Conforme o sol se punha a primeira estrela iluminou o céu cor de anil, seu brilho intenso na vasta escuridão, seguida por outras incontáveis estrelas em todo o seu brilho. Ninguém estava prestando atenção no céu para notar o exato momento em que uma estrela se desprendeu e despencou, formando rastro de luz no céu crepuscular, exceto uma menina.

Ela viu a estrela lampejar intensamente, cintilar fracamente e então cair. A mão da menina voou para o braço do menino ao seu lado, dizendo:

— Natsu. Olha isso, olha, olha! É uma estrela cadente, faz um pedido, rápido!

O menino estremeceu, estava usando um casaco vermelho por cima do pijama hospitalar, as máquinas fazendo um som constante monitorando os seus batimentos. Bip. Bip. Bip. Ele olhou na direção em que a menina apontou e viu o momento em que a estrela atravessou o céu.

Ela o sacudiu.

— Anda, faz o pedido! — insistiu a menina. As bochechas e o nariz estavam rosados deixando-a com aparência engraçada. Ela abriu um sorriso enorme que pintou as bochechas do menino da mesma cor que os cabelos cor de rosa em sua cabeça. — Faz um pedido antes que alguém faça.

Natsu se perguntou o porquê de toda aquela agitação. Percebendo a confusão do amigo ela se virou para ele, segurando seus ombros com força e olhando dentro dos seus olhos. Natsu tentou se esquivar do olhar intenso de Lissana, sentindo o coração pular, mas ela o conteve. Sendo mais forte que ele devido a sua condição.

— Minha irmã disse que a cauda brilhante das estrelas é mágica, entendeu? Mágica. Se você pedir tenho certeza de que vão conseguir um coração novo para você! Agora, seja rápido, feche os olhos e deseje!

Natsu fez como Lissana lhe instruiu. Fechou os olhos e prendeu a respiração de modo a ficar mais concentrado. A cauda brilhante e comprida riscava o céu negro, cortando-o com uma luz intensa, iluminando mesmo que por uma fração de segundos. Quando a estrela desapareceu como se por magia, o menino abriu os olhos.

— O que você desejou? — disse Lissana em um sussurro como se os dois estivessem compartilhando um segredo. Talvez fosse.

— Não posso te contar, Lis — respondeu ele no mesmo tom. — Senão não acontece.

Naquela noite o menino sonhou com uma moça bonita feita inteiramente de luz prateada, desde a raiz até a ponta de seus cabelos e em cada centímetro de pele ela cintilava, com exceção dos olhos, estes eram azuis como o céu. Para Natsu aquela era a mulher mais linda que ele já tinha visto em toda a sua vida (e ele só tinha quatro anos) depois da sua mãe. Porém o rosto luminoso estava carregado com aflição. Natsu sabia que uma moça tão bonita não devia fazer uma expressão triste como aquela.

“Por que a senhora está tão triste?” perguntou ele.

A moça não moveu os lábios. Ainda assim Natsu escutou sua voz claramente em sua cabeça:

“Por favor” pediu a moça. “Por favor, cuide dela, a minha estrela. Ela caiu... minha estrela caiu”.