Wintershock escrita por ariiuu


Capítulo 70
Quatro longos e cansativos anos depois




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“Olá! É mais uma sexta-feira de primavera nos Estados Unidos e eu sou Darcy Lewis, Doutora em Ciência antropológica e histórica pela Universidade de Chicago. Atualmente, trabalho para o Departamento de Estado Americano e presto consultoria na área de Geopolítica para diversas empresas do setor privado, nacionais e internacionais, ou seja, não tenho tempo para mais nada em minha vida, mas... pelo menos meus dias como estudante pobretona acabaram e hoje tenho uma boa remuneração por atuar como cientista política nesses meios...”

“O mundo virou um pouco de cabeça para baixo depois da morte do rei T‘Chaka e com o anúncio do príncipe herdeiro, agora rei de Wakanda, T‘Challa, nas nações unidas em Viena no ano de 2016, dizendo que dividiria sua ciência e recursos com o mundo exterior, as coisas não foram mais as mesmas...”

“O tratado de Sokovia também foi assinado, e isso resultou em metade dos Vingadores foragidos, ou seja, as coisas não iam muito bem no mundo, porém... uma ameaça iminente alguns anos depois, pegava não somente o planeta terra, mas todo o universo de surpresa, causando a extinção de metade de todos os seres vivos...”

“O resultado de tudo isso é que mais uma vez, a vida me arrastou de volta para o que eu chamaria de destino, e uma baita brincadeira de mau gosto, quando pela segunda vez, esbarrei no homem que a anos atrás, virou a minha vida de cabeça para baixo...

Esse homem...?

É o Soldado Invernal, ou como o chamam por aí atualmente...

.

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Lobo Branco...”

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18 de Abril de 2018, uma semana antes do estalo.

Darcy Katherine Lewis, 27 anos, Doutora e agora chefe da divisão de pesquisa do setor de Geopolítica dentro do Departamento de Estado Americano, tomava uma xícara de café numa cafeteria tradicional no bairro do Queens em Nova York.

Em breve a doutora pegaria um voo para Los Angeles (local onde agora residia oficialmente), no aeroporto internacional John F. Kennedy, ainda que durante a semana trabalhasse em Washington DC.

Mas... Washington sempre lhe cansava... tal fato ainda não tinha mudado, mesmo depois de anos.

Era uma manhã pacífica e agradável de primavera, e a cientista tomava seu café tranquilamente enquanto lia o jornal The New York Times, se atualizando sobre as últimas notícias.

Ela se encontrava sentada no balcão, esperando dar a hora de seu voo, apenas para pegar um táxi e partir para o aeroporto, que não era tão longe dali.

Darcy estava vestida socialmente, embora não curtisse muito roupas tão formais, o cargo que ocupava no Departamento de Estado lhe obrigava a sempre estar impecável, afinal, era uma figura um pouco conhecida dentro de Washington, então tinha de cumprir alguns protocolos...

Ela carregava uma mochila social e uma pasta com vários arquivos referentes aos Vingadores. Ela trabalhava num projeto que envolvia investigações sobre o paradeiro de alguns deles.

Ainda que não quisesse se envolver com nada que tivesse relação com os maiores heróis da terra, que agora eram foras da lei, tinha de cumprir seu trabalho...

Os ponteiros do relógio mostravam que em breve teria de sair dali, então, automaticamente a doutora dobrou o jornal e o colocou em cima do balcão enquanto terminava de delibar seu café na xícara de porcelana.

Mas no mesmo instante, uma dupla de estudantes entrou na cafeteria e sentou ao seu lado.

Darcy não se incomodou em ouvir os dois garotos sentados próximos a ela, falarem de teorias sobre Star Wars, dentre elas, quem eram os pais de Rey, já que aquilo havia ficado explícito no filme da franquia, “O despertar da força”.

— É sério, Ned, as explicações do último filme não me convenceram! – Um deles começava a falar sobre todos os porquês de sua teoria sobre “Os Últimos Jedi”.

— Eu não sei não... ficaria muito obvio se fosse isso... – O outro garoto, achava o contrário, e mentalmente, Darcy concordava com ele.

A cientista ficou ali, os ouvindo involuntariamente, sem se meter na conversa, discordando do que o garoto mais frenético dizia.

Ela estava prestes a terminar seu café, até que finalmente, quando olhou no relógio, percebeu que já estava na hora de ir.

No entanto...

Quando a doutora se afastou da cadeira, colocando a mochila nas costas, o garoto que se encontrava em seu lado, esbarrou na pasta que a mesma segurava e então...

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Todos os artigos caíram no chão...

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Darcy suspirou, impaciente...

— Crianças... – Grunhiu bem baixo, se agachando para pegar os papeis do chão.

Mas o garoto também se agachou, no ímpeto de ajudá-la a recolher os papeis, já que a culpa foi toda dele.

O outro garoto observava tudo, rindo da cena, mas percebendo o quanto a mulher que Peter ajudava era um tanto esbelta e trajava roupas requintadas.

— Desculpa, moça. Eu não fiz de propósito. – Ele se justificava, pegando os muitos papeis do chão da cafeteria.

— Devia parar de se empolgar com suas teorias sobre “O despertar da força” e prestar mais atenção ao redor. – Darcy rezingava em resposta, com um semblante enfadonho.

Porém... enquanto o garoto a ajudava, percebeu inúmeros recortes de jornais, fotos e artigos impressos sobre...

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Os Vingadores...

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Ele arqueou as sobrancelhas, surpreso, então, resolveu indaga-la sobre aqueles arquivos.

— Você é alguma jornalista que está fazendo uma matéria sobre os vingadores!? Porque se for, o time aumentou... – O garoto assegurava, com um sorriso convicto nos lábios.

Darcy ergueu o rosto e o observou...

Aquele menino era provavelmente um estudante do ensino médio e fã dos maiores heróis da terra...

— Céus, que clichê... – A cientista soltou sem pensar, revirando os olhos, e o garoto apenas ficava sem entender.

— Sabe, é que há rumores de que eles recrutaram uma pessoa nova pro grupo, só que eu acho que isso não saiu nos jornais, então as pessoas não estão sabendo... – Ele insistia em dizer que os Vingadores tinham um novo membro, mas Darcy não parecia interessada.

— Claro que recrutariam... metade deles está foragido, então isso é meio obvio. – A doutora redarguia, ainda sem muita paciência com aquele estudante.

— Bem, é que... Há rumores que o amigo da vizinhança é... um deles... agora... – O garoto gaguejava, terminando de recolher os papeis do chão, erguendo-os na direção dela.

— Amigo da vizinhança? O Aranhazinha do Queens, você diz? – Darcy rebatia, em tom desdenhoso.

— Hey, é o Homem Aranha... não Aranhazinha... – O estudante a corrigia, sorrindo inocentemente.

Mas...

Darcy semicerrava os olhos, observando-o com muita com desconfiança.

Aquele garoto tinha a mesma estatura do tal “Aranhazinha do Queens” e parecia tão suspeito...

— Por que está dizendo isso? Por acaso você conhece ele? – Inquiriu, com resquício de dúvidas na voz.

— Eu...? Claro que não... – O estudante sorriu, olhando para seu amigo que se encontrava logo atrás, e exprimia uma feição um pouco perplexa.

Algo tão suspeito... e tão na cara...

— Se você não o conhece... pode ser então que... você é ele..!? – Darcy apontou para o garoto, com os olhos semicerrados e uma postura sagaz, observando-o de cima em baixo.

O estudante começou a rir de nervoso, e seu amigo virou de costas, como se quisesse esconder a cara abismada que estava fazendo.

— Por que eu seria ele...? Não faz sentido algum! Sou só estudante do ensino médio...! – Ele insistia em despistá-la, mas Darcy conseguia ler muito bem seus gestos...

— Há boatos de que esse Aranhazinha é um garoto menor de idade e você é um estudante... então talvez... vocês tenham a mesma altura..? – Agora a cientista o analisava ainda mais detalhadamente, com os olhos fixos na silhueta do garoto.

— Não, moça, você tá enganada...! – O menino começava a mostrar vestígios de apreensão, o que apenas confirmava que suas suspeitas estavam certas.

Trabalhar no departamento de estado americano lhe ensinou a ler a hipocrisia e dissimulação de muitas pessoas... estava ficando expert em decifrar os segredos de todos no geral, e aquilo havia se tornado um hobby para ela... era tão divertido, mas...

Darcy sabia que mesmo se aquele garoto fosse o Homem Aranha e tivesse fortes relações com Tony Stark, ele jamais saberia sobre qualquer coisa relacionada ao desaparecimento do Capitão América e os demais membros da equipe, então não havia porquê perder tempo com ele.

— Hmmm... isso não importa e mesmo que você seja ele, não tenho interesse. Tenho coisas mais importantes pra fazer, sabe? Coisas de adulto, então não posso ficar aqui perdendo tempo com crianças. – A cientista pegou a pasta com os arquivos, e empurrou a alça da mochila em seu ombro, se preparando para sair dali.

— Mas esses arquivos... você é alguma jornalista? Vai escrever algo sobre os vingadores!? – O garoto insistia no assunto, e quando a mesma ouviu a palavra ‘jornalista’, se sentiu ofendida.

— Jornalista!? Se liga garoto, eu sou cientista política! Mais respeito para com a minha pessoa! – Ela grunhiu com muita impetuosidade, assustando os dois estudantes.

— Mas é a mesma coisa... Cientistas políticos acabam fazendo carreira em jornais... – O estudante replicava, num tom brando, tentando não deixa-la nervosa.

— Mas é claro que não! Eu nunca trabalharia num jornal! – Para Darcy, anos de estudo não poderiam ser desperdiçados dentro de uma redação de jornal.

— Desculpa, moça... – O garoto abaixava a cabeça, um tanto desconfortável,

— Se você for o Homem Aranha, com uma postura infantil dessas, nunca vai virar manchete de jornal! Vai ser no máximo uma notinha de canto no rodapé nos tabloides e olhe lá! Agora se me der licença, tenho que pegar um voo...! Não posso ficar aqui falando com você, Aranhazinha! – E então, ela esbarrou no garoto com força, indo direto para a porta da cafeteria.

— Eu não sou o Homem Aranha! – Ele gritou.

— Claro que é! – Darcy saia do local um tanto nervosa.

Quem aquele Aranhazinha pensava que era para reduzi-la ao nível de uma mera jornalista que fazia matérias sobre super-heróis?

Cinco segundos depois, Ned observava a mulher andando pela calçada, com uma carranca no rosto, indo embora.

— Ela descobriu que você é o Homem Aranha, mas não se importou... isso foi muito arriscado, cara. – Ned sentia um nó na garganta.

— Nem me fale... fui pego, mas ao mesmo tempo estou aliviado por ela não ter ligado... – Peter Parker respondia de volta o amigo, pasmo com o mau humor daquela mulher.

Ela era assustadora...

.

.

Darcy chegava em Los Angeles, e voltava para seu apartamento.

A Califórnia era o lugar que a doutora mais amava de todos os Estados Unidos. As praias, as ruas, os restaurantes, o clima natural e bem ao lado do oceano... Ela nunca se sentiu tão feliz estando em outro lugar.

Kimberly esperava a amiga, já que ambas tinham combinado de passar o fim de semana juntas.

A programação era sempre a mesma: Maratonas na Netflix com muito sorvete.

A primavera na costa oeste era menos gélida do que do outro lado do país e esse era um dos motivos que lhes faziam amar aquele lugar. O frio era menos intenso.

— Joaninha, o que vamos maratonar hoje? – Kimberly a indagava, já preparando o pote de sorvete enquanto se acomodava no sofá.

As janelas do apartamento estavam abertas, o sol se esgueirava pelas frestas das cortinas e o barulho da agitada Venice Beach podia ser ouvida.

— Não sei o que iremos maratonar... estou com tanta preguiça de tudo que só queria ficar deitada sem fazer nada... – E então, a cientista esticava as pernas para cima, desejando que seu fim de semana durasse um ano.

— Quando é que você vai pedir demissão do departamento de estado? Se não gosta de trabalhar lá, fique apenas trabalhando como autônoma. Você vai ganhar menos, mas não vai viver estressada! – A loira se referia ao fato que sua amiga não se sentia à vontade trabalhando para o governo.

Por mais que ganhasse bem, trabalhar com Jane no laboratório era menos estressante do que lidar com pessoas perigosas do estado americano.

— Sei lá... estou ampliando minha cartela de empresas como consultora, então ainda demorar até que eu saia de lá. Tenho que aguentar mais um tempo. – Darcy desabafava, um tanto frustrada. Viajar toda semana para Washington DC era um saco.

— Mas mudando de assunto, joaninha... É verdade que o Richard começou a fazer Doutorado por sua causa!?

— Não sei... por que seria por minha causa?

— Porque o Derek me disse que ele estava pensando em conseguir um emprego no mesmo lugar que você... – A loira piscou, de modo insinuante.

— E daí? – Darcy fez cara de paisagem.

— Quando você vai dar uma chance a ele? Não é de hoje que o Richard está correndo atrás de você.

— Ele não me deu uma chance quando eu gostava dele na época da faculdade... – De fato, a cientista não se importava. Estava lixando para todos os homens à sua volta que queriam sair com ela.

— Mas agora ele gosta de você!

— Eu não ligo... – Darcy bocejou.

A loira ficou em silêncio por alguns segundos, até que retornou com uma pergunta ousadamente arriscada.

.

— Me diz a verdade, Darcy... mesmo depois de quatro anos, você ainda tem sentimentos pelo sargento Barnes?

.

A cientista a encarou, colericamente furiosa.

— Você esqueceu a regra número um dessa casa, Kim!? Não mencione esse nome aqui! – Enfatizava, com sanha em sua voz.

— Claro! Por que você ainda o ama!

— Acabou...! A paixão só dura dois anos, então meus sentimentos por ele já passaram da validade faz tempo! – A garota fazia uma careta, só que Kimberly não estava convencida.

— A paixão sim, mas o amor, o amor verdadeiro dura a vida toda. – A loira lembrava o obvio, no entanto, a cientista não conseguia mais levar aquelas frases amorosas a sério.

— E quem disse que eu sinto amor por ele!? Kimberly, já passou! Acabou! Eu segui em frente e o superei, assim como fiz com o Robert, mas só que não precisei de outro homem pra isso. Consegui sozinha e estou super feliz e orgulhosa de mim mesma. – Darcy sorria satisfeita. Se tinha algo que sabia que tinha desaparecido, era o sofrimento exagerado pelo soldado.

Quando pensava que quase morreu por culpa dele, o único sentimento que restava era ódio... e mesmo que não tivesse conseguido superar totalmente parte do que nutria por ele, já havia se passado quatro anos... as lembranças que possuía de James, nem lhe faziam cócegas...

Dia após dia, ela se forçou a ser uma mulher fria... foi duro e trabalhoso tentar assassinar tudo o que sentia por Bucky Barnes, mas tinha quase certeza que se o visse de novo... não sentiria algo tão intenso, como anos atrás.

No entanto, essa quase certeza não valeria de nada, já que provavelmente nunca mais o veria novamente.

Estava convencida disso.

— Ok, supondo que eu acredite que você superou o sargento, então por que você não deu chance pra ninguém até agora? – Kim a questionava, tentando entender a lógica de sua amiga.

— Porque eu não quero. Simples. – A doutora se levantava do sofá e se dirigia para a cozinha, no intuito de pegar o seu pote de sorvete, para começar a maratona na Netflix.

— E quanto ao satã? Fiquei sabendo que ele foi até Washington pra te convidar pra jantar.

— Era a mando de Jane. Ele está envolvido num trabalho em conjunto com ela e Erik, então falamos apenas de trabalho.

— Não foi o que o Derek disse que viu...

— O Derek está tendo Alzheimer aos 27 anos... – Ela desdenhava de seu amigo, exatamente como fazia de Stephanie, anos atrás.

— Tava tão na cara que o Nathan te amava. Só você que não percebeu, ou não quis perceber!

— Como eu ia perceber alguma coisa se eu estava loucamente apaixonada pelo Bucky!? E mesmo se fosse verdade, nós nunca daríamos certo.

— Eu acho que daria. Vocês dois têm uma química forte! E eu super shippo!!! – Kim começava a fazer a tradicional dancinha de empolgação e Darcy revirava os olhos.

— Ok, Kimberly! Eu vou ligar pro Nathan e convidá-lo pra sair, mas se a gente se matar no primeiro encontro, você por favor diga aos nossos pais para nos enterrar em cemitérios diferentes, e se for pra cremar, que eu seja jogada no oceano pacífico e ele no oceano atlântico, entendeu!?

— Já é! Prefiro você morta do que encalhada!

— Porque estar encalhada é o fim do mundo, mas estar morta é um mero detalhe!

— Exatamente! – A loira piscou e Darcy revirou os olhos.

— Agora estou estranhando você e o Derek estarem tão amiguinhos! Eu nunca pensei que vocês se dariam bem um dia! – A doutora franzia o cenho, desacreditada, pois sabia o quanto seus melhores amigos se odiavam no passado.

— Bem... fui convidada para ser uma das madrinhas de casamento dele, então isso significa que aquela antiga rixa acabou! – A loira deu de ombros e Darcy fez uma careta.

— Eu deveria estar muito chateada com o Derek! Ele te chamou pra ser madrinha do casamento dele primeiro do que EU! Ele me traiu!

— Claro! Você só trabalha e não dá prioridade aos seus amigos! – Kimberly lhe repreendia.

— Pelo menos ele e a Stephanie se deram bem e vão se casar, já eu e você ficaremos solteironas para sempre!!! – A cientista despreguiçou, se acomodando no sofá.

— Eu ainda penso em casar, joaninha! Não é porque você se deu mal com todos os homens ao qual se apaixonou, que vou seguir nessa linha! E foco no Nathan, tá!?

— Não há nada melhor do que estar solteira e em paz, amiga!

— Diga isso quando a carência bater à sua porta. Eu vou rir quando abrir seu coração novamente!

— Isso nunca vai acontecer... meu coração é só meu. Não há lugar para ninguém além de mim mesma nele.

— Então o satã terá que fazer uma amarração amorosa pra te conquistar!?

— Nem se o Nathan recorrer ao pai dele... você acha que o capeta vai perder tempo tentando me prender ao filho dele!? Com tanta gente melhor por aí, quem sou eu na fila do pão!? Para de viajar...

— Que pensamento mais triste... mas agora vamos maratonar alguma série porque preciso me esquecer que semana que vem tenho que visitar minha família e não estou com saco de encarar aquele bando de loucos. - A loira comentava sobre seus parentes e o desgaste de estar com eles.

— Ok, Kim... não precisa expor que você ama a sua família... mas o que vamos assistir?

As duas focaram na Netflix para esquecerem suas vidas medíocres, porque era isso que a maioria dos jovens faziam naquela época, certo...?

.

.

Longe dali, em Wakanda...

O sargento Bucky Barnes trabalhava numa fazenda...

Depois de um ano na criogenia, o soldado foi despertado para iniciar um tratamento...

James vivia numa pequena cabana ao lado do campo e sempre havia crianças ao redor dele, lhe fazendo companhia, pois achavam engraçado um homem branco transitando pela região.

Depois dos eventos de 2016, que se resumiam ao tratado de Sokovia, a perseguição do General Ross, a emboscada que o tal Zemo armou para ele e Steve, apenas para que entrassem num embate com o Homem de Ferro por conta da missão de 16 de Dezembro de 1991, culminando no assassinato de Howard e Maria Stark, tudo terminou da forma mais trágica possível e parte dos Vingadores se encontrava foragida...

Eles se separaram e anos se passaram...

Mas T’Challa o acolheu, lhe oferecendo um lugar de descanso e um tratamento mental, cuja líder era a princesa Shuri.

O último ano vivendo ali, tinha sido libertador...

O ar fresco, a natureza sempre em seu auge, a calmaria, a paz...

Sua interação social com os cidadãos Wakandanos era harmônica e não havia nada que o perturbasse e lhe tirasse o sossego...

Shuri estava lhe auxiliando, com um tratamento que o libertasse de uma vez por todas das amarras do Soldado Invernal, e tudo estava dando certo... o que era bastante inacreditável, por conta da vida que levou nos últimos setenta anos, sendo usado como uma arma.

Ele amava Wakanda... e se pudesse, não pretendia sair dali nunca mais... Estava cansado de guerras, de lutas, de combates... de missões...

Bucky estava apenas focado em passar dia após dia naquele lugar, aceitando que a HYDRA não estava numa esquina lhe esperando para encurralá-lo, trancá-lo numa máquina para lhe fazer lavagens cerebrais e congelá-lo... como a arma mortal que foi um dia...

T’Challa tinha lhe dado o que tanto precisava... isolamento, espaço e tempo para que pudesse respirar...

Era algo que não foi capaz de ter durante os meses em que viveu na Europa Oriental, transitando por países como Ucrânia e Romênia, cumprindo ordens de Barão Von Strucker...

Naquela época, ele agradeceu que os Vingadores tenham acabado com o líder da HYDRA, pois foi capaz de se livrar de uma vez por todas daquela maldita organização...

Ele não precisou se vingar da HYDRA por conta própria... Steve e os Vingadores fizeram isso em seu lugar...

Mas ainda assim, não era fácil viver com a impressão de ser observado o tempo todo, tentando se esconder em Bucareste.

Aqueles eram dias incertos, cheios de tensão e preocupação com o que poderia acontecer, caso descobrissem que estava ali...

James sabia que um dia, o governo americano lhe descobriria ali, na Europa oriental, então não podia abaixar a guarda em momento algum...

Mas em Wakanda era diferente... Aquele lugar era uma fatia do céu, um alívio naquela corrida perigosa que era a sua vida...

Era um esconderijo seguro...

No entanto, havia algo que ainda lhe tirava o sono de vez em quando... e não era o pesadelo de ser perseguido pela HYDRA ou pelo governo americano, mas um sonho... um sonho que havia se tornado um desejo egoísta, a julgar por seu ponto de vista, e que não podia ser evitado...

.

A imensa vontade de reencontrar Darcy Lewis, mesmo depois de tantos anos...

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O soldado não havia esquecido a garota, nem mesmo um dia sequer...

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Não havia esquecido principalmente os dias em que passaram juntos e tão íntimos... que foram os mais felizes que se lembrava de ter...

Por um momento, ele tentou desesperadamente arrancá-la de sua cabeça, a ponto de perder a paciência e deixar a fúria tomar conta, por causa da imensa saudade que nutria por ela, mas quando percebeu que seria impossível controlar seus sentimentos, ele se rendeu e desistiu...

Mesmo depois de quatro anos... era como se tudo ainda estivesse fresco em sua mente e se perguntava como Darcy estava... se ela havia concretizado seus sonhos naquele tempo...

James se sentia em paz, ao poder fechar os olhos e recriar cada detalhe da garota em sua frente...

Do toque dela... de suas delicadas mãos, tão quentes e afetuosas... a forma como viajava ao som de sua voz... que em ondas abrasantes ecoava no infinito de seu pensamento...

Sua pele... seu cheiro... seus cabelos... seus lábios... cada parte de sua essência que o despertava em todos os sentidos...

Se plantasse uma rosa para cada vez que pensou nela... estaria colhendo flores por toda a sua vida...

Os sentimentos que sentia por Natalia não eram como os que sentia por Darcy. O que sentia pela ruiva era doloroso... já o amor por Darcy era como a tão sonhada paz depois de vencer a guerra...

De fato, o amor verdadeiro fazia tudo ter mais sentido. As coisas tinham mais cheiro e mais sabor...

E assim, seus pensamentos cruzavam a distância, flutuavam na lembrança e se deparavam com o suspiro da saudade...

Algo dentro dele, gritava... era como se James mal pudesse esperar para vê-la novamente...

Ele sabia que tal desvairo era impossível, ainda que depois de ter permanecido todo aquele tempo em Wakanda tivesse reacendido uma pequena esperança em seu coração...

No entanto, tinha em mente que quanto mais alimentasse tal desejo, mais se martirizaria...

E em meio aos seus delírios envolvendo as recordações com Darcy, o barulho das crianças se aproximando lhe tirou a concentração.

Elas sempre se aproximavam, curiosas, gritando...

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Lobo branco...

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James continuava trabalhando, carregando cargas, as quais jogava numa charrete, com seu braço humano.

Sua sombra balançava a cada passo... em meio a ofuscante luz daquele dia ensolarado...

Ele sorriu ao vislumbrar as crianças wakandanas.

O sargento gostava de ser chamado de Lobo Branco...

.

.

No continente americano, um dia depois, em mais um domingo ensolarado na Califórnia, próximo ao Centro de ajuda internacional Wakandano em Los Angeles, a supervisora Nakia e a líder do intercâmbio de informação e ciência, princesa Shuri, se encontravam numa lanchonete, sentadas numa mesa, tomando sorvete.

— Sério que você quis vir até aqui por uma missão estreitamente pessoal e que nada tem a ver com o trabalho que T‘Challa pediu? – Nakia contestava Shuri, que estava mais sorridente do que nunca.

— Eu vim até aqui como um cupido do amor, mas claro que não deixarei de cumprir os meus deveres como líder de intercâmbio, então... por que ainda estamos tendo essa conversa? – A princesa lambiscava seu sorvete, com uma expressão travessa na face.

Nakia revirava os olhos.

— Você acha mesmo que vai encontrar essa garota aqui? Ela não trabalha em Washington?

— Ela mora aqui. Já descobri os lugares que ela frequenta e até onde mora.

— Isso é loucura, Shuri...

— Acredite, não é. – A irmã de T’Challa sorria, totalmente eufórica com o motivo de sua estadia em Los Angeles, que basicamente era...

.

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Ir atrás da musa inspiradora e amor da vida do sargento James Buchanan Barnes... vulgo, Darcy Katherine Lewis.

.

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A missão? Encontrá-la, conhece-la, dizer que Bucky Barnes estava em Wakanda e que havia recuperado boa parte de sua mente caótica.

É claro que o soldado não sabia que Shuri estava indo atrás de Darcy para dizer que ele estava bem, mesmo depois de quatro anos sem se verem...

Sim, era bizarro...

Depois de um ano na criogenia, Bucky foi descongelado e designado para um tratamento, com o objetivo de trazê-lo de volta para o mundo, mas como um ser humano saudável e não como um homem errático e desmemoriado.

A princesa Shuri trabalhou constantemente para restabelecer a mente de James e havia concluído 80% de seu trabalho.

— Olha só, e se essa garota se casou? Como você vai abordá-la falando sobre o sargento?

— Nakia, eu pesquisei a vida inteira dela, e não, ela não é casada...

— Ainda assim, isso é errado porque você está se metendo onde não foi chamada.

— Ah, qual é! Depois de todo o trabalho que tive para ajudar o Bucky a recuperar parte de sua mente, e do quanto ele se abriu pra mim em dizer sobre ela e dos meses em que viveram juntos, eu não podia simplesmente ignorar! Isso faz parte do tratamento dele. Há poucas pessoas em quem ele confia, e ela é a primeira da lista!

— Isso é invasão de privacidade. Pare de querer bancar o cupido e vamos voltar pra Wakanda amanhã. – Nakia tentava convencer a princesa a desistir daquela ideia ridícula, mas...

Shuri não cederia...

— Eu não vou embora! Não enquanto não conhecê-la! Ainda que exista uma pequena chance desses dois ficarem juntos, eu vou insistir!

— Mas ele ainda é um procurado pelo governo.

— As coisas vão se resolver... você vai ver... mas enquanto não se resolvem, preciso fazer meu trabalho, que é encontra-la ainda hoje!

— Por que? Ela vai passar por aqui?

— Pelos meus cálculos, sim... então vamos aguardar...

— Eu fico impressionada com seu otimismo.

— Você ainda não viu nada... – A princesa sorriu, e para a sua surpresa, exatamente como havia previsto...

Duas garotas entraram na lanchonete... e uma delas...

.

Era Darcy Lewis...

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Os olhos da princesa arregalaram e Nakia começou a massagear as têmporas.

— Você realmente vai fazer isso...?

— Eu já estou fazendo! Tarde demais! – E então, a garota se levantou da cadeira, indo na direção da cientista.

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A princesa de Wakanda finalmente conheceria a mulher da vida do sargento Bucky Barnes...

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