Sem Medo escrita por Lola Royal


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!

Como prometido aqui mais um bônus de Sob minha Pele, dessa vez a última.

Sim, Sem Medo é uma one bônus de Sob minha Pele, você só entenderá os fatos presentes aqui em sua totalidade se tiverem lido a fanfic. Podem ler aqui: https://fanfiction.com.br/historia/715768/Sob_minha_Pele/

Também tem outras três ones bônus: https://fanfiction.com.br/historia/754802/Garoto_do_Brooklyn/
https://fanfiction.com.br/historia/760488/Bonequinha/
https://fanfiction.com.br/historia/763993/Nos/

A one se passa alguns anos depois do epílogo de Sob minha Pele, ela é em comemoração ao Natal.

Espero de coração que gostem, boa leitura!

Dedicado a todos que como eu, o Garoto do Brooklyn e sua Bonequinha aprenderam a enfrentar seus medos ♥



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Eu acordei em um sobressalto naquela manhã, mesmo que estivéssemos no inverno e que nevasse lá fora desde o dia anterior, sentia meu corpo suado. Meu coração também estava acelerado, tudo isso um resultado do pesadelo que estava tendo em meu sono, um pesadelo em que eu via Bella levar um tiro de Sarah Black.

 

— É só um pesadelo, só um pesadelo — murmurei para mim mesmo, controlando minha respiração.

 

Olhei para o lado na cama, vendo que Bella não estava mais lá. Levantei da cama, indo procurar minha esposa no seu banheiro e no closet, mas ela não estava lá, nem mesmo no meu banheiro.

 

Deixei nosso quarto chamando por ela, mas Bella não respondia de lugar algum. A procurei nos quartos de Riley e Renesmee — que seguiam dormindo —, mas parecia mesmo que minha esposa tinha evaporado.

 

Aquilo me preocupou na mesma hora, Bella já estava no fim da sua gestação — na quadragésima semana —, ela não estava mais saindo de casa sozinha, eu também sabia que ela não tinha nada marcado com ninguém naquela manhã de véspera da véspera do Natal. No entanto, tudo só me deixava mais preocupado porque no dia anterior Sarah Black, a mãe de Jacob e esposa de Billy, recebeu sua liberdade condicional.

 

Foi algo que além de nos deixar revoltados, também nos pegou de surpresa. Mas a merda da justiça achou que ela poderia receber aquele benefício e a mulher que deveria ter muitos outros anos presa, estava solta por New York.

 

— E se ela vier atrás da gente? — Bella perguntou apavorada no dia anterior quando soubemos da decisão de soltura de Sarah. — Tudo que aconteceu. — Minha esposa chorava em meu ombro. — Ela pode querer vingança, Garoto do Brooklyn.

 

Eu tentei confortar Bella, dizendo que se Sarah tinha sido solta isso significava que ela estava reabilitada e pronta para conviver em sociedade, mas não estava convencido. Por isso eu tinha contactado os nossos advogados para emitirem pedidos de ordens de restrição, seria só uma folha de papel ordenando que Sarah não poderia chegar perto de qualquer um de nós, mas seria uma forma de alerta a justiça que ela não era cem por cento confiável.

 

Voltei ao quarto, depois de rondar a casa inteira uma segunda vez atrás de Bella. Ela definitivamente não estava lá, isso ficou ainda mais claro quando não encontrei sua carteira na mesinha do seu lado da cama, mas ela tinha deixado seu celular para trás, o que me impediria de ligar.

 

Procurei ser o mais racional possível naquele instante, mesmo com a tensão em ter minha esposa grávida — alguns dias para dar a luz — sumida por New York. Bella podia ter só sentido vontade de dar um passeio, levou sua carteira caso quisesse comprar algo no meio do caminho, como nosso café da manhã.

Além disso, ela não poderia ter sido sequestrada de dentro do nosso próprio apartamento, não com todas as janelas e portas intactas. E na rua… Merda!

 

— Eu juro que vou matar aquela mulher se ela tiver tocado na minha esposa — falei, aquela altura tremendo de nervoso, ao imaginar que Bella poderia ter sido pega por Sarah na rua.

 

Peguei meu próprio celular e mandei mensagens para todos, meu sogro, minha mãe, minha irmã, meus amigos e de Bella. Alguém poderia ter tido uma notícia dela, eu também desbloquei seu celular, cuja senha era a data do nosso casamento de trás para frente e procurei por algum sinal, mas qualquer atividade no aparelho parou antes de irmos dormir na noite passada e não tinha nada indicando onde ela poderia estar aquela manhã.

 

Charlie foi o primeiro a me responder, na verdade ele me ligou, exaltado.

 

— Isabella sumiu?

 

Respirei fundo, ainda mais nervoso ao falar com ele.

 

— Eu não sei direito, ela simplesmente não estava em casa hoje quando acordei…

 

— Isso quer dizer que ela sumiu! — Charlie gritou.

 

— Eu vou sair e procurar por ela — falei. — Você pode vir até aqui cuidar das crianças?

 

— Não sei, Renée não dormiu nada a noite inteira, estava preocupada com a história daquela Sarah sendo solta. Ela dormiu pouco antes de eu receber sua mensagem, se eu sair e ela não me encontrar aqui… — Minha mente se dispersou de Charlie quando eu ouvi a campainha tocar.

 

— Espera, pode ser a Bella! — exclamei para meu sogro, saí do quarto em disparada, torcendo para minha esposa ter esquecido suas chaves quando saiu.

 

Abri a porta e não era ela, sim minha mãe, que carregava uma sacola parda na mão que exalava cheiro de pães.

 

— Oi, eu trouxe café da manhã. Joe está de plantão, pensei em vir passar o dia com você, Bella e as crianças. Tenho certeza de que a Bella precisa de um descanso, com aquele barrigão...

 

— Mãe, você viu a Bella? — eu indaguei agitado, fechando a porta, percebendo que ela ainda não devia ter conferido seu celular desde a minha mensagem.

 

— Hum, não? — perguntou de volta, confusa. — Ah, já sei, isso é algum tipo de jogo? Estão brincando de se esconder com as crianças? Clary adorava isso quando era criança, você se lembra?

 

— Mãe, foco! — exclamei, aquilo foi o suficiente para ela notar que algo estava errado. — A Bella não está em casa, deixou o celular, levou só a carteira e não me avisou que estava saindo. Ela está quase tendo o bebê, não sai mais de casa só, não sairia assim do nada sem me avisar, e ontem recebemos a notícia sobre Sarah, ela estava tão mal, eu estou tão preocupado. — Comecei a chorar.

 

Rapidamente minha mãe seguiu até a cozinha, carregando sua sacola com café da manhã em uma mão e me arrastando pela a outra. Ela percebeu que eu estava no telefone com alguém, o tirou da minha mão e trocou algumas palavras com Charlie, enquanto eu chorava apoiado no balcão.

 

— Eu disse para Charlie ficar com Renée — minha mãe falou, devolvendo meu celular, a ligação tinha sido finalizada. — Não é bom que ela se estresse, vamos tentar ter algo mais sólido antes de informar qualquer coisa. Vamos fazer o seguinte — continuou a falar, pegando um bloco de notas e uma caneta que tínhamos na cozinha. — Eu ficarei aqui com as crianças, você sairá atrás de Bella, senão a acharmos até o meio-dia, iremos até a delegacia denunciar o sumiço.

 

— Isso é muito tempo — falei entre dentes.

 

— Ela pode estar só precisando de um minuto para si.

 

— Ela está grávida! — gritei.

 

— Primeiro, sei que você está nervoso, mas gritar comigo agora não vai resolver nada. Segundo, Bella está grávida, não doente. Sei que ela está no fim da gestação, mas pode mesmo ter saído só para tomar um ar. Então, vamos listar os lugares que ela pode estar, você é o único que pode ir atrás dela. Joe está no hospital, Carlisle, Esme, Alice, Jasper e as meninas devem estar voando para New York agora vindos de Paris, sua irmã só chega amanhã da faculdade, Rose e Arthur de Chicago também. E nós sabemos que Renée precisa de alguém com ela, Charlie é o mais indicado agora. Você está pronto para pensar em alguns lugares?

 

— Sim — murmurei em resposta, começando a listá-los para mamãe. A lista ia desde o Central Park ao cemitério onde Marcus tinha sido enterrado. — E se eu não a encontrar? — perguntei apavorado para minha mãe. — E se Sarah fez algo com ela?

 

— Papai? — Olhei para a entrada da cozinha, vendo Riley ainda vestido em seu pijama coçando seus olhos. — Cadê a mamãe? Ela não tá no quarto de vocês.

 

— Ela saiu para um passeio — mamãe respondeu antes de eu sequer conseguir terminar de processar a pergunta.

 

— Por que ela não me levou? — Riley choramingou.

 

— Era um passeio chato de adultos — minha mãe respondeu, indo até o neto e o levando até a mesa da cozinha. — Edward, você precisa ir encontrar a Bella nesse passeio chato de adultos agora, filho.

 

E se eu não a encontrasse?

 

***

 

Sai do apartamento depois de trocar de roupas rapidamente, deixando Riley e Renesmee sob os cuidados da avó. Eu conferi a lista de lugares onde achava que Bella podia estar, depois de dar uma volta por nosso bairro e não a encontrar em lugar algum, dirigindo até o cemitério onde o avô dela estava enterrado.

 

Bella sempre preferia ir só até lá, ou com sua mãe. Tinham sido poucas vezes que eu a acompanhei, ela se sentia melhor sozinha ou só com Renée ali, eu entendia o porque, afinal aquela noite tantos anos antes tinha sido um grande caos em nossas vidas.

 

A neve tinha aumentado quando cheguei ao cemitério, apertei o passo até o túmulo de Marcus Higginbotham, mas antes mesmo de chegar lá consegui ver que Bella não estava ali. Eu conclui o trajeto, parando diante do local onde aquele homem estava enterrado.

 

— Onde ela está? — eu indaguei, encarando o nome de Marcus. — Onde ela se enfiou?

 

Eu voltei a chorar.

 

Minha esposa estava desaparecida, minha esposa grávida. Porra, se alguém tivesse feito mal a ela? A Josh? Ele era só um bebê, eu ainda nem o conhecia de verdade.

 

Voltei a pensar na noite passada, buscando uma pista do paradeiro de Isabella em minhas memórias.

 

— Eu estou com tanto medo — ela tinha sussurrado.

 

— Você não precisa ter, Bonequinha — eu respondi, erguendo seu pulso, beijando sua tatuagem. — Sem medo, lembra?

 

Ela riu baixinho, encarando sua tatuagem, mas ainda chorava.

 

— E se ela foi ao cemitério visitar meu pai? — perguntei a mim mesmo, esfregando minha própria tatuagem em homenagem ao meu pai.

 

Dei as costas para o túmulo de Marcus, eu teria de cruzar o caminho de volta para o Brooklyn e procurar por Bella novamente lá, daquela vez onde meu pai estava enterrado, um local que não estava na lista. A véspera da véspera de Natal aquele ano não tinha um pingo de clima natalino.

 

***

 

Bella estava lá, sentada junto ao túmulo do meu pai, toda coberta por seu casaco comprado em nossa última viagem para Paris. Me aproximei dela devagar, sentando ao seu lado, ela chorava baixinho e olhou por mim através das suas lágrimas.

 

— Oi, Bonequinha.

 

— Gar-Garoto do Br-Brooklyn — choramingou o apelido, eu me movi para mais perto dela, a abraçando delicadamente.

 

— Está tudo bem — sussurrei, me sentindo aliviado de tê-la encontrado, podia estar nervosa e chorando, mas estava viva e intacta, em meus braços, ela e nosso filho. — Por que você saiu sem dizer nada?

 

— Eu fui dar uma volta pelo bairro, para tentar distrair a cabeça, quando me dei conta estava pegando um táxi até aqui. Sei lá, eu quase nunca venho visitar seu pai, então fiquei pensando sobre a tatuagem, sobre não sentir medo e parei aqui. — Ela me olhou envergonhada. — Me desculpa, eu não devia ter saído sem dizer nada, foi tão irresponsável da minha parte.

 

— Não, está tudo bem. — Eu tinha ficado louco de medo com ela sumida, mas não iria ficar brigando com Bella por isso e só a deixar mais tensa. — Estou tão feliz de estar com você agora, Bonequinha. — Beijei seu rosto molhado por lágrimas. — Melhor irmos para casa agora, ok? Está nevando, você não pode ficar muito tempo exposta sentada aqui, precisa ir para casa, você e Joshua tem de descansar.

 

O choro dela se tornou pior naquele momento.

 

— Ei, o que foi? — perguntei, afastando seus cabelos do rosto.

 

— Aquela mulher está solta, Edward — disse desesperada. — O filho dela e o marido foram presos por minha culpa, e se ela quiser machucar você ou nossos filhos? Se ela fizer algo contra o Joshua? Ele vai nascer em breve, será tão indefeso, eu tenho tanto medo do que pode acontecer com meu bebê.

 

— Bonequinha, primeiro, nada vai acontecer ao Josh, certo? Nem ao Riley, ou a Renesmee, nem a mim, ou a você. Estamos todos bem, continuaremos assim. — Beijei a ponta do seu nariz, ela deu um pequeno sorriso. — Segundo, você não tem culpa alguma sobre as prisões dos Black, eles foram presos por merecerem, por terem cometido seus próprios erros.

 

— Mas…

 

— Não há discussão sobre isso, amor. — Eu a ajudei a se erguer do chão. — Não tenha medo, nada vai acontecer. Vamos voltar para nossa casa, ficar com nossos filhos e fazer biscoitos para o Natal.

 

— Não sabemos fazer biscoitos, Garoto do Brooklyn.

 

Eu ri, ela sorriu.

 

— Minha mãe está lá, ela faz pra gente. — Segurei com firmeza em sua mão. — Podemos ir?

 

Nós dois olhamos para o túmulo do meu pai, eu fui invadido por uma saudade gigantesca, mas me mantive forte.

 

— Vamos, vamos pra casa — Bella sussurrou em resposta.

 

***

Bella e eu passamos o resto daquele dia em casa com minha mãe e as crianças, a maior parte do tempo foi gasta fazendo biscoitos, o que animou e muito nossos filhos. De noite, após o jantar que foi hot dog feito em casa que não era tão bom como o do Joshua que inspirou o nome do nosso filho caçula, mamãe foi embora.

 

Não demorou para as crianças dormirem, então Bella e eu descemos até nossa sala de música/atelier. Ela ficou desenhando em um dos seus inúmeros cadernos, enquanto eu tocava algumas composições novas em que estava trabalhando.

 

— Garoto do Brooklyn? — Bella chamou por mim, fazendo com que eu a olhasse. — Me ajuda a ir pro quarto? Estou cansada, foi um longo dia, melhor ir dormir logo.

 

— Claro, Bonequinha — falei, indo até ela, a ajudando a ficar de pé. Eu vi o que ela desenhava antes, uma arma, mas que ao invés de atirar uma bala, atirava flores.

 

Não falei sobre aquilo, Bella não parecia a disposta a falar sobre de qualquer forma. Nós fomos para nosso quarto, deixei Bella na cama e busquei por roupas para ela.

 

— Estou tão gorda — ela se queixou enquanto colocava as novas roupas.

 

— Você está grávida.

 

— Gorda! — disse com firmeza na voz. — Muito gorda.

 

— Bonequinha, grávida. — Dei um beijo barulhento na sua bochecha, ela resmungou.

 

— Olha o tamanho do meu braço, Edward — reclamou tocando no direito. — Fora que engordei mais nessa grávidez do que na do Riley, ou na da Renesmee. Eu nunca mais serei magra de novo, isso é um desastre. Ah, saudades de ter um braço magro.

Eu ri, sentando ao seu lado na cama.

 

— Bonequinha, posso dizer algo?

 

— Pode.

 

— Sua bunda está muito gostosa agora com os quilos a mais!

 

Ela me encarou em choque.

 

— Isso quer dizer que estou mesmo gorda?

 

— Espera…

 

— Você tá me chamando de gorda?

 

— Mas…

 

— Não devia me chamar de gorda, nunca chame sua esposa de gorda.

 

— Você começou!

 

— Você não deveria concordar!

 

— Bonequinha, você está bagunçando a minha cabeça — declarei, foi o suficiente para eu ver a expressão nervosa dela se suavizar e Bella sorriu largamente.

 

— Eu sempre baguncei, Garoto do Brooklyn. — Beijou meus lábios, mas se afastou rapidamente e falou. — Eu não estou gorda, entendido?

 

— Entendido.

 

— E vou continuar reclamando do meu peso, você só deve abrir a boca para discordar, ok?

 

— Ok.

 

— Vamos fazer um teste! — declarou como se estivesse falando com um dos nossos filhos, o que me fez sorrir. — Garoto do Brooklyn, eu estou gorda, não estou?

 

— Gorda, Bonequinha? — indaguei colocando descrença na minha voz. — Você não está gorda, nunca esteve gorda… Mas essa sua bunda grande, meu amor, que gostosa! — provoquei, Bella ficou vermelha de raiva e acertou um soco no meu braço, eu gargalhei.

 

— Não estou gorda — choramingou, eu ri mais e a coloquei em meus braços.

 

— Você está linda, Bonequinha — afirmei. — Sempre esteve, é a mulher mais linda do mundo todo. E se você engordou eu não ligo, isso quer dizer que você está alimentando bem nosso filho. — Toquei em sua barriga, Joshua estava lá dentro se movimentando sem parar.

 

— Eu vou direto pra academia depois que ele nascer — ela falou, unindo sua mão a minha. — Acho que ele vai nascer no dia de Natal — disse.

 

— Você acha? — perguntei ansioso. — Já está sentindo algo?

 

— Não, mas já estou na quadragésima semana, né? E ele tem cara de que vai querer nascer em um dia assim, como Riley que inventou de nascer em pleno vinte e nove de fevereiro.

 

— Nossos garotos são exibidos — eu falei, me curvando para beijar sua barriga. — Renesmee não, ela é muito na dela.

 

— Ela é uma princesinha, exatamente como eu — Bella provocou.

 

— E você precisa dormir agora, princesinha — alertei, Bella concordou.

 

— Preciso mesmo, estou muito cansada.

 

— Ei, promete que nunca mais vai desaparecer sem dizer onde está indo — pedi, Bella sorriu para mim e afagou meu rosto.

 

— Eu prometo, me desculpa pelo que aconteceu, foi um erro sair daquele jeito sem te avisar nada.

 

Suspirei e afaguei sua mão que ainda estava em meu rosto.

 

— Amo você, Bonequinha.

 

— Eu também te amo, Garoto do Brooklyn. Sou tão feliz por ter você, por termos nosso nós.

 

***

 

Na manhã seguinte Renesmee e Riley tinham um pedido especial para a véspera de Natal, que foi feito às sete da manhã com os dois invadindo meu quarto e de Bella.

 

— Pai, mãe, vamos brincar na neve!

 

— Eu quero fazer um boneco de neve.

 

— Eu quero fazer um anjo.

 

— Eu quero dormir — Bella resmungou do seu lado da cama. — Se vocês não pararem de gritar o Papai Noel não vai trazer os presentes amanhã.

 

— Mas, mãe — Renesmee começou. — Foi você quem disse que o Papai Noel não existia, lembra? Disse que quem comprava os presentes era você, que devíamos te agradecer.

 

Eu ri, obviamente minha esposa não perderia a chance de se gabar com as crianças.

 

— Estava mentindo, o Papai Noel existe, agora se comportem ou amanhã não terão presentes.

 

— Quero brincar na neve, mãe — Riley reclamou, ele estava pendurado em meu braço, Renesmee saltitando em seu lugar, os dois muito animados com a ideia de sair e brincar com a neve.

 

Bella abriu seus olhos e se voltou para mim.

 

— Leva eles para brincar, Garoto do Brooklyn.

 

— Você tem que ir junto, é quase Natal, a família não pode ficar separada — falei, ela rolou seus olhos castanhos para mim.

 

— Você tá dizendo isso por que quer iniciar uma guerra de neve como no ano passado?

 

— Não, claro que não — menti.

 

— Guerra de neve! — Riley gritou, Renesmee não gostou daquilo e se expressou sobre.

 

— Não gosto de guerra de neve.

 

— Você é igualzinha sua mãe — falei.

 

— O que quer dizer que você é incrível, filha! — Bella exclamou.

 

— E um pouquinho fresca — sussurrei, minha esposa bateu no meu ombro e se sentou na cama.

 

— Ok, vamos sair e brincar na neve. Mas eu juro que se alguém jogar neve no meu cabelo eu vou cancelar o Natal — Bella anunciou.

 

***

 

As crianças não poderiam estar se divertindo mais, fizeram anjos e bonecos de neve e tivemos até um principio de guerra de neve, que Bella fez parar com uma nova ameaça de cancelar o Natal. Então, nós todos voltamos para casa, trocamos de roupas e decidimos substituir o almoço por chocolate quente e panquecas, uma vez que sequer tínhamos tomado café da manhã, só Bella que se encheu de frutas antes de sairmos para a neve.

 

Nós comemos falando sobre os planos de Natal para o dia seguinte, ficaríamos em casa na primeira parte da manhã abrindo os presentes com as crianças, depois iríamos para o almoço ofertado por Carlisle e Esme em Manhattan, onde todo mundo estaria. As crianças também não pararam de nos questionar o que iriam ganhar de presente, eu brinquei dizendo que naquele ano seriam meias, os olhares dos dois foram os mais preocupados possíveis.

 

Depois de comermos nos reunirmos na sala para assistir um filme de Natal, que virou uma grande sessão com mais e quando nos demos conta já era cinco da tarde. Bella decidiu ir para nosso quarto dormir um pouco, estava cansada demais, então Riley sugeriu que voltássemos para o lado de fora para brincar na neve, o que Renesmee prontamente aceitou e eu topei levá-los para lá.

 

— Papai, quando o Josh vai nascer? — Renesmee perguntou, enquanto tentávamos fazer um cachorro de neve, o que não estava dando muito certo, já estávamos naquilo por pelo menos meia hora.

 

— Em breve, querida — respondi, sem sucesso deixando o quinto rabo do cachorro cair.

 

— E quando ele nascer vai vir brincar na neve com a gente! — Riley comemorou, enquanto acertava bolas de neve contra a caixa de correios.

 

— Ele ainda será muito pequeno, Riley — falei. — Mas no próximo inverno poderá brincar com vocês. Agora para de jogar neve na caixa de correios e vem me ajudar com o rabo desse cachorro.

 

Riley riu, mas seguiu até onde o cachorro de neve — ou a tentativa frustrada de um — estava. Nós três trabalhamos mais um pouco nele, sem interrupções, mas isso acabou quando ouvi uma voz diferente próxima.

 

— Olá!

 

Olhei para trás e vi Sarah Black, o que me fez paralisar de medo. Eu nunca tinha a visto pessoalmente, sequer estive em seu julgamento, mas a reconhecia por fotos.

 

— Você é o marido de Isabella, não? — perguntou, com nojo em sua voz, que ficou mais acentuado quando falou o nome da minha esposa.

 

— Que é essa, papai? — Renesmee perguntou, o que me tirou do meu estado de choque.

 

— Entrem no prédio! — ordenei para as crianças.

 

— Mas…

 

— Entrem no prédio! — repeti, interrompendo a fala de Riley, ele e Renesmee resmungaram, mas entraram no prédio como ordenei.

 

— Você está com medo, Edward? — Sarah perguntou em um tom divertido.

 

— Você não deveria estar aqui, vá embora ou eu chamarei a polícia.

 

— Onde está Isabella?

 

— Vá embora — repeti, já andando até o prédio. — Estou falando sério.

 

— Eu só quero trocar algumas palavras com ela, Edward — Sarah disse. — Chame sua esposa para mim, certo? Ou eu terei que voltar outro dia e conversar com uma daquelas crianças adoráveis de vocês dois.

 

Aquilo despertou mais ódio em mim, andei em direção a Sarah e exclamei:

 

— Fique longe dos meus filhos!

 

— Sua esposinha fez com que a vida do meu fosse arruinada — ela rebateu.

 

— Bella não teve culpa alguma sobre a prisão de Jacob.

 

— Ele só matou aquele homem, seu padrasto, para a defender.

 

— Não foi assim, você sabe muito bem disso. E se quer culpados para a desgraça de Jacob pense em si mesma e no seu marido, dois filhos da puta.

 

— Edward? — Segui o som da voz de Bella, vendo-a na porta do prédio, com Riley e Renesmee atrás de si, estava apavorada.

 

— Ai está você! — Sarah sorriu perversamente para Bella.

 

— Bonequinha, vá para dentro!

 

— Eu só quero conversar com ela — Sarah disse entredentes. — Infelizmente não consegui uma arma, se eu tivesse uma já teria matado…

 

— Chega! — eu gritei com aquela mulher. — Vá embora, agora, nos deixe em paz!

 

Eu me voltei rapidamente para o prédio, agarrei a mão de Bella e fiz com que ela e nossos filhos entrassem. Não deixem ninguém parar até estarmos no nosso apartamento, onde Bella começou a falar:

 

— Acordei e não vi vocês em lugar nenhum, desci e vi as crianças paradas perto da porta, quando olhei lá para fora você estava falando com aquela mulher. — Bella começou a chorar, eu a coloquei em meus braços.

 

— Quem era aquela mulher, papai? — Riley perguntou.

 

— Ela tinha cara de malvada — Renesmee sussurrou. — Mãe, por que você tá chorando?

 

— Ei, por que vocês não tiram seus casacos, sapatos, gorros e vão brincar lá no quarto do Riley? — sugeri para as crianças, eles claramente não gostaram daquilo, mas toparam e foram para o quarto do meu filho mais velho. — Vem, Bonequinha, senta aqui. — Coloquei Bella em um sofá da sala, seu corpo tremia.

 

— Ela vai fazer algo contra a gente, vai conseguir uma arma e nos matar.

 

— Não, ela não vai, isso não irá acontecer, Bonequinha — falei, mas ainda estava assustado com a ameaça de Sarah. Eu já tinha passado por muita merda na minha vida, uma fase complicada demais que pensei que estaria pra sempre presa ao passado.

 

— Me promete que se algo acontecer comigo você não vai querer bancar o herói — Bella pediu.

 

— Bella…

 

— Estou falando sério, Edward. Se algo acontecer comigo você vai aceitar, nós temos dois filhos, o terceiro prestes a nascer, não quero que eles cresçam sem um pai como nós dois crescemos.

 

Engoli em seco.

 

— Por favor, pense em Renesmee, Joshua e Riley primeiro, ok? — implorou. — Eles precisam de você. Prometa!

 

— Eu prometo — sussurrei, ela assentiu e beijou meus lábios demoradamente. — Vou ligar para a policia e os advogados — falei quando nosso beijo acabou.

 

Bella concordou com um aceno de cabeça, encolhendo-se no sofá, com suas mãos sobre a barriga.

 

Eu fiz todas as ligações necessárias, o que enviou para minha casa os nossos advogados, policiais e meu padrasto, minha mãe e Clary — os três últimos para distrairem meus filhos —. A policia logo iniciou uma busca por Sarah, que não entrava em contato de volta com eles, o que estava a configurando como foragida.

 

— Garoto do Brooklyn? — Bella chamou por mim, policiais e advogados já tinham ido embora, permanecendo em nosso apartamento apenas a família.

 

— Sim, Bonequinha?

 

— Estou começando a sentir contrações — contou, com o rosto retorcido de dor.

 

— Sério?

 

— Não, estou inventando — debochou. — Claro que é sério!

 

— Ok, ok! — Cruzei a sala até ela, sentando ao seu lado. — A sua mala e a de Josh já estão prontas, vamos para o hospital, vai dar tudo certo, confia em mim?

 

— Estou com medo de sair, com essa louca foragida — disse assustada.

 

— Não, ela não fará nada — assegurei. — Vamos só pensar em Joshua agora. Ele precisa nascer e precisa que a gente foque nele.

 

— Tá, você está certo.

 

— Mãe? — gritei por ela, que apareceu na escada apreensiva.

 

— O que foi, Edward?

 

— Joshua vai nascer!

 

Um sorriso tomou conta do rosto dela.

 

— Josh vai nascer? Meu neto vai nascer? Esse é o melhor presente de Natal de todos! — gritou animada, Bella ao meu lado riu um pouco.

 

— Eu disse que ele ia nascer no Natal.

 

— Ainda é dia vinte e quatro.

 

— Já são quase oito da noite, duvido que ele nasça tão rápido — minha esposa falou. — Lizz, nós precisamos ir para o hospital — falou para minha mãe. — Será que você e Clary podem ficar com as crianças e irem depois com elas? E Joe pode ir com a gente agora, não quero Edward dirigindo nervoso como ele está.

 

— Eu não estou… Ok, estou muito nervoso, ansioso demais, meu filho vai nascer! — Beijei a barriga de Bella. — Pronto para vir ao mundo, Josh?

 

***

 

Joe nos levou para o hospital, onde Bella foi colocada em um quarto e examinada por sua médica. Ainda tinha pouco de dilatação, o que confirmava que demoraria mais até o bebê nascer.

 

Logo o hospital encheu com nossa família e amigos, meus sogros foram os primeiros a chegarem, seguidos de Jasper e Alice — que tinham deixado suas filhas com a mãe de Jasper que estava na cidade para o Natal, Carlisle e Esme apareceram em seguida, então Rosalie e Arthur.

 

— Quando vocês vão ter um bebê? — Esme perguntou para Rose e Arthur, estávamos todos no quarto com Bella, o que não agradava as enfermeiras, mas com minha esposa e eu tendo investimentos naquele hospital, fora Esme e Carlisle, não era como se não pudéssemos deixar de seguir algumas regras.

 

— Não vamos, Edward e Bella já tiveram filhos por todos nós — Rosalie respondeu.

 

— Há, muito engraçado! — Bella exclamou, apertando minha mão com força enquanto tinha uma nova contração. — Ah, porra!

 

— É, eu com certeza não vou engravidar — Rosalie anunciou.

 

— Podemos ter um cachorro — Arthur disse, parecendo meio apavorado com Bella xingando e gritando.

 

—Eu adorei essa ideia, vamos agora mesmo ir pesquisar sobre filhotes para adotar! — Rosalie o puxou para fora do quarto.

 

— Todo mundo sabe que eles não estão indo pesquisar sobre filhotes, mas indo fazer outra coisa, né? — Alice perguntou rindo, enquanto passava suas mãos pelos cabelos suados de Bella.

 

— Alice, é da minha irmã que você tá falando! — Jasper disse enjoado.

 

— E você a conhece muito bem, sabe como ela é — Alice declarou.

 

— Você precisa de algo, filha? — Renée perguntou para Bella.

 

— Não, só colocar esse menino no mundo de uma vez — minha esposa disse.

 

— Não quer mesmo uma cesárea, Bella? — Carlisle e Joe perguntaram ao mesmo tempo.

 

— Não, não, ele vai nascer de parto normal — disse decidida. — Edward, não deixe ninguém me cortar.

 

— Não vou, Bonequinha. — Beijei sua testa.

 

— Estou tão nervoso! — Charlie falou, começando a chorar.

 

— Ah, Charlie! — Renée foi abraçá-lo.

 

— Edward? — Bella chamou para mim, eu me aproximei mais dela, fazendo com que pudesse a ouvir melhor, já que sua fala foi baixa. — Diz pra sua mãe trazer o Riley e a Renesmee.

 

— Mas ainda pode demorar mais até o Josh nascer.

 

— Eu sei, mas preciso falar com as crianças — disse e engoliu em seco.

 

— Bonequinha, o que está pensando?

 

— Só estou com medo, ok? E quero falar com eles, caso algo aconteça.

 

— Nada vai acontecer.

 

— Garoto do Brooklyn, por favor.

 

***

 

Quando Riley e Renesmee chegaram ao hospital, com minha mãe e Clary, já eram dez da noite. Todos saíram do quarto, me deixando sozinhos com as crianças e minha esposa.

 

— O Josh já vai nascer, mamãe? — Renesmee perguntou, estava sentada ao lado de Bella na cama, assim como Riley.

 

— Sim, logo ele estará aqui, filha. — Bella afagou o rosto de Renesmee. — Eu queria dizer algo para vocês dois. — Olhou para Riley. — Que amo demais vocês, amo tanto, tanto. — Começou a chorar. — E eu juro que nunca vou parar de amar vocês. — Ela segurou em uma mão de cada. — Eu quero que lembrem-se sempre disso, tudo bem?

 

— Tudo bem, mãe — responderam juntos, Bella assentiu e voltou a chorar, as crianças e eu a abraçamos rapidamente. — Também te amo, mãe — Riley falou.

 

— É, eu te amo, mamãe — Renesmee fez coro.

 

— Amamos você, Bonequinha — sussurrei em seu ouvido.

 

***

 

Quinze para meia noite Bella já estava na sala de parto, comigo como seu acompanhante, para dar a luz a Joshua. Eu segurava em sua mão, lhe dando todo o apoio que podia naquele momento.

 

— Vamos lá, Bonequinha, você consegue! — incentivei, ela choramingou enquanto fazia força.

 

— Isso, Bella, você está indo muito bem — sua médica disse.

 

— Eu não consigo.

 

— Claro que você consegue, Bonequinha. — Beijei sua cabeça. — Mais um pouco e logo Joshua estará em seus braços.

 

Ela suspirou e voltou a fazer força.

 

— Lembra quando escolhemos o nome dele? — Ela sorriu ao ouvir minha pergunta. — Ele terá uma história e tanto para ouvir no futuro, não acha?

 

— Acho.

 

— Lembra quando você comeu aquele hot dog pela primeira vez?

 

— Sim, era tão bom!

 

— Muito bom.

 

— Edward, obrigada por aquela noite, foi uma das melhores da minha vida.

 

— Foi uma das melhores da minha vida também, Bonequinha. — Beijei sua cabeça outra vez. — Consegue fazer mais um pouco de força?

 

— Consigo.

 

— Vamos lá, lembra daquela noite do meu aniversário. Da dança, do hot dog, dos beijos…

 

— Do sexo.

 

Eu ri, ela sorriu para mim antes de voltar a fazer mais força.

 

Então, Josua nasceu, me distraindo de Bella por um instante. O seu choro era alto, forte, encheu a sala.

 

A médica me chamou para vê-lo e eu imediatamente cai de amores, meu terceiro filho estava ali, vivo e saudável. Eu cortei o cordão umbilical chorando, muito emocionado. E a médica o colocou em meus braços, ele era grande, forte e nasceu em pleno Natal.

 

— Oi, Josh — falei com ele. — Bem-vindo ao mundo, garoto! — O embalei em meus braços carinhosamente.

 

— Pode levá-lo até a mamãe — uma enfermeira disse e com cuidado conduzi meu filho até a mulher das nossas vidas.

 

— Ele é tão lindo, Garoto do Brooklyn! — Bella disse entre suas lágrimas quando coloquei Joshua em seu colo. — Ele é muito parecido com você, olha essa carinha de Garoto do Brooklyn.

 

— Ele é tão perfeito. — Beijei a cabecinha de Joshua e em seguida os lábios de Bella. — Muito obrigado por ele, Bonequinha.

 

— Eu que agradeço, Garoto do Brooklyn. — Sorriu para mim, mas logo estava com os olhos focados em Joshua. — Mal vejo a hora dos seus irmãos te conhecerem, eles vão te amar tanto. Eu te amo tanto.

 

— Preciso levar ele por um instante — uma enfermeira próxima falou, Bella suspirou em frustração, mas deixou com que ela levasse Joshua.

 

— Edward.

 

Não precisei ouvir mais nada que ela falasse, seu tom de voz em alerta era o suficiente. Segui a enfermeira com Joshua, indo ter certeza de que ele estava bem. Eu estava vendo a enfermeira o medir, limpar e tudo mais, quando notei a agitação crescente ao redor de Isabella.

 

Foi quando vi minha esposa pálida e desacordada, eu tentei chegar até ela, mas fui impedido e colocado para fora da sala. A enfermeira falava comigo, provavelmente explicando o que tinha acontecido, mas eu não conseguia ouvir, só pensava na minha esposa, em como eu precisava que ela acordasse e me deixasse ver seus olhos, dizendo que estava bem.

 

***

 

Bella teve uma hemorragia pós parto, algo sobre seu útero não conseguir se contrair. Eu fui tirado da sala de parto, então meu padrasto e Carlisle apareceram e me levaram para onde todos os outros estavam, enquanto a equipe médica cuidava de Isabella, minha esposa, a mãe dos meus filhos, amor da minha vida.

 

— Ela vai ficar bem, ela vai ficar bem — mamãe falava para mim, enquanto me embalava em seus braços.

 

Riley e Renesmee tinham dormido, antes mesmo de Bella entrar na sala de parto. Ele estava no colo de Arthur, ela no colo de Jasper, os dois a certa distância de mim e do meu choro desesperado.

 

— Cadê o Josh? — perguntei em meu choro.

 

— Esme está no berçário com ele e Renée — mamãe garantiu. — Ele está bem.

 

— Bella também vai ficar, Edward — Joe disse para mim. — Uma hemorragia é algo muito sério, claro, mas a equipe cuidando dela é extremamente profissional e habilidosa, irão cuidar muito bem dela. Eles estão operando ela agora, as outras técnicas não foram suficiente, logo Bella estará cem por cento.

 

— Ela não queria ser operada — murmurei.

 

— Era o melhor, filho — Joe falou, fazendo com que eu o encarasse. — Desculpe.

 

— Não, tudo bem — sussurrei. — A operação…

 

— Estão retirando o útero dela — explicou. — E garanto que ela ficará muito bem.

 

— Eu não posso perder ela.

 

— Você não vai, filho. — Mamãe beijou meu rosto.

 

Eu passei mais um bom tempo chorando, até que a médica apareceu.

 

— Bella está bem — respondeu antes que eu pudesse perguntar. — Infelizmente tivemos de chegar ao ponto da retirada do órgão, mas sua esposa já está muito bem agora. Ainda dormindo por conta da anestesia, mas já no quarto. Em algumas horas irá acordar e vocês poderão comemorar o Natal com Josh e seus outros filhos.

 

— Eu posso vê-la?

 

— Claro.

 

A médica me levou até Bella, que parecia muito vulnerável naquela cama hospitalar.

 

— Oi, Bonequinha — falei, segurando com delicadeza em sua mão. — Obrigado por ter sido forte — sussurrei. — Eu senti tanto medo, medo de te perder. Foi assim que se sentiu naquela noite, né? A que fui baleado? Porra, nós temos que parar de viver em altas emoções — murmurei, me inclinando para beijar seu rosto. — Acorde logo, nós temos três crianças para criar, juntos. Você e eu, ok? Eles vão ter nós dois ao lado deles, Bonequinha, sempre. Você e eu, somos um nós.

 

***

 

Passei o resto da madrugada me dividindo entre Josh e Bella, tinha acabado de voltar para o quarto dela no começo da manhã, quando minha esposa acordou.

 

— Isabella! — Apressei meu passo até ela e a beijei rapidamente. — Como se sente?

 

— O que aconteceu?

 

— Você teve uma hemorragia, precisou passar por uma cirurgia para retirada do útero — contei, ela estremeceu. — Está tudo bem, sei que você sequer queria uma cesárea, mas foi necessário. Sei que será estranho, era uma parte do seu corpo, mas vamos superar isso juntos. Como superamos tudo.

 

— Eu amo você — ela falou.

 

— Também te amo, amo mais agora que você quase me matou do coração.

 

— Desculpa.

 

— Tudo bem, foi uma prova que não sou cardíaco. — Ela sorriu minimamente.

 

— Cadê o Josh?

 

— No berçário, ele está muito bem, é o bebê mais lindo do lugar.

 

— Claro que é, é nosso filho!

 

Eu gargalhei, Bella riu um pouco, mas ainda estava grogue por conta da anestesia. Minha risada foi interrompida por meu celular tocando, eu o peguei para atender e a informação que recebi fez com que Bella me questionasse tensa.

 

— Ok, obrigado. Feliz Natal! — agradeci e finalizei a chamada.

 

— Edward, o que foi? — Bella perguntou de novo.

 

— Prenderam a Sarah — contei, Bella suspirou aliviada. — Ela vai ter a liberdade condicional revogada, voltará para o presídio, não chegará mais perto de nenhum de nós.

 

— Garoto do Brooklyn, traz meus bebês aqui, por favor.

 

***

 

Assim que Bella foi consultada, mais medicada e recebemos a garantia de que ela estava mesmo bem fisicamente, eu pedi para trazerem Josh para a mãe. Então, deixei o quarto e fui buscar por Renesmee e Riley, que tinham passado a noite no hospital também, pulando de um colo para o outro.

 

— Mamãe! — eles gritaram quando viram Bella, que estava sentada na cama.

 

— Ei, silêncio, vocês estão em um hospital — lembrei.

 

— Venham aqui! — Bella chamou por eles, com cuidado eu os sentei junto dela na cama.

 

— Não machuquem a mãe de vocês, ela está sensível — alertei.

 

— O que aconteceu, mãe? — Riley perguntou, olhando para o acesso do soro na mão de Bella.

 

— O parto foi complicado, mas está tudo perfeito agora. Vocês já viram o irmão de vocês?

 

— Ainda não, o papai disse que você ia querer estar acordada para ver a gente com o Joshua.

 

Bella olhou para mim, com gratidão em sua face.

 

— Você sempre pensa em tudo, não é, Garoto do Brooklyn?

 

— Eu tento, Bonequinha.

 

— Toc, toc!

 

Uma enfermeira entrou com Joshua no quarto, ele estava em um berço móvel.

 

— Obrigado! — Assumi a condução do berço, deixando a enfermeira sair do carro. — Olha só quem está aqui, Joshua Masen.

 

Tirei meu filho do berço, o segurando em meus braços. Mas não demorei com ele, sabia que Bella estava doida para carregá-lo.

 

— Oi, meu bebê! — falou com ele, toda derretida.

 

— Ele é tão fofinho! — Renesmee disse.

 

— Pai, posso jogar bola com ele? — Riley indagou.

 

— Ainda não, filho.

 

— Garoto do Brooklyn, ele é mesmo a sua cara — Bella proclamou.

 

— É, todo mundo tem dito isso. Mamãe diz que ele vai ter olhos verdes, os cabelos já dão indício do ruivo. — Passei a mão delicadamente pela cabeça de Josh. — Só sei que eu o amo tanto.

 

— E você me ama? — Riley me perguntou.

 

— Claro que te amo, filho. — Beijei sua cabeça e depois a de Renesmee. — Amo vocês dois. E a mãe maravilhosa de vocês. — Beijei Bella, que retribuiu.

 

— Te amo muito, Garoto do Brooklyn.

 

— Sempre vou amar você, Bonequinha! — Beijei a ponta do seu nariz.

 

Logo ela voltou sua atenção para Joshua, para Riley e Renesmee também, os dois tinham muito o que perguntar. Eu fiquei os observando, quieto, até que Bella disse para mim.

 

— Eu sonhei quando estava dormindo.

 

— Um pesadelo?

 

— Não, longe disso. Sonhei com seu pai, eu via você e ele brincando pelo Central Park. Ele andava até mim e dizia que eu não precisava ter medo.

 

Toquei na tatuagem em meu pulso, me sentindo grato por mil coisas naquele momento. Com certeza grato por meu pai, onde quer que ele estivesse, que sempre me dava forças e para minha esposa também.

 

Mal via a hora de Joshua crescer, para eu poder contar a ele sobre o meu incrível pai.

 

***

 

Joshua faria um ano no dia seguinte, naquela véspera de Natal nós saímos de casa para um passeio pela neve. Todos nós.

 

Eu tinha Joshua, que era mesmo minha cara, em meus braços. Bella caminhava junto de Renesmee e Riley, segurando suas mãos.

 

— Eu amo a neve — Riley proclamou.

 

— Aparentemente Josh também — falei, enquanto ele tentava pegar os flocos caindo.

 

— Edward, Edward, Edward! — o grito me fez parar de andar, olhei para o prédio ao lado e vi um garotinho loiro, que deveria ter seus dez anos de idade, descendo as escadas apressadamente, atrás dele uma mulher que deveria ser sua mãe. — Eu sou seu maior fã! — gritou parando perto de mim. — Tenho uma camiseta da The Dragons. — Apontou para a roupa que vestia. — Posso tirar uma foto com você? Diz que sim, por favor, por favor.

 

Eu ri, sua animação era contagiante.

 

— Você não pode sair por ai assim, menino! — a mãe brigou com ele. — Desculpa o incomodo.

 

— Não, tudo bem — garanti. — Claro que posso tirar uma foto com você, como se chama? — perguntei ao menino, Bella rapidamente pegou Josh dos meus braços e se afastou um pouco com as crianças.

— Dean Logan — respondeu empolgado. — Nem acredito que tô na sua frente, você é meu ídolo. — Baguncei seus cabelos.

 

— Você parece mesmo um grande fã, Dean, vamos tirar sua foto agora?

 

— Vamos, vamos!

 

Sua mãe já tinha seu celular a postos, eu me agachei para ficar na altura de Dean e sorri, deixando com que ela nos fotografasse. Ele me abraçou em seguida, eu retribui o abraço.

 

— Edward, um dia eu vou ser um rockstar como você! — Dean afirmou, ouvi a mãe dele sussurrar algo como:

 

— Sonho bobo.

 

— Carinha, eu tenho certeza de que você será ainda melhor que eu — falei. — Você toca guitarra?

 

— Não, mas vou aprender. Alguma dica?

 

— Sim. — Olhei a tatuagem em meu pulso, que estava escapando da cobertura do casaco. — Sem medo, viu? Se você quer ser um músico persiga seu sonho, precisa arriscar e correr atrás do que quer. E não tema os pesadelos, eles vão te fazer crescer.

 

— E coma brócolis — Renesmee cantou do seu lugar.

 

Sufoquei uma risada, ela estava odiando brócolis naquela época e eu disse que comer era importante se ela quisesse mesmo ser uma médica no futuro, o que era seu sonho desde o nascimento do Josh.

 

— Edward, não gosto de brócolis — Dean sussurrou.

 

— Coma alguns, eles vão fazer bem para sua voz e fará com que seja um grande músico.

 

— Okay, vou comer mais brócolis — prometeu e me abraçou de novo.

 

Foi preciso mais um minuto ou dois, até a mãe de Dean o convencer a me deixar ir, eles também precisavam seguir seu caminho. Minha família e eu continuamos nossa caminhada, com Joshua de volta aos meus braços.

 

— Bonequinha! — exclamei chocado quando entramos em uma nova rua e meus olhos viram o que pensei que nunca mais veria.

 

Era a rua onde nossa barraquinha favorita de hot dog ficava antes, e lá estava ela de volta. Com o Joshua, o vendendo ali. Parecia um sonho.

 

— Isso é um presente de Natal, Garoto do Brooklyn — Bella disse tão fascinada quanto eu.

 

Nós andamos rapidamente até lá, loucos de vontade de comer o melhor hot dog do Brooklyn. Não, o melhor do mundo.


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Notas finais do capítulo

Não vou me prolongar aqui, tudo que disse no fim de Sob minha Pele persiste até hoje, só quero agradecer a todos que acompanharam esses bônus. Como disse essa foi a última one bônus de Sob minha Pele, nossa despedida final desses personagens que estamos amando desde 2016.

Muito obrigada por terem me deixado contar a história deles.

Beijos!

Lola Royal.

31.12.18



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