou tarde.” Reconheço a voz de Barry e escuto a porta se fechar.

“Podem falar menos e levar Felicity de volta para o hospital? A noite não acabou, ainda temos um traficante para pegar, a temperatura dela está aumentando.”

“Ouviu o agente dois, Chase.” Barry diz com urgência. “Vou colher uma amostra do sangue dela e tentar fazer o antidoto, caso não encontrem o traficante.”

“É uma boa ideia.” Oliver concorda me apertando um pouco mais contra seu corpo. “Aguenta firme, por favor.”

Abro os olhos e demoro um tempo para me lembrar que estou em um hospital. Barry está sentado novamente na cadeira ao meu lado, lendo um livro a luz fraca de um abajur. Percebe que estou acordada e o deixa sobre a mesinha de cabeceira, parece outra pessoa e começo a perceber o que a falta de atração física sempre me fez ignorar, bom, a falta que veio depois daquele beijo. Barry tem traços fortes apesar de seu ar de bom moço, braços bem definidos o que exigiriam mais do que só comer e dormir, moro na mesma casa que ele, já o vi de toalha algumas vezes e aquele abdômen não é dado por Deus de graça e sem nenhum esforço. Ele sempre me pareceu estar a um passo à frente...

Afasto a manga da camisa larga que usava e vejo uma mancha roxa em meu ombro direito. Tudo aquilo aconteceu mesmo. Barry percebe minha epifania e conserta a postura, apreensivo. -Aquilo, aquele bunker? -olho ao redor confusa e ele assente com os olhos tristes. -Você, Oliver, o que vocês são?


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Notas finais do capítulo

Então gentes, pareceu que não ia, mais foi. Felicity se recuperou de sua "aminésia condicionada por DORGAS", tô com meu coração apertadinho aqui pelo menino Barry, por que o pobre coitado já tava sofrendo por antecipação, nem imagino como está agora. Bom, eu imagino, aliás eu sei... Mas vocês entenderam.
Comentem e me contem suas impressões, que vou adorar conversar com vocês.
Obrigada mais uma vez Adormecida, você fez o dia dessa autora muito melhor!
Bjnhos!



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