Free Fallin' escrita por MrsSong


Capítulo 5
4. Dália Amarela


Notas iniciais do capítulo

Coisas que aconteceram na minha vida desde minha última atualização: terminei um relacionamento de anos, tive uma paixão avassaladora por uns meses, optei por mudar minha carreira toda e tudo isso nos últimos 7 meses... Vivi uma novela louca e foi assustador.
Minha vida continua confusa, mas eu vi essa cena na minha cabeça com uma precisão que precisava ser entregue.



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4

Dália Amarela

Amor correspondido

 

Giane entrou na Class Mídia bufando e quase derrubando Edu que estava em seu caminho. Ao observar os olhares debochados dos publicitários ao seu redor e realinhou o corpo com uma expressão séria, passando os dedos pelos cabelos como se tentasse parecer apresentável. Percebeu uma garota bonita se aproximando com uma expressão confusa.

— Posso ajudar? - a garota perguntou a olhando como se questionasse sua presença aqui.

Para variar, uma patricinha questionava onde ela podia ou não entrar. A raiva voltou a ferver em sua garganta, mas abriu seu sorriso falso de vendedora.

— Eu preciso falar com o Fábio Campana. - disse delicadamente. - Ele está?

A garota não teve tempo de responder porque sentiu algo nas costas que sempre indicavam que Fabinho estava se aproximando. Seu sentido de Fraldinha, dizia na infância.

Se virou e o viu com um sorrisinho debochado.

— Gostou do presente, maloqueira? - ele perguntou e ela se aproximou dele mais um passo. Os corpos quase colados, a respiração dela mal contendo a raiva que sempre existia nele. Bem, ele também não era um poço de paz e flores.

Nenhum dos dois era Bento de Jesus e isso era claro.

— Ah, eu adorei. Adorei tanto que quis te trazer pessoalmente minha resposta. - ela respondeu, se preparando para remover na pancada a expressão debochada de Fabinho.

— Namorando na hora do expediente, Fábio? Não te pago para isso! - Natan exclamou entrando com Sílvia.

Giane se voltou para os mais velhos se aproximando e pensou em responder, mas não teve tempo porque a mulher que se aproximava dos dois a encarava com uma expressão chocada.

— Natan, olha essa garota. - ela exclamou e Giane deu um prazo para trás, assustada.

— Eu acabei de comentar sobre ela! - Natan retrucou enquanto Fabinho encarava Sílvia tentando entender o que se passava na cabeça da mulher.

Observou Giane e a verdade veio como um balde de água fria. Giane não era uma menina bonita há algum tempo… ela era uma mulher linda — e apesar de negar, sabia disso. Giane era estrela de alguns de seus sonhos mais primitivos – e Sílvia estava vendo tudo isso por trás do moletom gigante (que era dele, mas Giane negava ter roubado) e macacão puído.

— Ela quis dizer que a Giane é bonitinha, chefinho. - Fabinho não resistiu o deboche e se culpou ao ouvir os risinhos dos outros funcionários pareado com a expressão de traição de Giane.

Deixe para a maloqueira não notar a beleza que possuía.

Como alguém lindo como ela podia pensar que não era de tirar o fôlego (na maioria das vezes pelos motivos errados… As cicatrizes que tinha com o nome de Giane como a culpada!)? Como Giane podia pensar que ele debocharia dela na frente desses mimadinhos?

— Ah, mas isso não é nada demais e… - Natan finalmente percebeu Giane. Finalmente viu o rosto de boneca e olhos grandes que a maloqueira possuía.

Tinha um motivo pelo qual ele preferia que Bento viesse na agência.

— Seu nome é Giane? - Sílvia perguntou como se lidasse com um animalzinho assustado. Giane como uma flor frágil sempre parecia fora da realidade, mas entendia o ponto de Sílvia, parecia tudo muito rápido e a maloqueira estava desconfortável com a atenção. - É um nome bonito. Combina muito com você.

— Já pensou em ser modelo, garota? - Natan disse sem muita paciência e Giane pareceu perceber que não era uma piada chamarem-na de bonita e soltou uma risada pelo nariz.

— O quê? - ela perguntou, mas a incredulidade fez com que ela começasse a gargalhar descontroladamente. - Eu não nasci pra fazer biquinho para a câmera não!

— Então só veio aqui atrapalhar meu funcionário? - Natan perguntou com uma expressão irritada. Muito provavelmente porque Giane não se jogou aos pés dele e agradeceu pela chance de ser chamada de bonita por Natan Vásquez.

— Talvez eu tenha vindo trazer uma encomenda para ele. - Giane se defendeu dando de ombros.

— E o que seria, garota? - Natan perguntou e Fabinho começou a entender o que ia acontecer e começou a se afastar, Sílvia parecia encantada com a fúria de Giane e acabou tirando uma foto de seu rosto irritado.

Se ela queria Giane irritada, Fabinho poderia dar Giane putíssima e pronta para destruir qualquer um em seu caminho.

— Você quer que eu entregue a você? - ela perguntou inocentemente e Fabinho conectou os pontos da mente doentia do Natan. Giane – sem notar, porque ela não sabia que 1. era muito bonita; 2. era muito tentadora e 3. a posição que foi encontrada por Natan – estava flertando com o publicitário.

Contudo, Natan não daria showzinho traindo a esposa na frente de todos os funcionários, abriu um sorriso predador que fez Fabinho temer pela segurança de sua maloqueira.

Só ele podia irritar Giane e ainda permanecer vivo, oras!

Natan não respondeu pois seu celular começou a tocar. Muito provavelmente alguma amante querendo atenção ou um cliente. Não dava para saber se tratando do patrão.

Ao notar Natan se afastando, Fabinho soltou a respiração que tinha prendido. Já via Giane esmurrando a cara do chefe – e seria hipócrita se negasse que ele desejou muito que ela fizesse isso.

Sílvia se virou para Giane e abriu um sorriso.

— Ele pode ser uma pessoa brusca quando quer, mas eu realmente acho você exatamente o tipo de pessoa que estamos procurando para uma campanha que estamos negociando.

— De quê? Antes e depois? - Júlia perguntou e Fabinho a encarou com tédio.

— Aí você vai ser o Antes, né? - ele respondeu e Giane o observou como se nunca o tivesse visto antes.

— Grosso! - Júlia exclamou fazendo uma careta. - Nunca pensei que ia te ver defendendo uma garota que está pegando, Fabinho!

— Isso porque a Giane é mais do que uma transa para mim. - Fabinho retrucou dando de ombros. Era verdade. Ela era uma de suas melhores amigas e guardiã de seus segredos.

Giane brilhava em vermelho incandescente. Uma vantagem extra.

— Você sempre leva tudo para esse lado, né? Escroto! - sua maloqueira reclamou e saiu dali batendo o pé.

Que fosse embora. Giane estava mais segura longe dessas pessoas. Ela só não sabia disso.

 

X

 

Fabinho terminava umas anotações em seu computador quando notou uma sombra sobre si e, ao levantar o olhar, viu Sílvia com sua expressão esperta.

— Podemos conversar? - ela afirmou em um tom de pergunta. Fabinho se levantou seguindo Sílvia pela empresa.

— O que foi? - ele perguntou assim que ela fechou a porta da sala de reuniões. Ele notou os enxeridos da Class Mídia tentando entender o que acontecia e ele temeu pela demissão. Não queria ser demitido por causa de uma piada que fez para Giane!

— A Giane é uma garota bonita não me leve a mal. - ela começou com um sorriso discreto. - Mas não parece o tipo de garota que vemos envolvida com você.

— Por que o interesse? - perguntou confuso.

— Porque ela parece real. - Sílvia pegou seu tablet e mostrou a Fabinho a foto que tirara de Giane. - Ela não teve esforço nenhum nessa foto… O que você vê?

O cabelo levemente desgrenhado, os olhos exigindo atenção, os lábios vermelhos sem esforço… Giane venderia qualquer coisa que quisesse com aquele rosto. Fabinho sempre comprou, mas nunca percebeu que outras pessoas também eram afetadas pela beleza da amiga.

— Ela parece linda. - Fabinho minimizou devolvendo o tablet.

— Ela é linda. - Sílvia afirmou. - Ela tem talento, ela poderia ser uma new face e poderíamos usá-la em desfiles.

— A Giane não parece muito interessada, Sílvia. - ele lembrou e a mulher sorriu esperta.

— Mas ela pode ser convencida. Duvido que ela te negue qualquer coisa.

Fabinho gargalhou com vontade.

— Se eu pedir, aí é que você não consegue o que quer. Ela faz questão de fazer o contrário de qualquer coisa que eu peça a ela. - ele avisou e a expressão de Sílvia se suavizou.

— Eu entendo. - ela murmurou com um sorriso de quem supõe saber mais do que deveria. - Conversa com ela, talvez ela queira fazer um teste, é só ligar para o Caio e marcar um horário. - ela se afastou.

Da porta, Sílvia decidiu dar um conselho:

— Boa sorte com alguém real, Fabinho. Gente assim não fica só na superfície… Talvez seja o que você precisa.

— Talvez seja o que eu não queira. - ele retrucou e a mulher abriu um sorriso maternal.

— Na verdade, é o que mais quer.

Ela não ficou tempo suficiente para ouvir Fabinho se dizer culpado de tais acusações.

 

X

 

Giane via as mensagens se acumularem no celular e o cérebro confuso. Mais uma vez foi dada como namorada de Fabinho e o cérebro – traidor – pensava no “e se?”. As dúvidas são inimigas cruéis da vida e da calma e Giane imaginou por aquela tarde o mundo em que era parceira de vida de Fabinho.

Foi assustador concluir que tirando as intimidades que eles não compartilhavam, o resto seria parecido. Ela estava namorando sem querer Fabinho!

Com a cabeça em um túnel de vento percebeu a luz do quarto do amigo ainda acesa e entrou na propriedade e, notando que a janela estava destrancada, adentrou o quarto do amigo.

— Giane? - ele perguntou confuso. Um livro com uma dália amarela na capa que estava largado ao seu lado… Ficção científica porque ele era um nerd disfarçado mesmo que fingisse que não.

— Não fala nada, Fabinho. Por favor. - ela implorou se jogando em seus braços e colando os lábios nos dele.

Qualquer resposta morreu na garganta de Fabinho enquanto suas mãos despertavam de um torpor que não sabia que elas estavam.

Giane era um lar inteiro. O seu.


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Notas finais do capítulo

Próxima flor? Jasmin. Podem procurar o que significa.



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