B'shert escrita por Ino, Indignado Secreto de Natal


Capítulo 1
quando a lua cheia sobe ao céu


Notas iniciais do capítulo

Assim, primeiramente, queria dizer pra minha amiga secreta que agora que ela sabe que sou eu... Deve saber também que estou um pouco atrasada no planejamento. Por isso, mil perdões, mas já quis antecipar esse primeiro capítulo pra te dar um gostinho, Gabi!
Lara, muito obrigada pela betagem e por disponibilizar teu tempo pra mim, sériao! Sem ti essa história seria lida num folego só pela falta se vírgulas! xD
Já a dona Super Ana eu agradeço por ter lido, me acalmado e ter me mostrado que eu escrevi Hogsmeade errado por anos, cruzes.
Obrigada a todo mundo que contribuiu, eh isto.

Sem mais delongas, boa leitura!



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"My past has tasted bitter for years now
So I will deny and face
Grace is just weakness
Or so I've been told."
— I'll Be Good, Jaymes Young.

 

Após quase uma década se transformando mensalmente em um monstro — uma extrema onda de má sorte, diga-se de passagem —, Remus Lupin sabia que o karma era uma farsa. Do contrário, ele provavelmente ganharia um grande bônus de sorte muito em breve, já que a vida estava em débito com ele desde que havia sido mordido por um lobisomem quando criança.

Era uma pena que esse visivelmente não era o seu caso, já que aquele era o terceiro ano em que sua transformação caia justo no Halloween, e no dia seguinte ele seria obrigado a perder o banquete e a festança que a escola organizava anualmente. Considerava sempre uma ironia quando não precisava fazer nada para se fantasiar naquele exato mesmo dia.

No entanto, os seus amigos não precisavam perder o banquete de dia das bruxas, já que todos estavam no sétimo ano e aquela seria a última vez. Com isso em mente, Remus estava a mais de uma hora no salão principal, sentado em frente ao seu jantar intocado, enumerando todos os motivos do porquê ele poderia passar a noite seguinte sozinho, mas aquela era uma batalha perdida.

— E perder toda a diversão, Moony? — Sirius disse, após um dos seus argumentos, como se toda a diversão do mundo estivesse em ir passar algum tempo de qualidade com uma fera. Na verdade, Padfoot tratava o assunto como se eles estivessem indo explodir algo gosmento no salão comunal da Sonserina, o que era extremamente irritante, mas ainda assim aquecia o peito de Remus. Esse pensamento fez com que a comida no prato do garoto de repente parecesse mais interessante, por mais que o prato tivesse permanecido intocado a noite toda.

Ainda assim, pelo canto do olho, Remus notara que James havia dado uma cotovelada em Peter, que parecia prestes a falar algo. Isso o fez cada vez mais consciente da sua palidez e do crescente tom âmbar dos seus olhos; a besta sempre vinha antes mesmo da lua.

Os pensamentos deprimentes de Remus, e a discussão, logo foram interrompidos por Alvo Dumbledore, que se levantara assim que notara que a maioria dos estudantes já haviam pousado o garfo. O diretor agora chamava a atenção dos alunos do sétimo ano, pedindo que ficassem um pouco mais para um comunicado.

Os demais se levantaram de imediato causando muito barulho, como se subitamente tivessem lembrado que uma cama quentinha os esperava nos seus respectivos dormitórios, enquanto o diretor esperava pacientemente que apenas restassem os setimanistas. Estes, em sua maioria,  tinham os olhos pesados de sono, querendo que Dumbledore passasse o recado depressa para também irem para os seus dormitórios.

Assim que o tumulto se acalmou, a professora McGonagall, já de pé ao lado do diretor, aprumou-se para falar:

— Com os NIEM’s chegando é imprescindível que os senhores exercitem os seus conhecimentos, para garantir bons resultados. — Lily Evans se arrumou ao lado de James, perdendo o sono com a menção dos exames. — Pensando nisso, as disciplinas de poções, feitiços, defesa contra as artes das trevas e, é claro, transfiguração, lançarão um grande e muito importante trabalho interdisciplinar, para fevereiro, que deverá instruí-los a estudarem mais.

A reclamação foi geral, a maioria considerando injusto que houvesse data de entrega de um trabalho logo na reta final do maior exame bruxo das suas vidas,até então. James pontuou baixinho, para os amigos marotos, que McGonagall tinha uma visão muito estranha da palavra “ajudar”, esperando que a namorada não ouvisse, mas de qualquer forma ela estava vidrada na bruxa passando a tarefa. A professora pediu silêncio, então retornou a falar:

— Os senhores — ela foi interrompida por uma garota da Grifinória — e senhoras, é claro, srta. McKinnon… Continuando, os senhores deverão se unir em duplas e criar um feitiço ou poção, cujo efeito deverá ser inédito. As informações restantes poderão ser encontradas pela manhã, no quadro de avisos das vossas respectivas casas, pois acredito que todos estejam ansiosos para voltarem às suas próprias camas.

E assim os setimanistas foram dispensados e, no final das contas, todos estavam sonolentos demais para conversarem acerca do projeto que tinham recebido, ou procurarem suas duplas, então apenas caminharam em silêncio até os seus dormitórios. No dia seguinte, alguns duvidariam se aquilo não havia, na verdade, sido um sonho.

 



— Afinal, não foi um sonho — concluiu Peter Pettigrew pela manhã, ainda um pouco confuso por causa do sono e com uma sensação estranha na barriga por causa dessa constatação. O garoto olhava para o extenso pergaminho anexado ao quadro de avisos do salão comunal da Grifinória, com todas as instruções, regras, restrições e datas para o trabalho que os fora dado. Atrás dele, os marotos se esparramavam nos sofás, aproveitando que não havia mais ninguém acordado, já que era cedo demais. — Ah, cara…

— Acho que tudo que nos resta agora é escolher as duplas e esperarmos lentamente pela morte. — Sirius fez uma reverência dramática para Remus e lhe estendeu a mão, como se estivesse o chamando para uma dança. — Me daria essa honra, Moony?

Moony, que parecia extremamente mais cansado e pálido do que na noite anterior, revirou os olhos para o amigo, não sem antes dar um tapa na mão que ainda o esperava estendida.

— Caro Padfoot — começou ele, seguindo a deixa teatral —, por mais que você possivelmente fosse gostar de me deixar fazer quase tudo no trabalho, que nem na última vez, sinto lhe informar que já pediram minha mão nessa dança. Assim, repasso o seu convite ao Prongs.

James deu de ombros e alcançou a mão de Sirius, que reclamava de Remus já ter uma dupla, mas o barulho de passos vindos da escada que ia até o dormitório feminino, os incentivou a desistir da dança que eles certamente encenariam caso estivessem a sós.

— Garotos, vocês querem acordar a torre inteira com esse barulho? — brincou uma voz e, ao olharem, perceberam Lily parada ao pé da escada. Ela avançou, dando um leve beijo nos lábios de James e então indo se sentar ao lado de Remus.

—  Ah, mas estávamos meramente tentando descobrir quem roubou meu parceiro desse trabalho louco que McGonagall passou! — Sirius exclamou, o que fez com que Lily risse.

— Bom, primeiro de tudo, McGonagall não passou um trabalho louco, só incentivador e, segundo, eu o roubei — ela disse, colocando o cabelo atrás da orelha. — Eu queria fazer algo útil com isso, e quem sabe Remus possa me ajudar.

— Não sei se a gente deveria se sentir ofendido pelo fato de que só Remus pode ajudar a fazer algo útil, Pads. — Lily riu novamente e revirou os olhos com o comentário do namorado.

— Bom, vocês realmente sempre deixam tudo pra última hora e… — insinuou, já pronta para acrescentar algo à lista.

— Ok, ok, Lils, já entendemos… Ei, Moony, aonde você vai? — perguntou Sirius, notando que o amigo estava se levantando para sair do aposento.

— Madame Pomfrey, você sabe... — pausou, pois todos já sabiam que ele estava a caminho para pedir mais uma poção revitalizadora, como fazia todo mês quando sentia que o lobisomem sugava muito dele antes mesmo de surgir. Apesar disso, Remus nunca tinha muita certeza se gostaria de realmente se fortalecer antes da lua cheia; uma parte dele pensava que isso poderia fortalecer a besta e isso o fazia se sentir péssimo, como se estivesse traindo a si mesmo. Então, deu de ombros e seguiu em direção ao quadro da mulher gorda, sentindo todos os olhos em si e se tornando cada vez mais consciente que estava extremamente pálido e seus olhos provavelmente já deveriam ter adquirido um tom âmbar.

— Ei, Moony… Remus, espere! — Sirius se apressou para alcançá-lo, seguindo-o pelo buraco aberto do quadro, enquanto era solenemente ignorado.

Surpreendentemente para Remus Lupin, Sirius permaneceu calado assim que chegou até ele, ofegante, já que não havia sido esperado e tivera que compensar a distância entre eles. Era assombroso quando Padfoot permanecia calado, porque ele sempre tinha algo a dizer, não importando a situação, ou o que fosse. Todavia, os dois caminharam juntos até porta da enfermaria e só então o silêncio foi quebrado, quando Sirius se despediu alegando ter um trabalho de astronomia para fazer.

Após a partida do amigo, Remus permaneceu apenas mais um momento em silêncio, parado em frente a entrada da enfermaria, pensativo. Logo seguiu em frente, comprimentando Madame Pomfrey, mas com algo em mente, do momento que já passara.

Ele se sentia agradecido.

 



No manhã do dia seguinte, Remus sentia exatamente o contrário de gratidão quando acordou na sua regular cama da enfermaria, escondida dos olhares curiosos atrás do familiar biombo. O seu corpo inteiro doía, como se ele tivesse sido pisoteado e feito de brinquedo por um dragão Rabo-Córneo Húngaro adulto, além disso, ganhara mais alguns cortes para posteriormente se juntarem a sua coleção de cicatrizes.

Mas ele havia sobrevivido, forçou-se a pensar, tentando ser positivo de alguma forma. Após a transformação era frequente que, às vezes, ele ficasse um pouco mais agradecido pelas coisas boas que aconteciam, fazendo com que outros acontecimentos que o estressavam parecessem bobos perto da magnitude do que significava a transformação.

Isso o lembrou, fazendo-o rir fracamente e constatando que rir doía, que na noite anterior os amigos tinham se atrasado, deixando-o mais nervoso e prestes a decidir passar pela transformação sozinho, selando a única entrada para a nomeada Casa dos Gritos, quando eles surgiram com orelhas e narizes transfigurados para se assemelharem com os de porco. Já que era mestiço, Moony rapidamente pegou a referência ao conto infantil trouxa dos “Três Porquinhos”, notando ironicamente que ele era o lobo. Não sabia se ficava zangado ou ria, mas rapidamente esqueceu do acontecido, quando Peter tirou de uma bolsa os mesmos pratos mágicos que eram usados para servir as refeições no salão principal, os que se enchiam magicamente e, assim, eles não perderam o grande banquete de dia das bruxas. Em seguida, não houve muito tempo para outras constatações, já que o lobo tomara o lugar do homem novamente.

— Desculpe, Remus! — Tomou um susto no momento em que Lily Evans subitamente apareceu do seu lado, sussurrando baixinho e desatando a falar enquanto retirava a conhecida capa da invisibilidade de Prongs dos ombros. — Foi culpa minha as fantasias de três porquinhos, Sirius não conseguiu resistir quando eu citei para ele esse conto infantil, e você sabe como ele é… Espero que não tenha ficado chateado… Bom, eu também ajudei com a parte da transfiguração.

Analisou a amiga brevemente e notou pelas olheiras e os olhos inchados que ela mal parecia ter dormido, provavelmente tinha passado grande parte da noite em claro, preocupada. Contudo, tinha certeza que ele estava pior do que ela no que se dizia respeito a aparência e noites dormidas.

— Ideia de Sirius, sério? — Moony balançou a cabeça levemente exasperado, mas não estava bravo. — Não posso dizer que já não esperava e, tudo bem, afinal de contas, já faz sete anos que ele faz coisas do tipo, eu o subestimei demais pensando que deixaria esse ano passar em branco. Além do mais, ficar chateado com o Pads sempre acaba sendo uma perda de tempo por inúmeros motivos. — O garoto corou, sem saber direito o porquê.

Aliviada que todos aparentemente estavam perdoados, Lily se sentou na ponta da cama, de repente perguntando como ele estava e se havia algo que ela poderia fazer para ajudar. Portanto, não tardou a conjurar uma bolsa de gelo para Remus, que agora, totalmente acordado e sem sono, sentia mais as dores no seu corpo e desejava nunca nem ter nascido. Tentaram manter o silêncio, mas às vezes Madame Pomfrey vinha checar o “sr. Lupin” desconfiada e a garota acabava tendo que voltar a se esconder embaixo da capa até a curandeira voltar aos seus afazeres.

Conversa vai, conversa vem, logo começaram a conversar sobre o projeto que deveriam entregar para o trabalho interdisciplinar que fariam juntos, buscando concordarem em alguma ideia, mas era difícil, porque Lily queria fazer algo relacionado a poções e Remus algo relacionado a feitiços, matéria em que era muito bom.

— Eu li que a entrega é para dia quatorze de fevereiro, sabe… Dia dos namorados. — Moony arqueou as sobrancelhas, adivinhando pra que rumo a conversa seguiria. — Quem sabe a gente pudesse juntar feitiços e poções no tema…

— O que você sugere? — Ele tentou se arrumar na cama, então teve que conter um gemido de dor para não chamar atenção da curandeira.

— Algo romântico, quem sabe pudéssemos pegar uma base na poção Amortentia, aplicando alguns dos mesmos conceitos… Com base em algum feitiço de rastreamento, talvez até pudéssemos achar algo que fizesse com que a pessoa que usar o feitiço ou poção possa, de alguma forma, achar sua alma gêmea!

Remus pensou um pouco sobre o assunto, sentindo um gosto amargo na boca. A ideia era ótima, mas, Merlin, não sabia nem se acreditava na existência de almas gêmeas e, se elas existissem, ele certamente não possuiria uma, dado o monstro que era. Além disso, consideraria desafortunada a pessoa que pudesse vir a ser sua alma gêmea, se ele chegasse a ter uma. Talvez não fosse digno desse tipo de amor.

— Não sei, Lils…

— Vamos, pelo menos considere — ela pediu. Ele aceitou, afinal de contas, era mesmo uma boa ideia, e não poderia deixar que uma besteira sua arruinasse o que poderia ser um trabalho de nota excelente.

Continuaram conversando por mais algum tempo, até que a ruiva teve que ir, já que precisava devolver a capa para o namorado e ela tinha planos para mais tarde, pois eles haviam combinado um encontro em Hogsmeade. Dessa forma, Moony foi deixado sozinho com apenas os próprios pensamentos para o fazer companhia, já que os amigos tinham se metido sabe-se lá onde. E se lembrando do amor nos olhos de Lils ao falar de Prongs, e a ansiedade de vê-lo, não pode evitar a dúvida latente: será que alguém, algum dia, o amaria dessa forma, aceitando-o por completo?

Esperava que sim.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desse primeiro capítulo!



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