Wintershock escrita por ariiuu


Capítulo 75
Garota Taser vs Lobo Branco




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Peter Quill observava o casal logo a frente, prestes a conversarem...

O certo era deixá-los sozinhos, para que pudessem finalmente se entender, porque era o que esperava.

Ainda que tenha conhecido Darcy em menos de 24 horas, as poucas horas que passara com ela, notou que a mesma era alguém muito especial e que merecia ser feliz.

O senhor das estrelas não tinha ideia quem era Bucky Barnes. A única informação que possuía a seu respeito era sobre o fato de o soldado ser o melhor amigo do Capitão América, e que o mesmo havia ajudado na batalha contra Thanos.

Pelo histórico que conhecia de Steve Rogers, quando ainda estudou sobre o mesmo na escola, lá pela década de 80, o Capitão tinha a fama de ser conhecido por sua honra e nobreza, que eram atributos que expressavam uma profunda confiança em todos os americanos, e... ele também liderou a guerra contra Thanos...

Se Bucky Barnes era o melhor amigo de um homem com uma conduta tão ilibada como o Capitão América, então não tinha motivos para se preocupar com sua nova amiga.

O capitão dos Guardiões da Galáxia resolveu confiar em seus instintos e acreditar que Darcy ficaria bem.

Ele virou de costas prestes a sair dali, e então, avistou seus companheiros andando em sua direção.

Mantis, Drax, Rocket e Groot.

— Peter, onde você achou aquela latinha de cerveja? Eu quero uma e-

— Lá no andar de cima, onde eu estava. Mas agora, todos vocês deem meia volta porque precisamos deixar o casal ali conversar. – O rapaz interrompeu a pergunta de Rocket e o virou do lado contrário, guiando seus ombros para trás, evitando que o mesmo prosseguisse.

— Mas aquela menina ali derrubou o cara de braço cibernético no chão com um taser. A vida dele corre perigo. – Drax alegava, ao se recordar que a poucas horas, Darcy havia derrubado o sargento no chão.

— Eu sou o Groot!

— Eles se conhecem, tiveram um lance uns anos atrás e precisam conversar, mas enfim, isso não é problema nosso, agora vamos deixá-los a sós. – Peter respondia à pergunta do companheiro.

— Desde quando você está servindo de cupido, Quill? – Rocket nunca pensou que Peter viraria uma pessoa empática com as demais.

A ausência de Gamora estava trazendo efeitos colaterais no coração daquele ex-saqueador vigarista.

— Estou servindo de cupido desde hoje. Agora é hora de vazar, galera!

E então, os cinco saíram dali, finalmente deixando Darcy e James a sós.

.

A cientista e o soldado se encaravam em silêncio...

Um agonizante e torturante silêncio...

Os segundos em que se defrontavam através do olhar, pareciam eternos...

O semblante de Darcy queimava... em cólera... e o de James parecia estar congelado e impassivelmente neutro...

A feição de aversão e desprezo era tão nítida no rosto feminino, que o sargento a desenhava em sua retina, decorando seus traços tão simétricos e refinados...

Era notável o ódio que Darcy estava sentindo por ele... sua expressão externava isso de modo implacável, porém, tudo o que Bucky conseguiu exprimir depois de contemplá-la naquelas circunstâncias foi...

.

Sorrir...

.

— Por mais que tente... não consigo te odiar... mesmo depois de ter me derrubado no chão com um taser... - A voz do soldado dimanou suavemente afetuosa... terna e sentimental... tão compassiva, que a doutora sentiu um abalo sísmico em seus cinco sentidos...

O timbre dele... o olhar... o sorriso... foram certeiros, lhe atingindo de modo tempestuoso... depois de tanto tempo, James Buchanan Barnes ainda lhe causava efeitos efervescentes...

O sentimento fluía...

O sangue fervia...

O coração acelerava...

Darcy tinha ódio de si mesma, quando olhava dentro dos olhos azuis de James e se concentrava em seu sorriso...

Ela via seu mundo ali... mas...

Precisava se afastar...

Aquela troca de olhares dizia... o que as palavras não diriam...

Seu orgulho ainda era muito mais forte do que qualquer coisa que ele pudesse lhe fazer sentir... não tinha pretensões de ceder a qualquer investida do sargento.

— Eu realmente te invejo por não me odiar... queria sentir o mesmo por você, porém, não consigo... – Sua voz fluia áspera e mais grave que o comum.

O sargento se assustava com o tom dela...

Ele sentia tanta saudade de sua alegria...

As palavras contidas e silenciadas que tentavam traduzir algum significado, se perdiam em meio a dor de imaginá-la em seus braços e saber que não podia sequer tocá-la...

O medo de perde-la ainda estava ali... lhe assombrando...

Do lado de fora da janela de vidro do prédio, o sol em seu esplendor, se deitava no horizonte...

Uma nuvem densa ainda encobria aquele espaço...

Darcy atentava para o brilho alaranjado se misturando com a névoa cinzenta do lugar onde restava apenas os escombros da batalha contra o maior vilão do universo...

Por trás de tudo aquilo, havia o sol, a lua no espaço, o vácuo e um brilho estelar...

Bucky estava diante de tudo aquilo, em sua frente... os raios solares que atravessavam o vidro, refletiam em seus cabelos, tornando seu aspecto tão belo e angelical...

E o soldado a observava... intensamente...

O resignado, breve e conciso brilho solar, esverdeava o olhar azul da cientista...

Certo mistério penetrando as íris cristalinas do brilho flamejante daqueles lindos olhos... trespassava tudo por dentro dele...

Um fulgor suave lhe iluminava... um espectro de cores que se transformava em fragmentos espelhados...

Era tão lindo e mágico... aqueles... olhos tão lapidados como diamantes... e que paralisavam seu coração... apenas por vislumbrá-los tão profundamente...

Ela o atraía através do olhar e ele se prostraria aos seus pés se precisasse...

Nos anos em que esteve em Wakanda, Bucky tentou matar seus sentimentos por Darcy... mas só era possível até certo ponto...

Tentou não precisar dela, mas aquilo parecia acabar com ele...

Não era possível vislumbrar nada, do chão onde permanecia quando tentava esquece-la...

E ele continuou tentando...

No entanto...

Agora estava convicto de que quanto mais tentava deixar de amá-la...

Apenas continuava a amando mais...

E mesmo diante de todas aquelas certezas, ainda assim, o soldado reconhecia seu lugar e sabia exatamente que não tinha o direito de pedir nada a ela...

Bucky sabia que causou uma ferida profunda, porém, não tinha ideia que aquela mácula transformaria Darcy numa mulher um tanto assustadora...

Ele plantou dor... e colheria mágoa... já estava ciente disto...

James suspirou, reordenando as palavras que diria a ela e então...

— Darcy... eu sei que te causei um estrago, e acredite, me senti dilacerado por dentro quando te deixei, mas... eu não tive escolha...

— Claro... você nunca teve escolha na sua vida, não é mesmo...? – Ela rebatia a confissão dele com outra pergunta, um tanto afiada.

— Você sabe que as coisas não são tão simples...

— Nunca são, James... ainda mais quando se trata de você, não é...? – A cientista mantinha a postura rígida. As desculpas de Bucky estavam lhe irritando.

Darcy estava enfurecida. Não havia emoção em suas respostas...

Não tinha paciência para pretextos, apelos, palavras sentimentais e propensas à paixão. Não cairia em teias que lhe prendessem numa falsa esperança envolvendo o soldado.

E diante das insinuações grosseiras da doutora Darcy Lewis, o sargento apenas balançou a cabeça, sabendo que a mesma não entendia o que ele queria dizer.

— Eu sei que você acha que eu não devia me aproximar... e eu também sei que não deveria sentir o que estou sentindo nesse momento, mas ainda assim, eu não tenho controle e... não há lógica alguma nisso, mas... eu só queria... – James não conseguiu continuar. Ele não sabia o que dizer... estava temeroso sobre a cientista entender tudo errado.

— Continue, por favor. – Darcy pediu, ficando em silêncio para que o soldado pudesse terminar.

Era um tanto hilário vê-lo tão perdido em seus próprios pensamentos... o sargento não parecia a mesma pessoa que conheceu há tantos anos...

Seria a verdadeira personalidade dele, sem os tentáculos do Soldado Invernal?

James Buchanan Barnes em sua totalidade, como nos anos 40, agiria daquela forma?

Bucky recompôs seus pensamentos, completando sua linha de raciocínio.

— Eu não estou aqui pra dificultar a sua vida e também não tenho pretensão de retornar para onde estávamos... mas apenas queria que você soubesse que... – Ele pausou, apenas para enfatizar as últimas palavras...

.

.

— Queria que você soubesse que eu ainda te amo...

.

.

A feição dele se desfez... em algo melancolicamente angustiante...

O sargento James Buchanan Barnes ainda possuía um aspecto belo, divino e sublime em seus esmerados traços...

Seus perfeitos olhos azuis, em tons índigos e celestes, a fitaram incansavelmente... aflitos... causando sensações devastadoras na garota...

Darcy arregalou os olhos no mesmo instante...

Esperava ouvir tudo, menos aquelas palavras...

Aonde o soldado queria chegar, se declarando daquela forma, ali...? Depois de tantos anos...?

— Você perdeu a noção do que está dizendo!? – Ela rebateu, exasperada.

— Você pode exigir que eu fique longe de você, que não te toque e nem mesmo lhe dirija a palavra, mas não pode exigir que eu deixe de te amar. Não posso mandar nos meus próprios sentimentos...

A cientista arqueou uma sobrancelha, virou o rosto e sorriu de canto...

Estava desacreditada com a petulância dele.

— Você é muito insolente pra me dizer tudo isso depois de tantos anos! – A voz exaltada da garota, fluia numa espécie de deboche e perplexidade.

— Eu sei que deixei sua vida bagunçada e destruída... sei que não causei nada além de problemas, e eu entendo que você nunca mais queira me ver na sua frente de novo, mas-

— Não tem ‘mas’, James! Você devia ter me esquecido! Toda a dor que senti, todas as lágrimas que derramei... todos os dias que me embebedei pra te esquecer e... as vezes em que me acidentei e quase morri, não vão simplesmente desaparecer porque você está dizendo que ainda me ama e que sente muito!!! – Darcy vociferou, de modo violento, deixando-o ainda mais transtornado...

Como assim ela quase morreu?

— O que você quer dizer com quase morreu...? – James se aproximou... apenas um passo... seu corpo se moveu sem que percebesse, quando a cientista mencionou sobre quase morrer...

— É isso mesmo! Eu perdi a noção de tudo por que você foi embora! O meu mundo virou de cabeça pra baixo, tudo estava fora do lugar e você... nem sequer sabia disso...! Você disse que eu podia morrer porque sua presença em minha vida era perigosa, mas sequer sabia que eu quase perdi a minha vida tentando te esquecer, então, me diga, James, o que você faria caso isso realmente tivesse acontecido!? Se tivesse morrido, qual desculpa inventaria!? Como você me manteria segura de mim mesma depois que partiu!? – Darcy permaneceu esbravejando palavras dolorosas, que partiram o coração do sargento no meio...

Tudo o que o mesmo conseguiu balbuciar, foi...

— Por quê...?

— Por quê!? Você ainda tem a ousadia de perguntar por quê!? Eu realmente te amava! Tinha me entregado a você e aberto meu coração, confiando que estaria segura, mas... tudo o que tive em troca foi a sua falta de consideração, então não venha me dizer que ainda me ama! Isso não é amor! – A garota terminava de se lamentar, em forma de gritos agressivos, tudo o que estava entalado em sua garganta.

— Eu... apenas queria te proteger dos meus inimigos... e de mim mesmo... – Bucky fitava o chão, cabisbaixo e totalmente desatinado...

— Eu pensei que resolveríamos tudo juntos... eu... fui só uma conveniência em sua vida e você sequer me disse nada...! Você... foi embora e me deixou um bilhete!

— Foi uma carta...

— Dane-se se foi uma carta! Você foi embora sem me dizer adeus! Nada vai justificar o que fez comigo! – A garota virou de costas, com as mãos na cabeça, sentindo-se desorientada, tamanho furor...

Darcy estava a ponto de explodir por dentro, de tanto ódio...

— Se eu implorar o seu perdão, isso não vai amenizar a sua dor, mas... o que eu posso fazer pra que você se sinta mais leve...? – O sargento se aproximava dela, e a cientista notava que o mesmo encurtava a distância entre ambos, porém, ainda de costas, ela o repreendeu.

— Não se aproxime de mim! – O grito dela soou elevado e ofensivo.

— Darcy... por favor... não me afaste, pelo menos agora...-

— Você não tem esse direito! – Ela bradou, interrompendo-o, exasperada e completamente furiosa.

Seu coração estava machucado... ferido... e ainda sangrava...

Não desejava que James tentasse qualquer aproximação, ainda que quisesse apenas se explicar.

Bucky a observava, de costas para ele, fitando o chão, alterada emocionalmente, aturdida...

O soldado sentia o novo perfume da doutora, veementemente entorpecendo suas narinas...

Um aroma doce e inefável... mas...

O sofrimento dela o golpeava da forma mais dilacerante e contundente que existia... odiava vê-la tão aflita e machucada...

James jamais se perdoaria... e naquele momento, não tinha ideia do que fazer para confortá-la ou se redimir...

Tudo o que o sargento desejava, era amenizar a dor daquela a quem mais amava em todo o mundo...

Não tinha o que dizer... além de se desculpar...

— Me perdoe, Darcy... eu... não tive escolha... era o melhor pra nós dois... – As mãos dele se moveram, para tocá-la, porém...

Ele parou no meio do caminho, hesitando...

— Por quê...? – Darcy indagou-o, num tom sombriamente fúnebre.

— Eu não conseguiria explicar de uma forma que entendesse...

Então, a cientista ficou em silêncio por longos segundos, antes de responder...

— Tudo bem então... se você não consegue, eu entendo... - Ela abaixou ainda mais cabeça, e James reparava que a mesma parecia estar com os olhos marejados em lágrimas...

O soldado a fitou com muita compaixão, mas...

Darcy repentinamente se virou, com a mão direita para cima e...

Fez estalar...

Um forte e violento...

.

.

Tapa em seu rosto...

.

.

— E AGORA!? JÁ CONSEGUE EXPLICAR!??? – Ela vociferou desvairadamente e sua voz ecoou pelo local onde estavam, com muita agressividade e violência.

A garota se encontrava com a mão ainda para o alto e os olhos mais abertos que o comum...

Sua feição era de desprezo, ódio, aversão e exaltação...

Ele a olhou com os olhos alargados, supresso, perplexo, assustado...

Quem era aquela mulher em sua frente...?

Não era a sua linda, alegre e ingênua Darcy Lewis...

— VOCÊ TEM TRÊS SEGUNDOS PRA FALAR!!! – Ela ordenou, ameaçando-o num tom ofensivo e impiedoso.

— O-o quê...!? – James a contestou, irresoluto...

E então, sem esperar por aquilo...

.

Darcy se moveu, dando outro tapa em seu rosto...

Dessa vez com força máxima...

Fazendo-o recuar dois passos para trás...

.

Ele soltou um gemido... de dor...

Seu rosto estava vermelho...

De onde ela tinha tirado tanta força para agredi-lo daquela forma?

Um super soldado estava apanhando de uma mulher de 1,61 de altura...?

Com quem Darcy tinha aprendido a ser tão combativa? Jane Foster? Que amava dar tapas na cara de marmanjos altos e mais fortes do que ela?

— VOCÊ ACHOU MESMO QUE EU IA TE VER DEPOIS DE NOVE ANOS E QUE IA CORRER PARA OS SEUS BRAÇOS!!? SE TOCA, JAMES! AQUELA DARCY IDIOTA MORREU! EU TE ODEIO!!! – Darcy apontava o dedo para o rosto dele, provocativa.

Os olhos dela pegavam fogo, em chamas, como se fosse incinerá-lo...

— Por que você me agrediu dessa forma...!? - A contestou, completamente atônito.

— Porque você merece levar esse e muitos outros tapas na cara! Eu espero que você tenha aproveitado muito bem as suas férias maravilhosas em Wakanda e curtido a paz que tanto precisava... Até pegou um bronzeado, não é!? - Ela gritava descontroladamente desafinada.

Céus... a sua boneca Darcy tinha virado um demônio...

Havia lhe abatido com o taser e agora, tomado dois tapas na cara?

O que mais ela estava pensando em fazer com ele?

— Darcy... o que aconteceu com você...? Eu jamais esperaria que fosse capaz de me agredir fisicamente... - Bucky a indagou, totalmente sem reação...

A garota começou a rir de modo maquiavélico, num desdenhoso...

Sorriso diabólico...

— O que foi... está assustado, soldado...? – Ela continuou sorrindo, desdenhosa e ufana.

— Isso te alegra...? Me machucar te faz feliz...?

— No momento, sim.

— Que ótimo... então porque você não termina agora com isso, se vai se sentir melhor...?

— De que forma?

— Dessa forma... – James retirou uma pistola de dentro de um dos coldres presos a calça e então...

.

Estendeu a arma na direção dela, para que a mesma pegasse de sua mão...

.

Darcy franziu o cenho...

Ele estava propondo que ela...

O matasse...?

James inclinou a cabeça, mirando-a frontalmente, de modo inexorável.

A poucos segundos, o sargento se compadecia da dor da cientista, mas depois de suas palavras tão dolorosas e agressões físicas, parecia ter se transformado em outra pessoa, já que seu olhar agora se encontrava frio e indiferente...

— Se me machucar te dá prazer, você pode me matar agora mesmo... vai te fazer se sentir melhor...?

Darcy o encarou, encolerizada...

Eles jogariam um jogo...?

— Eu adoraria explodir seus miolos e decorar o chão desse lugar com sua massa encefálica, mas... provavelmente pegaria prisão perpétua por isso.

— Ninguém se importaria se você matasse um ex-assassino do meu nível, pelo contrário, os governos de vários países lhe dariam uma medalha de honra por tamanho heroísmo, então vá em frente e realize o seu desejo. Eu não me importo...

— James... eu sei exatamente que o que você mais quer é morrer... é um caminho muito fácil.

— Acredite, não é...

— Vai me desculpar, mas... não vou te fazer esse favor e tenho um forte motivo.

— É mesmo...? Qual...?

.

.

— A morte é um prêmio que você não merece...

.

.

E então, Darcy sorriu, diabolicamente obstinada.

Por um momento, Bucky arregalou os olhos, diante de tamanha perplexidade ao ouvir aquelas palavras de...

Ódio...

O soldado não conseguia acreditar no que Darcy Katherine Lewis se transformou... ou melhor...

No que ele a forçou se transformar quando decidiu partir e deixa-la para trás...

Ao encará-la, o sargento se sentia iluminado através das trevas daquela alma escuramente resplandecente...

Bucky sabia que suas palavras jamais a convenceriam do contrário. Era inútil.

Darcy estava magoada, frustrada, desacreditada e extremamente irritada.

Ela jamais se colocaria em seu lugar. Jamais tentaria entender a dor que passou por deixa-la.

Ela jamais entenderia que tudo o que ele queria, era apenas protege-la...

— Nada do que eu disser, vai te convencer do contrário? – Demandou, num tom frio e indiferente, revelando resquícios do antigo soldado que Darcy conheceu há muito tempo atrás.

A cientista estreitou o olhar e suspirou fundo, impaciente.

— Vir aqui para conversar com você foi um erro... eu sabia que terminaria assim... eu não posso simplesmente te perdoar pelo que aconteceu... então é melhor encerrarmos por aqui... – E então, a doutora virou de costas, com a mão na cabeça, se praguejando por ter dado ouvidos ao conselho de Peter Quill.

Bucky a observava indo embora dali... e seu coração apertava dentro de seu peito...

Mais uma vez, ele a veria escapar de seus braços...?

Sua vista focava na silhueta da cientista...

O que havia restado dos dois...?

Não existia mais nada...?

Bucky sentia algo explodindo dentro de seu peito... algo que ardia, congelava, esquentava e esfriava...

Seu olhar peregrinava pelo corpo dela... acompanhando cada lento passo que a cientista dava, saindo dali... deixando-o para trás...

O novo e doce aroma que ela exalava, ainda permanecia impregnado no ar... e seu incrível olfato de super soldado era fatalmente narcotizado por aquele delicioso cheiro... tão entorpecente...

James não podia deixa-la ir...

Darcy foi seu começo e seu fim... o ponto de calmaria no caos de sua mente e na maldição de sua vida transtornada...

De dentro das sombras de sua cabeça, o caos era muito pesado... quem abria a porta para averiguar, nunca teve coragem suficiente de ficar...

Exceto ela...

O soldado ainda carregava as digitais dos toques de Darcy nas pontas de seus dedos...

Sabia que tinha cometido o maior de todos os erros em partir... mas também erraria se não tivesse ido embora...

A chance que o destino lhe deu de reencontrá-la, não podia ser desperdiçada daquela forma...

A chance ímpar que o destino lhe deu de encontrar o seu par...

.

Não podia ser jogada fora...

.

Bucky sabia que se arrependeria se apenas deixasse que ela fosse embora...

As saudades encravadas nas tênues lembranças dos dois, ainda estavam enraizadas no mais profundo de sua mente... e estancadas em seu coração...

Então...

O sargento passou a correr em velozes passos para onde ela estava...

Darcy ouvia o barulho dos passos em sua direção...

A cientista virou seu corpo abruptamente, com o olhar semicerrado... e num impulso, o sargento agarrou seu braço...

A doutora lhe lançou um olhar colérico, como se estivesse prestes a incinerá-lo com os olhos.

— Me solta...! – Exclamava, com os olhos em chamas...

— Não... eu me recuso a deixar você ir...! – Ele a rebatia ofensivamente, não pretendendo ceder mais uma vez as ameaças dela.

— Se você não me soltar, eu juro que vou usar o meu taser de novo... – Darcy, advertia, prestes a ativar sua arma de choque.

— Regra número um, Doutora... nunca avise o seu inimigo sobre seu próximo movimento, ou pode ser surpreendida com o pior dos contra-ataques. – James explanava audaciosamente e sem receios que estava pronto para enfrenta-la, mas dessa vez, sem resistência.

A cientista alargou o olhar, tamanha ousadia...

Quem aquele soldado pensava que era...?

No mesmo instante, ela moveu a mão esquerda na direção do cós de sua calça, pegando rapidamente seu taser, mas...

.

Bucky segurou fortemente o pulso dela com a mão de vibranium...

.

Darcy tentava em vão, desprender seu pulso da majestosa mão feita do metal mais resistente da terra, mas...

Era impossível...

Jamais teria forças para resistir à energia de um super soldado com um braço revestido de vibranium.

A garota forçava soltar seu pulso, ainda com o taser na mão, no entanto, James colocou um pouco mais de força no aperto, fazendo com que a arma de choque caísse no chão...

Ambos ouviram o objeto colidindo...

E então, naquele momento, os dois se encontravam muito próximos...

Ele agarrou o outro pulso feminino com a mão humana.

O sargento enganchava os pulsos dela, forçando-a a olhar diretamente em seus olhos...

Darcy estava desacreditada... como ele tinha coragem de coagi-la a uma aproximação, depois de ouvir todas as suas palavras de desprezo...?

— Você... – A cientista denotava uma palavra, mas não conseguiu terminar o que diria, porque estava extremamente chocada.

— Eu te ouvi jogar toda a mágoa de anos na minha cara, mas você vai me ouvir agora...

— Eu não vou te ouvir...! – Determinava, com uma voz asperamente insensível, porém, James não se importava com as exclamações de protesto.

— Ouça de uma vez por todas, Darcy! Eu não pretendo desistir, embora não tivesse o direito ou merecesse! Não pretendo me render, então não espere que eu assista você ir embora! Eu não permitirei que isso aconteça! Não agora que tenho uma pequena chama de esperança em recuperar de fato a minha vida de volta!

Darcy exprimiu uma feição de ódio, tentando se desvencilhar do aperto forte em seus pulsos...

— Eu não quero saber se você não pretende desistir, se render ou ceder! Isso não tem mais nada a ver comigo! – Ela grunhia, rangendo os dentes, tamanho furor explodindo dentro de seu peito e se expandindo por todos os seus sentidos...

— Eu esperei por esse momento a anos! De poder finalmente te reencontrar! Eu vivia com você em meu pensamento, e eu nunca, NUNCA DEIXEI DE TE AMAR!

Darcy exibia um semblante assombrado...

Quanta intrepidez e valentia aquele veterano de guerra possuía... era inacreditável o nível de sua petulância...

— Eu não me importo se você ainda me ama...! – A cientista declamou, impetuosamente enfurecida e Bucky mirava atentamente os lábios em tons róseos da doutora...

Seu coração batia em ritmadas batidas, completamente descompassadas...

— Eu tenho certeza que você ainda se importa... – James a puxou lentamente para mais perto e os rostos de ambos se encontravam muito, muito próximos...

— Eu... não me importo... porque não te amo mais... – Darcy murmurava, provocantemente perto dos lábios do sargento... apenas para afrontá-lo da pior forma que existia...

Ansiava feri-lo, fazê-lo sangrar... faze-lo sentir toda a dor e agonia que passou no tempo em que tentava esquecê-lo desesperadamente...

Ao ouvi-la proferir tais palavras tão perto... foi o suficiente para aceitar o desafio de provar que Darcy estava errada...

— Você não me ama mais...? eu... du.vi.do... – James silabou enfaticamente, com a voz afrontosa...

Estavam tão perto, que ambos sentiam suas respirações se misturando... numa agonia estimulante... numa tensão tentadoramente excitante...

Darcy manteve o foco nos lábios dele... tão atraentes e acirrantes...

O soldado sabia que ela ainda o amava... e o desejava... talvez na mesma intensidade de quando se apaixonou por ele...

Os sinais que a cientista lhe dava, eram certeiros...

.

Darcy ainda o amava...

.

Os corpos de ambos estavam em chamas... e se chamavam...

Os olhares azulados, marcavam suas próprias peles, numa troca mútua...

A doutora notou a respiração engatar por um momento, travando seu corpo ainda mais ao sentir a vibração e o calor natural de James...

Sem quebrar o contato visual, ela replicou, atrevidamente, numa postura irreverente e presunçosa...

— Eu já te esqueci há anos... você não significa mais nada pra mim... – As palavras sussurradas, apenas serviam como magnetismo, atraindo cada vez mais os lábios do soldado para perto dos dela...

— É mesmo...? Então porque não tiramos a prova...? – Bucky murmurou de volta, no mesmo tom provocativo, tornando sua excitação sensualmente dolorosa...

A respiração do sargento chegava nos lábios róseos da doutora... beijando sua boca em um sopro quente...

Ele estava amando jogar aquele joguinho excitante...

Os lábios de ambos recendiam desejo... um forte, impetuoso e avassalador desejo...

— Que prova...? – A voz de Darcy fluía numa exalação instigante... e o sargento apenas se incitava ainda mais com o timbre quase trêmulo e a forma como os lábios entreabertos da garota serviam como um convite silencioso para que cedessem ao que seus corações imploravam...

— Você sabe exatamente do que estou falando, garota taser... – Ele rosnou, provocantemente, a encarando com ímpeto enquanto seus gélidos olhos azuis a penetravam de modo aferrado...

— Eu não preciso de provas... – Replicou, narcotizada, sucumbindo ao olhar charmosamente sedutor de James...

Uma antecipação torturante, excruciante e agonizante tomava conta do sargento e da cientista, porém...

O soldado sorriu magistralmente de canto... num gesto desafiador, arrogante e orgulhoso...

.

— Eu vou esculpir meu nome no seu coração de pedra... Dou-to-ra...

.

E então, num célere, firme e destemido movimento, James Buchanan Barnes tomou a iniciativa de fazer o que devia fazer, fechando possessivamente a curta distância que ainda os separava, para então, agarrá-la com força e...

.

.

Tomar os lábios de Darcy, num beijo desesperado, voraz e alucinado...

.

.

Ele pensou que ela o empurraria, lhe dando um tapa, mas a garota se rendeu... instantaneamente...

Naturalmente, os braços do sargento a envolveram por completo, apertando-a contra si... e ela... apenas cedeu, sentindo-se derreter veementemente diante dos lábios exigentes do soldado...

James estava com fome... e ansiava saboreá-la... mas degustava primeiro o seu batom... com gosto de cereja...

O movimento acontecia provocante, denso e possessivo... a forma urgente como Bucky lhe beijava, era um misto de saudades, paixão, impaciência, agonia e... desejo...

A cientista não conseguia resistir... era simplesmente impossível... não possuía tal capacidade, embora tivesse falsamente convencido a si mesma que não sentia mais nada por ele... que havia lhe superado... que havia enterrado todos os seus sentimentos por James a sete palmos do chão de seu pobre e quase desfalecido coração... era uma mentira dolorosa...

Mentiu para si mesma durante todos aqueles anos... e sentia-se indigna... céus, ela era tão patética...

A doutora correspondia... deixando-o ainda mais inflamado com seu delicioso toque...

Os dois se beijavam fervorosamente, numa carícia incrivelmente saborosa, urgente e enérgica...

James sentia-se tentado a aprofundar ainda mais o beijo, apenas para senti-la com mais intensidade em seu aguçado paladar e...

A garota acatou... permitindo que o soldado lhe tocasse ainda mais intimamente...

E então... suas línguas passaram a duelar, numa guerra feroz e violenta, porém, extremamente prazerosa...

O sargento desenhava na umidade de sua boca o gesto incandescente de sua saudade...

Ele estava desesperado...

Era um estímulo intrínseco e inerente... as línguas dançavam, úmidas, sincronizadas e meneando em puro êxtase e prazer... exigindo, implorando, explorando cada parte tão intimamente, num ziguezague alucinante de sensações...

As mãos de Darcy subiram pelas costas do sargento e então, seus dedos entrelaçaram os cabelos dele...

Bucky sentia um arrepio vigoroso subir por sua espinha... o jeito como Darcy lhe tocava, lhe incendiava a ponto de entrar em erupção...

Ela gemeu em sua boca... a dilacerante paixão ardentemente possante que ainda sentia por ele gritava em ser saciada...

A cientista inalou, ofegou e suspirou... e James apenas bebia seus gemidos de prazer através dos lábios entreabertos...

Seus corpos estavam ávidos um pelo outro... a conexão ainda era a mesma de nove anos atrás... era inacreditável...

O soldado se encontrava maravilhosamente inebriado e impregnado por ela... Darcy ainda era sua... ele conseguia sentir que a garota ainda lhe pertencia... a essência dela ainda possuía as digitais dele... carimbados em sua alma... e descobrira tudo isso apenas por prova-la... apenas por beija-la...

Seu toque lhe explodia as artérias... os efeitos eram estrondosamente avassaladores... senti-la tão intimamente depois de tanto tempo, era mais do que merecia receber por tê-la deixado... por tê-la abandonado... por ter partido, mas...

Permitiu-se ser egoísta o suficiente em possuí-la em seus braços novamente... ele necessitava... era urgente... era inevitável e fatalmente essencial...

O sargento se concentrava no som que a doutora exprimia... na melodia doce que Darcy exalava quando seus lábios deliciosamente entreabertos permitiam que ele os sorvesse novamente... de novo e de novo e de novo...

As bocas de ambos eram cachoeiras de beijos... o naufrágio era eminente...

O soldado permaneceu acariciando-a impetuosamente... alentando-a amenamente com deleite... sorvendo seu gosto... imergindo... mergulhando... se encontrando e se perdendo... e enlouquecendo com o calor dos lábios macios... apaixonadamente...

Na imensidão dos beijos do soldado... Darcy desejava se afogar...

A cada beijo, ambos percorriam a vastidão de si mesmos... em seu pequeno infinito...

Ela se deliciava com o formato dos lábios tenros e acetinados do soldado... a consistência afável e apetitosamente saborosa que tanto amava... sentia seu paladar delirar enquanto o absorvia... o sugava e se embebedava daquele gosto extraordinário que só ele possuía...

Aquele beijo apenas deixava o rastro de quem ele era... nas profundezas de seu cerne... no íntimo de sua existência...

Darcy desejava tateá-lo densamente e deixar o sabor de cada lembrança que tentou esquecer, impregnado em seus sentidos... em sua mente... em sua memória... em sua alma...

As perfeitas recordações com James lhe apraziam... os resquícios que por meses e anos pensou terem desaparecido, ainda estavam ali... tudo o que havia sobrado deles... dos vestígios... tentavam encaixar cada pedacinho... cada pequeno fragmento de volta, e reconstruir o que havia quebrado, mas...

Não havia como restaurar tudo o que eles foram um dia...

Cenas de diversos momentos felizes, passeavam entre seus pensamentos...

Mas ela teve de soltar a mão dele para segurar a de si mesma...

Apenas para sobreviver...

E mediante a dor revivida exatamente naquele instante, a doutora simplesmente não conseguia ignorar sua mente, lhe dando marteladas para se afastar imediatamente...

Seu cérebro duelava com seu coração... ela sabia o que devia fazer, porque a razão gritava mais alto naquele momento...

Então... ainda que hesitante, Darcy passou a renegar os lábios do sargento...

James abriu os olhos por instinto, quando percebeu que ela começava a resistir e tentava se soltar de seu enlace...

O soldado não cessou o beijo... e enquanto ainda segurava com força os pulsos femininos, notando que a mesma tentava se desvencilhar, ele foi surpreendido...

.

Quando Darcy mordeu seu lábio inferior com muita força, a ponto de fazê-lo sangrar imediatamente...

.

Ele afastou seu rosto do dela, e a cientista observava o sangue escorrer de sua boca...

O soldado se encontrava atônito... O que se passava na mente dela...? Por que toda aquela reação?

Bucky afrouxou o aperto e finalmente Darcy conseguiu se afastar, mas não antes de...

.

Lhe dar outro tapa violento no rosto...

.

O terceiro...

A garota se afastou dois passos, o defrontando com cólera, sanha e muita aversão...

Seus olhos, tão acesos, mostravam que ela parecia estar completamente arrependida de ter permitido que ele lhe tocasse...

Prova disso era que a mesma enxugava seus lábios com as costas de sua mão...

Já James, tocava seu próprio rosto, ainda sentindo a vibração do violento e ardente impacto da mão da cientista em sua face, além de notar o sangue escorrendo do lábio inferior que ela havia mordido violentamente.

— Nunca mais me toque de novo!!! Ou eu juro que da próxima vez, vou usar meu canivete e desfigurar a sua cara! – A doutora exclamava de modo alarmante, com agressividade e selvageria, ameaçando-o mais uma vez, caso ousasse tocá-la novamente.

— Você... anda com um canivete...? – Bucky interpelava, desacreditado... pela milionésima vez...

.

Céus... quem era aquela mulher...?

.

— Eu vou carregar todos os tipos de arma que existem, só pra te manter longe, se for preciso! – A garota assegurava, com muita fúria.

James não conseguia entender...

— Por que não me empurrou no mesmo instante...? Por que me deixou te beijar e correspondeu!? Por que você não me afastou quando te toquei!? – Dessa vez, era o soldado quem exclamava em alto tom. Tinha certeza que Darcy ainda o amava... ela só não queria admitir...

— Não há espaço nesse mundo pra nós dois, James, então, acho melhor você nunca mais se aproximar de mim novamente! – Rebatia, indelicada, feroz e indomada. A garota não aceitaria ser tocada por ele de novo...

Não aceitaria...

— Por que você está me torturando desse jeito!? Por que insiste em me machucar dessa forma!? Por quê, Darcy!? – Bucky grunhiu, com exaltação, não aceitando ouvir as desculpas dela...

Sabia que ela o amava... Darcy não podia lhe enganar...

 - Eu estava machucada, então agora vou te machucar também! – Ela vociferou severamente de volta.

O sargento secava o sangue que escorria de seu lábio com as costas da mão humana, ainda a encarando, totalmente perplexo...

James não podia acreditar no que Darcy havia se transformado... aquela doce menina, tão gentil e compassiva... empática e generosa, que colocava sempre sua segurança em risco para salvá-lo de suas crises traumáticas, ou mesmo quando a própria HYDRA se aproximava para tentar leva-lo, e a mesma se arriscava, apenas porque não desejava que ele a esquecesse, agora, estava ali, lhe ferindo daquela forma...?

— As coisas não precisam ser assim, Darcy... – O sargento replicou, melancolicamente...

— Vou explicar pela última vez, James... Eu te entreguei meu coração, mesmo com medo de ser ferida novamente, e o que você fez...? VOCÊ ME DEIXOU!!! – A garota bradou com fúria as últimas três palavras.

— Eu já te expliquei várias vezes que-

— Não adianta tentar se justificar agora! Eu sempre, sempre acreditei em você! Fui a única pessoa que te estendeu a mão, enquanto todas as outras apenas queriam te matar! Você era uma arma, um empecilho, um arquivo que devia ser queimado, uma pedra no sapato de vários governos e instituições! Eu defendi a sua honra, te dei a minha vida, me comprometi, mas você não foi leal! Você foi embora e nem mesmo me disse adeus olhando em meus olhos! – Darcy gritou, áspera e de modo intransigente.

A cientista estava descontrolada...

O soldado suspirou... não havia nada que pudesse dizer que ela entendesse... nem mesmo havia nada que pudesse fazer que a convenceria do contrário...

— Eu disse que não havia desistido de você e me convencido que teria de ser egoísta, mas... não estou acostumado a ser desprezado por você, e isso... é muito doloroso... você sempre foi compreensiva, carinhosa e insistente, quando eu não merecia a sua confiança... você nunca desistiu de mim... só que eu não tinha ideia que aquela Darcy que conheci, estaria morta nos dias hoje... ela se foi e eu não consigo acreditar até agora, mas se você quer tanto que me mantenha afastado, eu farei isso, apenas pra que se sinta melhor.

— Sensata decisão, soldado... – A garota grunhiu, com furor.

— Isso não significa que eu tenha desistido de você em meu coração, mas... você mudou drasticamente... não consigo me aproximar da sombra do que um dia você já foi... você não é a Darcy que eu conheci... você não é a minha Darcy... – Declarou, deixando-a ciente de seus sentimentos e receios por ela.

— Isso é um problema só seu, James...! Tenho muito orgulho do que me tornei e não me importo nem um pouco se não pareço mais aquela garotinha boboca que chorava por você o tempo todo, implorando pra não ser esquecida! – Darcy rebateu de volta, ainda muito revoltada.

Ela parecia decidida e ele jamais a forçaria a nada...

Não tinha ideia de como as coisas seriam agora... mas se ela o rejeitou, então isso significava que dessa vez, nunca mais se veriam de novo...

Era doloroso... no entanto, não tinha escolha...

— Então... nos despedimos aqui... – E então, depois de tais alegações, o sargento resolveu se afastar, dando as costas para a cientista...

— Adeus, Darcy...

E então, a cientista o observava caminhando para longe dela... indo embora...

O coração da doutora estava dilacerado, confuso e aflito...

Sentia-se consternada depois de todo aquele diálogo com o soldado, diante daquele beijo e da série de tapas que lhe dera por tentar uma reaproximação...

A garota apenas reagia para se defender... nada podia exprimir o tamanho de seu sofrimento por conta do estrago que James fizera quando resolveu abandoná-la nove anos atrás...

Ela suspirou, entristecida e amargurada... totalmente deprimida...

Talvez não tenha sido melhor ter voltado do blip...

Talvez fosse melhor ter se mantido como poeira, voando por aí...

Teria mais utilidade do que passar por toda aquela angústia com o sargento, de novo...

Quando percebeu o quanto ele estava longe, Darcy resolveu fazer o mesmo e então...

A cientista virou de costas, indo pelo lado oposto de onde o soldado ia...

Do outro lado, James caminhava, consternado...

Ele guardaria na memória os tapas que Darcy lhe dera... mas também, o último beijo que partilharam...

O soldado queria ter expressado com perfeição o quanto ainda a amava...

Seu amor por Darcy era o resultado das estrelas do céu multiplicadas pelas gotas do oceano...

E seu coração era como um cofre em que a porta possuía dez mil segredos, mas só se abria diante do toque das digitais de uma só mulher...

Darcy Katherine Lewis...

.

E então, ambos seguiram para direções opostas, já imaginando que nunca mais se veriam de novo...


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