Pants N High Heels escrita por annyuu


Capítulo 1
Capítulo 1




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         Meus lábios estavam rígidos. Sentia meus olhos ficando cada vez mais arregalados e o sangue correr por todo o meu rosto. Há essa hora eu já deveria estar parecendo um pimentão! O que não é muito legal quando você está rodeada de clientes e em meio a uma apresentação.

         -Hey, Sakura! – eu ouvi Ino falar num sussurro perto da porta. – Sakura, se meche!

         Eu ouvia, mas não conseguia fazer nada! Minha mente dava todos os comandos para que eu me mexesse, que algumas palavras saíssem de minha boca... Até mesmo uma risada. Mas nada, meu corpo ainda mantinha-se inerte e meus olhos não conseguiam desviar da expressão de deboche dele.

         É! Eu estava encarando – sem nenhum pudor – um dos clientes. Não porquê a beleza dele era tão estonteante que te deixava atordoada a ponto de perder a fala, não! E muito menos porquê o sorriso dele era tão charmoso que me deixava completamente envergonhada. Não, definitivamente, não era isso. O que realmente aconteceu para me deixar nesse estado, eu explicarei agora!

 

         Eu havia deixado meu minúsculo apartamento às pressas, sem maquiagem e muito menos meus saltos, que por um acaso, ainda estavam em minha mão. E enquanto eu os colocava, corria e lutava para que minha bolsa – que eu deixara aberta – não fosse ao chão espalhando tudo o que tinha dentro, via que o ônibus que sempre pegava para chegar ao trabalho estava partindo.

         - HEYY! – eu gritei para que ele parasse, mas ele apenas dobrou a esquina e seguiu caminho.

         Bati meu pé no chão com força, senti o impacto chegar ao meu joelho e gemi de dor. Eu sempre fazia isso quando ficava irritada, mas sempre me esquecia da dor que me causava! Olhei para o relógio do celular, e para o ponto de ônibus a frente, não haveria outro ônibus que me levasse ao trabalho em menos de uma hora... E se não chegasse em quinze minutos, certamente, não precisaria voltar no outro dia. Foi aí que eu tive a grande idéia: correr até o outro ponto.

         Não era uma grande idéia, mas era cabível! O ônibus dava uma volta enorme até chegar no ponto que ficava a três quadras de minha moradia e eu não tinha dinheiro suficiente para pagar um táxi.

         Respirei profundamente, certificando-me de que havia pegado tudo o que precisava, ajustei a bolsa que havia fechada debaixo do braço e comecei a correr.

         Eu corria na medida em que os saltos me permitiam. Desviava de crianças, adultos, carros. Desviava de tudo que estava no meio do caminho. Eu já estava começando a ficar ofegante quando vi o ponto ao longe.

         Quando cheguei neste, praticamente desfalecendo, não demorara nem dois minutos e o ônibus logo chegou. Essa hora eu agradeci mentalmente, não perderia meu emprego e dali em diante nenhum outro contratempo aconteceria. Oh, doce ilusão!

         Eu sempre descia do ônibus a alguns metros da empresa, e quando estava atrasada - o que não era muito comum - odiava ter que caminhar até a entrada. Porém, caminhar não estava nos meus planos e eu obriguei minhas pernas a correrem novamente.

         Estava quase chegando quando um “tec” fez minha corrida ser interrompida. Senti meu corpo se inclinar e eu fechei os olhos já imaginando o problema que aquele maldito salto que má qualidade me causaria. Estiquei as mãos para amortecer a queda, mas senti tecido entre elas e não hesitei em agarrar...

         Fazia alguns minutos que estava estendida no chão quando resolvi abrir os olhos. Olhei para cima e vi várias pessoas em minha volta, algumas rindo, algumas reclamando e uma, que parecia estar perto, mais especificamente... uma pessoa a qual eu estava agarrada.

         - SUA, SUA, SUA... MALUCA! SUA, SUA, SUA... – minha atenção virou-se ao homem, e eu vi seu rosto ficar vermelho como um tomate. – SUA PERVERTIDA!

         Minhas sobrancelhas juntaram-se. Quem ele pensava que era para me chamar de pervertida? Eu abrira minha boca para xingá-lo, mas foi aí que eu percebi...

         O tecido que eu havia agarrado foram às calças do homem... Bem na área da bunda!

         Eu me levantei o mais rápido que pude, assustada e morrendo de vergonha. Ele se levantou, irritado, ajeitando as calças que estavam prestes a cair.

         - Me desculpa, me desculpa mesmo! – eu começara a abaixar minha cabeça e a levantar em pedido de perdão. – Ai Meu Deus, me desculpa... Eu, eu... Eu não sei o que fazer... – eu estava tão envergonhada que não conseguia pensar direito.

         - Você... – ele apontou para mim, a fúria flamejando em seus olhos. – Você...- ele soltou um muxoxo de indignação, xingou algo baixinho. – Você... Eu...

         Enquanto ele tentava encontrar as palavras eu me lembrei de que estava atrasada e de que já deveria estar na empresa.

         - Droga! – disse sem pensar, procurei por minha bolsa achando-a perto os pés dele. Agarrei, abri-a e retirei um cartão. – Olha, eu estou muito atrasada... pega isso, me liga que eu... – eu não tinha a mínima idéia do que dizer. -  pago por calças novas!

         Eu entreguei a ele meu cartão, retirei meus sapatos e saí correndo para a empresa.

 

         E fora assim que eu cheguei a esse trágico momento, no qual o cliente fora o cara que eu praticamente “abusei” no meio da rua. Por Deus, eu estou tão envergonhada que nem mesmo Ele pode descrever a minha necessidade de querer enfiar a cara em um saco. Deixei meus devaneios quando ouvi a voz de Ino.

         - E aqui, como vocês podem ver... Nós disponibilizamos de um espaço, bastante conhecido, que tem suporte de até 1.000 pessoas... - dei uma olhadela para Ino, que logo parou e eu – já recuperada – voltei a falar. – O que serve perfeitamente para sua proposta de evento, um evento num lugar refinado para poucas pessoas...

 

         Quando finalizei a apresentação, falei para Ino cuidar de alguns pedidos e rumei para fora da sala. Eu não poderia ficar lá por nem mais um segundo! Pois além de estar completamente envergonhada e irritada, estava com dor! Havia calçado os sapatos ‘reservas’ que Ino carrega, o problema, é que ela calça dois números a menos que eu.

         Consegui chegar a meu escritório e me joguei na cadeira, retirando os sapatos e tacando-os longe. Respirei profundamente, esticando meus braços sobre a mesa e deitando minha bochecha no vidro gélido. Sentia a dor de cabeça chegar as minhas têmporas.

         Estava irritada, com dor ecom dor de cabeça? O que mais faltava?

         - Eu visto quarenta, e eu quero uma em cor cinza...

         Eu fechei meus olhos, não querendo ouvir a voz que vinha da porta. Não acreditando na voz que vinha da porta. Eu mataria um leão para que aquilo não fosse verdade!

         - Hey, “Cinderela” – ele riu. – Você irá mesmo comprar minhas calças, certo?

         Realmente queria imaginar que estava sonhando. Ergui-me da mesa, e o olhei, cansada. Ele estava parado na porta, com um sorriso de deboche acompanhado de um olhar divertido. Sim! Agora, ele parecia estar achando graça de tudo isso, o que me deixava com mais raiva ainda.

         - Agora você achou sua fala? – perguntei. Ele viera me azucrinar, agora levaria o troco. – Até a pouco você só estava no “ você... você... eu”. Foi tão surpreendente assim? Quer que eu repita? Ou você só está aqui para me comprar pares de sapatos novos... Ou me chamar para jantar?

         O que eu dissera realmente o impressionara. Acho que ele pensou que eu fosse ficar abismada novamente e começar a pedir desculpas.

         Levantei-me da cadeira e andei até ele. Ele levou seus olhos a meus pés descalços e depois se voltou a mim. Droga! Ele era, realmente, bonito.

         - Bem, você pode ir descalça ao restaurante... Por mim, não há problema algum, contando que você compre minhas calças depois!

         Ele riu e me olhou de uma forma, aqual eu não pude evitar em calçar os sapatos de Ino novamente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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