I M P E R I U S escrita por T in Neverland


Capítulo 16
Trust


Notas iniciais do capítulo

Capítulo revisado e atualizado em 09/07/2021



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Trust - Capítulo XVI

Tom parecia nervoso. A Professora Galateia Merrythought durante a semana estava treinando os alunos para duelos e Riddle era um péssimo perdedor. Ele reconhecia que tinha ido bem, mas não aceitava bem o fato de ter sido derrotado por sua colega, Grindelwald.

Havia sido um duelo difícil, e pensou ter ganhado quando conseguiu derrubar sua parceira com um feitiço estuporante, mas esqueceu-se que um duelo só acaba quando o oponente é desarmado ou desacordado. E logo após a garota ser atirada com o feitiço, Riddle se virou, achando ter ganhado o duelo, e acabou sendo desarmado enquanto estava de costas pela garota ainda no chão.

A reunião com seus seguidores na sala precisa foi rápida e sem muitas novidades, Ilka já havia percebido que Tom não confiava tanto assim em seus colegas a ponto de contar todos os seus planos.

Assim que todos saíram, o garoto Riddle se levantou e foi para a mesa de canto, onde ele tinha alguns pergaminhos e livros espalhados. A mesma mesa em que ele havia mostrado seus desenhos para Ilka no ano anterior. Logo após notar o garoto se movimentando em silêncio, a garota resolveu o seguir, levantando-se e arrumando sua bolsa no ombro logo em seguida.

— Tom? – chamou, em voz baixa, querendo se aproximar com a maior delicadeza possível – Eu acho que estamos meio distantes nesses últimos dias. Não acha que devemos conversar?

— Puxa uma cadeira – ele ordenou, sério, enquanto se sentava na única cadeira da escrivaninha.

Ilka não pensou muito antes de obedecer, pegou uma das cadeiras da longa mesa onde o grupo geralmente se reunia, levando-a até o lado de Riddle, para se sentar próxima a ele.

— Já ouviu falar disso? – Tom perguntou, apontando um trecho de um livro que estava aberto sobre a mesa.

Após se sentar, a menina Grindelwald puxou o livro para mais perto de si, para que pudesse ler melhor. Reconheceu a obra como sendo de maldições, e o trecho específico que Riddle apontava era sobre amaldiçoar com a morte um objeto.

— Eu já li sobre, mas nunca presenciei algo do tipo pessoalmente. Está pensando em usá-la onde? – questionou, devolvendo o livro ao colega.

Tom Riddle não respondeu a pergunta da garota com palavras, apenas se virou de frente para ela e retirou um anel de seu dedo, entregando-lhe logo em seguida. Ilka notou que era o mesmo anel que ele havia roubado de seu tio, e ela nunca havia tocado ou o analisado tão de perto.

O seu material era dourado e parecia gasto, que denunciava sua idade, e a garota deduziu que pelo tempo que ele durou, muito provavelmente era de ouro. A pedra do anel era escura, em formato de octaedro e Ilka pôde notar pela primeira vez que era possível perceber o símbolo que ela tanto havia estudado durante sua infância na pedra. Não era esculpido, era como se o símbolo pertencesse a pedra.

Tentou disfarçar sua surpresa ao notar aquele detalhe. Seria possível que aquela fosse realmente a pedra? A garota não queria acreditar que a encontraria antes de seu pai, ainda mais naquelas circunstâncias, e ela tinha certeza que Riddle acreditava que aquele anel era uma simples herança de família. 

Não demorou muito com o objeto em mãos e logo começou a sentir aquela mesma sensação de objeto amaldiçoado que sentiu ao segurar o diário de Tom.

— Fez outra Horcrux Tom? – ela perguntou, surpresa, devolvendo o anel ao garoto – Quem matou dessa vez? Não foi dentro de Hogwarts novamente, certo?

— Não matei mais ninguém, usei a morte de meu pai para fazê-la. Você acha que eu consigo amaldiçoar um objeto que já é uma Horcrux?

— Eu pensei que para fazer o feitiço você tinha que ter recém matado alguém... Então não é assim que funciona?

— É um pouco mais complexo que apenas matar alguém e fazer um feitiço, Ilka. Ao matar alguém você fragmenta a sua alma, ao fazer a Horcrux você tem de ligar esse fragmento solto a um objeto, não é um feitiço que faz isso, é um ato. Eu já tinha o fragmento solto, somente o liguei a um objeto – explicou.

— Ok... Eu acho que amaldiçoar o anel vai ser fácil, me impressiona o fato de você ter conseguido fazer uma Horcrux desse anel. Não imaginei que seria possível – ela disse, acenando minimamente com a cabeça para o objeto.

— O que quer dizer? É somente um anel de família, não é como se já estivesse amaldiçoado ou algo do tipo.

Ilka então confirmou sua teoria de que Riddle realmente não sabia o que aquele anel realmente era e o que ele representava. A garota ponderou por um momento, se deveria ou não contar ao garoto o que ele tinha em mãos, e acabou cedendo.

— É uma relíquia, Tom, já é amaldiçoado pela morte. Não percebeu antes? – explicou, pacientemente.

— Como assim uma relíquia? O que isso significa? – questionou ele, confuso com a nova informação.

— Olhe bem, vê que tem um símbolo? – Ilka se aproximou e segurou a mão do garoto que usava o anel, mostrando o desenho existente na pedra – É um sinal de que a pedra é uma das relíquias da morte, uma dessas – enquanto mostrava o anel do garoto com uma mão, a sua outra foi até o seu peito, onde repousava o colar que havia ganhado de seu pai em seu aniversário, lhe exibindo o pingente com o símbolo das relíquias – Já leu os contos de Beedle o bardo?

— Acho que já devo ter lido, mas não é uma memória forte em minha mente, acho que é por se tratar de um conto infantil.

— O livro possui alguns contos, um deles é o dos três irmãos. Resumidamente, a morte presenteia os irmãos com relíquias poderosas. A capa da invisibilidade, que torna quem a usa invisível. – Ilka explicou, traçando o triângulo de seu colar com o dedo, querendo lhe mostrar de forma mais visual – A varinha das varinhas, que torna o bruxo a quem pertence extremamente poderoso, o fazendo praticamente invencível em duelos – esclareceu, dessa vez deslizando o dedo sobre o traço que dividia o triângulo ao meio – E por fim, a pedra da ressurreição, que traz alguém que já morreu de volta à vida – finalmente apontou para o círculo no centro do símbolo.

— Então você acredita que essa pedra é a mesma da história? Por que você acharia que um conto infantil seria real?

— Porque eu já vi uma das relíquias pessoalmente, Tom. E não somente isso, os túmulos dos irmãos da história são reais também, e existem diversos relatos de pessoas que dizem já ter visto ao menos uma das relíquias pessoalmente. Eu já vi a varinha, inclusive em ação. A história é real, e eu tenho quase certeza de que seu anel é uma das relíquias da morte.

— Supondo que o anel realmente seja o da história, o que ele faz? – questionou, rodando o anel em seu dedo, parecendo interessado em ter um artefato tão raro em mãos.

— O conto não deixa muito claro... É dito que o seu dono pediu um artefato para a morte que pudesse trazer sua falecida noiva de volta, assim recebendo a pedra, mas aparentemente não teve o resultado esperado. A história conta que quando a mulher retorna da morte, ela não era mais a mesma, ninguém sabe ao certo o que ocorreu, somente se sabe que ela não era mais tão humana.

— Ok, acho que posso testar e quem sabe o anel virá a ser ainda mais útil do que já é, obrigado pela informação Ilka – Tom agradeceu e começou a organizar superficialmente os materiais de cima da mesa – Ah, antes que eu me esqueça... O que estava conversando com Dumbledore no começo da semana? Eu vi os dois sozinhos na sala após a aula.

— Então era você? Notei que o professor parecia focar demais na porta, como se estivesse vigiando alguém, não imaginei que esse alguém fosse você. Sei que Dumbledore não é um de seus professores preferidos, mas você deve admitir que ele é um dos bruxos mais inteligentes de nosso século, por isso gosto de conversar com ele de vez em quando sobre alguns tópicos de aula, nada que precise se preocupar, Tom – a garota mentiu com maestria, ela sabia que o professor e seu colega eram opostos nas idéias, e por isso não pretendia que um soubesse o quanto o outro era próximo dela.

— Dumbledore não acredita em mim, Ilka. Inclusive ele defendeu a estadia daquele garoto, Hagrid, no início do ano. Só estamos aqui hoje graças ao diretor Dippet que comprou a minha história. E mais, eu vi que vocês dois não ficaram somente na sala, você foi até os aposentos de Dumbledore, devo me preocupar com você me escondendo as coisas? – Riddle começou a aumentar o seu tom de voz e se levantou, querendo se mostrar claramente mais imponente sobre a garota.

Ilka imaginou que Tom fosse o vulto que Dumbledore tanto vigiava na porta no dia da conversa, e pensou que aquilo traria suspeitas, afinal, ela não era tão inocente em relação ao garoto. Com isso em mente, ela voltou a bater na porta do quarto de seu professor, pedindo um livro de sua biblioteca particular emprestado, um que não seria encontrado na biblioteca de Hogwarts.

Explicou ao professor superficialmente o motivo pelo qual queria o livro e Dumbledore emprestou com boa vontade.

Frustrada com as cobranças de Riddle, Ilka abriu a bolsa frustrada, retirando lá de dentro o exemplar que havia pego emprestado do professor, e o entregou ao garoto, batendo-o com agressividade em seu peito. Tom, por sua vez, afastou o livro para que pudesse ler o seu título. Nada mais era que uma obra sobre animagia avançada, um exemplar ao qual ele nunca havia visto na biblioteca da escola.

— Dumbledore tem uma biblioteca particular em seus aposentos com livros avançados de transfiguração – explicou a garota, baixando o olhar.

Tom chegou a sentir algo parecido com remorso por alguns segundos, mas logo se recompôs, deixando o livro que Ilka lhe havia lhe entregado sobre sua mesa, e se aproximando dela logo em seguida.

— Perdão, eu não quis duvidar de você, Ilka – ele disse, levando a sua mão ao rosto dela, para que pudesse o levantar pelo queixo, fazendo assim com que a garota lhe encarasse – Só quero que entenda que tudo o que eu fiz até o momento foi um pouco além do que essa escola espera de um aluno, e Dumbledore não confia em mim, então eu tento manter a mim, e as pessoas próximas de mim, o mais afastadas dele o possível.

— Eu entendo o seu ponto, Tom, mas eu nunca lhe dei motivos para duvidar do que eu digo ou faço. Desde meu primeiro dia aqui eu confiei a você a verdade sobre minhas origens e sempre tentei lhe ajudar com os seus planos, então essa desconfiança sobre mim me machuca, e muito.

— Eu sei, foi um equívoco meu, e eu sinto muito. Não pretendo perder uma de minhas aliadas mais fiéis, e sem dúvidas a mais forte – ele brincou, lembrando de sua derrota mais cedo no duelo e Ilka riu em resposta – Pretende se tornar uma animaga? Já percebi que você lê bastante sobre o assunto.

— Ainda não sei, é um conteúdo que me chama bastante atenção, mas é bastante complexo e demanda tempo, não sei se teria paciência para tentar. Quem sabe um dia – respondeu, caminhando em direção a saída da sala, e Tom a acompanhou.

— Deveria tentar, é uma habilidade útil, e não tenho dúvidas de que você é capaz de algo com esse nível de complexidade – disse Riddle, elogiando a garota – Ilka, antes de irmos, posso lhe fazer uma última pergunta? – questionou, puxando a garota pelo braço, impedindo-a de sair pela porta e se colocando de frente para ela.

— Faça.

— Apesar de tudo, incluindo hoje quando eu duvidei de você, você ainda confia em mim Ilka? – perguntou com sinceridade, enquanto pegava a mão da colega.

— É claro que confio – respondeu a garota, olhando nos olhos de Tom. A afirmação não deixava de ser verdade, afinal, apesar de ter seus motivos para não contar toda a verdade a ele, Ilka sabia que podia confiar no garoto quanto a todo o restante – Por que, você não confia em mim?

A frase que Riddle esperava como deixa é dita pela garota, e ele se abaixa lentamente. 

Com uma ação inesperada, Tom pressionou seus lábios contra os de Ilka por alguns segundos, em um suave e rápido beijo, um ato que surpreendeu tanto a garota que sua única reação foi permanecer imóvel. 

O moreno se afastou, com delicadeza, com um sorriso reconfortante para a garota.

— Eu confio em você – pronunciou, antes de sair pela porta da sala precisa, deixando ali Ilka sozinha com seus pensamentos.

 


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