Punição divina escrita por Aislyn


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

AVISO! Esse é o capítulo final!
Repetindo: CHEGAMOS AO FINAL!!!

Foi um longo caminho, me enrolei no começo, precisei de uma pausa, mas enfim consegui escrever tudo e então postar.
Aos que acompanharam até aqui, obrigada e espero que tenham gostado e curtam o encerramento!

Boa leitura e até o próximo~



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Se adaptar à rotina da aldeia foi mais fácil do que Akaashi imaginou. Mesmo que afirmasse ser possível rezar em qualquer lugar, os moradores fizeram questão de reformar a capela, além de oferecerem a casa do antigo padre para que ele morasse. A família que o abrigou não queria que fosse embora dali, mas entendiam que ele gostaria de privacidade e um lugar para chamar de seu.

 

Bokuto o visitava com frequência, em noites alternadas, trazendo recomendações dos amigos e contando como estava o treinamento de Kuroo. Às vezes a conversa acontecia na cama, onde o anjo permanecia até Akaashi pegar no sono. Em outros momentos, ficava observando enquanto o padre terminava de jantar, sempre tagarelando sobre algo que viu ou aconteceu consigo, em seguida se sentavam nos fundos da casa, longe das vistas dos moradores.

 

Não foi uma ou duas vezes que Bokuto repetiu o que fez naquela primeira noite mas, em algum momento, foi Akaashi quem começou a tomar a iniciativa dos beijos, estapeando-lhe a mão quando o tocava de forma ousada demais.

 

— Eu decidi ir embora. – Keiji comentou durante a conversa daquela noite, deitado contra o corpo do anjo, as costas apoiadas em seu tórax, enquanto ele o abraçava pela cintura. Aquela proximidade havia se tornado tão natural, tão desejada…

 

— Quando vai partir?

 

— Amanhã cedo. Eu já falei com os moradores, eles ficaram decepcionados, mas respeitaram minha decisão. Disseram que vão arrumar tudo pra minha partida.

 

Bokuto não precisava perguntar para onde ele iria ou o que iria fazer, porque pretendia ir junto. Não podia ficar o tempo todo com ele, mas estaria presente sempre que possível.

 

E, como prometido, na manhã seguinte o anjo o aguardava na estrada, num ponto afastado da aldeia. Para surpresa do padre, Kuroo e Kenma estavam presentes e, por um momento, Keiji se perguntou se aquela seria sua última viagem.

 

— Vamos acompanhá-lo só uma parte do caminho. – foi Kenma quem informou após Bokuto contar animado que viajariam juntos.

 

Akaashi sentia-se estranho na presença dos três. Em alguns momentos era como se não se conhecessem, não conseguia acompanhar o teor das conversas, mas em outros, era como se fossem amigos de longa data e o silêncio não parecia pesado.

 

Pararam algumas vezes para descansar e, enquanto analisava um mapa, Akaashi pegou um trecho da conversa que acontecia entre os três, sua curiosidade sendo atiçada.

 

— Estão falando daquele bispo? – Akaashi se intrometeu antes que o assunto chegasse ao fim, esperando que não fosse confidencial.

 

— Aquele crápula mesmo! – Kuroo respondeu com certo orgulho e uma pontada de alegria na voz – Ele não vai prejudicar mais ninguém.

 

— Você se vingou como queria… – aquela foi a única conclusão que Keiji chegou, visto a alegria do anjo ao contar a notícia, mas ter Kenma se encolhendo e parecendo incomodado acabou por chamar sua atenção.

 

— Queria ter feito pessoalmente, mas confesso que estou satisfeito. – Kuroo confirmou as suposições do padre.

 

Akaashi pensou em fazer uma pergunta direta, mas não era necessário. O homem morreu e, como Kuroo disse, não ia prejudicar ninguém. Independente se Kenma fez seu trabalho, se foi por ter chegado a hora dele ou até mesmo para satisfazer o anjo que agora trabalhava com a morte, havia acabado.

 

E Keiji se sentiu estranhamente aliviado com aquilo. Se tivesse a oportunidade, não teria se vingado pessoalmente, mas tirava um peso das costas saber que acabou e que aquele homem não ia mais fazer mal algum.

 

Contudo, seu alívio durou pouco.

 

— Já que estamos falando do meu trabalho, – Kenma murmurou em tom sério, o olhar recaindo no padre – você conseguiu se livrar de mim duas vezes. Não vai haver uma terceira.

 

Foi como se uma bola gigante de neve tivesse caído sobre a cabeça de Akaashi. O clima ficou tenso e sombrio.

 

Bokuto havia dito que aquele anjo viria visitá-lo para conversar, mas não disse quando. Passou várias noites dormindo mal, com medo que ele surgisse a qualquer momento mas, conforme os dias foram passando, Akaashi esqueceu o aviso e relaxou. Quanto tempo ficou na aldeia? Uns seis meses? Um ano? Agora seus medos voltaram com força total, despencando em sua cabeça.

 

— Você sabe como animar uma festinha, não é, Kenma?! – Kuroo deu tapinhas nas costas do outro anjo, cortando o contato visual que ainda mantinha com o padre.

 

Não podia impedi-lo de cumprir suas tarefas, mas precisava dar o aviso daquela forma? Bokuto ia ficar chateado por não terem dito as coisas com um pouco mais de tato. Só esperava não afetar a relação que ele estava construindo com Akaashi.

 

Infelizmente, quando seguiram viagem, o clima ainda estava pesado e de poucas palavras. Por mais que Kuroo tentasse retomar alguns assuntos, apenas Bokuto o respondia.

 

Quando o céu começou a escurecer, Akaashi pegou novamente o mapa, analisando se seria bom montar acampamento ou se conseguiria chegar na próxima cidade em poucas horas. Não havia levado suprimento para muitos dias, então teria que parar em algum momento para reabastecer.

 

— Nós só vamos até aqui. – Kuroo tirou-o de seus pensamentos, anunciando a despedida – A próxima cidade está perto, vai conseguir chegar ainda essa noite.

 

— Ah, agradeço a informação. Eu nunca tinha ido tão longe antes… – Akaashi comentou um pouco envergonhado, mas satisfeito por não precisar ficar a céu aberto. Quando encontrasse civilização seria mais fácil arrumar um local para passar a noite também.

 

Kuroo e Bokuto voltaram com as brincadeiras enquanto se despediam, implicando um com o outro pelo caminho, ignorando os outros dois. Eles agiam como crianças, independente do tempo que já tivessem vivido.

 

E ele também queria viver muito, se fosse possível.

 

— Eu não vou fugir quando minha hora chegar. – Keiji comentou em tom firme, virando-se para encarar o anjo com a mão estendida – De qualquer forma, obrigado pela ajuda. E por ter me dado mais algum tempo.

 

— Agradeço por ter nos ajudado também. – Kenma respondeu, devolvendo o cumprimento – Kuroo não teria conseguido sozinho. Ter alguém passando pelo mesmo que ele foi um bom exemplo.

 

— Agora vocês podem continuar de onde pararam…

 

Akaashi só se deu conta do que disse quando não podia voltar atrás. Não era certo ficar se intrometendo na relação dos dois, mas esperava que estivessem aproveitando o tempo juntos.

 

— Venha visitar de novo, se quiser.

 

— Nós viremos. Kuroo precisa de alguém com a mesma energia pra aprontar. – Kenma sorriu carinhoso quando olhou para o outro anjo, logo desviando o olhar ao notar o que fazia.

 

— Vamos? – como se soubesse que falavam a seu respeito, Kuroo se aproximou com Bokuto o seguindo de perto, dando tapinhas no ombro do padre ao passar ao seu lado – Se cuidem! Não façam nada que eu não faria!

 

— Eu vou com você mais um pouco. – Bokuto explicou diante o olhar de Akaashi, acenando em despedida para os outros dois quando voltaram a caminhar – Até a cidade.

 

— Não vou atrapalhar seu trabalho? Às vezes precisa estar em outro lugar… Além do mais, não seria bom se alguém te visse, não é?

 

— Eu tenho permissão especial, – explicou com um sorriso travesso – já que ainda sou seu anjo da guarda. E, caso não se lembre, não é qualquer um que pode me ver. – Akaashi ia retrucar mais uma vez, mas Bokuto se antecipou – Se não quiser minha companhia, vou embora. Você ficou um pouco ressabiado durante a tarde…

 

— Acredito que tenho motivos pra isso.

 

— Ainda está com medo do Kenma?

 

— E não era pra ter? – Keiji suspirou longamente, tentando não ser pessimista – Você avisou que ele viria, mas não estava esperando uma ameaça direta.

 

— Relaxa, você vai morrer de velhice! – Bokuto sorriu tranquilo, apoiando o braço nos ombros do padre, mas depois pareceu pensativo – Era informação confidencial, eu acho…

 

Akaashi riu baixinho, negando com um aceno. Não sabia se ele era mesmo um idiota ou estava fazendo aquilo para distraí-lo. De toda forma, havia funcionado. Não ia se preocupar antes da hora e, como comentou com o outro anjo, não ia fugir quando a hora chegasse. Ia viver bem, sem arrependimentos e aproveitaria tudo que pudesse.


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Notas finais do capítulo

FIM~



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