Assombrada escrita por Siaht


Capítulo 1
Assombrada


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas!!! ;D
Tudo bem com vocês?
Bom, fazia bastante tempo que queria escrever algo sobre Helena Ravenclaw, mas só consegui tempo agora.
Espero que gostem! ♥



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{assombrada}

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Ela era uma mulher maldita. Ela era uma mulher amaldiçoada. Helena Ravenclaw era, apesar de tudo, inteligente o suficiente para saber que poderia ser ambas. Se alguém conhecia as múltiplas facetas que um ser humano era capaz de performar, esse alguém certamente era a Dama Cinzenta.

Em vida fora muitas coisas. Não se orgulhava especificamente de nenhuma delas e não deveria, afinal fora uma farsa em todas. Uma mentira e uma mentirosa. Uma camaleoa sempre tentando se adequar às ideias que as pessoas tinham a seu respeito. Sempre tentando agradar. Sempre buscando a perfeição. Era difícil encontrar a si mesma quando precisava viver na sombra perpétua de alguém como Rowena Ravenclaw. A mãe era o sol e ela um astro menor e insignificante. Helena condenara si mesma, tentando forçar um eclipse. Mas isso fora há muito tempo.

Tempo suficiente para que ela houvesse esquecido. Para que desejasse ter esquecido. E, ainda assim, as lembranças a perseguiam, a encontrando em cada canto escuro daquele castelo sinistro. Ele também a perseguia. A assombrava desde que eram vivos. Um garoto apaixonado, e uma megera que negava suas investidas românticas.

O Barão costumava ser um bom partido e clamava amá-la, no entanto, Helena nunca acreditou em suas palavras. Nunca conseguiu. Era esperta demais para cair de amores por um homem que a via como menos que um ser humano. Um objeto, uma coisinha bela e encantadora para ser feita de enfeite. Ele queria colocá-la em uma gaiola. E ela queria voar. Voar para o mais distante que conseguisse, como a filha ingrata que sempre fora.

Helena queria ser livre. Livre do julgamento alheio, livre das mentiras, livre da reputação da mãe, livre dos ideais que foram depositados sobre ela, livre dos homens que desejavam aprisioná-la. Por meio segundo, foi. Então, o Barão correra até ela. A perseguira, encurralara, tirara tudo o que tinha. A liberdade, a felicidade, a vida. Acabara, por fim, conseguindo o que sempre desejara: controle, poder e posse. Helena aos seus pés, vulnerável e submissa. A assassinara e ainda ousara chamar aquilo de amor.

Novamente, tudo isso ocorrera há muito tempo. Entretanto, se fechasse os olhos, a Dama Cinzenta ainda podia ver a cena se desenrolando como um pesadelo. Podia sentir o peito perfurado, o cheiro do sangue escarlate, o pavor completo que a dominara em seus últimos instantes de vida. Podia sentir o ódio, fervilhando em um corpo moribundo. Podia sentir o medo e até saudades da mãe. Mas não o arrependimento. O arrependimento ela negou-se a sentir, como um último ato de rebeldia. Porque mulheres, especialmente as de seu tempo, eram queimadas vivas quando ousavam ansiar por poder e liberdade. E ela estava pagando com a vida por sua impertinência. Por não ter sido boa e dócil e obediente. Por não ter se casado com o homem que, de um modo ou outro, iria destruí-la em nome do amor. Então, não, Helena não se arrependeu por ter experimentado um único instante de liberdade.

Ainda não se arrependia. E talvez por isso estivesse presa a uma existência da mais pura miséria. Era uma mulher maldita e, portanto, merecia ser amaldiçoada. Passar a eternidade contemplando o espectro do homem que lhe tirara tudo. O homem que ainda a perseguia, que ainda corria em seu encalço, que ainda clamava por ela. Por seu perdão. Um perdão que ela nunca seria capaz de consentir.

O Barão Sangrento lhe perseguira durante a vida, a sufocando e apavorando com demonstrações de afeto não quistas e obsessivas. A perseguira em sua fuga, roubando dela seus melhores anos, tudo o que poderia ter feito, tudo o que poderia ter sido. E agora a perseguia durante a morte. Sempre e para sempre. Porque homens não desistem. Homens te arruínam, usurpam sua existência, sugam tudo o que há em você e continuam a tirar cada caco de sua alma. E então assombram o vestígio fantasmagórico do que você foi um dia. Sempre e para sempre.


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Notas finais do capítulo

Sendo sincera, nem sei o que dizer sobre isso, mas espero que tenham gostado! ♥
Beijinhos,
Thaís



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